|  Cannes, 17 
              de junho de 2005, sexta-feira
 ESQUENTANDO OS TAMBORINS 
             Aí, hein, se deram bem? Se livraram do Marcio Ehrlich na 
              cobertura de Cannes. Melhor pra vocês, pior pra mim, que tenho que aturar.
 Pô, o cara já começou dizendo que eu queria 
              saber onde as pessoas iam ficar em Cannes. Que eu fiquei mandando 
              foto de macho para a cobertura do ano passado. Colé, Marcião, 
              tá me estranhando?
 Ah, se não fosse o mensalão que recebo da Window of 
              Advertising Corporation...
 Mas parece que a boa notícia é que este ano vou à 
              Cannes como “Press A”.
 “Parece” porque não faço a menor idéia 
              do que isso quer dizer. Acho que ao invés de ser barrado 
              em vários lugares, vou ser barrado em quase todos.
 Quem me conhece já sabe: não sou jornalista. Não 
              vou investigar necas de pitibiriba. E não costumo lembrar 
              de bulhufas depois das festas.
 Pelo menos vocês vão poder ter contato com expressões 
              como “necas de pitibiriba” e “bulhufas” 
              já tão raras no cotidiano da língua portuguesa 
              e que eu duvido que encontrem em outros veículos.
 Mas vocês vão estar bem servidos de informação. 
              Tem o Propaganda & Marketing, por exemplo. Podem acreditar: 
              o festival nem começou e o Paulo Macedo já sabe quem 
              vai levar o Grand Prix.
 Em outros festivais já vi várias vezes jornalistas 
              estrangeiros perguntando para o pessoal do Meio e Mensagem, do Blue 
              Bus, do CCSP e do Vox News quantos prêmios o país deles 
              tinha conseguido.
 É sério. A cobertura dos veículos brasileiros 
              é, de longe, uma das mais competentes e bem informadas do 
              mundo. Ninguém envia tantos jornalistas e rala tanto na sala 
              de imprensa e nos bastidores quanto o Brasil.
 Por isso mesmo, como já dizia a filósofa e poetisa 
              Luka: tô nem aí.
 Espero que vocês façam como eu. Divirtam-se e desencanem. 
              De sério, nessa coluna, bastam os entrevistados.
 JOÃO DANIEL E ÁTILA FRANCUCCI 
              NA JANELA
 Antes de embarcarem, os jurados brasileiros em Filmes trocaram 
              uma idéia com a gente. Obrigado aos dois e a assessoria deles 
              na Jodaf e na JWT. JOÃO 
              DANIEL TIKHOMIROFF, DIRETOR  FS: João, você já ganhou mais de 40 
              leões em Cannes. O que faz uma idéia ser mais do que 
              finalista? JD: Acho que tem que ser rompedora. Ou então, permitir 
              uma realização surpreendente. Isto é, o filme 
              tem que bater na primeira vista, saltar. Mas, claro, também 
              depende dos concorrentes na categoria.
 FS: Você acompanha o festival há muitos anos. 
              Eu estava conversando com uns amigos outro dia e surgiu uma discussão 
              interessante: que as idéias que vão para os festivais 
              estão cada vez mais universais e por isso estariam cada vez 
              mais longe do bom trabalho que é feito localmente. Existe 
              esta distorção?
 JD: Sem dúvida, as peças que mais se destacam 
              no Festival são as que têm uma linguagem mais universal, 
              com exceção dos filmes americanos e ingleses, cuja 
              cultura já foi totalmente assimilada em todo o planeta. Afinal, 
              fomos bombardeados durantes décadas de cultura anglo-saxônica.
 Ou alguém ainda duvida?
 ÁTILA FRANCUCCI, CCO DA JWT   FS: 
              Átila, o Brasil tem diminuído a presença nos 
              prêmios em filmes. O que tem faltado? Algumas pessoas falam 
              em crise financeira, mas a Argentina, por exemplo, um mercado menor 
              e que esteve numa crise pior, tem se destacado nesta categoria... AF: Não acredito que sejam os problemas financeiros. 
              O exemplo da Argentina, é perfeito para provar que grana 
              não é a questão.
 Vários fatores explicam este declínio. Os clientes, 
              no geral, policiam mais o filme do que a mídia impressa. 
              Um roteiro é um monte de letrinhas até virar um comercial, 
              diferente de um lay-out que é apresentado quase pronto.
 Ao não enxergar o filme, o cliente tenta se cercar de seguranças, 
              daí as pesquisas e os testes. O grande problema é 
              que esses instrumentos funcionam como "meritíssimos 
              juízes" e não como "testemunhas". E 
              nunca um animatic ou um story board serão iguais a um filme 
              pronto.
 Quem pilota a pesquisa tem que ver até que ponto o que está 
              sendo dito ali é autêntico. Opiniões médias 
              geram resultados médios.
 Outro fator que influencia nossos filmes passa pela qualidade de 
              produção. Temos bons diretores, mas a Argentina tem 
              muito mais.
 Lá ousa-se. O filme é mais cinema que propaganda. 
              Os criativos são mais atuantes durante a filmagem, uma demanda 
              gerada pelos próprios diretores. Eles preferem ter o criativo 
              quase que co-dirigindo o comercial.
 Outra coisa importante quando se compara Brasil e Argentina. Lá 
              não existe a armadura dos 30 segundos e as variáveis 
              de 15. O filme de 47
 segundos vai para o ar com 47. Parece um pequeno detalhe mas faz 
              muita diferença. Diferença conceitual: a mídia 
              é comprada em funçao da idéia. O "já 
              tenho meus 30 segundos comprados na Globo, preciso do filme" 
              é substituído pelo "tenho um filme de 37 segundos, 
              favor comprar mídia". É o impacto mais relevante 
              que a frequência. E o orçamento do filme independente 
              da porcentagem de investimento de mídia.
 N.R.: Fabio, já que o Átila levantou essa bola, 
              deixa eu fazer um registro histórico, para que a justiça 
              seja feita: no início da década de 80, na Bahia, quando 
              o jovem e ousado Duda Mendonça dirigia ele mesmo os comerciais 
              de sua recém-fundada agência DM9, os filmes eram montados 
              com o tempo que achava necessário para contar a história. 
              As TVs baianas aceitavam sem problema. Até que a Globo resolveu 
              botar ordem nos breaks nacionais e acabou com a farra. (Marcio Ehrlich)
  Cannes, 19 de junho de 2005, domingo
 AS 
             NOVAS AVENTURAS DE UM PUBLICITÁRIO EM CANNES   Cheguei à Cannes e me instalei no meu "hotel", 
             o Le Carandiru. Na verdade, o nome é Chanteclair, Janete Clair, Jacques LeClair, 
             algo assim, mas é que meu quarto é uma cela. A janela 
             dá até para um pátio de concreto onde o pessoal 
             pega sol!
 Não tem ar condicionado, nem ventilador, mas pelo menos tem 
             aquecimento a gás. Pode ser muito útil se a temperatura 
             baixar dos 40 para os 10 graus.
 Não deixem nunca para marcar hotel de última hora 
             aqui. Se eu soubesse que ia ficar num presídio, tinha roubado 
             alguma coisa antes, pelo menos economizava as diárias.
 Deixei as malas, assinei minha liberdade condicional e fui logo 
             ao Palais me credenciar.
 PAPEL? 
              QUAL PAPEL?   Quem me conhece sabe que eu sou péssimo com papéis. 
              Se vocês um dia precisarem perder um papel, papel-moeda inclusive, 
              é só me entregar. Não era essa a idéia 
              do Marcio Ehrlich, mas eu perdi o papel que ele mandou com a minha 
              inscrição. Então a recepcionista do festival teve que checar meus dados 
              com a chefe, que, quando chegou:
 "Ei, eu lembro de você. É do Brasil. Esteve aqui 
              no ano passado, right?."
 Eu nunca tinha visto a mulher mais gorda, mas nessas horas:
 "Depende, isso é bom ou ruim?"
 Silêncio. Ela começa a rir, o que me deixou mais na 
              dúvida ainda. Olhou rapidamente o meu documento e leu alguma 
              coisa na tela.
 "Isso mesmo: Janela Publicitária... Fabio..."
 Fui tirar a foto para a credencial e fiz uma careta.
 "É isso, você é o que faz careta nas fotos!"
 Sim, surreal, fiz isso ano passado e a mulher lembrou.
 Estava indo embora mas, burro, fui fazer mais uma pergunta.
 "Essa credencial Press A dá direito ao quê?"
 Pobre é fogo, ganha um crachá e acha logo que ficou 
              importante.
 "Você quer o quê?"
 "Ah, sei lá, tirar fotos sem o segurança vir 
              atrás de mim."
 "Hmmm, você é Press A? Me dá aqui a sua 
              credencial."
 Quando a dona volta. "Ok, você vai ser Press C e pode 
              tirar umas fotos das cerimônias, mas só por um tempo. 
              Depois tem que ir embora."
 "Pensando bem, acho melhor ficar com a 'A'."
 Acho que ela se arrependeu de ter dado a tal "A". Mas 
              eu juro, tirando a careta, não fiz nada para ninguém 
              se lembrar assim de mim. Não que eu lembre. Pensando bem, 
              por que será que eu fui parar no Carandiru?
 EXPOSIÇÃO 
              AO AR LIVRE   O banco de imagem Getty levou um pouco do festival para a rua. 
              A idéia, bem bacana, foi montar a exposição 
              New Photographers 2006 em frente a entrada do Palais. Muito turista 
              parou para ver os trabalhos. Entre os profissionais selecionados 
              para a mostra está um carioca, Daniel Klajmic, com um trabalho 
              para uma marca de cachaça.
 ÁFRICA 
              DANDO SHOW   A revista da África, tão falada pela imprensa na 
              semana passada não é o que dizem. É muito mais. Fotos lindíssimas, bons anúncios e textos. Tudo assinado 
              por nomes como JR Duran, Matinas Suzuki... Alto nível e bom 
              gosto.
 A peça apresenta, conceitua e vende todos (todos mesmo) os 
              detalhes da agência e a lança para o mercado internacional 
              como um posicionamento novo e diferenciado.
 
  Além da revista, a agência tem ainda um grande stand 
              aqui do lado da Sala de Imprensa e uma faixa que está exatamente 
              embaixo do painel principal da fachada do Palais onde se lê: "Africa. The 3G Agency."
 Provavelmente, faz menção a uma terceira geração 
              de agências.
 Agora, só uma curiosidade. Dá uma olhada na foto do 
              Santo Antônio que está na revista e foi fotografado 
              no escritório do Nizan. Parece com quem?
 O REGRESSO DO INVESTIMENTO  Cannes voltou a atrair investidores e o festival tem este ano stands 
              e uma estrutura como não tinha há muito tempo. A tradicional bolsa distribuída pelos delegados veio tão 
              recheada que o pessoal nem aguenta o peso, se livra do conteúdo 
              dela já na área de credenciamento.
 Foram 30 (me dei ao trabalho de contar) tipos diferentes de propaganda 
              e brindes.
 O mais interessante é um convite para um seminário 
              da JWT sobre música na publicidade: vem num disco de vinil 
              de verdade (um diferente para cada delegado).
 Também em clima retrô, o banco de imagem Corbis ofereceu 
              uma máquina de ver imagens em 3D para um concurso que vai 
              dar um automóvel Mini.
 A MSN tem outro concurso que vai dar uma mesa de sinuca. Tem de 
              tudo.
  FILMES 
              (E PRAIA) ATÉ A NOITE.   O dia que abre o festival e normalmente é meio morto, teve 
              uma programação hardcore. Foram exibidas 14 das 27 
              categorias de filme, das nove da manhã até às 
              oito. Mas não tinha "ninga" assistindo. É que domingão nunca foi dia de ficar vendo comercial. 
              Nem no festival.
 Sempre foi para o pessoal vir chegando, devagar, se instalando, 
              ver uma coisa ou outra. Mas como as inscrições aumentaram.
 Nem os delegados que já estavam na Côte D' Azur se 
              animaram muito pra ficar o dia todo no Palais e foram aproveitar 
              o clima de alto verão com sol até quase nove.
 Alguns brasileiros deram aquela esticadinha de fim-de-semana em 
              Paris, que ninguém é de ferro.
 Do Rio, quem já está firme e forte por aqui é 
              Marcinho Juniot e Rodolfo Sampaio, da Publicis, e claro, o nosso 
              jurado de rádio, Lula Vieira, da VS.
 A 
              CORRERIA DOS YOUNGS   Se o domingo foi devagar para o público, foi corrido para 
              os Young Creatives. Depois de terem recebido o briefing às 
              18h de sábado, já com o Palais fechado, foram para 
              o hotel pensar num anúncio e num banner para motivar analfabetos 
              a voltarem para a escola. No domingo, a sala de computadores abriu 
              às 8h, a peça tinha que estar pronta às 20h. 
              É mais ou menos como os clientes pedem trabalhos no Brasil. Talvez pela experiência com a pressão, o clima dos 
              brasileiros era de tranquilidade. Na foto, o diretor de arte carioca 
              Diogo Mello (ex-Script, atual BBDO Portugal), representante de Portugal, 
              e o young e redator brasileiro Ícaro Dória (ex-FCB 
              Portugal, atual Giovanni SP).
  TUDO 
              DE FORA   Duas novidades ruins para os Youngs. Eles foram colocados em cabines 
              abertas e próximas umas das outras, limitando a conversa 
              e forçando-os a esconder o trabalho dos concorrentes o tempo 
              todo. Mais: as equipes dos 40 países estão numa espécie 
              de aquário na entrada do Palais. Muita gente passa por ali 
              e, imagino, deve quebrar a concentração.
 Dava até para ver o monitor de alguns deles. Confira na foto 
              como ficaram expostos os computadores da Noruega e da Polônia.
  TÁ NA MODA   Falando 
              em coisas de fora. Será que esta moda que rola aqui na França 
              pega aí no Brasil?
 VALEU, GALERA!
 Apesar das melhorias no festival, a sala de imprensa continua com 
              poucos computadores (cerca de uma dúzia). Nos pontos de internet para quem traz o laptop, só dá 
              para entrar quando um jornalista brasileiro camarada dá a 
              vez. Por isso, fica difícil passar o tempo que eu gostaria 
              na internet mandando notícias e respondendo os emails do 
              pessoal que tem escrito.
 Vou agradecendo por aqui então: valeu Fabio Marinho da OPM, 
              Caveira da Agência3, Shirlei da Capitão Musical, Fátima 
              Megale, a turma do "Enlarge Your Penis Now", "Hot 
              Teen Virgins XXX", "Better than Viagra" e tantos 
              outros.
 Vocês são muito simpáticos. Obrigado pela força!
  Cannes, 20 de junho de 2005, segunda-feira
 MEXICOZINHO 
              PRA CIMA DOS BRASILEIROS   Uma chuvinha chata caiu ontem em Cannes, por volta das 19h acabando 
              com a praia de muita gente. Mas não esfriou o ânimo 
              da brasileirada para ver Brasil X México pela Copa das Confederações. 
              Infelizmente, tomamos de 1 x0. Pior do que o futebol da seleção só a idéia 
              que eu tive de marcar com um pessoal de ver o jogo no Café 
              Roma, em frente ao Palais. Como dá pra ver na foto (em que 
              estou cercado!), só dava mexicano.
 Quem me salvou foi o grande Accioly, da Academia de Filmes, que 
              tinha armado com outra galera no bar Cristal perto do Pelô 
              (a ladeira dos restaurantes em Cannes), onde fui ver o segundo tempo.
 Lá o nível estava mais chique. Ao invés de 
              mexicanos, eram os franceses torcendo contra o Brasil.
 
  Apesar 
              da derrota, valeu pro pessoal se encontrar, bater papo e tomar uma 
              cervejinha, que dizem que estava só geladíssima graças 
              a proximidade do pé-frio do Accioly (tô brincando, 
              Acci). Na foto, a torcida brasileira de Norte a Sul: Accioly (Academia-RJ 
              /SP), Carlos Renato (Arcos-PE) e Flavio Waiteman (Master -PR)
 MÃOS AO ALTO O pessoal está reclamando, e com razão, dos preços 
              das coisas em Cannes. Até quem esteve nos últimos 
              festivais, sentiu o aumento. Como o país não tem inflação, 
              a conclusão é uma só, os franceses estão 
              metendo a faca.Uma águinha na croissete chega a custar 3 Euros (quase R$ 
              10). Um lanche no McDonald's, mais caro do que em boa parte da Europa, 
              6 Euros (cerca de 20 minguelos). Um almoço econômico, 
              uns 13 Euros (40 biro-biros). Um jantar para valer não queira 
              nem saber.
 N.R.: Uma água, 3 Euros. Um lanche, 6 Euros. Inscrição 
              no Festival, 2093 Euros. Estar em Cannes como Press A, não 
              tem preço. (M.E.) HOJE 
              A FESTA É DOS HOLANDESES  A afamada festa dos Dutch Young Dogs acontece hoje no seu bat-local 
              de sempre, o bar D'Okey, na praia do mesmo nome. A turma dos Países Baixos, que todos os anos vem de lá 
              até aqui neste super ônibus (imagina a zueira que não 
              rola nesse busão) tem como tema este ano "Refresh".
 O evento é conhecido por, além de abrir a série 
              de festas da semana, ser a mais informal de todas.
 PRESS 
              & OUTDOOR: BRASIL PASSA OS 130 FINALISTAS  A expectativa não era muito otimista mas o Brasil chegou 
              a 133 peças selecionadas para o short list de Press&Outdoor, 
              com uma contribuição avassaladora da Almap BBDO. Duas agências do Rio estão entre as finalistas: A Giovanni 
              e a Publicis.
 
  A 
              Publicis, para alegria do redator Marcio Juniot (foto à esquerda), 
              colocou uma campanha (3 peças) para a Opção, 
              que faz um paralelo sobre quanto custaria a produção 
              de uma super foto e quanto ela realmente custa no banco de imagem 
              (foto à direita). A Giovanni traz uma peça com título muito bacana para 
              o Club Med. Sobre uma bela foto de uma praia, diz: "Você 
              tira férias porque é filho de Deus. Aqui você 
              fica achando que é filho único." Perdoe o pessoal 
              da agência se a minha tradução não ajudou.
 Há também uma peça para uma clínica 
              ortopédica carioca (Rio Orthopedic Center) em que um boneco 
              de Voodoo todo espetado está totalmente relaxado. Mas na 
              lista oficial, a idéia está creditada para a Giovanni 
              SP.
 
 GP DE PRESS PODERIA IR PARA PORTUGAL O nível do short list está excelente. Mesmo assim, 
              muita gente (e não só brasileiros e portugueses) está 
              comentando que o GP de mídia impressa poderia ir para "Bandeiras", 
              campanha da FCB Portugal para a revista Grande Reportagem.Falei sobre ela na Janela 
              Internacional passada . Vem de premiações como 
              Grand Prix no Clube dos Criativos de Portugal, FIAP e Clio.
 MAIS BRASIL Três trabalhos portugueses no short list têm brasileiros 
              na ficha técnica: além de "Bandeiras" que 
              conta com o redator Ícaro Dória (atual Giovanni SP), 
              a campanha da Revista da Playstation, também da FCB tem na 
              ficha o paulista Daniel Prado (atual Y&R Brasil).Um anúncio da Leo para Ketchup picante Heinz tem o diretor 
              de arte carioca Tico Moraes (atual Grey Lisboa) e a direção 
              criativa de Alexandre Okada (atual Leo Burnett Latin America).
 DOWNLOADS A Janela preparou os shortlists do Press & Outdor em formato 
              DOC, por ordem de país e agência. Faça aqui 
              o download: Press 
              Short List e Outdoor 
              Short List.  Cannes, 20 de junho de 2005, segunda-feira 
              (II)
 FILMES: GP PODE ESTAR NAS SESSÕES DE HOJE Comecei bem a análise de hoje: um titulo sensacionalista. 
              Saco, agora preciso embasar isso.Desde 2000, quando a campanha "Wassup" da Budweiser chegou 
              aqui como favorita antes mesmo de ser exibida, deu para perceber 
              que o festival estava mudado.
 
  Com 
              a internet e o fácil acesso às Archives. Shots e anuários 
              da vida, várias peças já chegam aqui em clima 
              de já ganhou. Nem sempre, claro, levam, mas. Pelo que tenho ouvido, os delegados brasileiros apostam que o vencedor 
              está entre dois filmes de carros e um de tênis.
 Logo, os mais fortes candidatos ao "caneco" (não 
              foi trocadilho, saiu sem querer) estão sendo exibidos hoje.
 Que fique claro que esta minha opinião, como todas as minhas 
              outras, é completamente precipitada e irresponsável. 
              Eu nunca acerto palpites e nunca ganhei nem rifa de quermesse. O 
              fato de eu nunca ter ido a uma quermesse contribuiu um pouco para 
              esta situação, devo admitir.
 Mas vamos lá.
 Um dos favoritos é o filme "GRRRR" da Wieden+Kennedy 
              britânica para a nova linha de motores a diesel da Honda. 
              Tem uma animação lisérgica, uma música 
              assoviada que gruda nos ouvidos e um conceito interessante: "Odeie 
              alguma coisa, mude alguma coisa."
 Só uma contextualização, na Europa, os carros 
              a diesel sofrem dos mesmos preconceitos dos carros a álcool, 
              no Brasil. Então essa é como uma campanha para vender 
              os carros com motor Flex aí. Ou não, sei lá.
 
  É 
              a chance da W+K e a Honda tirarem a reca de quem era favorito a 
              levar o GP em 2003 com o famoso "Cog" (engrenagem) e perdeu 
              para o ótimo filme da luminária triste da Ikea. O outro candidato é o "Singin in The Rain Remix" 
              da DDB Londres para o novo VW Golf. Parece o filme de Fred Astaire, 
              mas o ator (e às vezes um dublê computadorizado), começam 
              a mudar a coreografia de acordo com a música, que ganha um 
              ar techno. O conceito é algo como "o clássico 
              renovado".
 Seria o bi de um Grand Prix para a DDB e para a Volks, em 2004 eles 
              levaram em mídia impressa.
 MAIS DE CINCO HORAS DE FILMES DE CARROS   Também 
              está entre os carros a categoria mais longa do festival: 
              5h15 de comerciais. É quase tanto tempo, por exemplo, quanto 
              a sessão dos short lists. O que chama atenção nos filmes que saem do feijão 
              com arroz tem sido principalmente a inovação nas técnicas 
              cinematográficas. Um filme inglês para o Citroen C4, 
              por exemplo, traz um carro que se transforma num robô, no 
              estilo do desenho animado Transformers. Assina "vivo e com 
              tecnologia".
 
  Outro 
              para os conversíveis da Mercedes, da alemã Springer 
              & Jacoby mostra ondas sonoras formando cenários típicos 
              de verão num fundo branco. Diz para o espectador "escutar 
              o verão". ALÉM DOS MOTORES O terceiro "preferido antecipado" do festival é 
              "Hello Tomorrow", da Adidas. Um filme bem difícil 
              de explicar: é um "sonho filmado" assinado pelo 
              genial diretor Spike Jonze (Adaptação e Quero Ser 
              John Malkovich) para vender o primeiro tênis inteligente do 
              mundo e o lema "Impossible is Nothing". Foi criado pela 
              180 Amsterdam e causou muita estranheza quando começou a 
              ser exibido na Europa.Aponta uma direção e uma liguagem diferente na publicidade, 
              sobretudo na categoria dele, viciada em atletas famosos fazendo 
              truques.
 Mas ainda é cedo. Ainda vem aí os filmes da Playstation, 
              Ikea, Nike, Budweiser. até Rexona este ano tem uma mega produção 
              chamada "Stunt City".
 E depende se o júri vai querer apontar uma tendência, 
              uma atitude ou simplesmente uma grande idéia. Vamos ver.
 AUTO-CRÍTICA Meus comentários estão me lembrando um episódio 
              que eu vi com o João Saldanha na TV. Eu era moleque, mas 
              era fã do Saldanha. Ele, assim como o Gerson Canhota hoje 
              em dia, não estava nem aí.Era um campeonato qualquer e o jornal da Manchete (!!!!) anunciou 
              no primeiro bloco:
 "Não perca nesta edição, a análise 
              dos finalistas do campeonato com ele que sabe tudo de bola, João 
              Saldanha."
 E eu lá, esperando, o que será que o Saldanha vai 
              dizer, será que o Vasco tem chance?
 Segundo bloco e antes do intervalo..."Não saia daí, 
              daqui a pouco, temos João Saldanha falando tudo sobre a fase 
              decisiva do futebol".
 E eu, obediente, não saí. Mas ainda não foi 
              naquele bloco. Saco. Só no finalzinho do jornal entra o Saldanha. 
              O apresentador pergunta:
 "Saldanha, semi-finais do campeonato, e agora?"
 O Saldanha espalma as duas mãos, faz uns números com 
              os dedos e diz:
 "Bem...eram oito..agora...ficaram quatro. Vamos ver no que 
              é que dá."
 Cruzou os braços e não disse mais nada. Sensacional.
 VEJA OS FILMES COMENTADOS DE HOJE NESTES LINKS: Citroen C4, Transformers, Euro RSCG (GBR)https://www.youtube.com/watch?v=4dilUbkP-PI
 Mercedes Benz, Sound of Summer, Springer & Jacoby (ALE)https://www.youtube.com/watch?v=3HG7jrvmSSw
 VW Golf, Singin in the Rain, DDB Londonhttps://www.youtube.com/watch?v=_hj86TnXpgE
 Honda, GRRRR, W+K UKhttps://www.youtube.com/watch?v=axlacvKWHhA
 Adidas, Dream, 180 Amsterdam c/ Spike Jonzehttps://george.proteinos.com/temp/adidas-1.mov
  Cannes, 21 de junho de 2005, terça-feira
 PRIMEIRO, O QUE NÃO INTERESSA.  A tal festa dos holandeses ontem foi bem "mazomeno". 
              Provavelmente porque o evento que antes oferecia o chopp mais barato 
              de Cannes subiu o preço do copinho de 2 para 4 Euros.
 Então, com o pessoal menos empolgado, não rolou nada 
              demais. O máximo de emoção foram uns malucos 
              que pegaram umas arminhas de água para molhar o pessoal. 
              E aí o que aconteceu? Um figura que provavelmente teve acesso 
              a outros produtos provenientes da Holanda ficou chateado em levar 
              uma esguinchada nas costas (qualquer homem ficaria) e, num ataque 
              de farofeiro, começou a jogar areia em quem o atacou.
 Os poucos brasileiros que estavam por lá ainda tentaram gritar 
              "É arrastão!!!" para a coisa ficar animada, 
              mas nem isso. Um segurança foi lá e resolveu.
 No mais, nenhuma sueca mergulhando no mar de lingerie e nada de 
              danças ousadas de norueguesas libidinosas. Tudo muito comportado.
 Aliás, um alento para as mulheres que tem seus cônjuges 
              em Cannes. Fiquem sossegadas. Isso aqui é o maior zero a 
              zero até para os solteiros e
 guerreiros. Depois, 90% do público aqui é masculino. 
              E ainda por cima, convenhamos, os maridos de vocês são 
              feios pra caceta.
 METE 
              BALA  Idéia muito legal a da produtora de som Massive Media, 
              da Holanda, que foi "veiculada" (com trocadilho) na porta 
              da festa dos Youngs Holandeses ontem, para divulgar a festa da empresa, 
              na próxima quarta. Pegaram um BMW, encheram de furos de bala (tudo de verdade) e adesivaram 
              o título: "Nossos vizinhos reclamam sempre."
 Acho que já vi algo parecido em frente a um buraco quente 
              aí no Rio. Mas tinha um cara morto de verdade dentro e não 
              tenho certeza se era para divulgar uma festa.
 CADÊ OS CARIOCAS?   O festival está lotado, mas a delegação do 
              Rio está miudinha, miudinha. Ontem fui ao bar do Martinez, o point antes e depois da noite, para 
              ver se encontrava o pessoal e.nada. Só encontrei o Luiz Nogueira, 
              da McCann, batendo um papo com o Fernando Campos, da Giovanni SP. 
              Eles também tinham visto pouca gente.
 O Martinez estava fraco. Mas, também, cobram 9 Euros por 
              uma Heineken.
 Imagina quanto não cobram por uma cerveja! Pronto, fiz amigos 
              na Heineken, que é "só" a cerveja mais vendida 
              da Europa.
 O bar da frente, mais badalado, estava mais barato: "apenas" 
              7 Euros. Mas deixa eu voltar ao assunto, porque isso aqui tá 
              parecendo um canal Bloomberg
 de bêbado.
 Sei que está por aqui uma turma da CGCom, o Pedro Éboli 
              da Contemporânea,o Adilson e a Cristina, da Giovanni e o Accioly 
              da Academia.
 Mas o Accioly está em todos os lugares. E agitando, o que 
              é bom. Acabou de passar aqui e convidar todo mundo para tomar 
              caipirinha no stad da Film
 Brazil. E já está divulgando uma festa brasileira 
              amanhã.
 Então, ô pessoal do dinheiro nas agências, vamos 
              dar uma força pro que vocês tem de mais importante.
 Isso aqui é um investimento muito bacana no profissional. 
              Um intercâmbio e uma grande motivação.
 Vamos apoiar os Young Creatives aí pra mandar mais gente.
 Produtoras e parceiros, não rola reeditar aquela Promoção 
              Vai Pra Cannes?
 Vou fazer propaganda aqui, porque merecem: ano passado, a Proview, 
              a Zuêra, o Mauro Risch e o Studio Alfa mandaram DEZ publicitários 
              para cá.
 Senão vier mais ninguém, eu também perco a 
              minha boquinha de imprensa.
 ISTO 
              É TREMENDO.   No ano passado, a Fênetre descobriu que na comitiva dos Youngs 
              brasileiros estava um ex-Big Brother, o Edu (acho que era isso), 
              vindo de Minas Gerais. Agora, dizem por aí que um criativo argentino teria feito 
              parte do TREMENDO. Eu acho que é mentira.
 O Tremendo, para quem não lembra (todo mundo) era um Menudo 
              falsificado, surgido no rastro do Dominó (companheiro, companheiro 
              veeeeem).
 O único sucesso dos muchachos dançarinos foi "Isto 
              é Tremendo" (Todos batendo palmas..), cantado em portunhol.
 O criativo em questão é redator e usava o nome artístico 
              de Marito. Mas é tudo que tenho para dizer até agora.
 Isso e que, do jeito que vão as coisas, teremos em breve, 
              como presidente do júri de Cannes, o Juninho Bill. Não 
              seria nenhuma surpresa, já que como todos sabem, o Juninho 
              é Fera, Fera Neném.
 FESTA OFICIAL É HOJE. A DA MÚSICA 
              TAMBÉM.  A noite desta terça deve ser a mais movimentada do Festival. 
              A gala oficial do evento, que normalmente era na quarta foi antecipada 
              para hoje, logo após a entrega dos Media Lions e do Direct 
              Lions. Isso se até o final do dia a organização não 
              inventar mais nenhuma categoria para o festival: um Informe Publicitário 
              Lions, Filipeta Lions, sei lá. Toda hora tem uma categoria 
              nova aqui.
 Vai coincidir com a Festa da Música, que acontece na França 
              toda para comemorar o primeiro dia do verão.
 Além de shows promovidos pelas prefeituras locais, as pessoas 
              que tocam instrumentos costumam ir para as ruas e os bares colocam 
              músicos e DJs para animar a galera.
 Depois eu conto aqui como foi.
 GP PRESS: E AS PREVISÕES DA FÊNETRE, 
              HEIN?  O que era previsto aconteceu: as minhas previsões estavam 
              erradas. Embora o resultado oficial só saia amanhã, 
              a informação que chegou aqui na de imprensa aponta 
              a campanha contra pirataria da TBWA Paris para a EMI como a vencedora 
              do GP Press & Poster. A portuguesa "Bandeiras", da FCB para revista Grande Reportagem, 
              apontada ontem aqui como melzinho na chupeta para levar o GP, ficou 
              com ouro e a poucos votos do prêmio máximo.
 Os layouts da campanha francesa são legais, mas sei lá, 
              achei pouco para o GP de um ano com um short list tão forte.
 Os anúncios mostram ilustrações que remetem 
              ao males que a pirataria pode fazer com alguns artistas. Veja as 
              fotos.
 Se os amigos me permitem uma pequena opinião. A campanha 
              traz:
 - Joe Cocker, que morreu e esqueceram de avisar.
 - Keith Richards, dos megamilionários Rolling Stones.
 - Sex Pistols e Iggy Pop, punks que só ficaram conhecidos 
              graças a muita fita e rádio pirata.
 E o target? A molecada que compra pirata e faz download sabe quem 
              é Joe Cocker? Nem o Joe Cocker sabe mais quem ele é!
 Só para causar mais polêmica, que senão ninguém 
              lê mais isso aqui: o Marcio Ehrlich, na base aí no 
              Brasil, informa que não consta no site da TBWA\Paris que 
              a EMI seja cliente da agência.
 De qualquer maneira, é o bi da TBWA\Paris, que já 
              levou o GP de press para Playstation em 2003. E no ano passado, 
              outra TBWA, a de Londres levou o GP de filmes em 2004, o que reafirma 
              a força do grupo.
 Justiça seja feita: a agência parisiense trouxe um 
              trabalho excelente que está impressionando sobretudo os diretores 
              de arte pela alta qualidade técnica.
 ALGUÉM AÍ VIU O GP DE OUTDOOR?  Em Outdoor, se nada acontecer, quem vai levar é uma peça 
              da Ogilvy chilena para a Lego que, dizem, nem a mãe dos criativos 
              viu veiculada lá em Santiago. Vocês também não vão ver: na hora que 
              eu ia tirar a foto, a bateria da câmera acabou. Mas são 
              umas peças de Lego no meio da fachada de um prédio.
 Eu fiquei achando que tinha coisa mais inovadora.
 
  Tem um de revista Time, por exemplo, que é fantástico 
              e eu tenho imagem. É um pêndulo com a famosa moldura 
              da revista balançando entre as fotos de Bush e Kerry para 
              vender a cobertura das eleições. Se o Marcio Ehrlich não roubar a imagem chilena de outro 
              veículo, acessem um site qualquer aí para ver. Dica? 
              Quando eu quero saber alguma coisa aqui eu pergunto pra Laís 
              do CCSP ou pro pessoal do Prop&Mark.
  N.R.: 
              Fabio, como praticamente tudo o que tem ganhado em Cannes é 
              fantasma e criado especialmente para o festival, está ficando 
              muito difícil fazer essas pesquisas em sites oficiais, como 
              os das agências que assinam as peças. Vê se anda 
              com pilha de reserva para essa máquina, cacete! Ou vou ter 
              que contratar o Marcelo Lobo como fotógrafo no ano que vem? 
              (ME)
 NÚMEROS  Resumo da ópera do P&O: o Brasil deve ficar com 12 leões 
              em P&O e não deu pro Rio. Cerca de 10% do número 
              de peças finalistas (133), mais ou menos 20% se contarmos 
              as campanhas (66). É um bom número. Se forem confirmadas as informações que rolam por 
              aqui, são estes os brasileiros premiados:
 Ouro
 
               
                |  |  |   
                | - "Stuart/John/Morell", 
                    da JWT para Kleenex (imagem à esquerda. | - "Janela", 
                    da Publicis Salles Norton para Vick. |   Prata- "A Princesa/A Estrela/O violão", da AlmapBBDO 
              para Let's Talk.
 - "Traves", da NeogamaBBH para Umbro.
 - "Che/Caveira/Tio Sam", da Publicis Salles Norton para 
              Wickbold.
 Bronze
 - "Casais", da AlmapBBDO para Volkswagen.
 - "Causa da Cegueira", da AlmapBBDO para a Fundação 
              Eye Care.
 - "Lama", da AlmapBBDO para Touareg.
 - "Pés/Futebol", da Duda para ESPN.
 - "Macaco", da Fabra Quinteiro para o treinador Gilberto 
              Miranda.
 - "Garota/Mulher/Bebê", da JWT para Alcoólicos 
              Anônimos.
 - "Cargo", da Leo Burnett para Fiat Ducato.
   OBRIGADO!  Ricardo Chester (DM9DDB), Ricardinho Weissman (VS), Marcelo Lobo 
              (Agência3, o Marcio Ehrlich estava com saudade de você), 
              Deko Schmidt (TGD filmes), Vasco Condessa (FCB Portugal) e todo 
              mundo que tem escrito e incentivado a coluna (na verdade, o Deko 
              só me xingou). Vocês são uns malucos.   Cannes, 21 de junho de 2005, sexta-feira 
              (II)
 JULGAMENTO PODE ATRASAR POR PROBLEMAS TÉCNICOS. 
              
 Devido à baixa qualidade com que os filmes estão sendo 
              passados, já comentado aqui na Janela (Francucci acusa Antel...), 
              parece que há uma manobra nos bastidores para que vários 
              deles sejam apresentados de novo.
 Seria um precedente histórico e que poderia atrasar todo 
              o julgamento, mas a proposta deve ser levada à organização. 
              Caberia ao júri decidir se é necessário e a 
              organização se é possível fazer isto 
              sem estourar o prazo final do festival. Acho difícil que 
              passe, a cerimônia de premiação é amanha.
 Não são só os filmes brasileiros que estão 
              ruins. Nas salas de exibição, vários passam 
              com a imagem pixelizada e som desnivelado. Um descuido que não 
              poderia acontecer em um festival que cobra caríssimo pela 
              inscrição das pecas e pelo acesso dos delegados.
 Se todo mundo começar a reclamar, não sei não. 
              Mas é justo.
 Também já ouvi que os japoneses, da mesma forma, querem 
              passar seus filmes de novo, mas por outro motivo. Como parece que 
              ninguém entende os comerciais deles, querem explicar as piadas 
              uma por uma, com direito a um intérprete e a fazer desenhos 
              num quadro negro.
  Cannes, 22 de junho de 2005, quarta-feira
 CANNES 
              BOMBOU  O festival chegou ao ponto alto ontem com a noite que misturou 
              as duas festas oficiais do festival: gala de abertura e youngs, 
              e a festa nacional da música. Esta última bombou. A polícia apareceu com bombas 
              de gás lacrimogênio em uma performance de DJs na rua 
              Commandant André, entre o Palais e o Hilton.
 Segundo testemunhas, o som estava muito alto, as pessoas também 
              e quando um carro da polícia resolveu passar por ali ninguém 
              deu passagem. Os meliantes desrespeitaram verbalmente diversos parentes 
              das autoridades. Mas foi só uma bombinha, um chorinho e depois 
              o pé na jaca pôde voltar a transcorrer na maior normalidade.
  
   ESTA QUARTA TEM MAIS FESTA DOS BRASILEIROS Aliás, hoje à noite, logo depois da cerimônia 
              de entrega dos Leões de Press, Outdoor, Cyber e...eu devo 
              estar esquecendo alguma categoria, enfim, a Film Brazil vai oferecer 
              uma festa para os brasileiros e não só na base que 
              eles montaram em frente ao Palais. O pool de produtoras divulga (e muito bem) as vantagens de se produzir 
              comerciais no Brasil. A idéia tem dados bons frutos. São 
              vários os filmes inscritos em Cannes rodados ou co-produzidos 
              no país.
 
 A FESTA OFICIAL DE TERÇA-FEIRA  Voltando 
              o papo para a festa de Gala de Abertura: ela, que costuma ser bem 
              careta, surpreendeu. Para vocês verem o que é a má fama: muita gente 
              do Brasil nem foi. Algumas pessoas preferiram ir até outras 
              cidades da Côte D' Azur e outras, como o Rodolfo Sampaio, 
              diretor de criação da Publicis (foto à direita), 
              preferiram dar uma volta e curtir os shows bacanas na rua.
 
  E 
              eu achando que uma boca livre era o melhor lugar para encontrar 
              os brasileiros. Só achei o diretor de arte Tico Moraes (foto 
              à esquerda), que é do Rio, mas trabalha na Grey de 
              Lisboa. A nova organização do festival parece disposta a mostrar 
              que as coisas mudaram mesmo. Se no Palais os filmes passam com péssima 
              resolução, na festa na praia do Carlton eles não 
              economizam mais na bebida. Deve ser para ter uma desculpa: "Não 
              senhor, o filme está bom, deve ser a sua ressaca."
 Tinha comida de todos os tipos e numa quantidade que dava para alimentar 
              por um ano um pequeno país asiático, como a Índia, 
              a China ou a antiga União Soviética. Juntos.
 
  O 
              DJ, com a difícil missão de agradar, gregos, troianos 
              e profissionais de mídia, foi bem. A festa terminou com os 
              gringos dançando em cima da mesa. Uma zona.
       A FESTA DOS YOUNGS   Finalmente 
              eu vi o que quer dizer ser o detentor de uma credencial de Press 
              A. Cheguei na festa dos Youngs, para a qual só podem entrar 
              os Youngs e mandei logo uma carteirada. "Só com convite senhor."
 "Ora, meu amigo, mas eu sou Press A."
 "A? A...hahahahahahahah."
 Nada feito, embora outras pessoas tenham entrado até com 
              carteirinhas do Clube do Mickey.
 Encontrei os youngs brasileiros na saída. Não foi 
              difícil, bastou seguir as músicas que eles cantavam 
              sem parar. Isso e a pequena multidão que se juntou em volta 
              para vê-los encorajando turistas, no meio da rua, a dançarem 
              clássicos do folclore brasileiro como "A Dança 
              do Maxixe", "Na Boquinha da Garrafa" e o clássico 
              maior "E o Sílvio Santos Lá?"
 Mais tarde, troquei uma idéia com o Rodrigo Burdman (F/Nazca 
              Rio) e o Rodrigo Tórtima (também carioca, mas hoje 
              na Loducca22 em SP). A delegação brasileira dos Youngs 
              formou uma turma boa. E a mais empolgada.
 
  Para 
              quem foi ao Martinez o papo foi até o sol raiar. Ou melhor, 
              até o caminhão de limpeza passar varrendo e jogando 
              água em todo mundo. Cannes acordou mais tarde. Pelo menos quem não estava no 
              Hotel Le Carandiru como eu. Do meu quarto/cubículo que parece 
              uma cela de solitária na cadeia (feio, escuro, sem ar condicionado, 
              ventilador e nem direito a visita íntima), fui acordado por 
              uma máquina bizarra. Acho que estavam torturando algum detento.
 Pensando bem, melhor eu parar de reclamar.
 Ê, RATA!  Como eu avisei desde o início, esta coluna não preza 
              pelo compromisso com a credibilidade. Na coluna do dia 20 eu tropecei feio e ninguém falou nada. 
              Mas o leitor Mario Nascimento, da Grey Portugal, me pegou. Chamei 
              o Gene Kelly do filme da VW de Fred Astaire. Não é 
              nenhuma surpresa, depois de 6h vendo filmes, eu devia estar chamando 
              até urubu de meu louro. Se o Marcio Ehrlich não corrigiu, 
              continua lá.
 "Urubu de meu louro", caro Mario, é uma expressão 
              brasileira. Mas "Ê, Rata!", o headline desta matéria 
              é um trocadilho português muito mal (no Brasil não 
              tem o mesmo sentido), em sua homenagem. Obrigado.
 Não ficamos por aí: A parte 1 da coluna de ontem foi 
              cortada pela metade. Entrou no ar depois e está lá 
              (será que vocês leram)?
 Também ontem, quando falamos sobre a decisão de passar 
              alguns filmes brasileiros de novo para o júri, devido a baixa 
              qualidade das cópias, a coluna disse que a cerimônia 
              de Filmes seria hoje. Quis dizer que a decisão sobre o assunto 
              sairia hoje. E saiu: tá rolando.
 O pessoal no Brasil pode ficar tranquilo. Átila Francucci 
              e João Daniel, os jurados de filme, estão defendendo 
              bem o país. E o bom senso.
 N.R.: Pôxa, Fábio, eu não consertei 
              você chamar o Gene Kelly de Fred Astaire porque achei que 
              era mais um de seus lances de humor! Então foi cagada, mesmo? 
              Mas tudo bem, a galera está gostando. A Fenêtre até 
              já foi parar no Orkut, citada e muito elogiada pela comunidade 
              Cannes, do Tadeu Vieira, em https://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=546056 
              (para entrar precisa estar cadastrado no Orkut, ok?)  Cannes, 22 de junho de 2005, quarta-feira 
              (II)
 UMA VOLTA PELOS FINALISTAS DE PRESS&POSTER 
             Antes do resultado oficial dos Leões, fui andando pela mostra 
              das peças e tirando umas fotos. Não tive a menor preocupação 
              de selecionar os melhores, nada disso. Muita coisa boa deve ter 
              ficado de fora. Mas foi só para mostrar um pouco do que rolou 
              aqui para vocês. Dêem uma olhada: 
               
                |  |  |   
                |  McCann Singapura para Xbox. : "Humanos 
                    são os melhores briquedos" diz a peça, 
                    que traz pessoas articuladas como bonecos.  |  Bates Singapura para o celular/game 
                    Ngage: "Desafie qualquer um em qualquer lugar." 
                   |   
                |  |  |   
                |  Ogilvy Chile contra a Violência 
                    Doméstica. Cartazes clássicos de boxe anunciam 
                    lutas do pai contra a filha, a mulher. Bronze em press e em 
                    outdoor.  |  Prata da Delcampo Nazca S&S Argentina 
                    para Ariel. O velho antes e depois de uma forma inovadora 
                    e bem humorada. A camisa do antes nunca foi marrom.  |   
                |  |  |   
                |  DDB Londres para a rede de moda Harvey 
                    Nichols: um calendário mostra que a pessoa comprou 
                    algo que queria muito e que com isso deixou de dar comida 
                    para o gato. A campanha ficou com ouro. |  Euro Bangkok para o canal 11 News. A 
                    pessoa câmera. Levou Prata. |   
                |  |  |   
                |  JWT Bangkok para as toalhas de papel 
                    Scottex. Remove a gordura das coisas.  |  Faixa de avião criado para os 
                    binóculos Zeiss: "Ei, você está com 
                    uma meleca no nariz."  |   
                |  |   
                |  Da DDB Londres, o Golf de 
                    gelo de verdade, colocado na rua para vender o ar condicionado 
                    de série. Notícia em todos os jornais.
 |   
                |  |  |   
                |  Para fechar, duas brasileiras que eu 
                    gostei muito, mas não levaram leões: Jail/Asylum 
                    da campanha da Veja sobre ver os dois lados da notícia 
                    (neste caso, o julgamento de Michael Jackson)... |  e uma peça da campanha "um 
                    assunto leva a outro" da Super Interessante. As duas, 
                    da Almap.  |  TBWA PARIS ESTÁ SOBRANDO NA TURMA  Comentei aqui ontem que embora tenha gente que não concorde 
              com o GP - o que é natural - é consenso a excelência 
              da TBWA\Paris, Boulagne-Billancourt em mídia impressa. Só para não causar confusão: existe outra TBWA 
              em Paris, também chamada TBWA\ G1, que cuida só de 
              Nissan e fica no centro da cidade. Boulogne é mais afastada...
 Me lembro que há uns 5 ou 6 anos, a publicidade francesa 
              era motivo de piada pela direção de arte muito exagerada 
              até em função da principal mídia de Paris serem os enormes cartazes de metrô.
 De lá para cá, eles ganharam 2 GPs e vários 
              leões. Tirei algumas fotos do que estava exposto aqui. É 
              até sacanagem com um trabalho que foi tão bem cuidado ser visto através das minhas imagens toscas, mas 
              já dá uma pequena idéia.
 Todas as fotos deles são muito bem feitas, os conceitos são 
              redondinhos e a agência ainda se vale de ter como carro chefe 
              um cliente como a Playstation.
 Confira aí duas peças para PS2 que levaram Ouro, "Bela 
              Adormecida" e "Cabeças", o anúncio 
              "Mosh" para uma pomada contra queimaduras, "Meia" 
              para um produto contra chulé e a lata d´água 
              na cabeça substituída por uma esponja Spontex, que 
              levou Prata.
 
 MAIS GENTE NA FENÊTRE  "Fabinho, tu é veado, mas é gente boa." 
              "Não li teus textos, mas as fotos estão uma merda." 
              (de um diretor de arte)
 "E aqueles 50 mangos que você tá me devendo?"
 São alguns dos emails simpáticos de gente que está 
              interagindo com a coluna. Outros, mais educados, mandaram um abraço 
              e uma força.
 Caso dos redatores André Pedroso, Chiquinho Lucchini, Marcelo 
              Coli e os diretores de arte William Silva e José Christão. 
              Merci.
  N.R.: O José Christão elogiou???? Não 
              reclamou de nadinha, nadinha, Fabio? Então a Fenêtre 
              deve estar ótima mesmo!!!!! (ME)  Cannes, 23 de junho de 2005, quinta-feira 
              (I)
  ONDE 
              TEM LEÃO, TEM ZEBRA
 A cerimônia de entrega dos Leões de Press, Outdoor 
              e Cyber, ontem, no Grand Auditorium do Palais trouxe algumas surpresas. 
              Muitos dos criativos reclamaram da premiação, argumentando 
              que muita coisa que ganhou não merecia ou que havia coisa 
              melhor que ficou de fora.
 De fato, o critério pareceu que deu uma patinada, vendo assim 
              de primeira e comparando com o bom short list.
 Mas, enfim, esta é uma música que toca há muito 
              tempo neste e em outros festivais.
  N.R.: É uma velha máxima da publicidade: 
              os júris só são justos quando a gente é 
              jurado. (ME) TEVE MICO TAMBÉM  O que não ficou de fora e também gerou reclamação 
              foi a entrega do prêmio de Profissional de Mídia do 
              Ano nesta cerimônia e não na dos Media Lions, anteontem. 
              Depois de um vídeo de apresentação bem sem 
              graça da News Corp (dona da Fox, Sky etc) o Sr. Lachlan Murdoch, 
              homenageado da noite, subiu ao palco e tirou do bolso um catálogo 
              telefônico. Quer dizer, parecia, mas era só um discurso.
 O homem falou, falou, e foi assoviado. Parte do auditório 
              também aplaudia o "speech" antes do fim, igual 
              a gente fazia na escola quando queria que alguém parasse 
              de falar.
 CYBER  A turma queria ver as idéias premiadas. E isso deu um pouco 
              de volta com a insistência do formato de apresentação 
              da categoria Cyber. Todos os vencedores são antecedidos por 
              um comentário. O brasileiro PJ Pereira, presidente do júri deste segmento, 
              foi o mais informal e simpático possível.
 Mas como estas comentários tem que ser muito curtos e as 
              peças estão cada vez mais elaboradas e interativas, 
              o público não consegue entender exatamente do que 
              se trata.
 Na verdade, a categoria já cresceu tanto que poderia "morar 
              sozinha". Já merece uma cerimônia própria. 
              Um ótimo nível para isso ela já tem.
 Que o diga o Brasil, e em especial a DM9DDB, que passou o rodo e 
              ganhou o prêmio de agência interativa do ano.
 A equipe subiu ao palco com uma camisa com o número 9 e três 
              estrelas. É a terceira vez que a DM9 é agência 
              do ano, embora em categorias diferentes.
 Não tinha visto as peças ainda e, de fato, o Brasil 
              está muito bem. O GP para Super Bonder é muito bacana 
              mesmo.
 PRESS&OUTDOOR   Se em Cyber só deu Brasil, em mídia impressa os brasileiros 
              só subiram duas vezes ao palco. Três, contando o bronze 
              em Young Creatives. O trio de Youngs brasileiros aliás, talvez por uma falha 
              de comunicação, não teve acesso ao palco. Só 
              quem subiu foi o redator Ícaro Dória, que estava perto 
              do palco para receber outro prêmio.
 A peça dos brasileiros, para incentivar a volta ao estudo, 
              trazia um bilhete te Loteria e o título: "Se você 
              não é bom em escrever, tomara que seja bom com os 
              números." (tradução minha, livre e tosca).
 Bem melhor do que o 1o. lugar sueco que trazia uma previsível 
              impressão digital e o texto: tinta é feita para escrever. 
              Sei lá, eu já usei tinta para pintar, desenhar...
 O destaque da noite foi mesmo a TBWA Paris, comentada na Fenêtre 
              de ontem, que transformou em leão quase a totalidade dos 
              seus muitos short lists.
 O ponto fraco foi o tratamento dado aos bronzes. Se no ano passado 
              já tinham deixado de mostrar as peças, este ano não 
              mostraram nem um título, nem uma referência ao que 
              se trata. Na tela aparece só o nome do produto, cliente e 
              agência e o apresentador só diz o país que levou. 
              É pouco.
 A cerimônia está longa. Mas estão cortando a 
              parte errada.
 Mesmo assim, a delegação brasileira foi quase uma 
              torcida de futebol no Palais. A cada peça premiada que aparecia 
              no telão, era uma festa.
 Eu me senti no Maracanã quando foi anunciada uma peça 
              americana, da Fallon e a representante da agência era, como 
              direi, uma coisa de maluco.
 Foi aplaudida de pé (primeiro no Palais e depois na saída) 
              por alguns gaiatos brasileiros. Gritos de "É Grand Prix!" 
              para a moça ecoaram pelo auditório. A comédia 
              foi tanta que o próprio presidente do Júri olhou para 
              a turma do Brasil e deu uma risada. O mestre de cerimônias 
              também acabou se perdendo. Só faltou a "ola" 
              na arquibancada. Foi por pouco.
 O DEPOIS  Depois da premiação, a galera se reuniu na casa da 
              FilmBrazil (foto). Reparem no alto da foto, lado da camisa verde, 
              que realmente os fantasmas vieram a Cannes. E ainda foram tomar 
              uma cervejinha com a gente. Depois, várias festas pela Croissete. Das que eu não 
              tinha convite (todas) a melhor que eu não entrei foi a das 
              produtoras holandesas Condor e Massive Music.
 Transformaram a praia numa espécie de cadeia, com convites-algema, 
              telões gigantes com câmeras de segurança e muito 
              som. Literalmente cinematográfica, a produção.
 FREE, FABIO SEIDL, FREE  Falando em cadeia, consegui meu alvará de soltura aqui no 
              Le Carandiru, apelido do Chanteclair, o hotel temático que 
              parece uma penitenciária de verdade. Graças a grande força dos meus amigos da McCann Portugal, 
              que não poderão vir a Cannes (lá a gente rala, 
              tão pensando o quê), estou indo para o Sofitel Casino.
 Obrigado não só a McCann mas também ao pessoal 
              do Movimento pelos Direitos Humanos e aos meus amigos que enviaram 
              bolos com limas para eu serrar as grades e fugir.
 SIM, 
              EU TAMBEM VEJO OS FILMES   Eu não vou só às festas. Tenho visto várias 
              sessões do long list de filmes e as de ontem esavam especialmente 
              cheias, com gente sentada no chão dos auditórios. A saída das bebidas alcóolicas (a categoria, não 
              os produtos de fato) virou point, por exemplo: Carlos Righi (TV 
              Zero), Fernando Campos e a galera da Giovanni SP, Adílson 
              Xavier e Cristina Amorim (Giovanni Rio) e Pedro Éboli da 
              Contemporânea.
 Também estavam por lá a turma da CGCom (Fernando Conde, 
              Alessandro Monteiro e Marcos Pedrosa) e Mateus Pizão, da 
              Ogilvy Rio.
 
  Foi 
              a oportunidade do pessoal se encontrar e trocar idéias sobre 
              o que já tinham visto.
  Cannes, 23 de junho de 2005, quinta-feira 
              (II)
  QUINTA 
            COM VAZAMENTO EM CANNES  Quinta-feira 
              e véspera de short list de filmes é que muita gente 
              deve estar saturada. Então, é hora de vazar e dar 
              uma volta outras cidades na Côte D'Azur. St. Tropez, Mônaco 
              e Antibes são os destinos mais procurados. Mas há 
              quem prefira lugares de duplo sentido como a "Rota da Mimosa" 
              ou a alegre "Agay". Eu, que também sou filho de Deus, vou pegar uma praiazinha. 
              Por isso, o resto da coluna de hoje vai ser só encheção 
              de linguiça.
  CID 
              MOREIRA NA FRANÇA
 Ah, Mister M, este segredo nem você sabia. O Cid Moreira, 
              que sempre tentou manter a credibilidade de jornalista aí 
              no Brasil, se vendeu aqui na Europa. Vê se não é 
              ele neste anúncio de aparelho de surdez encontrado numa vitrine 
              por aqui.    AS FOTOS DOS JURADOS MAIS FIGURAS   Eu 
              achei que o jurado de Press tinha mandado de onda essa foto de um 
              rastafari fumando um cigarrinho. Mas não. É ele mesmo. 
              Se você fosse policial federal num aeroporto, acreditaria 
              que o homem é norueguês e se chama Torbjorn Kvien Madsen? E o jurado de Marketing Direto da Índia, Kinjal Medh, lembra 
              quem?
 PAÍS DE QUÊ?  Falando em escândalos políticos, é curiosa 
              esta marca que divulga o tal ano do Brasil na França em eventos 
              públicos. A foto é de um mobiliário urbano 
              sobre um simpósio de água. 
  O outro sentido que "País de Honra" pode ter nada 
              tem a ver, claro, com o atual contexto conturbado do país. Aliás, sobre este ano do Brasil na França, conversei 
              com um compadre que mora em Paris e ele disse que isso é 
              o maior caô. Que tudo que anunciaram até agora são 
              umas exposiçõezinhas e uns shows do Gil, Lenine, Ivete 
              ou seja, a mesma turma que está por aqui todos os anos.
 De repente, quando chegar o verão, o tal ano do Brasil começa. 
              Mas aí não seria o ano do Brasil, que só começa 
              depois do verão e do carnaval.
 N.R.: Fabio, não provoca, porque do jeito que a coisa 
              está, vai ter quem queira criar uma CPI da França. 
              (ME)  PARA TERMINAR Gostaria de dizer a coluna de hoje estava tão sarapa que 
              até uma conversa de compadre foi publicada aí em cima.
 Amanhã, depois do short list, eu volto com - espero - menos 
              embromação.
 NINGUÉM TEM JOB?  Prezados donos de agências, Esta é a lista dos cidadãos que só podem estar 
              sem job na mesa porque ficam lendo a Fenêtre. Eu sei porque 
              me mandaram email contando que estão fazendo isso e se divertindo. 
              Pode se divertir no trabalho? Duvido que seja para isso vocês 
              paguem aqueles altos salários:
 Pedro Prado (F/Nazca), Bruno Richter (OPM), Leo Pitanga (MG), Marco 
              Martins (Agência3), Walter Lencina (OMG), Andre Debevc (que 
              está na CGCOM supostamente fazendo o trabalho dos caras da 
              agência que estão aqui se divertindo), Alexandre Chrispim 
              (estudante, que deveria estar estudando), o grande Carlos Negreiros 
              (professor da PUC que, por sua vez, deveria estar dando aula), além 
              de outros reincidentes que já foram citados aqui em outras 
              edições.
 Da parte que me toca, agradeço muitíssimo. A eles 
              e ao Tadeu Vieira, que elogiou a Fenêtre na comunidade do 
              Orkut. Tadeu, eu só ainda não entrei no seu Orkut, 
              com todo o respeito, porque não sou cadastrado. Mas farei 
              isso em breve.
  24 de junho de 2005, sexta-feira
  FÊNÊTRE 
            DANDO (OPA!) ERRADO A coluna de hoje só saiu graças ao meu ex-dupla e 
              grande amigo Alessandro Monteiro.Isso porque o short list, que começou às 9h, terminou 
              quase às 18h, hora de fechar a sala de imprensa.
 Então tive que vir até o business center do Embassy, 
              hotel dele e de vários outros brasileiros, para escrever 
              e enviar estas parcas palavras.
 Obrigado, cara. Eu ia colocar uma foto sua para te homenagear aqui, 
              mas como não tenho e acho você muito feio, vou colocar 
              uma que acabei de receber. São umas moças que estavam 
              ontem na praia em Corniche D'Or, por onde a gente também 
              passou.
 A OPINIÃO DE CADA UM Recebi emails e pedidos aqui para que eu dizer se achei que peças 
              brasileiras seriam parecidas com outras que já foram feitas 
              no passado, ou que teriam sido criadas só para o festival, 
              fantasmas etc.Vocês estão me levando a sério demais. Não 
              vou fazer isso aqui. Faço isso num bar, batendo papo, com 
              meus amigos.
 Sou redator, não jornalista. Nem tenho como ficar apurando 
              essas coisas. Mal consigo mandar um email aqui!
 Depois, não usaria este espaço para ficar julgando 
              a ética dos meus colegas de profissão aí no 
              Brasil. Seria covarde, irresponsável e pouco profissional.
 Mas tenho um ponto. Fazer peças para festival, com o consentimento 
              do cliente que seja e veicular numa mídia pouco conhecida, 
              concordem ou não, está dentro das regras do jogo.
 Tem gente que acha que não tem problema nenhum em ter esta 
              postura, tem gente que acha que a nossa classe e os festivais ganhariam 
              com mais seriedade e rigor.
 Eu acho é que existe um júri e uma organização 
              para analisar estes casos.
 Mas posso propor o contrário. Vocês falam. Vamos entupir 
              a caixa postal do Marcio Ehrlich: janela@janela.com.br
 Dêem a opinião de vocês que ele publica. Mas 
              nada de pseudônimos, ok?
 N.R.: Fabio, nesse round eu 
              já joguei a toalha. Cannes é um festival de fantasmas 
              e ponto final. Tem que assumir. E quer ver como é engraçado? 
              Daqui pra baixo você vai contar como são todos os filmes 
              brasileiros finalistas, não é? Por que você 
              achou que precisava? :)) O LONGO SHORT LIST  Estou 
              com a bunda quadrada. Foram mais de 8 horas de filmes. A maioria 
              muito ruim. Não tive saco para o Titanium Lions, que seriam 
              mais algumas horas de powerpoints com cases. Na hora dos Radio Lions, 
              eu não estava mais entendendo nada. Depois deste massacre fiquei com a sensação de que 
              o critério poderia ter sido mais rigoroso.
 Se eu já fiquei cansado com o Short, imagino os jurados que 
              antes do short viram um "Medium List" com mais de 650 
              filmes.
 Na palestra da JWT sobre música nos filmes, quarta-feira, 
              teve uma frase muito boa: "a primeira coisa que a gente tem 
              que se preocupar é se o filme está chato ou interessante 
              para quem está assistindo."
 O short list de Cannes teve muito filme chato. Terminava e as pessoas 
              não riam, não se emocionavam, nada. Muito assovio 
              e poucas palmas.
 O problema dos filmes com cópias pixelizadas continuou. Não 
              com os brasileiros que tomaram uma atitude, mas com os outros. Inclusive 
              agências grandes, americanas.
 Mas acho também que ainda há salvação, 
              pode ser que na hora dos leões, o jogo vire.
 Chega de ser negativo. Vou falar dos filmes brasileiros e do que 
              tinha de interessante e divertido nas principais categorias.
 BEBIDAS ALCÓOLICAS A DDB Chicago deve pegar, mais uma vez, leões com Budweiser.Nada que supere as antigas campanhas "Real Men of Genius" 
              ou "Wassup", mas continuam com idéias novas e grandes 
              piadas.
 NÃO ALCÓOLICAS Os dois filmes do Brasil, da campanha Surf feita pela Almap para 
              a Pepsi, foram bem aplaudidos.Tem como como concorrentes a Coca-Cola, com Rivais (Argentina) e 
              um espanhol chamado Parade, que usou como referência a cena 
              do funeral do filme Peixe Grande. Começa perguntando: "Quem 
              vai estar no seu funeral?" e mostra alguém que morreu 
              e fez amigos de todos os tipos pelo mundo. Termina com o carrinho 
              que levava o defunto sendo atirado ao mar e engolido por um peixe 
              gigante. Bonito e ousado para a Coca-Cola.
 O refrigerante inglês Tango também continua a produzir 
              bons filmes com um humor surreal.
 PRODUTOS PARA A CASA A JWT Brasil tinha um concorrente, "Vento" para um lustra-móveis 
              da Reckitt. Um ventilador empurrava lentamente uma TV até 
              ela cair do móvel. Todo mundo ficou achando que era um filme 
              de ventilador. Surpreendeu.A DDB sul-africana tinha um filme curioso. Um homem que precisou 
              fazer um transplante de mão, descobre que o novo órgão 
              tinha vindo de um japonês. A mão tirava fotos de tudo, 
              o tempo todo. Para piorar, a câmera estava com baterias Energizer, 
              que dura muito mais.
 Pronto, agora já vão dizer que parece com o filme 
              para a Nokia feito pela Lew, Lara (da série do "Wilson 
              Anda para trás").
 MÓVEIS E ELETRODOMÉSTICOS Mais um filme do Brasil: DM9, para Ponto Frio. Mostrava uma pessoa 
              numa cadeira de balanço, que só balançava um 
              pouco e parava. Culpa de um ventilador daqueles que funciona girando 
              de um lado para o outro.A categoria tinha poucos filmes, mas bons. Um deles, da DDB México, 
              falava bastante da reeleição de Bush. Fechava dizendo 
              que ia ficar mais difícil dormir. E vendia os colchões 
              Dormimundo.
 Não entendi como alguém pode fazer um filme dizendo 
              para a gente dormir imundo. Tá, foi mal.
 COSMÉTICOS Tinha um dos meus filmes preferidos do festival: Stunt City, da 
              Lowe Londres para Rexona. Uma cidade inteira de dublês pegando 
              fogo, pulando de prédios, batendo de carro para depois dizer 
              que o produto protege mesmo, mas só debaixo dos braços. 
              Grande produção.Dois filmes brasileiros: Um da DPZ que mostrava dois pães 
              sendo colocados numa torradeira, um com manteiga e outro com um 
              creme. Só a do creme não queimava, estava com protetor 
              solar Avon.
 A Almap tinha um filme emocional para o Boticário, em que 
              um menino vai comprar um perfume para a suposta namorada. Bem aplaudido.
 FARMACÊUTICOS Tinha o filme mais bizarro do festival. A mulher reclama que acabou 
              o gás em casa e o marido, como direi, peida um bujão. 
              Era da Tailândia.Dois filmes brasileiros. Um da campanha premiada em Press da JWT 
              para os lenços Kleenex, que conta a história do infeliz 
              Stuart Stucliff, primeiro baixista dos Beatles que largou a banda 
              para ser pintor.
 Outro, da Y&R e filmado pela carioca Yes, mostrava um túnel 
              que fazia um barulho mas não saía nenhum carro. É 
              para o laxante da Novartis.
 ROUPAS E ACESSÓRIOS Supresa. Os principais filmes da Nike e da Adidas não estavam 
              nesta categoria. Foram inscritos em Imagem Corporativa, provavelmente 
              imaginando que ia ser mais fácil. Agora vão brigar 
              em outro quintal.Espaço aberto para o ótimo corredor de cuecas da Rainha, 
              feito pela F/Nazca.
 MISCELÂNEA Só quatro filmes, entre eles um (novamente) da Almap. Um 
              homem chega para trabalhar com um arranhão no pescoço, 
              dando a impressão de que teve uma grande noite de sexo. Era 
              para Whiskas, a comida que os gatos preferem. CARROS Melhor categoria. Mas a briga deve ficar mesmo entre os filmes 
              que eu comentei na segunda: GRRR (Wieden para Honda) e Singing in 
              the Rain (COM GENE KELLY! Da DDB London para VW). Foram aplaudidos 
              desde o início da exibição.2 filmes brasileiros receberam a espinhuda missão de superar 
              os dois e mais vários outros muito bons. "Segundo Lugar", 
              Almap para Audi e "Man Standing" da Neogama para Mitsubishi.
 Achei injusto não entrar a campanha institucional da VW Brasileira, 
              também da Almap, que o pessoal aí ficou reclamando, 
              mandou tirar do ar etc.
 OUTROS VEÍCULOS Dobradinha Almap e Jodaf de novo com o filme Clones para peças 
              originais da VW, desafiando o espectador a descobrir qual dos produtos 
              na tela eram falsificados. Difícil. No final, um carro batido 
              e outro não, qual deles teria usado peças falsificadas?Um filme da Ford feito pela JWT Tailândia, King Kong, tinha 
              cara de favorito.
 ELETRÔNICOS O filme do iPod, agora com o U2, estava de novo no festival. Tomou 
              vaia. Aliás, se alguém tiver saco, coloca no banco 
              de imagens da Gettyone com a palavra "dancing" na área 
              de filmes e vê onde estava a referência da campanha 
              multi-premiada. VAREJO Bons filmes. O nível está crescendo nesta categoria 
              como em nenhuma outra. FAST FOOD Tinha um filme da Ogilvy para o restaurante Fit Food. Uma roda 
              gigante que parava e depois despencava. Parava e despencava. Culpa 
              de uma gordinha.Muitos filmes, quase nada bom.
 N.R.: Cadeira que balança e pára, roda gigante 
              que desce e para? Aquele brilhante filme do McDonald's, de uns 3 
              anos atrás, criou filhotes. Lembra que um garotinho chora 
              e pára, chora e pára até a gente descobrir 
              que ele estava balançando e ora via o logo do McDonald's 
              e ora não? Ou teve algum outro antes? (ME) ENTRETENIMENTO Filme checo muito bacana. Cidadão sai do carro e deixa o 
              vidro aberto, o motor e o pisca alerta ligados. Entra no cinema. 
              Era para um festival de curtas. BANCOS E SEGUROS Categoriazinha dura em qualquer festival. Teve a vaia do ano, com 
              um filme australiano para Visa, feito com o Richard Gere na India.Uma menina passa com uma gaiola. Um indiano explica pro Richard 
              que soltar um pássaro na Índia é sinal de sorte 
              (ou sei lá o quê). Richardão vai lá e 
              torra a grana dele para surpreender a menina: manda soltar um monte 
              de pombas brancas e outros passarinhos.
 IMAGEM CORPORATIVA Como eu falei, Nike e Adidas competindo com coisas como Tetra Pak 
              e até um filme em que os principais criativos americanos 
              aparecem vestidos de mulher, para dizer que o mercado precisa de 
              mais mulheres. Colé, mermão, lá no Brasil não 
              tem disso não.A Nike chegou a inscrever o filme Brasil X Portugal como se o produto 
              fosse
 a divulgação da EuroCopa 2004.
 CATEGORIAS DE MAZELAS HUMANAS Os filmes de mensagens doentes, coitadinhos e desesperados mudaram 
              muito. E estão bem legais. Três brasileiros competem:- A JWT com uma campanha pelo desarmamento: duas crianças 
              futucam o armário do pai, acham uns cigarros e começam 
              a fumar. Por sorte não pegaram o trabuco que o pai escondia 
              ao lado.
 - Lew, Lara para a Liga das Senhoras Católicas: uma mulher 
              descobre que a imagem de uma santa na sua igreja está chorando. 
              Reúne a comunidade, o padre, todo mundo. Na verdade, era 
              o telhado que estava quebrado. "Não esperamos milagres, 
              só a sua ajuda." Era a assinatura.
 - DM9, trouxe um filme com uma abordagem diferente. Uma mulher está 
              na cozinha quando um copo começa a se mexer. Começa, 
              continua e a mulher fica meio assustada. Diz o seguinte: Doe seus 
              órgãos agora, porque podem não perdoar você 
              depois. Muito bacana.
 E acho que é isso. Eu queria pedir desculpas se esqueci 
              alguém ou se contei mal os filmes aqui. Não é 
              fácil lembrar de tudo e nem ler as anotações 
              que fiz rapidinho, no escuro, com um olho na tela e outro no bloco. RECORDE PARA O BRASIL Conforme anunciaram os outros veículos especializados que 
              dispõe de alguma verba na cobertura de Cannes, hotel com 
              business center e vários profissionais especializados, o 
              Brasil deve bater o recorde de leões amanhã com a 
              divulgação dos premiados em filmes.Segundo o copy/paste que eu fiz do Propaganda e Marketing: "São 
              seis da área de filmes, 12 em Press & Outdoor, 23 em 
              Cyber e dois em Rádio. Entre os 43 Leões está 
              o do Grand Prix da DM9DDB conquistado na competição 
              Cyber Lions.
 O número de Leôes bate o recorde do ano passado quando 
              foram 41 Leões: cinco de filmes, 10 de Press & Outdoor, 
              um de Media, dois de Direct e 23 de Cyber."
 O que eu ouvi é que eram 5 os premiados e houve um filme 
              que foi "puxado", como a gente diz, mas não consegui 
              saber qual. Os jurados também estavam na dúvida se 
              um dos leões iriam passar de bronze para prata. Parece que 
              um ouro vem com certeza.
 ME ENGANA QUE EU GOSTO Mais e mais pessoas estão descobrindo esta nova e improdutiva 
              maneira de enrolar no trabalho. Ao invés de ficarem de papo 
              no messenger ou vendo fotos de sacanagem, ficam lendo a Fenêtre 
              que pelo menos é um monte de letrinhas, de longe, dá 
              a impressão de que o leitor está ralando.Gente como Monica Souza (Ydreams Portugal, beijão!!), Paulo 
              Bemfica (Bates_Red Cell Portugal), Albertino Pimenta (Multinational), 
              Suzana Prista (CGCom), Luis Rego (que não vale, é 
              meu colega na McCann Portugal), Priscila Serra (da MG, a primeira 
              pessoa que me convidou para ser "correspondente", na época, 
              para o VoxNews), Glaucio Binder (Binder FC+G), Lucas Duque (Sonido), 
              Milvio Piacesi (X Brasil) e até a responsável por 
              50% desta coluna, minha mãe.
 Obrigado por tudo. Hoje foi difícil, mas amanhã eu 
              prometo que vai ter um balanço legal. Vou chamar a Gretchen 
              e a Rita Cadillac. Pena que vocês não vão ler 
              porque é sábado. Até.
  25 de junho de 2005, sábado 
              - Final
 SEGURA QUE É O BALANÇO 
             Polêmicas, problemas técnicos, surpresas e grandes 
              festas. Cannes teve de tudo este ano. Ao mesmo tempo em que o festival vive uma nova fase de organização 
              em que deve parar para pensar o seu futuro, reafirmou a sua condição 
              de Disneylândia e Copa do Mundo da publicidade.
 Acompanhe agora os últimos bedelhos da derradeira Fenêtre 
              deste ano.
 ÚLTIMOS RESULTADOS, POUCAS SURPRESAS  Por mais que o filme "GRRR", da Wieden+Kennedy para a 
              Honda, fosse o favorito ao GP ninguém acreditou que esta 
              coluna iria acertar uma previsão, principalmente feita no 
              segundo dia de festival. Dizem que o próprio Dan Wieden, quando leu a Janela ligou 
              para a sua equipe em Londres para dizer: "We're Fucked!" 
              (ou, em português: galera, não vai dar, aquele cara 
              da Fenêtre que não acerta uma disse que somos favoritos).
 "GRRR" ganhou também um Leão de Titânio 
              pelo case da campanha.
 Os outros filmes apontados aqui pela Fenêtre como favoritos 
              ao título levaram leões. Hello Tomorrow, da 180 (HOL) 
              para Adidas foi ouro e Singing in The Rain da DDB (GBR) para VW 
              ficou com bronze.
 A TBWA\Paris foi a agência do ano, como também já 
              se esperava após o resultado do short list de Press&Outdoor.
 O BRASIL  Na Fenêtre passada o Marcio Ehrlich comentou que o filme 
              do Ponto Frio lembrava um antigo do McDonalds, mas eu devo ter contado 
              mal, Marcião, porque os filmes não se parecem em nada. 
              O Brasil foi bem. Quebrou seu recorde de leões, embora graças 
              a força dos Cyber Lions e a quatro leões de uma nova 
              categoria, Rádio.
 Em Filmes, foi o quinto país em número de leões 
              (6 troféus) e não o quarto como chegou a ser anunciado. 
              Na frente ficaram EUA (que levou "só" 27), Inglaterra, 
              França e Alemanha.
 Veja quem levou:
  Ouro
 "Azarados" da JWT para Kleenex em mais um bom trabalho 
              da produtora AD Studio de Jarbas Agnelli, que marcou por mais um 
              ano a sua presença entre os leões.    Prata   "Vento" 
              da JWT e Jodaf para o lustra-móveis da Reckitt Benckiser; 
  E o divertido "Cozinha" da DM9 para Associação 
              de Transplante de Órgãos com produção 
              da CaradeCão
     Bronze   "Cueca" 
              da F/Nazca para Rainha com produção da Cia de Cinema. E dois para a Almap: "Clone" para peças originais 
              VW; e "Arranhões", para Whiskas Estes dois também 
              com produção da Jodaf.
 Em Rádio, foram 4 bronzes: 3 de uma campanha da (adivinha) 
              Almap com produção da MCR para a Rádio Bandeirantes 
              e um da paranaense Master com a In Sonoris pelo spot "Ask Why" 
              para o Ministério da Saúde.
 Se você quer ver e ouvir todas as peças é só 
              acessar https://www.canneslions.com/winners/
 CANNES ESTÁ INCHADO   Este 
              tarugo que vocês estão vendo aí não é 
              a lista telefônica da Côte D'Azur. É o catálogo 
              de pecas inscritas este ano. Cannes, assim como quem ficou até de manhã bebendo 
              no Martinez, está inchado.
 Dá para entender que isto é um negócio e precisa 
              dar dinheiro. Mas está na hora da organização 
              do festival pensar em valorizar os leõezinhos, ou eles vão 
              começar a perder o sentido.
 Tem categoria demais. O Titanium Lions parece que não pegou, 
              apesar do bom conceito. Ficou sem GP. E ainda tem Radio Lions, Media 
              Lions Direct Lions, Cyber Lions, Lions Club, Rotary Club. É 
              muita coisa.
 E se existe Direct Lions, pela lógica, não deveria 
              existir um Design Lions? Querem apostar que vem por aí?
 Cannes não vai acabar com as categorias. Vai fazer mais. 
              Neste caso, fazer o festival em duas partes, uma só para 
              TV e mídia impressa seria uma solução. Mas eu duvido.
 GP DE DIRECT É UM FILME Uma prova de que estas categorias estão muito confusas. 
              O GP de Direct Lions foi dado a um filme alemão para a Renault. 
              A idéia era interessante. O filme foi rodado em duas versões, uma que mostrava um trajeto 
              de um homem por um cenário muito triste e outra, o mesmo 
              trajeto, com o mesmo personagem, mas com um clima mais animado.
 O filme passou ao mesmo tempo em dois canais e sugeria que as pessoas 
              zapeassem os canais quando surgisse um comando na tela e vissem 
              as diferenças.
 A campanha para que as pessoas assistissem deu um mega resultado. 
              Mas, cá entre nós, a idéia não estava 
              no filme? A agência, pelo menos, concorda: inscreveu a mesma 
              peça na categoria de Filmes. E não pegou nem o short 
              list.
 FILMES ABREM PRECEDENTE  Uma pessoa normal, coisa já tão rara na propaganda 
              moderna, não consegue ver com atenção mais 
              do que um short list de Press & Outdoor e mais do que meia dúzia 
              de categorias de filmes antes do short. E a tendência das categorias em filmes é aumentar. 
              Este ano houve uma novidade neste segmento, a categoria "Melhor 
              Uso de Música". Ou seja, um prêmio técnico, 
              que foi para o filme Hello Tomorrow, da Adidas. A trilha é 
              do irmão do diretor Spike Jonze. Merecido.
 E se tem "Melhor Música", porquê não 
              "Melhor Fotografia" e "Melhores Efeitos Especiais"?
 Vários festivais já fazem isso e acho que Cannes está 
              de olho, mas sei lá, o festival pode perder o foco.
  ESBÓRNIA
 Muita gente pensa, equivocadamente e contaminada pelos meus relatos 
              que Cannes é só festa. Não é verdade. 
              Tem também a manguaça, a chutação de 
              balde e uma zoação monstro seguida de perda de parte 
              da memória. Eu, por exemplo, estou com o pé cheio de jaca até 
              agora.
 Deve ter uma parte construtiva nisto tudo. Deixa eu pensar. Bem, 
              se Cannes voltou a ter grandes festas é um termômetro 
              de que o negócio da publicidade no mundo vai bem.
 Só na última sexta rolou: uma da McCann em um iate 
              da família Onassis (que eu perdi para ficar escrevendo para 
              vocês e é a minha agência!); uma da DDB na praia 
              do Carlton e a melhor festa em que estive este ano, a da Leo Burnett 
              (obrigado, amigos da Leo) em Palm Beach.
 Estava perfeita. Era para terminar às 2h mas até às 
              3h tinha gente dançando e bebendo à vontade em copos 
              verdes (cor da agência) fosforecentes.
 
  Um 
              dia antes, no mesmo lugar, muitos brasileiros estiveram na festa 
              das produtoras italianas a convite do pool FilmBrazil. Acho que imagem 
              da galera fala por si.
 E o Martinez nos últimos dias parecia o dia de comemoração 
              da vitória do Brasil na Copa do Mundo. Faltou, como eu já 
              disse, a galera do Rio.
 PRODUÇÃO E BEAM.TV  A empresa responsável pela transferência digital dos 
              filmes de Cannes não consegue transferir nem dinheiro da 
              conta. No ano que vem, quem vai confiar numa companhia que arruinou 
              o investimento de várias das principais agências no 
              festival? Se eu fosse vocês, mandava uma Beta com os filmes.
 O erro acaba sempre escondendo a competência. Neste caso, 
              ficou chato para a produção do festival que melhorou 
              depois da saída do menino maluquinho Roger Hatchuel. Estava 
              bem bacana.
 Mesmo com uma obra no Palais, na área de convivência 
              da Lions Village, conseguiram montar um bom espaço e atrair 
              ótimos patrocinadores.
 A única coisa que eu não entendo: das vezes que vim 
              a Cannes, sempre recebi uma bolsa com muita coisa: camisa, livros, 
              convites, brindes de todos os tipos e tamanhos. Este ano a bolsa 
              pesava quase 10Kg. E ninguém NUNCA se preocupou em dar como 
              brinde uma caneta e um bloquinho.
  LEÃO 
              DE RELAÇÕES PÚBLICAS
 Guardei a história para o final porque se eu só contasse 
              sem alguma fotos (que só recebi hoje) ninguém ia acreditar. 
              Na frente de um dos hotéis de Cannes havia um prédio 
              de apartamentos em que todos os dias, DOIS casais de meninas desfilavam 
              suas intimidades.
 Trocavam de roupa, de posição, uma loucura. Isso é 
              que é uma fenêtre boa.
 E pensar que o máximo que eu via da janela do meu quarto 
              (digo, masmorra) no Le Carandiru eram os detentos do bloco da frente 
              queimando colchões e gritando por direitos humanos.
 Ah, nem adianta que o nome do hóspede "Garganta Profunda" 
              eu só entrego depois que ele morrer ou ficar velho e maluco 
              querendo se entregar. Falta pouco: maluco ele já está.
 A MELHOR COISA   Depois 
              de muita publicidade, festas e uma viagenzinha bem bacana para Saint 
              Tropez, volto para casa com a sensação de que a melhor 
              coisa neste Festival todo foi a participação de vocês 
              aí no Brasil, em Portugal e até na África. De coração, obrigado para caramba pelos emails, pela 
              força, pelas críticas, pelas dicas. E, Marcio, valeu 
              pra caramba. Obrigado também Laís Prado do CCSP, Paulo 
              Macedo e a turma do Propaganda e Marketing e a McCann Portugal, 
              que me ajudaram.
 Vou continuar aqui na Janela uma vez por mês, ou quase isso, 
              com a "Janela Internacional ". A gente vai se falando. 
              Quem quiser continuar trocando idéia, já tem o meu 
              email.
 Se Deus quiser e o dinheiro e a assessoria de imprensa de Cannes 
              permitirem, no ano que vem estamos aqui de novo.
 Um abração,
 Fabio
 O redator Fabio 
              Seidl é o enviado (com todo o respeito) especial da Janela 
              em Cannes 2005.  
                                             
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