Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Marketing & Publicidade - Edição de 28/AGO/1988
Marcio Ehrlich

 

Esta edição da coluna "Marketing & Publicidade" foi publicada originalmente no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Propaganda cresceu 12% em 87

Acreditem ou não, o ano de 1987, considerado por muitos publicitários como o pior ano da história da propaganda no Brasil, ainda viu os investimentos do setor crescerem 12% sobre os resultados de 1986.
Quem afirma isto é o Relatório Anual de Investimento Publicitário, que está sendo entregue aos clientes da Leda-Levantamento Econômico de Dados de Anunciantes, empresa associada à Nielsen Serviços de Marketing, e que, por sua vez, pertence ao grupo americano The Dun & Bradstreet Corporation.
Pelos levantamentos da Leda, em 1987 foram investidos Cz$ 63,07 bilhões em propaganda, contra cerca de Cz$ 18 bilhões em 1986. Descontando a inflação média no período do levantamento, de 218,54%, tem-se, portanto, aquele aumento no volume de verbas de propaganda, ao menos as auditadas pela Leda.
Estes dados, infelizmente, não podem ser considerados como rigorosos, ou "oficiais" (pelo menos do ponto de vista que interessa às agências de propaganda e departamentos comerciais dos veículos, que estão atrás é da verba real), já que os cálculos da Leda permitem algumas distorções. Por exemplo, eles tomam por base as tabelas vigentes de cada veículo, não detectando, assim, os frequentes descontos negociados ou reaplicações de bonificações etc. Além disto, a verba de televisão refere-se apenas à veiculação convencional, pela impossibilidade de calcular os investimentos feitos em merchandising, cotas de patrocínio, textos-foguete etc.
E, o que talvez seja o mais discutível, é que as verbas do Governo Federal são contadas pelos segundos ocupados pelos comerciais de seus órgãos e instituições, incluindo nos cálculos, como paga, toda a volumosa veiculação gratuita e obrigatória que o Governo Federal tem em televisão, assim como também são considerados como pagos os comerciais das empresas pertencentes às redes de comunicação, como os comerciais do Baú da Felicidade na TVS ou os da Editora Globo na Tv Globo.
De qualquer modo, num país carente de dados oficiais, como o Brasil, os números da Leda permitem uma aproximação bastante significativa do universo publicitário brasileiro, principalmente quanto aos índices percentuais. Assim, pode-se considerar como válidas as informações de que, do montante publicitário aplicado em 1987, 54% foram veiculados em TV, 24% em jornal, 14% em revistas e 8% em rádio.
No bolo total, a área econômica que maior presença teve —  a quarta parte das aplicações — foi o Comércio (Varejo), com Cz$ 15,6 bilhões, divididos 47% em TV, 35% em jornais, 12% em rádio e 6% em revistas. A Leda considerou em segundo lugar o Governo, com o correspondente a Cz$ 8,47 bilhões de aplicações publicitárias. Aqui, as aplicações em TV chegam a 49%. Em seguida, vêm "Educação/Meios de Comunicação", com 7% de participação no bolo; "Brinquedos e Diversões”, "Têxtil/Vestuário" e "Alimentos" com 6%; "Perfumaria/Farmácia" e "Mercado Financeiro" (este em visível queda) com 5%.
Áreas mais atacadas pelos críticos da publicidade comercial, como "Bebidas" e "Tabacos", tiveram participação relativamente modesta. A primeira ficou com 3% de participação no volume publicitário total, anunciando Cz$ 2,2 bilhões, enquanto a última não passou de 1% em 1987, com uma verba insignificante de Cz$ 337,5 milhões.
Miklos Pál Hromada, gerente comercial da Leda, informa que o varejo vem ocupando posição de destaque desde 1985, quando acumulava 18% do total da verba. Em 1986, o Varejo elevou sua participação para 21 %, chegando ano passado aos índices já citados de 25%.
Outra observação notável é o crescimento da área de brinquedos, que em 1985 e 1986 não passavam do 9º lugar no ranking de investimentos publicitários. Para se ter ideia da participação dos maiores deste setor, basta saber que a Estrela passou de 15% em 1985 e 1986 para o 8º maior grupo empresarial anunciante em 1987, com incessantes lançamentos para o segmento infantil.
Segmentando ainda mais, a Leda verificou que os Magazines e Lojas de Departamento são os maiores anunciantes do Brasil. Juntos, eles autorizam nada menos que Cz$ 6,2 bilhões, concentrando suas veiculações em TVs, com 48% e jornais, com 42%. Abaixo deles, mas bem abaixo mesmo, vêm os desbancados Empreendimentos Imobiliários, com Cz$ 1,6 bilhões, numa colocação maciça — 79% — em jornais, o que permitiu sobrar para TV 17% e para rádio 4%.
O que me surpreendeu no Relatório da Leda foi a terceira posição alcançada pelos Discos e Fitas, com o correspondente a Cz$ 1,4 bilhão, sendo 93% (!) destas veiculações em televisão. Seguramente esta verba não existe. Na verdade, deve tratar-se dos comerciais dos selos das próprias redes de televisão, como Som Livre (Globo), Disco Ban (Bandeirantes) etc.
Conforme comentei acima, a Leda também não consegue discriminar entre os comerciais de anunciantes do Governo Federal que pagaram pela veiculação dos que entraram no até pouco tempo chamado “horário da EBN" (como será que chamam agora que a EBN acabou?). Como a gente, porém, tem uma certa ideia de quem paga e quem não, dá para descobrir que em 1987 o Ministério da Saúde foi o maior ocupante do horário gratuito, já que sua verba "relativa" chegou a Cz$ 286,2 milhões (94% em TV), abaixo apenas dos pagantes Caixa Econômica Federal (Cz$ 341 milhões, sendo 80% em TV e 14% em jornais) e Banco do Brasil (Cz$ 303 milhões, sendo 63 % em TV, 22 % em jornais e 11% em revistas). O Ministério da Saúde superou o próprio Governo Federal (Cz$ 149,5 milhões) e a poderosa Embratur de João Dória Jr., que ficou em quinto lugar (o terceiro, porém, dos pagantes), com uma verba de Cz$ 123,6 milhões.
Para quem quiser tirar suas próprias conclusões, o Estado-Maior das Forças Armadas (com Cz$ 90,9 milhões) teve mais espaço na TV em 1987 que o Ministério da Educação (com Cz$ 76,7 milhões), e o Ministério do Exército (com Cz$ 38,9 milhões) mais que o Ministério da Cultura (com Cz$ 36 milhões).
Finalmente, dentro do estudo da Leda, vale observar que São Paulo deteve em 1987 43% do volume total de verba publicitária contabilizada, sendo que deste volume, 62% ficaram em televisão e 27% em jornal. No Rio, ao que parece, lê-se mais jornais, ou os jornais têm mais importância. Nosso mercado ficou com 25% da verba nacional (Cz$ 11,99 bilhões), sendo 41% para a imprensa diária e 51 % para as emissoras de televisão.

Sergio Reis
Sergio Reis

Crescimento do Bamerindus justifica o Top de Marketing

O Bamerindus conquistou 921.438 correntistas com a Conta Remunerada de agosto de 1987 a abril deste ano, obtendo um percentual de 53,8% em relação ao total de correntistas pessoas físicas. Segundo levantamento de empresa, os clientes da Conta Remunerada ganharam 29,8 bilhões de cruzados sobre recursos que, antes, ficavam parados em conta corrente normal.
Os dados foram divulgados pelo diretor de marketing do Bamerindus, Sérgio Reis, comemorando os dois Tops de Marketing que o conglomerado Bamerindus recebeu com a Conta Remunerada e com o TC Bamerindus. Estes dois cases estarão sendo apresentados no Rio, no auditório do Rio Othon Palace Hotel, no próximo dia 1º de setembro, a partir das 19 horas, numa promoção da Escola Superior de Propaganda e Marketing.
Criada em 1985, a Conta Remunerada Bamerindus acabou sendo imitada por diversos outros bancos em operação no Brasil. Ela é caracterizada como uma conta corrente comum, com a grande diferença de ter rendimento diário. Na opinião do presidente do Bamerindus, José de Andrade Vieira, a Conta Remunerada foi um dos principais itens que propiciaram, em 1987, a alavancagem do conglomerado no ranking dos bancos privados nacionais. Já Sérgio Reis afirma que "a CRB provocou uma revolução no sistema bancário, porque mudou a relação entre o banco e o cliente, que é realizado através da conta corrente.
Ele diz que a coragem do Bamerindus ao remunerar um recurso que estava de graça no seu banco passou para o cliente como um conceito de que, para o Bamerindus, o cliente era considerado.

A Estrela amplia área de licensing

A Manufatura de Brinquedos Estrela (cujo comportamento como anunciante também está na matéria ao lado sobre o desempenho de 1987), está agora com uma divisão chamada Estrela Design, responsável por licenciamentos de produtos com as marcas dos brinquedos por ela fabricados.
Agora, a Tilibra Indústria Gráfica está lançando a linha dos Comandos em Ação — formada por veículos e personagens de aventuras infantis — em uma coleção de cadernos e pastas escolares.
Hoje a Estrela Design tem licenciadas 36 empresas, entre elas, Hering, Alpargatas, Grendene, Artex e Karsten. São mais de 3 mil produtos com as marcas dos brinquedos, numa variedade que inclui roupas de cama, banho, camisetas, sapatilhas e artigos de perfumaria.

Diretores de Arte fundam o seu clube

Depois de surgirem em Minas o Anuário do Clube de Criação de Minas e no Pará o Anuário do Clube de Criação do Norte-Nordeste os sinais de protesto à atual situação do Clube de Criação de São Paulo chegaram ao máximo este mês com o surgimento do Clube dos Diretores de Arte do Brasil, cujo principal objetivo prático é a publicação de um anuário especificamente preocupado com o visual dos trabalhos publicitários brasileiros.
Entre seus fundadores está José Zaragoza (o primeiro presidente do CDAB), Magy lmoberdorf e Ana Carmem Longobardi, que se declaram muito preocupados com o baixo nível em que chegou a direção de arte no Brasil. Segundo eles, na propaganda brasileira "não faltam boas ideias, mas nem todas são bem executadas do ponto de vista da imagem".

MKT MIX

Scali faz campanha de revista para Moddata

Já está sendo veiculada nas principais revistas do país a campanha desenvolvida pela Scali, McCabe, Sloves-Rio para seu cliente Moddata. A campanha é dividida em quatro peças a cores, no formato de página dupla, sendo uma institucional e as três outras sobre produtos específicos do cliente, que atua na área de informática.
A criação é de Álvaro Magalhães e Raquel Ferro, com direção de criação de João Ferrari Junior. O atendimento é de Steve Crane e a aprovação, por parte do cliente, é de Fernando Otávio Jardim. As fotos foram feitas por Philippe Meyer, com produção de Beth Levacov — uma das melhores produtoras do Rio — e Rosaly Kaufman.

Emcena procura apoio para peças de teatro

A Emcena Comunicações está procurando patrocínios para novos empreendimentos artísticos do segundo semestre de 1988, apostando na Lei Sarney, quer permite incentivos fiscais às empresas que investem em projetos culturais.
Entre os espetáculos para os quais a Emcena está captando patrocínio ou apoio, está Splish-Splash, com Alexandre Frota e Raul Gazola, que estrearão dia 10 de setembro no Teatro Ginástico. E também a comédia "Folia no Box", com Araci Balabanian e Ednei Giovenazzi, que entram no Teatro da Lagoa, ainda em setembro. E para outubro, a sugestão é "Vestido de Noiva", na montagem que Neila Tavares e Rogério Fabiano farão dentro do Projeto Nélson Rodrigues, no Teatro Dulcina.
Na linha do público infantil, as peças que estão precisando de patrocínio são "Os Três Mosqueteiros" e "Viagem do Balão sobre o Arco-Íris", ambas estreando em setembro no Teatro João Caetano.
A Emcena é dirigida por Luis Augusto de Souza, e fica na Rua da Conceição, 105/601, com os telefones 233-0862 e 233-7953.

Grottera faz 3 anos e presta as suas contas

A Grottera e Cia. está comemorando o seu terceiro aniversário, contando que, tendo iniciado suas atividades sem nenhuma conta, soma hoje 11 clientes no seu escritório de São Paulo e 4 no Rio de Janeiro. Para atender estes clientes, a agência tem 28 profissionais no escritório paulista e 7 no carioca.
No Rio, a agência abriu mão da conta do Jornal do Brasil, alegando necessidade de preservar a sua rentabilidade. Pela mesma razão, foi dispensada em São Paulo a conta da TNT-Transpampa. Por outro lado, o Rio pegou a conta do CEL-Centro Educacional da Lagoa e São Paulo as do Laboratório Sandoz e das Impressoras Rima.
Para respaldar a sua prestação de contas com números, Luiz Grottera, diretor da agencia, demonstra que o crescimento da receita da agência no primeiro semestre de 1988, comparativamente com o de 1987, foi de 1168%, ou seja, um crescimento real de 134% acima da inflação. Em 1988, a previsão da agência é faturar um pouco mais de 5 milhões de dólares, o que colocara a Grottera e Cia, entre as 60 maiores agências do mercado brasileiro.

Tinta da Metalatex faz campanha até novembro

Até o final de novembro, a F.J.Y&R estará veiculando com muita força a campanha "Envolva-se neste clima", o lançamento da tinta acrílica Metalatex Spazio, de seu cliente Sherwin Williams.
Destinada principalmente à decoração de interiores, a tinta está sendo oferecida com sete tons diferentes de branco e oito cores pastéis, com a característica de dispensar diluição em água e apresentar um brilho acetinado. Como diferencial maior, a campanha destaca um inédito certificado de durabilidade de cinco anos.
Apoiada em um extenso esquema promocional nos pontos de vendas, a campanha, criada pelo redator Toninho Neto e pelo diretor de arte Stefano Ferretti, com direção de criação de Eduardo Fischer, está contando com dois filmes — um de 30" e outro de 15" — que estão sendo veiculados em todas as emissoras de TV dos estados do Sul e Sudeste. Além disto, a mídia inclui rádio e revistas, tanto as especializadas em arquitetura e decoração como as de interesse geral.

E NO MAIS

• Esta coluna errou: o nome correto do diretor da Kapa, a principal empresa fornecedora de bolachas de chopp (citada semana passada) é Antônio de Carvalho, e não Antônio de Oliveira, conforme publicado. São os chamados "lapsos de memória".
• Verônica Figueiredo, que era tráfego da Scali-Rio, está estreando nova função. Ela passou para o atendimento do Grupo CB, na Brasil América.
• Muito simpático o brinde que o Rio Palace está distribuindo para anunciar que "abriu um Fitness Center para seus hóspedes manterem a forma sem perder a classe". É uma caixinha na qual, após ser aberta, encontramos uma gravatinha borboleta e um cordão de tênis. Pode ter uma boa chance no próximo Prêmio Colunistas­Promoção, que será lançado na próxima semana.
• A Promax/Bardhal, através da Denison-São Paulo, fechou um contrato de 3 milhões de dólares para patrocinar os Jogos Olímpicos de Seul, através da Rede Bandeirantes. Os dirigentes da empresa gostam de patrocinar esportes. Mário Nunes Galvão já foi presidente do Jockey Club de São Paulo e Antônio Nunes Galvão, presidente do São Paulo Futebol Clube.
• A Medidata Informática, fabricante de equipamentos e sistemas operacionais para computadores, acaba de reeditar, com recursos da Lei Sarney, o disco do cantor e compositor Carlinhos Lyra, intitulado "25 Anos de Bossa Nova", que está sendo utilizado pela empresa como brinde de lançamento do sistema de Automação de Redes de Concessionários — Arco —, destinado a automatizar as revendas de veículos.
Junto com a promoção do disco, haverá um anúncio, criado pela Giovanni e destinado à mídia especializada em automóveis, para explicar o produto.
• A Gravatahy Publicidade do Rio, comandada por Alexandre Rodrigues Alves, passa a administrar a conta publicitária da Cornelius Equipamentos para Bebidas, líder do mercado de máquinas premix e postmix para refrigerantes. Além de Alexandre Alves, Antônio Lo Presti também estará no atendimento dessa nova conta. Guallazzi

CONTOS & CONTAS

Genilson Gonzaga

A crise tem o seu lado bom

O que está acontecendo na publicidade brasileira?
Faço essa pergunta ao publicitário Christiano Fraga, diretor-coordenador da Superintendência Comercial deste jornal e da Rádio Tupi — e ele me responde com um texto lúcido e uma análise primorosa.
Vale a pena ler. (GG).

As atividades de mercado na atualidade brasileira estão instigando todos que atuam nas forças de produção a realizarem exercícios operacionais os mais diabólicos.
A velocidade em que os parâmetros se alteram força os integrantes da economia a viver ou sobreviver com componentes os mais impactantes. O administrador tem que conviver com a inflação de 23%,5 ao mês. Tem que raciocinar na nova moeda que é a OTN e tentar fazer seus planos de operação e desenvolvimento na base de uma moeda estrangeira (US$ dólar).
Há desafios em estabelecer regras num país-continente, quando a classe média sofre uma violenta perda de consumo, mas simultaneamente cresce o número de consumidores pelo aumento vegetativo e por ter uma população jovem em sua maioria, representando uma constante subida nos patamares dos desejos de compra.
Este é resumidamente o quadro da nossa economia, que por ser movediço, força o empresário a ser mais profissional, a planejar, a saber dos seus custos e, acima de tudo, a usar constantemente sua imaginação criadora para ter melhor resultado, trabalhar com eficácia, otimizar seu capital de giro e batalhar pelo seu lucro.
A crise tem, entretanto, o seu lado bom.
Hoje o empresário tem que fazer bem feito. Não há lugar para improvisadores. E, nesta hora, as atividades de Marketing têm que ser cumpridas.
Exige-se eficiência na pesquisa, na coleta de dados, na avaliação dos hábitos de consumo, na concorrência, nas vendas, na distribuição, no treinamento da equipe, na promoção de venda e acima de tudo na propaganda.
No moderno mundo dos negócios, tornou-se essencial a obtenção de dados para o desenvolvimento de métodos analíticos que permitam ao empresário ou administrador conhecer e acompanhar as oscilações do mercado e as preferências do público.
Nos últimos anos vimos surgir expressivo crescimento de institutos que se dedicam a toda sorte de pesquisas. As decisões que anteriormente eram baseadas no "eu acho" no "jeito para o negócio" ou no conhecido feeling, deram lugar a fatos tabulados que dizem o que quer o consumidor, como ele pode pagar, aonde encontrar e a que preço.
Uma grande indústria não ousa lançar um produto sem um forte feed back de informações. A propaganda é municiada com estes dados que não é mais utilizada com intensidade, para corrigir erros mercadológicos.
Há organizações de porte nacional realizando pesquisa de opinião, que tiram o sono do nosso presidente que acompanha o despencar de sua popularidade por Estado, por cidade, por sexo e faixa etária. São estas mesmas pesquisas que alimentam um novo ramo do Marketing, o Marketing Político, que possibilita ao candidato dar seu recado mais próximo ao que o eleitor quer ouvir.
A sociedade brasileira mudou muito nos últimos anos. Hábitos e tendências têm que ser detectados com intervalos curtos.
Novas marcas e estilos surgem a cada dia, provocando o obsoletismo, característica de povos com alto poder de compra.
A pesquisa é usada antes e depois do lançamento de produto ou mesmo uma campanha. A propaganda tem diversos instrumentos para verificar a eficácia de um esforço de comunicação.
Quando se lança um flight de televisão, o anunciante pode avaliar o recall do seu filme. Verificar o que ficou retido na mente da audiência. Pode saber da penetração de sua marca ou se o filme é realmente persuasivo. E conferir, nos resultados, se despertou o desejo de compra. É a auditoria de resultados na propaganda.
A sistemática de utilização de pesquisas para um produto ou serviço, permite desenvolver um estudo em três dimensões especificas:
a - Tempo
b - Benefícios
c - Recursos que se conta
Isto leva a tirar ilações que conduzem a:
1 - Definir cada problema ou problemas do mercado
2 - Desenvolver um planejamento
3 - Executar o planejamento
4 - Analisar e avaliar dados
5 - Resumir os resultados obtidos e detectar as oportunidades
6 - Elaborar as recomendações e sugestões
Estes passos, hoje, são sistematicamente usados na propaganda brasileira. A época em que o empresário não admitia pagar uma pesquisa de campo está por terminar. E infinitamente mais caro e frustrante desenvolver qualquer ação mercadológica sem uma fundamental pesquisa do mercado de interesse do anunciante.
Essa forte tendência alterou o comportamento das agências de propaganda e seus profissionais. Já se vê na maioria das agências setores desenvolvidos daquela atividade e podemos citar a MPM, a Salles, Alcântara Machado, DPZ, Artplan. Nas agências de porte médio já há um profissional de planejamento tratando de pesquisas, utilizando institutos para alimentar suas decisões.
Os homens de criação se ajustaram a esta nova fase. O gênio que fazia frases incríveis e o diretor de arte com jeito de pintor avantgarde estão mortos. O briefing mudou. O que se passa às equipes de criação são dados mercadológicos. Os objetivos dos clientes são claramente definidos.
O estágio atual é a resultante de um período de ajustamento e aperfeiçoamento da publicidade brasileira. A agência agora tem atuação dentro dos objetivos do Marketing do cliente. Não é mais uma atividade isolada, desligada do interesse comercial do seu anunciante.
É comum um telespectador chocar-se com uma linguagem de televisão de um anúncio do qual ele não é o target mercadológico.
Nota-se uma flagrante alteração nos approaches da comunicação do grande varejo. Campanhas como da C&A, Mesbla e Rio Sul Shopping Center partem para uma linha nonsense, porém com um forte conteúdo de informações visual e comercial, que obviamente foi resultante de pesquisas de gostos, hábitos e anseios por coisas novas neste saturado mercado das comunicações.
A propaganda brasileira está passando por algumas mutações, algumas considerações positivas e outras com resultados a serem avaliados num futuro próximo.
E o publicitário não está em crise.
Não há sinais de desemprego no setor. Profissionais competentes estão sendo disputados e os que deixam seus lugares acham rápida colocação. Este aspecto positivo se revela em todas as especializações e em todos os níveis. Aquele troca-troca saudável está em andamento e os profissionais no mercado encontram rápida colocação. Isto espelha a boa posição do segmento agência de publicidade no mercado nacional.
Outro fato novo é a posição de inúmeros políticos de enquadrarem a atividade publicitária na legislação. O Conar passaria a ter um papel reduzido em importância e influência. Sua ação policial contra a má propaganda fica menor e a comunicação, como um todo, fica regida por meios a serem definidos na nova Constituição ou, o que seria mais aceitável, na legislação ordinária.
E as alternativas de mídia?
Podemos destacar o trabalho inteligente da TVS, apresentando-se fortemente como a segunda opção de mídia eletrônica. Seu desempenho contínuo de atingimento de classes populares, porém apresentando uma estrutura, resulta em bons nichos de encaixe de publicidade objetivando aquele target. A TVS está determinada a fincar uma sólida posição, como segunda rede nacional, tanto em audiência como em faturamento.
As recentes contratações dos talentos da TV Globo são uma forte demonstração de vitalidade e determinação daquela emissora.
As contratações não abalaram a Globo em níveis de audiência, mas certamente demonstraram ao mercado que a TVS tem fôlego para mexer com o império do Dr. Roberto Marinho.
E as multinacionais?
Um dos fatos relevantes está sendo a entrada das multinacionais no mercado brasileiro da publicidade. Isto é uma forte demonstração da enorme fatia que pretendem disputar.
Vemos a Vendex associando-se à Salles. A BBDO à ALMAP, a CBBA à Thompson. A DPZ está sendo cortejada por várias agências estrangeiras há já algum tempo.
Isto é saudável, não só pelo aporte capital como também pela indiscutível capacidade dos profissionais de propaganda americana.
No mercado do Rio de Janeiro surge um novo sinal de televisão. A carioquíssima TV Rio aparece nas mãos de pastor evangélico.
Temos aí a reedição tupiniquim da fé entrando na comunicação eletrônica. A fé que arregimenta milhares de seguidores que fielmente mandam o seu dinheirinho para seus ídolos.
Escândalos recentes nos Estados Unidos desnudaram o negócio multimilionário de espertíssimos pastores, que utilizam toda uma sofisticada estratégia de marketing para construir e manter seus impérios. O nosso bom pastor da TV-Rio tem um registro de 4 milhões de seguidores, que bem trabalhados podem representar uma boa alternativa de audiência, menos para cigarros, bebidas e outros pecados.
E as pequenas e médias agências nas concorrências?
Um fato novo está surgindo neste mercado. As agências médias e até pequenas aprenderam o pulo do gato e estão competindo e até ganhando concorrência das gordas contas do mercado.
MPM, Salles e Artplan, por exemplo, estão sentindo na carne a ação das nova e vorazes empresas que resolveram participar do bolo. O lobby político está cada vez mais ativo e vemos resultados que surpreendem o mercado. São agências sem chance há algum tempo atrás, porém hoje põem a ponta do pé nos belíssimos escritórios de nosso opulente Governo Federal com extensões para o estadual e o municipal.
Essa com petição é saudável. O órgão do governo só tem a lucrar porque, além da competição dos bastidores, surge sempre a competição do talento. Isto se expressa não só no campo da criação e produção, como também nas negociações com os veículos.
E a guerra dos refrigerantes?
O mercado publicitário está revigorado com a guerra Coca-Cola versus Pepsi. As gigantescas multinacionais estão brigando por um mercado de mais de 120 milhões de consumidores. Com isto o mercado se sacode e todas as empresas de comunicação e a indústria de bebidas incham os seus faturamentos e naturalmente engordam os lucros.
Há milhões de dólares na parada. A Coca-Cola patrocina o futebol e traz o Sting, cantor pop de fama mundial e a Pepsi rebate com a superstar Tina Turner.
A Pepsi contrata Os Trapalhões que são a maior locomotiva de vendas para o mercado infantil e juvenil. A Coca-Cola está com a Xuxa.
A guerra é pra valer. As produtoras de vídeo estão revigoradas. A mídia eletrônica (tv e rádio) está com suas registradoras tilintando doze meses no ano. E no bolo, gigantes como Brahma e Antarctica com seus guaranás e uma legião de outros sabores.
A Pepsi entrou forte em São Paulo, um mercado que é comparável a Nova York em consumo de refrigerantes. TQL das ganham as imagens de aperfeiçoamento e todas rezam para outras guerras surgirem.
E o jornal como veículo de formação e opinião?
Estamos vivendo um clima pré-eleitoral. A política e a economia invadem, o dia-a-dia do cidadão. As alterações, casuísmo e tropeços do atual Governo obrigam o brasileiro a ler mais jornais. A cada dia mudam as regras do jogo e isto afeta desde uma grande indústria até o funcionário público. Mexe com a dona-de-casa e o profissional liberal. A comunidade como um todo, tem que saber quanto vale a OTN, qual o índice que vai estraçalhar a sua economia nos reajustes semestrais de aluguel.
Se a URP vai ser paga ou não. Como ficam as taxas cambiais ou se o ministro da Fazenda dura mais 24 horas.
O jornal é o único veículo que pode com frequência e idoneidade prestar estas informações. Por isto esse tipo de veículo mantém-se estável e, também por isto, a propaganda brasileira o tem como seu principal meio de comunicação para seus clientes.
O jornal prevê o que se estabelece como a meta última da propaganda, que é aumentar a lucratividade da empresa ou passar de forma nítida os benefícios de um serviço ou a imagem corporativa de uma organização.
A mídia jornal possibilita uma clara exposição, ou seja, a certeza de que um ou vários segmentos do mercado se aperceberam, por ficarem expostos ao anúncio ou texto publicado.
Transmite a consciência, que tranquiliza o anunciante. O veículo jornal, por sua credibilidade, passa a confiança do produto ou serviço expostos.
Sugere a atitude, ou seja, estimula os impulsos motivacionais para o leitor consumir. A publicidade gráfica além de passar o impacto emocional, possibilita uma extensa demonstração, por ser um teste escrito. Ele pode ser lido, relido, recortado, guardado e visto por terceiros.
Vemos hoje jornais como O Globo e Jornal do Brasil, sendo editados com um excelente grafismo. Com policromia na capa e em algumas páginas internas.
O nosso Jornal do Commercio, que é um jovem de 160 anos de edições ininterruptas, passando um texto moderno, atual e bem-informado, veiculando todos os dados e referências para o grupo de leitores a que se destina.
As circulações estão aumentando em todo o país. O brasileiro lê mais. Tem ânsia de estar informado e as empresas jornalísticas acompanham e se aprimorando seus profissionais e seus cursos gráficos.
A publicidade brasileira vai bem obrigado.
Christiano Fraga