Esta edição da coluna "Marketing & Publicidade" foi publicada originalmente no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
Sindicato ainda indefinido
DRT julgará se eleição terá mesmo disputa de 1 ou 2 chapas. |
Nos próximos dias 27 a 31 de julho, o Sindicato dos Publicitários do Município do Rio de Janeiro estará promovendo a realização da sua eleição para a escolha da nova diretoria, que sucederá à presidida por Murilo Coutinho.
O processo, porém, está envolvido em uma gigantesca polêmica entre dois grupos de publicitários, que vem deixando em dúvida os profissionais cariocas sobre quantas chapas efetivamente concorrerão ao pleito.
Até há pouco tempo, havia sido divulgado que duas chapas estariam inscritas para a eleição. A de situação, chamada "Chapa 2", liderada por Maria Helena Fuzer, da Vera Cruz Publicidade; e, representando o movimento Reclame, de oposição, a "Chapa 1", liderada pelo redator Hayle Gadelha, da MPM.
Esta semana, porém, Murilo Coutinho enviou aos diretores das agências nas quais trabalham os profissionais listados no grupo de Gadelha, uma carta informando que aquela Chapa 1 havia sido impugnada, e que aqueles profissionais estavam liberados da estabilidade própria dos candidatos a cargos eletivos de sindicatos.
Por sua vez, o movimento Reclame está divulgando um folheto informando que a chapa continua concorrendo, garantida pela Delegacia Regional do Trabalho.
Murilo Coutinho, no entanto, garante a esta coluna que a impugnação não pode mais ser anulada pela DRT. Diz ele que, na verdade, a chapa de Gadelha havia sido lançada com seu apoio, como uma chapa de união, reunindo pessoas da oposição e pelo menos 5 nomes indicados pela atual diretoria. Apesar disto, conta, esta chapa "não teve boa receptividade entre os demais companheiros de diretoria", e no prazo final de inscrições, um grupo ligado ao Sindicato decidiu apresentar uma chapa dissidente e própria, ao mesmo tempo em que dava entrada, no Sindicato, a um pedido de impugnação de 12 dos 24 nomes inscritos por Hayle Gadelha.
O presidente do Sindicato explica que, por força da legislação, para concorrer a uma entidade de classe como o Sindicato dos Publicitários, o interessado precisa comprovar o exercício profissional como empregado nos dois anos anteriores à eleição. "Quase metade da chapa de Gadelha, porém, inclusive ele próprio", afirma Murilo, "não teve carteira assinada em algumas fases daquele período, seja por terem estado desempregados ou trabalhando só com RPA (Recibo de Profissional Autônomo)". Como a figura do "free-lancer" não é reconhecida pela legislação e por seu Sindicato, acrescenta Murilo, isto o obrigou a aceitar a impugnação.
Os estatutos do Sindicato, completa ele, exigem que, para concorrer, as chapas registrada tenham todos os nomes da diretoria efetivos e pelo menos 2/3 dos suplentes. Com a defecção, a entidade passou a considerar que a chapa de Gadelha perdeu condições de concorrer.
Na época, o movimento Reclame solicitou à DRT uma prorrogação do prazo de inscrições, conseguindo mais 8 dias. Murilo Coutinho garante, no entanto, que a nova composição desta Chapa 1 só foi entregue fora do prazo, levando a que o Sindicato não aceitasse o seu registro. "Eles voltaram à DRT", acusa Murilo, "não só substituindo os nomes impugnados como todos os demais da chapa, e isto evidentemente nem a DRT pode aceitar".
Por sua vez, Hayle Gadelha nega que seu grupo tivesse feito qualquer composição com a atual diretoria do Sindicato, chegando a queixar-se de que não tem conseguido na entidade qualquer facilidade para atender à necessidades de sua chapa. Ele garante, incisivamente, que a chapa 1 continua no páreo, e poderá ser votada sem problemas nos dias e que a eleição estiver sendo realizada. Esta garantia, diz, baseia-se no registro da chapa diretamente na DRT, que é superior ao Sindicato, e em afirmações da própria DRT de que o órgão teria interesse em que toda eleição sindical desse a maior oportunidade possível a todos os grupos interessados em concorrer.
Gadelha informa que, de qualquer modo, seu grupo está procurando obter na DRT um documento oficial que demostre ao Sindicato e aos profissionais eleitores a legalidade de sua participação na disputa, assim como está dando entrada em queixas contra as atitudes que considera ilegais do Sindicato.
Até o fechamento desta coluna, aquele documento ainda, não havia sido liberado, nem julgado as solicitações do movimento Reclame, que, segundo Gadelha, poderia até levar a uma suspensão do processo. Mas, como a eleição está marcada somente para a partir da outra segunda-feira, a coluna ainda poderá publicar, na próxima semana, para a informação imparcial de seus leitores, a situação final e oficial dos dois grupos concorrentes á diretoria do Sindicato dos Publicitários do Rio.
Rádio paulista vai verificar audiência
Acaba de ser lançado oficialmente, na sede da Associação de Emissoras de São Paulo-AESP, em São Paulo, o novo Instituto Verificador de Audiência-lVA, um órgão criado pelas próprias rádios paulistanas para desenvolver um serviço dinâmico de pesquisas sobre o meio. De acordo com Carlos Colessanti, diretor da Rede L&C de Emissoras, que vem coordenando o projeto de criação da entidade, o lVA está surgindo para mudar totalmente o panorama da pesquisa sobre rádio no País: "É uma instituição sem fins lucrativos, que nasceu como alternativa para solucionar a falta de informações reais sobre o mercado de consumo no rádio" — explica Colessanti. E continua: "Nossa proposta não é de fazer concorrência com tradicionais agências de pesquisas, mesmo porque a finalidade do IVA é fazer não simplesmente aferição de audiência das emissoras que operam nas faixas de AM e FM na Grande São Paulo. O principal objetivo do Instituto Verificador de Audiência é divulgar o Rádio como um veículo que pode ser melhor utilizado para investimentos publicitários".
Contando com adesão de, inicialmente, 12 emissoras paulistas, os gastos do IVA para realizar as pesquisas atingirão o valor de Cz$ 140 mil por mês, rateados entre os associados. "Acredito que agora, com o funcionamento normal dos trabalhos, o IVA consiga atrair a totalidade das emissoras como sócias" — prevê Colessanti. Na opinião de Albino de Almeida, da Rádio Capital e um dos coordenadores da iniciativa, o novo órgão de pesquisas vai resolver um problema sério do rádio: "Os anunciantes, que ate agora vinham trabalhando com o rádio sem ter nenhum subsídio para dirigir seus investimentos publicitários, já têm facilidade para saber como andam os relatórios de audiência".
Albino explica que ainda, através de um simples telefonema para a central de computadores do IVA, o anunciante ou qualquer emissora de rádio, mesmo não sendo associadas, poderão receber imediatamente o resultado das pesquisas. "Os targets da pesquisa são variados, posicionando a audiência de cada emissora, informando desde os dados por zonas geográficas da Grande São Paulo até o perfil dos ouvintes e sua faixa etária", conclui. Sem nenhum custo financeiro, qualquer pessoa, seja ouvinte, anunciante, agência publicitária, mídia ou radialista, pode obter o resultado das pesquisas do IVA pelo telefone, bastando ligar em São Paulo para o número (011) 258-0199.
ESPM ensina vídeo em curso básico
A Escola Superior de Propaganda e Marketing estará realizando, toda 3ª e 5ª, a partir de 15 de setembro, no horário de 9:00 às 12:00 horas, o curso de Formação Básica em Vídeo Profissional, com duração de 3 meses.
O curso tem como objetivo habilitar profissionais para atuarem na direção, produção e edição de programas em vídeotape e comerciais.
Maiores informações podem ser conseguidas na Rua Teófilo Otoni, 44 ou pelo telefone: 263-7000.
Promoção já será lançado
As agências especializadas em promoções, merchandising, design e embalagens do Rio, e mesmo as de propaganda que fazem trabalhos desta área para seus clientes, podem começar a separar a sua melhor produção de 1986 e 1987. Na próxima semana, estaremos lançando aqui as informações sobre o VI Prêmio Colunistas Promoção. Não deixem de ler.
Bamerindus se apoia em corretor
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Um dos anúncios criados pela Talent. |
Pela primeira vez, a figura do corretor de seguro está sendo homenageada por uma organização bancária. Trata-se da nova campanha publicitária, veiculada em mídia eletrônica e impressa, pela Bamerindus Seguro e desenvolvida pela Talent.
As peças são resultados de uma parte da pesquisa desenvolvida pela agência, que verificou a importância da confiança depositada pelo corretor de seguros, aliada à organização de suporte com a qual sua corretora trabalha, e desenvolvem a ideia de que o corretor de seguro é "uma espécie de médico, a quem as pessoas procuram para um check-up, e uma seguradora de confiança é o tratamento adequado".
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Dissídio de novembro já teve decisão da Justiça
O Juiz do Trabalho finalmente decidiu sobre o dissídio dos publicitários de novembro de 1986, emitindo um telegrama às agências cariocas informando que elas devem aplicar o índice de 12,240% sobre aqueles salários de novembro e, retroativamente, dos seguintes até hoje — incluindo o 13º salário —, com juros e correção monetária.
A publicação do dissídio foi feita na última quarta-feira, e Paulo Roberto Lavrille de Carvalho, presidente do Sindicato de Agências do Rio, diz que a entidade está preparando uma comunicação às suas associadas que será distribuída nessa próxima semana, com todos os dados sobre as decisões do Tribunal do Trabalho.
De qualquer forma, Lavrille acha que poucas agências ainda terão que aplicar aquele índice sobre os salários dos funcionários, já que, na época, o Sindicato recomendou que, como antecipação da decisão, fossem concedidos adiantamentos entre 15 e 16%, o que foi largamente adotado. Apenas as agências que não tiverem dado o adiantamento farão agora os reajustes dos salários.
SGB estreia para Vasp
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O primeiro anúncio da SGB para a Vasp |
Uma homenagem à Ponte Área Rio-São Paulo, que neste ano completou 28 anos de sua inauguração, foi o primeiro anúncio que a SGB Publicidade criou para a Vasp, feito especialmente para ser veiculado nos jornais destas duas capitais. O anúncio faz uma comparação entre o tempo que se leva lendo um jornal inteiro e o tempo gasto para se cobrir a distância entre essas duas cidades, a bordo de um avião. Nesta, o jornal acaba perdendo, principalmente agora que a empresa colocou em operação na Ponte Área o Boeing 737-300, um jato de última geração.
A criação foi o Pit e do Celso Carpigiani, com direção de Márcio Pitliuk.
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Carioca prestigia festa de Colunistas
Mais de 400 publicitários de agências, anunciantes, veículos e fornecedores do Rio de Janeiro confirmaram suas presenças para, na próxima terça-feira, dia 21 de julho, no Hotel Intercontinental, a partir das 19 horas, participarem da cerimônia de entrega dos Grandes "Prêmios e dos Diplomas aos vencedores do VI Prêmio Colunistas-Rio, promovido pela Abracomp-Associação Brasileira dos Colunistas de Marketing e Propaganda, e considerado a maior premiação da propaganda carioca. Este ano, 32 agências de propaganda concorreram ao Colunistas-Rio, inscrevendo cerca de 1.200 trabalhos realizados em 1986, para anunciantes de origens tão diversas como partidos políticos, fábricas de equipamentos industriais, boutiques de moda e bancos internacionais.
O resultado, considerado surpreendente pelos coordenadores da premiação, que afirmam que "mesmo enfrentando nos últimos anos um período de dificuldades crescentes, que fez diminuir o volume geral de sua produção, a publicidade carioca conseguiu manter um alto nível de sofisticação e criatividade nos trabalhos realizados, provavelmente para compensar, com uma maior atenção, a queda ocorrida também na frequência das veiculações dos anúncios e comerciais".
Na festa do VI Prêmio Colunistas-Rio, a J. Walter Thompson Publicidade receberá o título de Agência do Ano; a Mesbla, o diploma de Anunciante do Ano: Fábio Fernandes, diretor de criação da Artplan, a homenagem como Profissional de Propaganda do Ano; e Affonso Vianna, do Grupo Sima, o título de Publicitário do Ano. Entre outras agências premiadas estão as maiores do país, como DPZ, Denison, MPM, Salles, Norton, Almap, SGB, Artplan, Caio, Standard e McCann Erickson.
ABP quer expor 50 anos de propaganda
A ABP — Associação Brasileira de Propaganda completou no último dia 16 o cinquentenário de sua fundação, comemorando também o fato de ser a mais antiga entidade de publicitários da América do Sul. No mesmo dia, Celso Japiassu, o presidente eleito da associação, tomou posse para uma nova gestão, recebendo o cargo de Jairo Carneiro, que acabou não tendo oportunidade, enquanto presidente, de desenvolver um programa para comemorar a data do aniversário.
Os 50 anos da ABP, porém, não vão passar em branco. Japiassu me informou que a nova diretoria já constitui uma comissão, coordenada por Armando Strozenberg, diretor da agência Contemporânea, que pretende comemorar o aniversário através de uma exposição retrospectiva, em novembro, a ser exibida no Paço Imperial, da propaganda brasileira nos últimos 50 anos, mostrando que, este ano, comemora-se, na verdade, além do aniversário da ABP, os 50 anos de profissionalização da propaganda no Brasil.
Esta exposição prevê o novo presidente da ABP, pode acabar servindo de base para, finalmente, conseguir ser criado o Museu da Propaganda, projeto várias vezes tentado no Brasil, mas jamais posto em prática.
Além desta exposição. diz Japiassu, a entidade procurará fazer com que todos os eventos promovidos pela ABP em 1987, tais como o Festival do Filme Publicitário e outros que lhes forem sugeridos, sejam comemorativos daquela data.
GTM&C faz campanha nova para Crefisul
A agência paulista GTM&C, hoje ligada ao Grupo da Salles, está lançando sua nova campanha para o Crefisul, procurando destacar o que acredita ser a vocação do cliente: uma empresa especializada em investimentos, onde as pessoas poderão ganhar dinheiro.
A partir daí, a agência estabeleceu o posicionamento da campanha através da adoção, em todos os anúncios, do slogan "Crefisul Investimentos: aqui você ganha".
Nos anúncios, os textos procuram demonstrar, através de exemplos práticos, a especialização da empresa, que não tem conta corrente, não tem caderneta de poupança e ainda um pequeno número de agências (caso do anúncio que ilustra esta nota), pontos considerados fundamentais na diferenciação entre o Crefisul Investimentos e as demais instituições financeiras.
Os títulos foram todos no estilo "pergunta e resposta", inspirados no próprio comportamento do investidor brasileiro, que tem como principal meio de informação, para realizar seus negócios, o boca-aboca, a "dica do amigo que é do ramo".
A criação da campanha foi de Enido Michelini e José Luiz Tavares, e a aprovação de Carlos Ximenes de Melo, diretor de Investimentos, Waldomiro Carvas Junior, diretor de Produtos e Comunicação, e Ricardo Mesumeci, Gerente de Publicidade.
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Contos & Contas
• Genilson Gonzaga
Um novo Sérgio Silveira no mercado
Ouço dizer que há um novo Sérgio Silveira na praça. Tem 24 anos de idade. Saio por aí assuntando para descobrir se é parente do antigo e doce companheiro precocemente desaparecido.
É. E deve ser competente e vai dar certo. Tem a quem puxar.
Se herdou pelo menos 10% do talento do pai, da seriedade do pai, do amor do pai à pessoa humana, do carinho do pai aos seus semelhantes, do siderúrgico sentido de ética no trato com os negócios, do apetite para o trabalho, da incomensurável curiosidade do pai para aprender coisas novas, será um grande profissional. Dos maiores.
O Sérgio Silveira que conheci estaria, hoje, pelos 50 e poucos anos de idade. Sempre foi menino grande, mas um monumento de competência. Cultivava uma boa piada, que ouvia e passava adiante ou inventava. Tinha horror às pessoas azedas porque o mau humor, dizia, é tão contagioso quanto a tuberculose.
O Sérgio Silveira do meu tempo chegou menino como eu, recém-saído das calças curtas, ao viveiro de cobras do Cícero Leuenroth na Standart Propaganda, hoje Standard, Ogilvy & Mather. Armou e se deu bem. Tinha uma vocação irresistível para o sucesso. Pois fazia as coisas bem feitas. O melhor que podia, e às vezes nem podia, mas fazia.
Preocupava-se com a verdade, somente a verdade. Não compactuava com embustes ou injustiças. Os anúncios que saíam do seu briefing retratavam com exatidão as virtudes do produto. Costumava dizer que se a soma das virtudes de um produto não fosse bastante superior à soma dos defeitos, o produto não merecia um anúncio. Deveria isto sim, ser desativado.
Um dia, por causa de uma dessas suas afirmações à frente do cliente, quase matou o Cícero de ódio. Me lembro bem desse dia. Tempos depois o Cícero perdia, de maneira solerte, a conta da Barki, na qual investira pesado, e acabou dando razão ao Sérgio. E o reabilitou na frente de todos.
O Sérgio casou cedo, se não me engano, com a Sílvia. Acho que Silvia, sim. Ou seria Wilma? — responde-me, depressa, malvada memória cansada de guerra.
Não responde, finge-se de morta essa memória sofrida, mas vou em frente. Não vem ao caso. Os tempos eram difíceis, mas o publicitário era bem remunerado. Era o profissional da prosperidade. O Cícero deu-lhe uma promoção e um presente em dinheiro.
O Sérgio chorou de soluçar. Não pelo dinheiro, que nunca deixou de ser bem-vindo aos nossos bolsos. Mas pela promoção. Ele adorava a profissão que soube ser estúpido, carinhoso sem ser piegas, cordial sem ser subserviente, sábio sem ser estúpido, bem-humorado sem ser fanfarrão.
Nossos caminhos foram outros mais na frente. A criação publicitária nada perdeu com a minha defecção, muito pelo contrário. O atendimento também.
O Sérgio ajudou, e muito, a fazer a Standard ser a maior e a melhor da sua época. Depois botou o pé no caminho, passando por outras agências. Chegou a montar seu próprio negócio. Sempre bem-sucedido nas empreitadas, sempre uma figura humana deliciosa e profissional admirável, mesmo com a escassez de clientes.
Uma coisa me marcou muito no Sérgio, quando a doença já o atacava impiedosamente e nos encontramos na Candelária. Ele acabara de fechar negocio para voltar à Thompson e cuidar dos interesses da Souza Cruz
A sociedade brasileira estava sendo martirizada por uma insensível e impiedosa ditadura que acabou durando 21 anos. O Sérgio Silveira se angustiava com a miséria, a fome, o desconforto, o desalento e a falta de perspectivas do seu povo. E me manifestou a sua aflição: enquanto dois terços da sociedade brasileira continuarem impossibilitados de ingressar no processo de consumo, não adianta fazer propaganda.
Uma propaganda que venda.
Tinha toda razão. Um povo que não pode consumir, não precisa ser atingido pela comunicação publicitária, que é inócua. Um povo sem poder aquisitivo não vai às compras. Se o comércio não vende, a indústria não produz. E aí não há lucros. Sem lucros não há reinvestimento. Sem reinvestimento não há empregos. Sem empregos não há progresso.
Candidato-me, pois, ao honroso cargo de amigo do Sérgio Silveira Filho, que está trabalhando na Thompson e cuidando do Citybank, e tem todas as razões deste mundo para se orgulhar do pai que teve, Um pai que deixou memoráveis lições de sabedoria profissional e de solidariedade humana, Um pai de extrema sensibilidade e nenhum preconceito. Um homem.
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O Governo federal já não está anunciando nada e, por determinação do presidente José Sarney, o ministro Ronaldo Costa Couto expediu instruções a todas as repartições para que cortem 10% das suas verbas publicitárias, o que é uma insensatez num momento em que o Governo precisa mostrar serviço.
De cambulhada serão cortados 10% das despesas de administração pública federal com energia elétrica, água, telefone e passagens aéreas.
Com despesas de viagem fica meio difícil. Há poucas semanas ausentaram-se, de Brasília, 12 dos 24 ministros de Sarney. Foram visitar suas cidades de origem.
Viajaram numa sexta-feira, ignorando circular presidencial reservada para que não ficassem fora da capital.
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