Faleceu no sábado, 16/12, aos 80 anos, em Florianópolis, onde vinha residindo, o publicitário Roberto Leal, que foi por cerca de duas décadas um dos principais executivos da agência J.Walter Thompson no Brasil.
Capricorniano de 08/01/1943, nascido em Montevideo, no Uruguai, Leal acabou fazendo seu nome mesmo na publicidade brasileira, a partir dos anos 1970.
Atuou em São Paulo na SSC&B:Lintas, até vir para o Rio, em 1977, trabalhar na SGB, agência de Sani Sirotsky e Arthur Bernstein e que tinha a conta do Grupo Supergasbras. E que era uma das parceiras, no Brasil, da americana Grey Advertising.
Leal acabou saindo da SGB em 1980 exatamente para comandar a Superpublicidade, house do Grupo Supergasbras. Foi quando viu a oportunidade de fazer o negócio crescer com a conquista de outros clientes, já aproveitando seu relacionamento com a Grey.
A partir de outra marca do grupo Supergasbras, a Universal, Leal estruturou no Rio uma nova agência: a Universal & Grey. O projeto de Leal na empresa não durou muito, apesar de terem anunciado contas como a Inega, que se anunciava bastante, na época, como “o jeans de Ipanema”.
Menos de um ano depois, deixaram a Universal & Grey, que ficou sob novos comandos, tanto Roberto Leal quanto a também diretora Nádia Rebouças — que vinha acompanhando o publicitário desde seus tempos de Lintas, por todas as empresas por onde ele passou.
Assumindo o escritório carioca da Thompson — aliás, para onde Nádia Rebouças também foi –, Roberto Leal fixou-se, até ser promovido, em 1991, a presidente de toda a operação da JWT brasileira. Esta função ocupou até 2004.
Foi como executivo da Thompson que participou decisivamente na conquista da conta da Esso em 1986, cliente que era atendido mundialmente pela McCann Erickson. E disputando, ao final — imaginem só! — com a SGB.
Homônimo do cantor português Roberto Leal, em 1994, o publicitário foi motivo de uma divertida citação do diretor da DPZ, Francesc Petit, em matéria na Folha de S. Paulo, citando os frequentadores do restaurante La Tambouille: “Também se encontra o gentil presidente da J. Walter Thompson, Roberto Leal, que aliás não canta nem dança música portuguesa…”
Em depoimento à Janela, Nádia Rebouças declarou: “Foi o melhor gestor que conheci! Pergunte aos criativos! Corajoso, comprometido e um líder com seus funcionários!”
Ele deixa, como viúva, Florencia Estrazulas, além de três filhos e netos. A Janela ainda está tentando conseguir mais informações, com a família, sobre os motivos do falecimento e sobre o velório de Roberto Leal.
(A foto de Roberto Leal que ilustra esta matéria é de 1986, durante uma entrega do Prêmio Colunistas Rio).
Roberto tinha sido tupamaro e veio se esconder no Brasill. Namorou a Marcia, filha do Chagas Freitas, de quem levou um corre. Entendia de publicidade, mas na verdade sabia de literatura, artes . uma outrs visão… aprendi muito com ele.
“Foi o melhor gestor que conheci! Pergunte aos criativos! Corajoso, comprometido e um líder com seus funcionários!”
De fato, Roberto Leal foi o responsável pela virada criativa da JWT-Rio montando um timaço de criativos — só para citar alguns: John Chien, Toninho Lima, Jair de Souza, Toni Lourenço, Lina Pinheiro, Cacau Ribeiro… todos brilhantes —. O diretor de criação na época era o Ivan Stoy que dividia a missão com o Chien, o supervisor de criação.
E falando em Nádia Rebouças, sou testemunha ocular de um gesto fantástico dessa: uma vez conquistada a conta da Esso, ela chegou no meio de um salão da Criação da JWT-Rio, pegou o calhamaço do planejamento que ela fez para a conta — razão da conquista — e olhando para o time de criação rasgou esse em pedaços, falando: “Agora é com vocês!”. Foi lindo.
Roberto Leal sempre foi um gentleman, mais que isso, tinha um sorriso tranquilo e encorajador. Sentiremos sua falta.