Veiculado na TV desde a última semana, o comercial do supermercado Hortifruti que estimula a utilização do seu delivery não revela que o serviço é prestado por um parceiro e o próprio Hortifruti não se responsabiliza por ele.

No filme — que apenas a versão reduzida está disponível online –, o Hortifruti destaca o cuidado com que sua equipe de profissionais seleciona os produtos que serão entregues na casa do consumidor.

A realidade, no entanto, provou que a promessa não é verdadeira.

Esta coluna testou o serviço e o resultado foi desastroso.

Não apenas as compras foram entregues sem nota fiscal — o que é crime segundo a Lei 8.137/90 –, como alguns produtos vieram com quantidade menor — mas com o preço integral cobrado — e, pior, com frutas podres e mofadas.

Em lugar da nota fiscal, recebemos um e-mail com um simples “recibo” sem valor fiscal indicando o mercado ter sido o “Hortifruti – Adalberto Ferreira”, a loja da rede no bairro do Leblon.

Sem qualquer indicação de meio de contato para reclamação, localizamos o telefone da loja. Lá, no entanto, nos surpreendemos pela funcionária Ana Beatriz dizer que não poderia ajudar. “O senhor não comprou conosco, e sim com o Now. Não somos nós que selecionamos os produtos. Eles vêm aqui, pegam as frutas e entregam. Não podemos fazer nada”, respondeu.

Now? Como assim, não compramos com o Hortifruti, como indicado pela sua publicidade?

Só então percebemos que, a despeito de o comercial deixar entender que o delivery é da rede, e o site hortifruti.com.br sugerir a compra online (veja ilustração acima), o site do Hortifruti Delivery, que também tem logo da rede e a marca no domínio, apenas discretamente cita no rodapé que eles são o “Supermercado Now”.

What Now?

O Now, verificamos, tem no Hortifruti apenas um dos 26 supermercados dos quais ele faz entregas. Na sua página, eles se identificam como “uma plataforma que conecta nossos clientes com supermercados parceiros”.

A empresa tem um histórico triste no site Reclame Aqui, onde aparece há três anos. Sua reputação é considerada “Não recomendada”, já que das 466 reclamações feitas por usuários insatisfeitos, apenas 200 — menos da metade — foram respondidas. E isso com um prazo médio de resposta de 19 dias. Um prazo que, naturalmente, não resolve os problemas na entrega de produtos perecíveis.

A terceirização, que não fica clara na publicidade do Hortifruti, não deveria eximir a rede de supermercados de sua responsabilidade em atender o consumidor insatisfeito. Afinal, se o comprador do Now pegou produtos podres e mofados nas prateleiras do Hortifruti, eles foram colocados lá — ou, no mínimo, não foram retirados — pelos repositores do mercado.

Naturalmente, no mesmo dia da entrega dos produtos, acessamos a área de contato da empresa e registramos o problema. Até o fechamento desta matéria, o Now não nos havia respondido.