• E aí, tá com medo de um reles algoritmo?

    Cabo Cria Tumulto, de Toninho Lima para a Autobrás

    (Por Toninho Lima)

    A grande angústia do profissional de criação com mais de uma década de mercado é a obsolescência. Pois não tenha dúvida, se você tem esse temor, você já está ficando ultrapassado.

    A melhor forma de encarar as mudanças por que a indústria de comunicação está passando é mergulhar nelas. É se deixar levar, sem resistências, e ir se moldando, se adaptando e, mais do que isso, se desconstruindo. Sim, porque muitas das ferramentas em que você se tornou um exímio profissional sequer existem mais.

    Não vale nem a pena discutir se você é ou não é digital. Você é, querendo ou não. Resta a você conseguir tirar o melhor partido dessa nova realidade. E sabe o que é preciso para isso? Uma velha conhecida nossa, a criatividade. Tá aí uma coisa que não mudou.

    Ela mudou de roupa, passou por um retrofit, mas continua por aí. Então, não olhe para o formato, foque na ideia. Para uma grande ideia sempre haverá uma plataforma disponível.

    E, principalmente, divirta-se. Esse é o combustível da criatividade. Sem diversão não há ambiente propício para que as melhores ideias circulem. E ideia boa não aguenta desaforo. Nem de prazo, nem de cobrança, nem de má vontade.

    Portanto, não deixe que a dúvida e a insegurança afastem você do seu verdadeiro ego. Você é um criativo, sempre foi, sempre será. Talvez você esteja um pouco confuso com tantas métricas e algoritmos, mas pode acreditar: uma ideia matadora ainda encerra muito bem uma apresentação ao cliente.

    Quanto aos novos formatos e plataformas, procure conhecê-los, seja curioso, banque o atrevido, tome intimidade. É verdade que a linguagem mudou, o consumidor de hoje tem pouca capacidade de concentração e certamente vai assistir ao seu filme no celular, com fones de ouvido tocando funk no volume máximo. Também é verdade que as verbas, essas andam no volume mínimo. Mas desde quando você precisa de verba para ter uma boa ideia?

    Só para dar um exemplo, – me perdoe a petulância – minha primeira aparição na Janela Publicitária, quando eu era um redator júnior, em pleno regime militar, foi como destaque por um anúncio em jornal de menos de 20cm. Praticamente um post. Vai ver, até na quantidade de caracteres. Prova de que uma boa ideia cabe em qualquer formato. Até para sacanear os milicos.

    Se eu consegui me adaptar naquela época, porque vou desistir agora?

    Toninho Lima

    Toninho Lima é redator, professor na Miami Ad School e articulista na Janela Publicitária

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