Esta edição da coluna "Marketing & Publicidade" foi publicada originalmente no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Gonçalves continua na Abap

Carlos Gonçalves aceitou o convite de Paulo Giovanni.

Finalmente está completa a chapa de Paulo Giovanni para a eleição do capítulo carioca da Abap — Associação Brasileira das Agências de Propaganda, que vai se realizar, com chapa única, no próximo dia 24, na sede da entidade.
Carlos Alberto Campins Gonçalves, diretor-financeiro da MPM Propaganda, e que já atua como diretor-tesoureiro da Abap-Rio, aceitou o convite de Paulo Giovanni para participar de mais uma gestão na associação.
Carlos Gonçalves é um dos profissionais da área financeira de propaganda mais respeitados no Rio. Seu nome, na verdade, se consolidou ainda no próprio mercado financeiro e segurador. Foi diretor da seguradora Nictheroy, aquela do inesquecível comercial que afirmava que "A Nictheroy não discute. Paga!".
Posteriormente foi diretor do Unibanco. Em propaganda, como diretor-presidente da Premium, foi responsável por um grande esforço e investimento, em 1978-1979, por seu aprimoramento técnico-profissional, numa fase que levou, até pouco depois, a agência a ganhar prêmios como o Clio.
Tive a oportunidade de trabalhar com ele em alguns projetos, na época e, conhecendo a sua capacidade, a sorte de participar da indicação de seu nome — assim como participar do esforço de convencê-lo a aceitar a indicação — para o cargo de 1º tesoureiro na diretoria da ABP, quando, sob a presidência de Edeson Coelho, de 1979 a 1981, fui diretor cultural da associação.
Hoje, Carlos Gonçalves pode ser considerado um veterano de associações de propaganda. Afinal, a indicação foi boa, pois de 1979 para cá ele jamais deixou de ser convidado a participar da diretoria das associações cariocas, só na gestão de Jomar Pereira da Silva na Abap passando da ABP para aquela entidade.
Assim, a partir do próximo dia 24, as agências cariocas membros da Abap passarão a ter na diretoria de sua associação três nomes que contam com um forte apoio do mercado: Paulo Giovanni como presidente, Cláudio Carvalho como diretor-secretário e Carlos Gonçalves como diretor tesoureiro.
Apesar da força dos nomes, porém, três é sem dúvida um número muito pequeno de pessoas para tocar uma entidade com a abrangência da Abap. Isto se deve porque a formação da diretoria é estatutária, definida pela Abap nacional, sediada em São Paulo.
Por esta razão, Paulo Giovanni me confidenciou que pretende ampliar o número de empresários cariocas de propaganda nas atividades da Abap-Rio através de formação de comissões não eletivas, o que não é proibido pelos estatutos.

DDT une-se a turismo em promoção com criatividade

Boas ideias promocionais não são exclusivas de grandes empresas. Uma prova disto, é a promoção feita em conjunto pela Itatiaia Turismo e a Insetisan.
Sabendo que é alta a frequência de pessoas que preferem fazer a dedetização de sua casa no fim de semana enquanto aproveitam para passar o período fora de casa, as duas empresas estão enviando uma mala direta a seus clientes oferecendo um desconto para quem quiser viajar no final de semana pela Itatiaia Turismo e simultaneamente dedetizar a casa com a Insetisan. E vice-versa. Na proposta do material promocional, a mensagem "a Itatiaia e a Insetisan estão empenhadas em oferecer umas férias para você e sua família e acabar com a folga das baratas".
A promoção, segundo José Carlos Tedesco, gerente de marketing da Itatiaia, vai de agosto a novembro, e os interessados poderão escolher entre várias opções de viagens, que incluem desde queijos e vinhos em Mauá a hospedagens em Salvador.
Realmente, a Itatiaia e a Insetisan estão demonstrando que, sem fortes investimentos, mas com uma grande dose de percepção de mercado e criatividade, é possível superar a crise.

Documentos tiram seis do Governo

Vinte e sete agências ainda estão na disputa da conta do governo de Moreira Franco. O Diário Oficial publicou esta semana a informação que apenas elas passaram pala primeira fase da seleção, de análise dos documentos. Foram elas: Adag, Almap, Aroldo Araújo, Artplan, Assessor, Azagaia, Companhia Publicitária, Caio, Cláudio Carvalho, Contemporânea, DPZ, Denison, Ellis, Expressão, GCO Propag Genesis, Giovanni, Metamídia, MPM, Norton, Premium, Propeg, Pubblicità, Salles, SGB, VS Escala e Zapt. Por exclusão, conclui-se que foram eliminadas: Álvaro Gurjão, Casa da Criação, L.P. Lotus, Luz, Professa e Senior.
Ao contrário do que se esperava, a nota do Diário Oficial não marcou a data para a segunda fase da concorrência, quando as agências presenciarão a abertura das pastas de propostas, onde cada uma sugeriu como acha que deve ser a política de comunicação do governo estadual. Ou seja, por mais algum tempo está garantida a leitura diária esmiuçada do Diário Oficial do Rio nas agências cariocas.

Eugênio leva Joel Vaz para sua equipe

A Eugênio Vídeo Produções acaba de contratar para seu atendimento e criação o experiente profissional de TV Joel Vaz, que entre seu passado por várias emissoras, inclui o título de ter sido por um bom período o diretor do programa ''Propaganda e Mercado", que eu e Marcia Brito fizemos por dois anos e meio na Bandeirantes do Rio.
A primeira criação de Joel para a Eugênio está sendo feita para a De Millus, que está há muito tempo fora da televisão, A campanha, com cinco peças diferentes, procura valorizar a sensualidade da mulher, tratando a peça íntima com um pouco de humor.

Justiça do Trabalho valida eleição de Maria Helena

Maria Helena Fuzer, da Vera Cruz Publicidade, foi eleita na última semana a nova presidente do Sindicato dos Publicitários do Rio de Janeiro, com 599 votos conquistados por sua chapa única, dos 613 eleitores que compareceram às três urnas abertas pelo sindicato: a urna nº 1, na própria sede, a nº 2, itinerante pelas agências, e a nº 3 na Ebid, a editora das Páginas Amarelas.
A sua posse, junto com os demais membros da diretoria — já está inclusive marcada. Será no dia 17 de setembro próximo, às 19 horas, com coquetel na ABI — Associação Brasileira de Imprensa.
A eleição, mesmo ocorrida sob o impacto das dúvidas jurídicas levantadas pelas duas chapas que inicialmente participavam do processo, acabou sendo reconhecida como legal pelo procurador da Justiça do trabalho, Dr. Robinson Crusoé Loures de Macedo Moura Júnior, designado pela portaria 166 de 22 julho de 1987 para presidir a apuração.
À parte das questões legais, a eleição de Maria Helena Fuzer se deu sem muitas dificuldades. Segundo levantamento do Sindicato, 845 de seus sócios estavam em condições de votar, já que atendiam a todas as exigências das leis federais e, principalmente, dos novos Estatutos do Sindicato, que são bastante minuciosos no assunto.
Para a eleição ser considerada válida, seria necessário um comparecimento mínimo à s urnas de 564 eleitores, correspondentes a dois terços do número de sócios aptos. Ainda destes, a chapa vencedora teria que receber, pelo menos, 51% dos votos, para considerar-se vencedora. Maria Helena, portanto, recebeu 316 votos a mais do que necessitava.
No total, foram ainda 22 votos em branco e 32 nulos, entre os quais uma grande quantidade com frases de protesto pela eliminação da chapa 1. A urna nº 1, do Sindicato, rendeu à Maria Helena Fuzer 185 votos, contra 7 em branco e 5 nulos. Na urna itinerante, a votação a favor foi de 298 publicitários, contra 10 que votaram em branco e 20 nulos. E na urna nº 3, da Edib, Maria Helena ficou com 76 votos, sendo, além destes, 5 em branco e 7 nulos.
Os debates jurídicos, é claro, não vão terminar. Ainda mais porque o Sindicato tomará uma atitude contra os seus associados que não compareceram à eleição,
Murilo Coutinho, presidente do Sindicato, lembra que, segundo o Estatuto da entidade, o voto é obrigatório a todos os associados em condições. Os mesmos Estatutos, aliás, autorizam ao sindicato cobrar uma multa de um salário mínimo (hoje no valor de Cz$ 1.969,92) de cada associado que não tenha comparecido às urnas
Este item dos Estatutos provavelmente passou despercebido dos membros do movimento Reclame, de oposição, que durante a semana da eleição, orientaram os associados descontentes com a eleição única a não comparecerem ao voto, para não validarem a eleição que considerava anulada pela DRT — Delegacia Regional do Trabalho.

Promoção faz Locarauto subir

Um forte trabalho de marketing nos últimos dois anos está ajudando a Locarauto, uma locadora gaúcha de automóveis com atuação em 18 filiais de Manaus a Porto Alegre, a subir bastante no ranking do setor, que inclui até algumas empresas com estrutura internacional.
Hoje, a empresa é uma das três primeiras do ranking brasileiro, com uma frota de 900 carros que chegam a uma ocupação de 90%, dominando 20% do mercado de locações de automóveis, a ponto de já ter solicitado a Infraero a aquisição de boxes em todos os aeroportos brasileiros onde operam aviões comerciais.
Damião Bianchi, gerente geral da Locarauto neste período, pode ser considerado o responsável por este crescimento, conquistado mesmo sem a empresa ter verba de propaganda. Segundo ele, o resultado deve-se principalmente a um forte trabalho de promoções, o que naturalmente acaba conseguindo a fixação do cliente e um esforço barato de divulgação boca-a-boca que este fará.
Uma das campanhas promocionais da Locarauto, que teve o slogan "Não espere, seja esperado", foi feita em conjunto com a Vasp, garantindo ao portador do bilhete aéreo um desconto de 20% e carro esperando à chegada no destino. Em outra, com o tema "O conforto é feito por detalhes", a empresa passou a colocar nos carros um kit com todos os pequenos objeto e acessórios que as pessoas têm no próprio carro e gostariam de encontrar num carro alugado, como agulheiro, lápis, pente, papel para pequenas anotações, etc.
Paralelamente, Damião Bianchi vem investindo em treinamento para seus funcionários, para darem atendimento que ele considera "regra fundamental para quem vende serviços". Todos eles, além disto, em qualquer das lojas através do país, usam o mesmo uniforme, em boxes que obedecem a um mesmo design, facilitando a identificação pelo cliente.

MKT MIX

Comércio no domingo terá debate na ABM

A ABM — Associação Brasileira de Marketing (ex-ADVB-Rio) promove no próximo dia 13 de agosto, no Salão Nobre do Copacabana Palace Hotel, seu IV Debate aberto, intitulado "Comércio. Porque não aos domingos?" O expositor do tema será José Isaac Perez, do grupo Multiplan, e, entre os debatedores. André de Botton, da Mesbla, Aprígio Xavier, da Casas Sendas e Albert Arar, do Ponto Frio.
Os ingressos custam Cz$ 300,00 para os sócios da ABM e da ADVB e Cz$ 500,00 para os nãos sócios. Eles poderão ser adquiridos na sede da ABM-Rio, à Av. Nossa Senhora de Copacabana, 327/sobreloja, onde também poderão ser conseguidas mais informações. O telefone da associação é 255-8417.

CURTAS

• Agora, feminista, mesmo, é a GTM&C. Assumida, até. A agência paulista montou um time inteiro de contatos formado apenas por mulheres. Nada menos que 6 delas. Diz Eloy Simões, diretor da agência, que a GTM&C acredita no feeling, na capacidade profissional, no talento e na dedicação própria das mulheres que trabalham em propaganda. Apoiado.
• A tradicionalíssima Fábrica Ypu, empresa com 75 anos de Nova Friburgo, e que andou com sérias dificuldades financeiras, reabriu e reinaugurou seu Shopping Ypu, agora sob a gerência de Silvia Maria de Macedo Soares. O Shopping, que sempre foi uma visita obrigatória de quem passava por Friburgo, voltou a ofertar toda a variedade de produtos da empresa, como artigos de couro, emborrachado, nylon, tecidos, aviamentos e ferragens.
Aliás, quem está com a conta da Ypu?
• A Escola Superior de Propaganda e Marketing inicia dia 10 de agosto, das 19 às 22 horas, seu Curso Pós-Graduação em Propaganda e Marketing. O curso terá duração de 480 horas/aula e se destina a pessoas com curso superior completo, que atuem ou pretendam atuar no setor. As matrículas já estão abertas na sede da Escola, à Rua Teófilo Otoni, 44. Maiores informações pelo telefone 263-7000 .
• A Coca-Cola Company fez uma doação de um milhão de dólares ao Comitê Olímpico internacional para construção do Museu Olímpico, que será criado no lago Genebra, em Lausanne, na Suíça, a sede da matriz do movimento olímpico mundial. Nas olimpíadas de Los Angeles, que a Coca patrocinou, mais de 21 milhões de espectadores e atletas foram servidos com os produtos da empresa.
• Apesar já estarmos em agosto, ainda vale dizer que está muito interessante o calendário da Lastri deste ano porque muita gente não o recebeu. A peça mostra mês a mês alguns dos principais dias comemorativos no Brasil. Por exemplo, ficamos sabendo dia 11 será o Dia do Garçom e o Dia do Hoteleiro, dias ótimos para as agências que tem clientes de bebidas, por exemplo. E dia 15 próximo é Dia da Solteirona, que, por sua vez, é ótimo para agência que tem cliente que vende velas.
• Nazira Fortes, a contatinha esperta que está sempre presente nos agitos dos mercados, parte esta semana para uma temporada de alguns meses em Nova York, onde pretende fazer alguns cursos de especialização em propaganda e marketing.
• O Banco Meridional do Brasil, lá de Porto Alegre, abriu concorrência para "contratação de serviços de propaganda, tendo por objeto o assessoramento, planejamento, criação, produção e veiculação de propaganda institucional e/ou comercial da entidade com suas coligadas. A entrega de pastas de documentos e propostas será dia 19 de agosto, às 10 horas, em Porto Alegre, à Rua Uruguai, 277, onde, alias, também pode ser conseguida a integra do Edital de Concorrência.
• Lá em cima falei sobre crise no mercado editorial. Para o Grupo "Casa Cláudia", da Editora Abril, parece que as coisas, ao contrário, vão muito bem. A revista partiu para a segmentação do público leitor de uma maneira que vem lhe dando excelentes resultados, pelo que constam das informações da editora. A edição especial sobre ''Lojas & Escritórios" já chegou a seu 3º número. E depois de ter lançado o especial "Decoração para Noivos", a Abril anuncia mais uma edição do especial "Decoração para Bebê", com nada menos que 120 mil exemplares. Ou seja, as pessoas continuam avidamente interessadas em melhorar o visual de suas casas e locais de trabalho. Ou pelo menos, estão sonhando muito com o que gostariam que eles fossem.
• Justiça feita à Bandeirantes: a rede também está com uma bela campanha de prevenção à Aids, que, aliás, começou a ser veiculada bem antes da campanha da rede Globo, motivo de comentário da coluna há algumas semanas.
• A Editora Globo está fechando a revista Criativa. Com quatro anos de existência, a ex-revista do "Foi feito por mim" há menos de um ano fez uma profunda reformulação no seu posicionamento, passando a ser a revista "da mulher feliz". A despeito de estar apresentando, desde então, uma excelente qualidade editorial, Criativa não resistiu à crise do mercado editorial brasileiro.
• Vicente de Vicq, o vice-presidente mais ativo do Gap — Grupo de Atendimento e Planejamento do Rio, deixou a Caio Domingues para ser diretor de atendimento da Tandem, no lugar de Rafael Sarnelli, que deixou a sociedade na agência.
• Enquanto o mercado publicitário estava despedindo gente, a HS conta que reformulou toda a sua área, criação e atendimento, formando uma nova equipe de publicidade, que lhes permitiu ganhar a conta do Casa Shopping, numa concorrência da qual participaram 7 grandes agências do Rio. A primeira campanha já sai este mês, com uma grande programação de leilões, exposições e festivais de cinema, para movimentar a Barra da Tijuca até o final do ano.
• A VS Escala inicia hoje a veiculação da nova campanha da Ferreira Guimarães. Serão apenas comerciais de televisão e anúncios para revistas de moda.
• Celso Japiassu já marcou a data para o próximo Festival do Filme Publicitário da ABP, entidade da qual é o presidente. Será de 21 a 29 de setembro e o júri já está sendo convidado. Eu, pelo menos, já fui. E aceitei. Convite de Japiassu é uma convocação.
• Há algumas semanas, disse que a Caio tinha se tornado uma agência feminista, porque, quando Nádia Rebouças entrou na agência, contratou algumas profissionais do sexo feminino. Só que agora, a Caio, que continuou fazendo contratações, contrabalançou com homens, levando para o seu atendimento Marcelo Souto Maior, que estava na VS Escala.

Contos & Contas

Genilson Gonzaga

Onde o paciente vira hóspede

Azares do oficio de viver me levaram a uma recauchutagem orgânica na Casa de Saúde Santa Therezinha, durante três dias, entregando-me aos sábios cuidados do Dr. Ernani Ernesto da Fonseca, profissional de rara competência e um doce e querido amigo.
Aos que se espantaram com minha compulsória ausência, aviso que me entregarei ao bisturi do Dr. Ernani lá pelo final do ano, passados os festejos do 160º aniversário dó JORNAL DO COMMERCIO. Agora não dá pé. Deus é meu amigo do peito e me ajudará a segurar a pemba até lá.
Reencontro a Casa de Saúde Santa Therezinha e me recordo de um delicioso amigo que a construiu e hoje integra a imbatível falange médica do céu. Seu nome: Dr. Armando Amaral, um médico exemplar, extremamente preocupado com seus semelhantes, com a dignificação dos profissionais da medicina, com o bem-estar da população, com o resgate do social, com a saúde do brasileiro.
Dr. Armando Amaral era devoto de São Marketing e de Nossa Senhora da Propaganda. Honrou-me com gratificante convivência. Sem qualquer interesse material, ajudei-o, junto com o publicitário Odilon Borges Dião, a montar a infraestrutura inicial de comunicação e marketing da Casa de Saúde Santa Therezinha, que hoje se estende pela rua Moura Brito e Conde de Bonfim, revigorando-se com a construção de outro supimpa hospital, o Pan-Americano.
Junto criamos folhetos, cartazes, anúncios. Bolamos simpósios e seminários, não só para o aprimoramento de médicos e enfermeiros, mas também para a conscientização da nossa sofrida gente, tão carente tão carente de noções básicas de higiene e prevenção contra doenças.
Armando Amaral mudou todos os conceitos de internação e funcionamento hospitalar neste País. Um dia me disse com aquele sorriso que nunca lhe saiu dos lábios: "Aqui ninguém se interna porque quer. Vem obrigado, não é? Então tem que se sentir um hóspede e não um doente. Como um sujeito que está num confortável hotel."
É isso aí. Decorou os apartamentos com extremo bom gosto, quadros agradáveis nas paredes que não são brancas, mas pintadas com cores discretas e arabescos que mais lembram um hotel. Uma pousada. O pessoal de enfermagem, bem treinado, diligente, mais parece um atendente de hotel, pela gentileza, pela lhaneza no trato, com a vantagem de nunca insinuar a reivindicação de uma propina.
Tudo lá na Santa Therezinha nos deixa confortados. A cada instante uma supervisora ou um médico nos questiona se de algo precisamos ou se estamos sendo bem tratados. E se temos algo a reclamar. Nunca há queixas, exceto aquelas do desconforto da doença. As dores são minoradas. As atenções retemperam o ânimo do doente. A cura se torna mais fácil. Sorrisos, carinho. calor humano produzem milagres.
Comunicação e marketing cabem em qualquer lugar e não têm contraindicações. Até numa casa de saúde. Tão bom seria se todos os hospitais fossem como os da família Amaral, onde o ser humano não se sinta um paciente, um número, um chato que não desencarna. Mas um hóspede.
O Dr. Armando Amaral Filho toca hoje a Casa de Saúde Santa Therezinha e o Hospital Pan Americano com o mesmo jeito e a mesma toada do famoso pai. Que, além de grande médico, era muito gente. Foi um dos precursores da previdência e da medicina social no Brasil, ao tempo de Getúlio Vargas.
O Rio, por ingratidão das suas autoridades, deve ao Dr. Armando Amaral, pela obra e lições que nos deixou, um monumento em praça pública. Providenciem-no, senhores que estão passando pela vida em brancas nuvens e num plácido repouso adormecendo como espectros de homens às custas dos currais eleitorais.
Essa mamata um dia acaba. Tem que acabar.