As agências Calia, Nacional, Nova/SB e Propeg têm dois meses para descobrir quem será o nome forte da comunicação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e convencê-lo de que não vale a pena fazer uma nova licitação de publicidade só porque mudou o governo.
E mais, que suas equipes são profissionais o suficiente para continuar atendendo bem a Presidência da República a despeito da mudança radical de filosofia política.
Com contrato assinado em 24/05 último, as quatro só têm garantida a sua permanência na conta até maio de 2023. Mas elas contam com a vantagem de que cinco meses é muito pouco tempo para que a nova administração consiga estar estruturada o suficiente para levar uma nova disputa de agência até o fim neste período.
Se for seguido o exemplo da própria gestão de Bolsonaro, as quatro agências — e as demais que atendem aos ministérios e demais órgãos federais — podem relaxar. Nos 13 meses primeiros meses da administração que se encerra em 31/12 próximo, o Governo Federal não realizou qualquer grande licitação para a escolha de agências de publicidade.
Bolsonaro começou trabalhando com as escolhidas em 2017, no Governo Temer, pela licitação nº 1/2016 da Secom, que previa uma verba anual de R$ 208 milhões: as agências NBS, Calia e Artplan. Antes, estavam na função Leo Burnett Tailor Made, Nova/SB e Propeg, selecionadas em 2011, quando a verba da Secom era da R$ 150 milhões.
E na licitação anterior, de 2008, também para Lula, as vencedoras haviam sido Matisse, 141 Soho Square e a mesma Propeg, também contratadas para uma verba de R$ 150 milhões.
Por falar em Matisse, vale lembrar que, em 2020, o Tribunal de Contas da União (TCU) condenou a agência a recolher R$ 23,9 milhões aos cofres públicos por contas julgadas irregulares durante o atendimento a Lula. A agência, cuja escolha em 2008 surpreendeu o mercado, tinha tido como sócio, até 2010, Paulo de Tarso da Cunha Santos, que fez as campanhas de Luiz Inácio em 1989 e 1994.
Agora, quem pode ser que saia forte do processo eleitoral é Sidônio Palmeira, o marqueteiro de Lula, que é um dos sócios da agência baiana Leiaute. Na lista atual de clientes da Leiaute não há nenhum órgão da administração federal. Entre seus principais clientes da matriz está o Governo do Estado da Bahia e, no Rio, o supermercado Prezunic.
Uma coisa boa para o mercado é que, tradicionalmente, as gestões do PT sempre acreditaram em publicidade. E agora chegam com uma verba maior do que o partido dispunha no passado, já que o edital de Bolsonaro estabeleceu um valor de R$ 450 milhões.
Uma novidade que o Governo Lula terá que enfrentar é a mudança na estrutura da comunicação. Em seus mandatos anteriores, a responsabilidade pelas campanhas era da Secretaria de Comunicação da Presidência, a Secom-PR, que ficava ligada diretamente ao palácio. Com Bolsonaro, o órgão foi transferido para a responsabilidade do Ministério das Comunicações. Será que Lula trará de volta a publicidade de governo para perto de si?