Isso é mais que feira livre!

É muito bom ir a uma feira livre, daquelas que tomam conta de ruas e vendem de tudo e a preços excelentes. Provavelmente não é tão boa para quem mora numa rua onde elas acontecem, mas faz a alegria dos consumidores da região. Essa prática mais antiga de comércio tem a característica de ter lado-a-lado o vendedor de miudezas para o lar com o granjeiro que abate aves na hora, o vendedor de pastéis com os de temperos e especiarias em geral.
Tem as temáticas também sobre artes, antiguidades , selos, carros antigos e muito mais. É sempre uma festa barulhenta na qual se pode comprar produtos mais baratos e muitas vezes direto do produtor.

Feiras ocorrem em todos os locais do mundo e revelam muito sobre o lugar, sua cultura, produção e consumidor. Mas em Londres, as feiras são um espetáculo imperdível fazendo um papel muito maior que o da necessidade e revelando uma atração turística, um lugar de encontro, um passeio prazeroso. Uma feira que não se pode deixar de ir é a popular Borough Market que, com suas frutas, vegetais, peixes e carnes fazem a função de uma feira normal, mas ali também se encontram pequenos e famosos produtores e revendedores de vinhos, queijos, cidras, azeites e caríssimas trufas que se pode saborear ou sentir seus perfumes. É tão forte o apelo e a proposta de produtos de qualidade frescos faz tanto sucesso que vi famílias inteiras fazendo negociações de quantidade para ter mais desconto. Dentro das originalidades há carnes exóticas de canguru, gazela ou alce. A feira de Borough também permite que você passe o dia lá pois há todo o tipo de comida que se imaginar, exceto feijoada!
	Bebidas e comidas em Borough Market
Aceita um burger de canguru ou de lombo de cavalo?	De R$ 78 a R$ 162 pela trufa.

Candem Lock em Candem Town é um daqueles lugares que já foram marginalizados e depois adotados por moderninhos de todos os estilos. Apesar de ter se transformado num lugar muito turístico, a forte economia em torno não afastou os tradicionais malucos da região e ela convive basicamente com turistas estrangeiros e nativos durante o dia e os mesmos moderninhos a noite lotando os Pubs de todos os estilos que existem em torno da região, como o The Hawley Arms que era frequentado regularmente pela Amye Winehouse com sua mistura de rock atual e dos anos 80. Nessa feira, além das quinquilharias tradicionais para turistas, você consegue comprar arte jamaicana, sul-africana, coreana e até inglesa. Claro que os cantinhos culinários estão ali para manter o cliente na região e se pode saborear comida cambojana, tailandesa e mexicana.
Se o visitante ficar ligado e se preparar com antecedência ainda poderá terminar a noite vendo um grande show na Rounddhouse, casa de shows que tem um line up variadíssimo que vai do The National ao veteraníssimo Deep Purple. É uma feira completa!! (A foto do The National é de Pat Claper e a do Hurley do site turningcamdenon.com)

Camden Town e suas entradinhas.	The Hawley Arms, antigo refúgio de Amy Winehouse.
The Roundhouse tem ótima programação de shows...	... e lota sempre, como neste do The National.

Muitas outras feiras existem e acontecem por toda Londres mas tem uma que se reinventou e hoje faz parte do portfólio turístico da cidade: Brick Lane. Localizada numa parte muito antiga da cidade e ainda mostrando um perfil bem mais popular e frequentada por nativos, a feira montou uma estratégia de marketing comandada pela brasileira Camila Cabral, que envolve não só os feirantes tradicionais mas também os lojistas do entorno, oferecendo uma multiplicidade de ofertas que vão de tecidos de todas as origens a miudezas indispensáveis para um lar.
Como estratégia para qualificar e atrair mais visitantes a feira cria eventos temáticos e convoca músicos de todos os estilos , fazendo do lugar uma agradável festa. Uma curiosidade interessante é o número imenso de açougues colados uns aos outros com seus vendedores apregoando a qualidade e preços dos seus produtos numa abordagem no, mínimo, curiosa. Brick Lane vale uma visita para ter um olhar de uma vida mais cotidiana de uma região de classe média repleta de ingleses de diversas origens do planeta.

Brick Lane, com seus prédios de tijolinhos...	... e sua feira popular tradicional.

Uma feira curiosa que vi foi na região de Bethnal Green, uma área cheia de artistas de todos os tipos com lojas bacanas e tabuleiros informais, foi a Broadway Market. Colada num dos canais da região, tem um grupo grande de pessoas que moram dentro de barcos ancorados nele e nos dias mais quentes e descontraídos fazem das suas casas locais de exposição de arte, vendas de drinks variados e livros, muitos livros novos e, principalmente, usados. Imagino que devem ser leitores ávidos pela quantidade de produtos e pelo perfil de vida. Junta muita gente para tomar um drink e ler descompromissadamente.
Há muito mais como a famosa Portobello com sua arte de rua, produtos interessantes como telefones da década de 30 e a Spitafields, basicamente de roupas novas e usadas e frequentada basicamente por ingleses.
O interessante é que é uma antiga forma de comércio muito moderna e se reinventando sempre. Gira muito dinheiro em torno dele e o governo promove facilidades para se explorar o negócio. Se uma pessoa desejar expor em Borough Market, por exemplo, pode esperar até 10 anos na fila!! Se estiver em Londres não deixe de ir!

Broadway Market, um longo caminho a percorrer...	... e descobrir livros novos e usados.

Claudio Prado, diretamente de Londres para a Janela Publicitária (15/AGO/2013)