Conta atendida desde 2018 pela Artplan, a Supergasbras reuniu nesta sexta-feira, 12/11, pelo Teams, lideranças de mais de 10 agências cariocas para passar o briefing para a sua concorrência de publicidade. Entre elas, 3AW, Agência3, Artplan, Binder, Buurt, Frog, Kindle, Quintal, Rastro, Skidun, Twelve e Wide.
E a reunião desencadeou uma avalanche de críticas ao processo, em debates nos grupos que reúnem os empresários do setor. Entre os incômodos, a Supergasbras ter convocado agências de tamanhos tão diferentes que não permitiria aos participantes saber exatamente o que a empresa espera de estrutura de atendimento. Além disso, nem uma verba de comunicação foi adiantada, para a avaliação do potencial da conta. Pelo que se acompanha no mercado, de qualquer forma, a Supergasbras não é um cliente de forte presença na mídia tradicional, focando mais em internet.
Outra crítica foi a empresa já deixar claro que só paga em 120 dias. Para agências de grande porte, o prazo até consegue ser absorvido com uma certa facilidade. Mas para as de pequeno giro, um atraso de quatro meses no faturamento já pode ter um impacto significativo.
Até onde a Janela soube, começou uma movimentação junto às entidades da publicidade, como o capítulo carioca da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap-Rio) e o Sindicato das Agências (Sinapro-RJ) para que, talvez até ainda hoje, redija uma manifestação solicitando à Supergasbras que reveja os termos da concorrência.
Há uma coisa curiosa na Supergasbras, pelo que levantamos em pesquisas pela internet. Ela segmenta seus jobs regionalmente. Por exemplo, coube à agência Digicriativa, de Teresópolis, realizar o projeto de comunicação da Supergasbras daquela cidade. E já vimos também notas de que o site da Supergasbras Belo Horizonte foi modificado especificamente para a região.
A Janela vai continuar atenta aos próximos passos.
Um pouco de história
A Supergasbras nasceu em 1946 e hoje pertence à holandesa SHV Energy, que veio comprando ações desde 1995.
Nos anos 80, a Supergasbras chegou a ter uma house-agency, a Superpublicidade, que desapareceu quando a multinacional Grey Advertising associou-se à outra empresa do grupo Supergasbras, a Universal, para criar a Universal & Grey. A agência chegou a ter nos seus quadros nomes bastante conhecidos do mercado, como seu diretor geral Roberto Leal, Oswalber Fernandes e Paulo Bertone, atendendo contas como a Sul América.
Em 1982, a SGB, agência de Sani Sirotzky e Arthur Bernstein, que era uma das maiores do mercado carioca, entrou no Cade contra a Universal & Grey porque ela tirou da SGB o cliente Inega Jeans e bateu na porta da Consultan, respaldada pelo poder financeiro do grupo Supergasbras, oferecendo prazo de pagamento de 240 dias fora o mês para a construtora.
A curiosidade da história é que, no ano seguinte, a Supergasbras comprou 30% das ações da SGB e acabou tudo bem.
Em 2001, a conta entrou na Casa da Criação. Em 2009, quem anunciou a conquista da conta foi a Local, uma das agências do grupo 3+, que também controla a Agência3. Em 2016, a conta da Supergasbras esteve na paulista Rapp Brasil. E em 2018, voltou ao Rio, migrando para a Artplan, como já comentamos.