O Inca, Instituto Nacional do Câncer, é um exemplo claro da doença que precisa ser extirpada do poder público brasileiro na área de comunicação.
Negando-se a aceitar os apelos e justificativas de entidades do setor, como a Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom) e Sindicato das Agências de Propaganda do Rio (Sinapro-RJ), de que trabalhos de comunicação precisam ser prestados por empresas testadas tecnicamente, o Inca realizou, no dia 28/09, um pregão para escolher quem lhe daria o maior desconto sobre “serviços de suporte de divulgação em comunicação social”, orçados inicialmente em R$ 1.434.500,00.
Talvez até os burocratas do Inca estivessem mesmo certos em não dar bola para o que dizem as lideranças das grandes agências de publicidade e de comunicação. Ou a própria lei 12.232/2010. Afinal, nada menos que 23 concorrentes apareceram se dispondo a oferecer seus trabalhos mais barato.
Foram estas as empresas: 2KS Agência Digital Publicidade Ltda., Amoramais Edição Marketing e Comunicação Ltda., Anderson Geraldo Teixeira Floriano, Apex Comunicação Estratégia Ltda., Big Brain Comunicação Ltda., Cactos Comunicação Digital Ltda., Chá com Nozes Propaganda Ltda., Conecta Comunicação Ltda., DSI Comunicação Ltda., Digital Uow Tecnologia Eireli, Emktplace Estratégias e Serviços de Marketing Ltda., Estação Brasil Produção Editorial Ltda., Exporata Produtora Ltda., GG Marketing Promocoes e Publicidade Ltda., Geti Comercio e Serviços de Informática Ltda., Ideias Chaves Comunicação Branding e Estratégia Ltda., Incanto Comunicação Estratégia Ltda., MPM Comunicação Ltda., Paolo Malorgio Studio Ltda., Partners Comunicação Integrada Ltda., TL Publicidade e Assessoria Ltda., Vizze Comunicação Integrada e Serviços Ltda. e Zero Meia Um Comunicação Integrada Ltda.
E a disputa foi vencida pela MPM Comunicação, uma editora sediada em Osasco, que propôs R$ 114.555,00 — ou seja, um custo mensal de R$ 9.546,25 — para fazer tudo o que o Instituto Nacional do Câncer precisar para a sua publicidade interna e externa. Um valor 92% abaixo do que imaginava a estatal ligada ao Ministério da Saúde.
Pelo edital, a agência vencedora se compromete a ter oito profissionais à disposição do Inca, garantindo um deles para o atendimento da conta no Rio de Janeiro, cidade onde deverá manter escritório.
A Janela entrou em contato com a MPM Comunicação, que não tem qualquer relação com a mítica agência MPM, a maior do Brasil em publicidade dos anos 1980 e 1990. Conseguimos falar com a sócia Maria Aparecida Santos Pereira, que apenas declarou que garantia ter condições de prestar os serviços desejados por aquele valor, mas não quis estender as explicações para a nossa redação.
Disputa judicial
De qualquer forma, o Inca ainda terá que se manifestar em uma demanda judicial apresentada em conjunto pela Abracom, Sinapro-RJ e Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro).
As três, conjuntamente, chegaram a dar entrada em um Mandado de Segurança, na véspera, dia 27/09, para tentar impedir a realização do pregão.
O juiz que recebeu o processo, porém, não quis conceder a suspensão sem ouvir com mais detalhes as justificativas das partes, o que deve acontecer nos próximos dias, antes de ser emitida uma decisão definitiva.
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