Esta edição da coluna "Propaganda" foi publicada originalmente no jornal Última Hora.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
Caderneta da Caixa volta ao ar com campanha genial
|
O comercial "Peixe voador".
|
Entra no ar esta noite pela TV uma nova campanha da Caixa Econômica Federal, que promete fazer tanto ou mais sucesso quanto aquela inesquecível campanha que a agência fez para a Caixa com o ator Luís Fernando Guimarães.
Dessa vez, o gimmick básico é o non-sense, aproveitando, porém, situações e um jeitão tão brasileiro que vão com certeza se tornar irresistíveis para o espectador.
Um dos comerciais, por exemplo, mostra um casal de matutos sentado numa soleira, com todo o visual característico: ele de chapéu de palha, enrolando um fumo, e ela, interpretada pela premiada atriz Marcélia Cartaxo, tricotando. É ela quem quebra o silêncio: "Zé ... entrô um peixe aí." Sem tirar os olhos do jornal, ele pergunta: "É mermo, posô adonde?". Ela procura e não acha mais. "Tava aligórinha mermo. Vuô." Ele não se abala. "Por falá nisso, cê porpô aquele dinheirinho na Caixa?" Ela responde de pronto: "Porpei". Ele: "Ah, bão. Porque, se num porpá dinheiro é que nem peixe. Avoa mermo". Corta então para a assinatura da Caixa, que entra em quadro batendo asas em animação, para o locutor dizer em off: "Quem poupa na Caixa, tsk, não se assusta com nada."
Nos outros três comerciais, dois caçadores acertam de raspão um carro voando no céu; um pescador perde um papagaio pescado e dois pilotos de um monomotor dão um solavanco em um buraco no céu. Todos com um nível de produção de excepcional qualidade, valorizada pela belíssima fotografia de Sérgio Mastrocola, a bem cuidada cenografia de Kadu e os preciosos figurinos de Isabel Pancada.
|
O comercial "Céu esburacado". |
A campanha, explica Fábio Fernandes, o brilhante e irrequieto diretor de criação da Artplan, se justifica pela exigência da Caixa de voltar a anunciar, aproveitando a alta das cadernetas de poupança, mas respeitando os princípios políticos do governo de não incentivar o consumo nem falar em inflação, abordagens que normalmente eram utilizadas em campanhas de poupanças.
O resultado foi um trabalho em que o nome da Caixa fica fortemente caracterizado, dentro de um altíssimo nível de criatividade. A campanha é de Fábio Fernandes, Flávio Vargens, Paulo Brandão e Marcos Silveira, criadores que já podem se considerar no primeiro time da propaganda carioca. A produção foi da Blow-Up e a direção dos comerciais do competente Chico Abreia. O atendimento da conta é de Julieta Cerqueira e um destaque especial dever ser dado a Sérgio Garias, da Caixa, pela inteligência na aprovação da campanha.
Pubblicità compra Estrutural no Rio
A Estrutural, agência que foi considerada por vários anos seguidos como a mais criativa do mercado carioca, já não existe mais. Ela acaba de ser comprada pela Pubblicità, agência de Carlos Pedrosa e Francisco "Franzé" Martins, que passará a cuidar desde já da conta publicitária da Construtora Servenco, que detinha a maioria do capital acionário da Estrutural.
Junto com a Servenco, seguem para a Pubblicità outras pequenas contas da Estrutural, seu diretor Alberto Moskowicz e alguns funcionários, como o experiente diretor de arte Vick Kirowsky.
É muito triste ver a Estrutural acabar, não resistindo à morte de seu diretor de criação Rogerio Steinberg, ocorrida em outubro do ano passado. A agência marcou profundamente a sua presença na história da propaganda brasileira, com alguns de seus momentos mais emocionantes e memoráveis, como nas primeiras campanhas de Barrashopping, e nos imobiliários da Servenco.
A Pubblicità, que também tantos grandes momentos já teve, entrou agora na História da Estrutural. Vamos torcer para que ela saiba reviver a mística da agência.
|
CBBA lança Jeca Tatu 86
A CBBA/Propeg está lançando mais uma vez o seu já consagrado e importantíssimo Prêmio Jeca Tatu, criado pela agência para anualmente estimular a utilização da linguagem e dos valores culturais brasileiros na propaganda em todo o País.
Este ano, o Prêmio Jeca Tatu dará nada menos que Cz$ 25 mil aos criadores da peça publicitária veiculada ou distribuída em 1986 que o júri considere como a mais fortemente brasileira. Pode concorrer tudo o que se faz dentro de uma agência, desde outdoors a campanhas completas, passando por calendários e relatórios de diretoria.
As inscrições poderão ser feitas até 30 de março próximo, sem qualquer taxa. Quem quiser o regulamento pode solicitar, no Rio, na Av. Rio Branco, 131/20º andar, com D. Naldy.
Cigarros voltam a anunciar em abril
Até o começo de abril já deverão estar de volta às revistas e televisões brasileiras as campanhas publicitárias de cigarros, suspensas desde julho do ano passado. A expectativa é de Carlos Eduardo Jardim, vice-presidente da R.J. Reynolds Tabacos do Brasil, que nos garantiu saber que todos os fabricantes de cigarros do País desde o começo do ano já acionaram as suas agências de publicidade para o desenvolvimento de novas campanhas para os seus produtos. E as campanhas só não entram no ar antes mesmo de abril porque o país ainda continua com fortes indecisões na área econômica, levando a que continuem defasados, na opinião das indústrias, os preços dos cigarros vendidos no Brasil.
Para a Reynolds, diz Jardim, a grande oportunidade de marketing este ano será a entrada de Camel no circo da Fórmula I, através do patrocínio firmado internacionalmente pela marca com a Lotus de Ayrton Senna. Tanto a Reynolds como a sua agência McCann Erickson, informa, estão estudando profundamente as oportunidades de mercado que já envolvem a estreia de Senna no Grande Prêmio Brasil, exatamente em abril. Apesar de Jardim não adiantar nada sobre volume de verba, pode-se estimar que esteja em Camel o maior investimento que a Reynolds fará este ano no Brasil, já que dificilmente a empresa terá outra oportunidade melhor para tentar consolidar definitivamente a imagem daquela marca entre os consumidores/fumantes brasileiros.
|