A Associação de Marketing Promocional (Ampro) distribuiu comunicado ao mercado nesta quinta-feira, 03/11, repudiando a atitude de “preconceito e intolerância” de uma empresária do setor, proprietária de montadora de stands, afirmando que não mais contrataria “pessoas de uma determinada região do nosso país”.
Apesar de não citar nomes, a decisão da direção da Ampro partiu de áudios e mensagens — a que a Janela teve acesso — emitidas pela proprietária de uma empresa paulista, com afirmações como “Não vou ter mais nordestino trabalhando na minha firma”. Em um dos áudios a um provável profissional de sua equipe, ela diz “não é possível que não tenha outras pessoas, o Brasil é muito grande pra depender só de nordestino filho da puta pra trabalhar aqui”.
A empresa, que localizamos na internet, conta, em seu site, que iniciou trabalhando em home-office, fazendo instalações de marketing promocional, até se tornar fornecedora “de soluções para exposições e eventos tanto no Brasil, como nos Emirados Árabes Unidos”. Em seu portfólio, há trabalhos para Auto France, Coca-Cola, Kopempack e Zichel Group, de Dubai.
Na nota, a Ampro ainda afirma:
Esse tipo de preconceito e intolerância são inaceitáveis e incompatíveis com o Estado de Direito e as relações sustentáveis em um ambiente democrático. A AMPRO manifesta profundo repúdio em relação a essas atitudes, já providenciou o desligamento da empresa da referida senhora de nossas redes, e reitera ao nosso conjunto de stakeholders que atitudes e ações preconceituosas, anti-democráticas e, nesse caso, ilegais, provocarão sempre imediata reação da Associação no sentido de zelar por ambientes de negócios e relacionamentos saudáveis, éticos e pautados pela legalidade.
A AMPRO aproveita o ensejo para somar voz às declarações de diversos setores da sociedade que têm repudiado os fechamentos das rodovias em todo Brasil, atos esses que impactam negativamente, e de forma ampla, nossa economia e a vida de milhares de brasileiros. |
Problema recorrente
O caso da empresária paulista não é único no setor de eventos. O dirigente de uma gráfica digital carioca, também declarado eleitor de Jair Bolsonaro, postou diversas mensagens em seu perfil nas redes sociais depreciando os nordestinos: “Fomos derrotados por aqueles que pouco produzem. Nordeste é sinônimo de atraso”. Além disso, rompeu com os publicitários com quem mantinha relacionamento profissional.
E, em mensagem pessoal a cada um, declarou que não mereciam seu respeito:
…quero afirmar, novamente, que não os respeito e se perder a sua amizade, para mim, neste momento, pouco importa.
Eu os culpo e os acho, simplesmente, irresponsáveis. Aceitaram urnas fajutas que só são usadas em 3 países, permitiram censura, fizeram vista grossa à um jogo sujo. Não merecem respeito. Sou empresário, pequeno, mas não me curvo. Sei que perdi clientes, minha empresa teve cancelamento em eventos culturais que apoiávamos, mas não me importo. Prefiro manter minha integridade. Nunca votaria em um ladrão, nunca pensaria em me comprometer e trazer para o nosso país o que já houve de pior. Vocês não merecem respeito. |
NOTA DA REDAÇÃO: Por recomendação do advogado da Janela, considerando que a própria Ampro não citou o nome da empresária e, não havendo qualquer processo judicial envolvendo o fato, também não deveríamos revelar a autoria das gravações. Da mesma forma, nos reservamos o direito de não revelar o nome do empresário carioca.