Próximo de lançar uma concorrência para escolher sua agência de comunicação digital, o Banco do Nordeste (BNB) está sendo motivo de preocupações entre as lideranças da Associação Brasileira de Agentes Digitais (Abradi).
A entidade, que representa as empresas que atuam no marketing online, e tem como presidente Carolina Bazzi Morales (foto), não concorda que o BNB misture, em um mesmo processo de seleção, a contratação de quem cuidará de estratégias digitais do banco e a alocação de mão de obra de profissionais para trabalharem terceirizados dentro das instalações da instituição.
O questionamento da executiva se explica. Como a Janela já registrou antes (veja link no rodapé), a seleção de agências digitais pelos órgãos públicos — aliás, as de comunicação corporativa também –, agora precisa seguir o mesmo padrão que já era adotado com agências de publicidade. Ou seja, através de análise técnica de sua capacidade.
No entanto, a legislação brasileira, como de praxe, deixa brechas espalhadas para confundir os próprios administradores públicos. Como é o caso da contratação de mão de obra, ainda que especializada, que segue podendo ser realizada através de pregões de preço. E o BNB pode estar misturando as duas estações.
A licitação digital do BNB ainda não foi para a rua. Carol Morales revelou à Janela que a associação não só já havia se colocado à disposição do BNB para o aprimoramento do edital como chegou a ter reuniões sobre a melhoria das exigências a serem publicadas, aproveitando o período em que o anunciante havia aberto seu Request For Proposals (RFP).
Acontece que o prazo para sugestões se encerrou no último dia 01/12, sexta-feira. Com o texto ainda misturando as duas demandas.
Antes que o BNB solte seu edital, portanto, a Abradi decidiu vir a público para recomendar, formalmente, ao Banco do Nordeste, que retire a alocação de mão de obra do escopo de sua concorrência, mantendo o modelo em técnica e preço. E que realize uma nova consulta pública antes da publicação do edital.
Banco do Nordeste responde
Em nota encaminhada à Janela pela sua assessoria de imprensa, o BNB respondeu às informações acima:
NOTA À IMPRENSA
O Banco do Nordeste, em fase de estudos preparatórios para o lançamento do seu Edital de Contratação de Agência de Comunicação Digital, esclarece que: 01 – A RFP (Request For Proposal), cujo prazo encerrou-se dia 01/12/2023, teve por objetivo receber propostas de preços para atendimento à necessidade de contratação de serviços de comunicação digital da empresa; 02 – O catálogo de serviços precificáveis contou com 83 (oitenta e três) itens, dos quais 12 (doze) são perfis profissionais intitulados postos de trabalho; 03 – A sistemática de tomada de serviços encontra-se em fase de estudos pelo Banco, e os dois formatos, por itens ou postos de trabalho, possuem alta aplicabilidade na administração pública indireta. A adoção de um modelo ou outro constitui discricionariedade do órgão contratante consideradas suas especificidades e a vantajosidade da forma escolhida, que deve ser amplamente fundamentada em estudos técnicos preliminares (IN Secom Nº 1, 2023); 04 – Dos orçamentos recepcionados na fase de RFP, todas as empresas apresentaram precificação para os dois modelos de demandas de serviços, por itens e por postos de trabalho. |
LEIA TAMBÉM NA JANELA
• Agora é lei! Governos não farão mais pregão para agências digitais nem corporativas (em 31/05/2022)
• MCom define que pregões não cabem mais para contratar agências digitais (em 25/04/2022)
• Câmara aprova que licitações digitais e corporativas sigam as de publicidade (em 16/03/2022)