Os móveis de casa ainda não chegaram, mas Luis Carlos Franco já se mudou com a família para Moscou, onde assumiu, há algumas semanas, o cargo de CEO da Ogilvy, a agência cujo escritório comandava no Rio de Janeiro desde 2000.
Paulista de nascimento, Franco está na Ogilvy deste 1977 — veio ao Rio para cuidar da conta da Souza Cruz –, e contou para a Janela que há algum tempo vinha querendo ter uma experiência internacional com sua mulher Raquel Vigutov e seus filhos Guilherme e Daniel, de 10 e 8 anos. Há coisa de uns nove meses contatou o RH internacional da Ogilvy se oferecendo, até que surgiu o convite para o cargo na Rússia, coincidindo com a fechamento do escritório da agência no Rio.
Ele garante à Janela estar encantado com o mercado:
– O potencial é incrível. Pouquíssima gente no Brasil tem noção do desenvolvimento comercial e de marketing do mercado russo, que estimula enormemente o empreendedorismo. Para se ter uma ideia, o sistema de tributação é bastante simplificado, a ponto de a taxa de Imposto de Renda ser a mesma, de 13%, para pessoas físicas e jurídicas — revela o executivo.
A Ogilvy que Franco está comandando trabalha para todos os países da língua russa, o que compreende os antigos integrantes da União Soviética, como Ucrânia, Chechênia, Cazaquistão e outros. E o mercado profissional, se ainda não destacou internacionalmente nomes da criação, impressiona Luis Carlos na área técnica:
– O design russo é muito forte. Assim como a área de fotografia e de direção de cinema, sem esquecer o altíssimo desenvolvimento de quem trabalha com o digital. Um dos meus desafios, agora, será elevar a qualidade criativa da agência para um padrão internacional, tanto que estamos começando a abrir a porta para trabalhar com times da Ogilvy de vários outros países.
Luis Carlos Franco não elimina a possibilidade de importar criativos brasileiros no futuro:
– Acho que os brasileiros podem se dar muito bem aqui, pela afinidade do nosso espírito com o dos russos. Eles têm um humor muito parecido, além de serem igualmente informais, abertos a conversas como são os brasileiros – explicou.
A diferença está na organização. Disciplinados, os russos respeitam horários. “Se uma reunião está marcada para começar às 9 da manhã, na hora certa todos já estão presentes” — garante Franco — lembrando que isso é coisa rara no Brasil.
Planos para o futuro
O contrato atual de Luis Carlos Franco prevê uma estada de três anos no mercado russo. Mas ele está aberto a renovar.
Seus filhos já estão matriculados em uma escola internacional e começam a interagir com as crianças locais. “Eles descobriram um campinho de futebol aqui perto e já estão jogando com os garotos russos. Futebol é uma língua universal”, brinca.
Além disso, o publicitário elogia não só a segurança com que se vive em Moscou, como o clima de otimismo por que passa o país:
– Outro dia, andando de ônibus com um amigo russo, demonstrei preocupação por ele atender ali o celular e ele respondeu, surpreendido: “Para que alguém roubaria um celular?”. É animador viver com essa tranquilidade e ver como as pessoas acreditam no futuro do país. A Rússia passou pela crise e só o que ainda dificulta são as sanções econômicas impostas ao país. Mas a previsão de crescimento é de 3 a 4% este ano. Não há como não querer participar deste processo — concluiu.