Dono e editor da Tribuna da Imprensa — fundada por Carlos Lacerda — a partir dos anos 60, o jornalista Helio Fernandes morreu nesta quarta-feira, 10/03, aos 100 anos de idade. Segundo a família, de causas naturais, em torno das 3h.
O jornalista começou sua carreira ainda adolescente na revista O Cruzeiro, onde trabalhou por 16 anos. Foi também do Diário Carioca, da revista Manchete e do jornal A Noite.
Na época da ditadura militar, Fernandes foi muito perseguido pelo governo por sua postura de oposição, sendo preso por quatro vezes. Colaborador da Tribuna na época — a própria Janela Publicitária nasceu em 1977 no jornal –, este editor passou pela experiência de ter que submeter semanalmente seus textos e cartuns aos censores que mantinham diversas mesas na redação do jornal, à Rua do Lavradio, no Centro do Rio. Em março de 1981, defensores da ditadura chegaram a explodir a sede da Tribuna e sua gráfica, obrigando a uma paralisação de sete meses pela publicação.
Helio Fernandes se manteve lúcido até a sua morte. A imagem que ilustra esta matéria é de uma entrevista concedida em 2014, ou seja, aos 93 anos, aos jornalistas Alberto Dines e Ancelmo Gois.
A jornalista Renata Suter, assistente de produção do programa Opinião Pública, produzido por Carlos Alberto Vizeu, na TV E, conta que a equipe se impressionava com a capacidade de Helio Fernandes de falar pelo tempo exato que lhe davam. Com o cronômetro exibido no monitor à sua frente, ele encerrava sua fala no momento certo, sem qualquer falha de raciocínio.
Helio, irmão de Millôr Fernandes, nasceu em 11/01/1921 e teve cinco filhos: os jornalistas Rodolfo Fernandes e Helio Fernandes Filho, ambos já falecidos em 2011, e mais Isabella, Ana Carolina e Bruno Fernandes.
O corpo de Helio Fernandes será cremado na quinta-feira, em cerimônia restrita à família.
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