Publicitário do Ano pela quarta vez no Prêmio Colunistas Rio, o diretor da agência Binder, Glaucio Binder, foi muito aplaudido em seu discurso de agradecimento, quando aproveitou para lembrar às mais de 350 presentes ao evento sobre a importância de não se esquecer o que os profissionais mais velhos podem oferecer às agências.
A Janela, então, reproduz aqui, agora, a fala de Binder:
| “Antes de mais nada eu queria fazer um reconhecimento ao Marcio Ehrlich. Não só por causa do Prêmio Colunistas, tão relevante para nosso mercado, mas por ter conseguido inventar o seu lugar no mercado, independentemente da sua idade.
E é esse ponto que eu quero destacar. Esta semana completo 65 anos de idade e recebi este enorme presente de ser reconhecido como Publicitário do Ano. Cada vez mais precisamos estar atentos ao tema da inclusão e da diversidade. A gente tem estado mais atentos para termos uma equipe mais diversa em termos de gênero, raça, neurodivergência, presença feminina em cargos de liderança, entre outras iniciativas. Isso é muito importante e mais, é decisivo do ponto de vista de vantagem competitiva, e imprescindível do ponto de vista ético. Então, hoje seria natural e verdadeiro eu dizer que dedico meu prêmio a equipe da agência e a minha família etc. Mas eu quero dedicar meu prêmio a um grupo pouquíssimo valorizado nos discursos de inclusão. Estou falando em gente como a gente, Marcio Ehrlich: Velhos! Ninguém fala com orgulho sobre os velhos que têm na equipe. Sim, quero usar este espaço aqui para provocar uma reflexão sobre isso. Sou uma exceção, não porque ganhei 4 vezes o título de Publicitário do Ano. Mas por ter 65 e ainda ocupar um espaço no mercado. Desde jovem eu vejo programas para “primeiro emprego”. E eu sempre pensei: e o “último emprego?” Ninguém está preocupado com isso. O jovem se vira. Mas e o velho?. Aliás, a cada dia que passa, velho fica velho mais novo. Mais de 50 já tem dificuldade de se colocar. Já já vai ser mais de 45. Se vocês estão preocupados que a inteligência artificial vai tirar seus empregos, imagine o velho? Acho que a mania de mudar tudo o tempo todo é só para ferrar ainda mais a vida dos velhos. Você vai, aprende tudo sobre o Instagram, sobre o aplicativo do banco, sobre a usabilidade do Netflix, aí vem um filho da puta e resolve que vai mudar tudo. Só pode ser para nos sacanear. Agora, só cá entre nós, velhinhos: a gente resiste muito a se adaptar. Isso nos atrapalha demais. Eu entendo. Cansa. A vida toda se adaptando e as coisas não param de mudar. Alguns povos reverenciam seus velhos. Mas, a população moderna os trata como “café com leite” (uma expressão que só os mais velhos vão entender). E aí temos enormes talentos com energia, desperdiçados no mercado. Incluir velhos é muito mais difícil do que incluir os outros grupos desincluídos. Fazer os jovens executivos pensar em solução de inclusão diversa é mais fácil se não tiver que pensar nos velhos. Então, fica aqui um alerta, sobre envelhecer: se tudo der certo, todos vocês vão caminhar para lá. Então, é melhor ir pensando no assunto. |
(Na foto, Glaucio Binder recebe seu diploma de Publicitário do Ano das mãos de Igor Marques, subsecretário de comunicação do Governo Cláudio Castro, do Estado do Rio de Janeiro)
Excelente, Glaucio! Você ainda é jovem, com muito sucesso pela frente.
Pela pertinência do tema, delicadeza no trato, coragem, grau de sensibilidade, o discurso do Gláucio só pode ser obra de puro e “velho” (ops!) botafoguense
👏🏻👏🏻👏🏻😘
MUITO BOM !
Parabéns aos Gláucio e parabéns aos Márcio por representar, com tanta persistência e lucidez, os “velhinhos” que continuam dando suas contribuições à Propaganda.
Muito bom esse discurso do Gláucio sobre o etarismo: esse tema merece mais discussão em todas as áreas da Sociedade.