“O modelo de chamamento público para o patrocínio do Carnaval de Rua carioca não foi bem recebido pelo mercado”. A afirmação é do presidente da agência Dream Factory, Duda Magalhães, em conversa com a Janela, comentando o fato de nenhuma empresa ter apresentado propostas para patrocinar o Revéillon do Rio e apenas a Ambev ter oferecido uma proposta concreta de valor para o Carnaval.
A empresa de bebidas, em seu envelope aberto na tarde de ontem, terça-feira, 15 de agosto, na sede da Riotur da Cidade das Artes, atendendo ao chamamento público feito pela Riotur, foi a única empresa a cumprir as exigências do edital, oferecendo um valor de R$ 8,1 milhões para o patrocínio. Ou seja, destacou Magalhães, “somente 14% dos R$ 56 milhões esperados pelo órgão de turismo do Rio estão garantidos”.
O diretor da Dream Factory preferiu nem considerar a proposta da Uber, que ofereceu entrar com R$ 10 milhões, mas que dependeriam de a empresa conseguir autorização para captá-los pela Lei Rouanet. Como faltaram documentos para isso, a própria Riotur admitiu que a oferta ainda não pode ser dada como certa.
Duda Magalhães explicou à Janela que, antecipando o que poderia acontecer, a Dream Factory usou o chamamento público não para oferecer um patrocínio e sim para formalizar uma “Manifestação de Interesse Privado (MIP)”:
– Não faria sentido apresentarmos uma proposta de patrocínio, já que nosso objetivo não é ver a própria marca da Dream Factory divulgada no Carnaval. Nosso objetivo foi apoiar a Prefeitura do Rio de Janeiro para que tivesse uma alternativa para o caso do modelo escolhido não atingir os objetivos estipulados. Fomos os responsável pela organização do Carnaval de Rua do Rio nos últimos anos e sabemos o que precisa ser feito para viabilizar financeiramente o evento e aperfeiçoar a festa — assegurou o executivo.
De acordo o MIP da Dream Factory, ela quer a garantia de que fará o Carnaval carioca pelos próximos três anos. Em troca, garantirá investimentos de R$ 24 milhões por ano, que não só incluirão toda a infraestrutura — banheiros, postos médicos, ambulantes, coleta de lixo, decoração etc. — como três novidades: o pagamento de uma outorga de R$ 300 milhões diretamente para a Prefeitura, mais R$ 2 milhões em patrocinios aos blocos de rua e, ainda, R$ 8 milhões de mídia nacional para promover o evento.
E para responder a críticas que foram publicadas na imprensa em relação a outros anos, Duda Magalhães adiantou para a Janela que assumirá o compromisso de contratar uma auditoria independente — entre as grandes do mercado — para auditar a entrega de cada detalhe de montagem ou organização que estiver em seu contrato.
“É a maior proposta já colocada na história do Carnaval de Rua do Brasil”, exclamou Duda Magalhães, que, seguro que não haverá competidores à altura, espera que a Riotur cancele o seu chamamento público e abra uma nova convocação desafiando outras empresas a apresentarem propostas mais vantajosas.
O presidente da Riotur, Marcelo Alves, que, na tarde de ontem, durante a abertura dos envelopes, já havia avaliado como positivo o resultado de seu chamamento público, declarou à Janela que continua acreditando no formato:
– Seguiremos fiéis, pois acreditamos ser o mais adequado, transparente e de responsabilidade fiduciária, para atender às grandes demandas operacionais e de marketing, na proporção que o maior evento do mundo merece. Nós vamos conseguir! — disse.
Alves antecipou para a Janela que o Diário Oficial, inclusive, publicará esta semana que a proposta da Dream Factory, por não ter seguido as normas do chamamento, será considerada inválida.
O presidente da Riotur explicou que, independente dos resultados da fase formal de recebimento de propostas, o órgão está negociando diretamente com várias empresas a venda de cotas de patrocínio. “Inclusive para o Revéillon, já estamos com conversas bem adiantadas com três interessados”, completou.