Esta edição da coluna "Marketing & Publicidade" foi publicada originalmente no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
São Paulo também ataca Aids
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Os cartazes da campanha contra a Aids criada pela Pubblicità para o Governo de São Paulo |
O Governo de São Paulo lançou, na última semana, a sua campanha de combate à Aids, reforçando, na mídia local, o trabalho que o Ministério da Saúde começou a veicular através do Brasil.
A campanha paulista, cujo Slogan é "Aids - Transmita Informação", foi criada pela Pubblicità, e centrou-se na constatação da agência de que, diante do fato de que a Aids é uma doença incurável e as maneiras de prevenção são o único caminho a seguir, a "informação" torna-se essencial.
Para esta informação chegar aos vários públicos-alvo, a Pubblicità criou um conjunto de 11 folhetos didáticos que abordam desde "como usar a camisinha" até "como enfrentar a Aids em sua empresa", passando por "Aids e os Dentistas" e os mais principiantes como "Aprenda o que é e como se prevenir".
Como apoio aos folhetos, a agência criou três cartazetes de alerta, dirigidos para a população em geral, para profissionais de saúde e para médicos e dentistas.
E para levar todos os principais conceitos da campanha ao grande público, a Pubblicità criou uma série de anúncios para jornal e - o que deve ter maior veiculação - quatro filmes de 30 segundos, dirigidos a três públicos distintos: os pais (principalmente de adolescentes), os jovens e adultos (principalmente os solteiros e descasados).
O interessante nestes filmes é que, além de falarem sobre a Aids, abordam problemas que normalmente existem em todos os meios sociais da comunidade brasileira, como a dificuldade de diálogo entre pais e filhos. Nos dois comerciais voltados aos pais — um enfocando a relação entre o pai e seu filho e outro apresentando mãe e filha —, fica nítido que a franqueza e o diálogo são fundamentais para a prevenção da doença.
A nova campanha, diz a agência, difere dos trabalhos feitos anteriormente, porque, naqueles, "destacava-se o tratamento racional dado ao assunto". Ao contrário, a Pubblicità procurou "direcionar criativamente para o aspecto emocional e comportamental, posicionando a Aids como um inimigo que já está realmente perto de todos". Por isso, explicam, "as peças da campanha apresentam situações muito próximas do universo cotidiano da nossa população, com um alerta sobre os riscos e o que fazer para se prevenir contra a doença".
DNER escolhe MPM, Salles e Almap em concorrência.
Finalmente, depois de três anos de concorrências tumultuadas e de alguns milhares a mais de acidentes fatais nas rodovias brasileiras, o DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem vai ter agências de propaganda para cuidarem da próxima Campanha de Segurança nas Estradas, a ser veiculada ainda este ano.
Foi divulgado, na última semana, o resultado da concorrência do órgão, que deu à MPM, como primeira colocada na seleção, a primazia de receber 50% da verba prevista de Cz$ 50 milhões que vier a ser alocada para o trabalho, correspondendo à veiculação nos mercados Sul e Sudeste. As agências que ficaram em segundo lugar — Salles e Almap — dividirão a verba com 25% cada, cuidando aquela das áreas Norte e Nordeste e esta última das veiculações no Centro-Leste.
A comunicação dos resultados foi feita em clima de grande suspense, pois o DNER atribuiu notas a todas as concorrentes, baseado em pontuações conferidas pela Comissão de Licitação ao Potencial da Agência (peso 2), à Proposição de Trabalho (peso 5) e à Qualidade das Campanhas anteriores (peso 3). É claro que critérios de avaliação dos membros da Comissão podem ser discutidos, tanto que durante esta semana esteve correndo o prazo de impugnação da concorrência por parte de agências descontentes. Até onde esta coluna pode se informar, porém, a despeito de subjetividade das notas, não houve protestos.
Assim ficaram posicionadas as agências brasileiras na concorrência do DNER, segundo, repito, a avaliação de sua Comissão de Licitação.
MPM (9,45), Salles (9,30), Almap (9,30), Exclam (8,75), Denison (8,5), Norton (8,0), DPZ (7,95), Escala (7,7), SGB (7,5), Artplan (7,2), M&M (7,0), AdAg (6,7), Flori (6,5), Pubblicità (6,0), Mendes (5,7), Oficina (5,5), JMM (5,4) e CBBA/Propeg (5,2).
Mental Mark e Tribo fazem acordo e juntam operações
Após negociações iniciadas em setembro do ano passado, a Metal Mark e a Tribo decidiram unir esforços para atacar com mais vigor o mercado carioca de propaganda.
O acordo feito, na expressão de Jimmy Fowler, presidente da Tribo, é "bastante sui generis e segue o conceito adotado pela Ford e pela Volkswagen ao fundarem a Autolatina", ou seja, as operações das duas empresas continuarão independentes, permanecendo o atendimento e a criação de cada uma com as suas características próprias, porém unificando as estruturas básicas de serviços internos.
Jimmy acredita que, com esta medida, a Mental Mark e a Tribo possam melhorar a relação "custo x beneficio" de suas estruturas, dando maior agilidade na prestação de serviços das duas agências.
Aproveitando o acordo, a Mental Mark sairá da Almirante Barroso e a Tribo do Cosme Velho, passando as duas a operar em uma casa bem maior no Rio Comprido, à Rua Paulo de Frontin nº 435, já após os feriados do carnaval.
A Mental Mark responde hoje pelas contas do Rio Design Center, Fábrica de Móveis Toque a Campainha, Celina, Adonis, Samanguaià, Ótima Veículos e Tapetes Avanti. A Tribo atende as contas do Copacabana Palace, Fábricas de Tecidos Bangu, Copa Companhia de Papéis, Tintas International, R.J Reynolds Tabacos (Promoções), Darrow Laboratórios, e Frade Hotéis, entre outros.
No início das operações conjuntas, Valter "Falcon" Vicente e Cláudio Roberto continuarão respectivamente responsáveis pela criação e atendimento da Mental Mark, assim como Jimmy Fowler e Marcello Noronha pela criação e atendimento da Tribo.
Clube de Criação do Rio adere à luta contra Aids
O Clube de Criação do Rio de Janeiro está veiculando, com a colaboração dos principais veículos de mídia impressa do País, um anúncio que deflagra a disposição dos profissionais de propaganda ligados aos setores de criação de lutar pelo controle de doenças nos bancos de sangue dos nossos hospitais, um dos principais focos de transmissão de AIDS.
Utilizando uma foto de uma das mais recentes vítimas da síndrome do século, o cartunista Henfil, a peça parte de um contraste entre a figura sorridente do cartunista e um título sutil que questiona o motivo de sorrisos em meio a "uma situação de fazer qualquer um chorar".
O texto, por si, dispensa maiores comentários. Do começo ao fim, questiona as autoridades e cobra soluções, verbas e responsabilidades: "Nós não temos sangue de barata", diz o anúncio, "e não podemos permitir que o orçamento destinado â saúde seja uma migalha, enquanto verbas astronômicas são gastas em obras gigantescas que adoecem ainda mais a economia da Nação".
A iniciativa do Clube de Criação, segundo seu novo presidente, Luiz Augusto Vieira, da Standard, foi uma reação espontânea de diversos profissionais que integram o Clube de Criação, sensibilizados com o número de mortes causadas pela contaminação em bancos de sangue e hospitais, e que culminou com a morte de Henfil, um verdadeiro exemplo de luta pela vida. Luiz Augusto Vieira disse que a nova diretoria do Clube de Criação pretende retomar, através de anúncios e outras iniciativas, um dos fundamentos que originaram a sua fundação, há 13 anos, de abraçar causas identificadas com os problemas sociais do povo brasileiro.
A criação é da dupla Guto de Paula e Carla Del Soldato, da Giovanni & Associados. A produção gráfica é de Paulo Moraes e o apoio de mídia de João Carlos Moraes Rego, ambos também da Giovanni.
Zapt lança para Modiano empreendimentos em Búzios
Um anúncio de página inteira veiculado em diversos jornais brasileiros marcou o início da campanha criada pela Zapt para o lançamento da Marina Porto Búzios, a iniciativa gigantesca do empresário Humberto Modiano na lindíssima Praia Rasa, em BúziosRJ.
A campanha prosseguiu durante a semana, envolvendo mais de 400 mil dólares aplicados em jornais de 8 cidades brasileiras e anúncios de 4 páginas a 4 cores em revistas como Veja, Exame, Senhor e outras especializadas em náutica.
Complementando o esforço publicitário, foi realizado no último fim de semana na Praia Rasa, o 1º Grande Prêmio Marina Porto Búzios de Off Shore, que teve transmissão de 5 minutos da prova no programa Esporte Espetacular, da Rede Globo, domingo, em rede nacional, com citação de patrocínio e merchandising.
Segundo Jonas Suassuna, diretor da Zapt, este lançamento foge dos padrões de campanhas imobiliárias, pela extrema segmentação de seu público alvo, formado basicamente por pessoas de alto poder aquisitivo. O próprio tema da campanha — "Paraíso à vista... Lançar âncora" —, já sugere que a leitura das peças se destina a quem possua barco ou pretenda ter um.
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Rio ganha nova agência de propaganda: a Polen
No final do ano passado, a Abaeté Propaganda, uma das mais tradicionais agências do mercado carioca, dispensou todos os seus funcionários, inclusive aqueles que ocupavam cargos de direção.
Felizmente para o Rio, porém, o susto se transformou numa boa noticia, quando quatro daqueles funcionários, aproveitando seus excelentes currículos e conceito profissional, decidiram continuar trabalhando juntos, só que a partir de agora em sua própria empresa. Foi assim que o mercado carioca ganhou a Polen Propaganda, que iniciou este mês suas atividades com os ex-Abaeté Cândido Brito Nóbrega como Diretor de Atendimento, Erly Francisco de Jesus como Diretor de Mídia. Eduardo Câmara como Diretor de Criação e Júlio Cesar Bezerra como Diretor de Produção.
A Pólen já nasce com 8 pessoas e dois clientes: Schering Veterinária e Dermpharma Farmácia de Manipulação, que também haviam sido da Abaeté. No início de suas atividades, a agência vai funcionar na Rua Álvaro Alvim, 31 grupo 1902, com os telefones 220-2588 e 262-8700, mas até abril ela já estará instalada em um conjunto maior de salas do mesmo prédio.
MKT MIX
Esquire ganha mais prêmio para Scepter
A campanha de "Scepter", herbicida da Cyanamid, ganhou o prêmio Paca-Prêmio Andef de Comunicação Agrícola de 1987, promovido pela Associação Nacional de Defensivos Agrícolas para estimular a qualidade e a eficácia da comunicação mercadológica com o meio rural. A campanha foi criada pela Esquire, do Rio, que em 1987 já havia conquistado diversas medalhas com a campanha de lançamento do produto, criada em 1986.
O júri, formado por publicitários e especialistas em agronomia, indicou também três "Destaques Paca": Baytan, da SGB para a Bayer; Triamex, da MPM para a CNDA; e Roundup, da Monsanto. De acordo com o seu regulamento, para a premiação o júri considerou quatro itens básicos: clareza e coerência na mensagem, respeito à natureza e ao homem, criatividade e resultados.
A entrega do prêmio Paca - uma escultura de Anita Kaufmann de uma paca estilizada em bronze deverá ocorrer em princípios de abril próximo, em dia e local a ser divulgado pela entidade.
Ceras Johnson muda visual de Protector
A Ceras Johnson mudou o visual de sua linha de inseticidas Protector, identificando todas as embalagens aerossol por um raio que significa a ação fulminante contra insetos.
A linha Protector é a única existente no mercado com especialização para problemas diferentes da manutenção do lar. Além do multi inseticida, a empresa também apresenta desde uma formulação leve especifica para pragas de plantas até outra mais forte para baratas.
A Ceras Johnson hoje supre 25% do mercado nacional de inseticidas aerossóis e elétricos, estimado em 70 milhões de unidades/ano, e que conta com 5 grandes fabricantes oferecendo produtos. Esperando que a participação da linha Protector cresça — devido ao perfil do consumidor mais jovem, preocupado com a ecologia e com os efeitos de produtos tóxicos sobre seus filhos — a Johnson pretende investir em sua campanha 4 milhões de dólares em apoio de marketing em media eletrônica e impressa, promoções e material de ponto de venda.
A conta de Protector está com a J. Walter Thompson-Rio.
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Anúncio do Prêmio Colunistas publicado na coluna. |
CONTOS & CONTAS
Genilson Gonzaga
O aposentado no banquete do desenvolvimento
A campanha publicitária do recadastramento de aposentados e pensionistas do Ministério da Previdência Social teve efeitos positivos: o ministro Renato Archer e sua equipe começam a desmontar poderosas quadrilhas que lesavam os cofres públicos fabricando benefícios.
A campanha era necessária. Ao longo dos anos, muito trambique se aplicou nos cofres da Previdência, com respaldo nos currais eleitorais e seus impenitentes capatazes.
A campanha foi muito eficiente de fato, inspirada num tema exuberante: "Lugar de aposentado é no computador", mote criado por José Monserrat Filho, coordenador de Comunicação Social da Previdência.
Mas essa campanha, altamente profissional, foi o ponto de partida de uma outra, que objetiva a modernização da máquina previdenciária, hoje saneada e azeitada por obra e graça de ministros como Waldir Pires, Raphael de Almeida Magalhães e Renato Archer, três bambas da política e da administração pública.
Mas não é deles que quero falar hoje. Meu personagem da semana é José Monserrat Filho, que sacou o mote. O Monserrat, doce e querido amigo, me comove sempre.
Pela competência, que é notória e soberba, e pela figura humana que ele é. Pelo sujeito preocupado com seus semelhantes, com o futuro e a independência deste País, com a ética e com a verdade.
Primeiro presidente do Clube de Criação do Rio de Janeiro, Monserrat marcou sua gestão com candentes debates em defesa dos direitos humanos, a valorização profissional, o compromisso com a verdade e a ética, a absoluta fidelidade da propaganda à qualidade e às vantagens do produto, o resgate do social.
Foi num célebre e único encontro do Clube de Criação do Rio de Janeiro, que mobilizou os melhores profissionais deste País, que saiu um sublime manifesto que arregimentou as consciências pátrias — uma comovente carta de princípios dos trabalhadores da criação publicitária e, de resto, de toda a atividade da propaganda no Brasil.
A pedra de toque era o resgate do social, como primado dos direitos humanos. E o chamamento a um vigoroso e patriótico movimento para recolocar dois terços de uma miserável população no processo de consumo. Pois enquanto essa gente sofrida não for integrada no processo de consumo, não haverá propaganda que dê jeito.
O Encontro do Clube de Criação foi um evento histórico não apenas para a propaganda brasileira, mas para a intelectualidade deste País. Deixou muito claro que o homem deve ser o princípio, meio e fim de qualquer planejamento econômico. Ninguém havia falado nisso antes.
Por obra e graça de gente como Pedro Galvão e José Monserrat Filho, entre outros, a propaganda deu o exemplo maior e fez brotar em nossas consciências a semente do social. E, em plena ditadura, em plena repressão, fortaleceu a nossa convicção de que o pobre, e não somente as elites, também precisa ser chamado a participar do generoso banquete do desenvolvimento.
O pobre não pode ficar fora dessa. Nem o pobre nem o aposentado, cujo lugar é no computador e na mesa da fartura, da prosperidade e da redenção humana.
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