Morreu na madrugada desta segunda, 16/08, o publicitário Duda Mendonça. Com câncer no cérebro, ele estava internado há dois meses no Sírio e Libanês, em São Paulo.
No mercado publicitário, Duda já era famoso antes de ficar publicamente conhecido como o marqueteiro que conseguiu eleger Lula presidente pela primeira vez.
Sua agência baiana DM-9 foi a primeira de fora de São Paulo a conquistar o Prêmio Colunistas Brasil, em 1978, depois de impressionar os jurados pela ousadia da sua comunicação.
O jornalista e historiador Nelson Cadena conta que Duda “herdou o talento do pai, o célebre pintor baiano, Mendonça Filho”.
Ele era cliente da Propeg, pela construtora Ciplan-Promov, quando resolveu abrir a sua própria agência, em 1975 (ano da foto).
Diz Cadena:
“Duda sacudiu a propaganda baiana na sua estreia, em 1975, resgatando as nossas raízes, explorando o regionalismo (Mestres de saveiros de Cajahiba, Mãe Menininha, Cid Teixeira nos ensinando história ) com um toque de emotividade incomum, naquele tempo, na propaganda brasileira, marcada por fortes influências, no discurso e no leiaute, das agências norte-americanas e Inglesas.
Inovou no mercado imobiliário, suas origens na Ciplan-Promov, antes de fundar a agência, trazendo beleza, emoção e desejo de consumo para anúncios e comerciais que no geral, traziam plantas e ofertas. No varejo, trouxe emoção e um jeito diferente de vender óculos, em memoráveis comerciais premiados no Brasil e no mundo, para as Óticas Ernesto. No institucional, criou a memorável campanha “A Bahia ninguém divide”, comercial estrelado por Maria Bethania que um dia gravou a musica criada por Duda para o Motel Le Royale. E no social, o comercial “Cadeiras”, que um jurado espanhol, no Fiap de Cartagena, comentou na minha frente: esse cara é louco ou genial. Na minha opinião o melhor trabalho de Duda em toda sua carreira. Perde a Bahia e o Brasil com o falecimento de um dos mais brilhantes publicitários, deste país. Inovador, provocador, genial. Seu legado é um belíssimo portfólio. |
E fica também uma história curiosa sobre Duda: antes de as TVs padronizarem os tempos em 30″ e 60″, e antes de haver internet, a DM-9 se dava ao direito de criar comerciais com o tempo que seus criativos — e Duda, que dirigia alguns — achava que a história deveria ter.
Eram curta-metragens em torno de 90″, como o primeiro comercial de Duda, para o governador da Bahia, Roberto Santos:
Ou o das Óticas Ernesto, com 1’32”.
Ou no
Ou ainda o de Gelol, com 1’33”.
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