Corte na Petrobras atinge FCB Rio e mercado publicitário
| Belo anúncio criado pela FCB Rio para a Petrobras, em 2015 | A decisão da Petrobras de cortar a sua verba publicitária em 30% através da dispensa da FCB Brasil -- terceira colocada em sua última concorrência -- não só vai afetar profundamente a sobrevivência da agência no Rio, como terá mais consequências negativas para o mercado carioca de comunicação.
Atendida também pelos escritórios cariocas das agências Heads e NBS -- que continuam contratadas --, a conta da Petrobras respondeu, até recentemente, por R$ 300 milhões anuais circulando pelo mercado. A informação oficial da Petrobras é de que, em vez de reduzir em 30% os investimentos em cada uma de suas agências, preferiram dispensar uma delas: a terceira colocada na concorrência.
Amigos da Janela nos informaram que os funcionários do escritório da FCB Rio já estão sendo avisados da dispensa. A agência estava com cerca de 40 funcionários desde a saída da parte que mantinha na conta da TIM, que concentrou todos os seus negócios na W/McCann e na Z+G. Ou seja, a FCB Brasil junta-se ao movimento das agências sediadas em São Paulo que desistiram de investir no Rio de Janeiro, como a F/Nazca S&S e a DPZ&T.
Procurado pela Janela, o vice-presidente da FCB Brasil e responsável pelo seu escritório carioca, Gustavo Oliveira, respondeu que as repercussões da recente perda ainda estão sendo analisadas pela empresa e não há mais o que falar. A agência não divulga informações de seus clientes por escritório, mas levantamentos na internet apontam que, além da Petrobras, a FCB no Rio vinha atendendo contas como CNseg - Confederação Nacional das Seguradoras, Werner Coiffeur, Euro Colchões, Aggreko e Columbia, esta conquistada em concorrência internacional. E havia acabado de entrar na agência a conta do shopping Rio Sul, conquistada em concorrência com outras sete agências.
O escritório tinha uma premiada equipe de criação, comandada, como diretor, pelo conceituado redator Daniel "Japa" Brito, professor da Miami Ad School e que acaba de ser convidado a participar como jurado de dois importantes festivais internacionais: o americano AME Awards e o sul coreano AD Stars.
Segundo análises de conhecedores do mercado, ainda que a FCB Brasil volte atrás na decisão de fechar o escritório carioca e opte por reduzir seu tamanho, dificilmente o próprio Gustavo Oliveira seria atingido. Ele foi um dos responsáveis pela entrada na agência da mega conta da Sky, atendida por São Paulo e presidida pelo seu amigo pessoal e ex-colega de escola Luiz Eduardo Baptista, o "Bap".
LAVA JATO
A FCB já esteve de forma polêmica no noticiário ligado à Petrobras, quando, em abril de 2015, a Operação Lava Jato detectou que a agência ordenou um repasse de R$ 311 mil, pela produtora O2 Filmes, à LSI, empresa dos irmãos Vargas, que aparecem nas investigações sobre desvios de recursos na Petrobras. Na época, a FCB divulgou nota oficial afirmando que o pagamento "foi uma solicitação de Ricardo Hoffmann à FCB, como remuneração devida a ele por um único projeto de consultoria. Ações corretivas já foram tomadas pela FCB com relação a esse fato único e isolado".
EFEITOS NO MERCADO
A Petrobras sempre foi cultuada como a principal conta publicitária do Rio de Janeiro. Não houvesse acontecido a crise política envolvendo a empresa e o governo federal, a Petrobras poderia, contratualmente, investir em 2016 algo como R$ 360 milhões com suas três agências. A previsão otimista, de amigos da Janela, é que, este ano, este valor não ultrapasse R$ 200 milhões, com inevitáveis repercussões também para fornecedores e veículos.
HISTÓRIA DE GLÓRIAS
A FCB Rio é o que sobrou da gloriosa história da Giovanni & Associados, fundada (ainda como Paulo Giovanni Publicidade) pelo radialista e publicitário Paulo Giovanni nos anos 80. A agência, sob o comando criativo de Adilson Xavier, chegou a ser seis vezes Agência do Ano do Colunistas Rio, garantindo o direito a dizer que foi a que mais levou este título ao longo dos 34 anos da regional carioca da premiação.
Em 1998, a FCB comprou a Giovanni, passando a agência a se assinar "Giovanni, FCB", ainda sem perder o seu DNA criativo. Em 2006, inclusive, uma campanha da agência, "Ser Diferente é Normal", de valorização dos portadores da Síndrome de Down, chegou a ser enredo no desfile da escola de samba Imperio Serrano. Neste ano, porém, com a negociação internacional da FCB com a Draft -- transformando a agência brasileira em Giovanni + DraftFCB -- o foco em business e no mercado paulista começou a esvaziar o escritório carioca.
O próprio Giovanni deixou a empresa em 2007. Adilson saiu pouco depois. E mesmo com a criação no Rio sendo tocada com ótimos trabalhos por Felipe Rodrigues e, depois, Daniel "Japa" Brito, o escritório, aparentemente por falta de interesse de investimento da multinacional, nunca mais teve o mesmo tamanho de sua época áurea.
África deve fechar no Rio e Álvaro Rodrigues se fixar em São Paulo
| Álvaro Rodrigues agora cuida da comunicação do Itaú, na África em São Paulo | A agência África, do grupo ABC - vendido no final de 2015 à multinacional americana Omnicom -, deve ser mais uma a seguir o caminho da F/Nazca, DPZ&T e FCB, fechando sua estrutura no Rio ou, no máximo, deixando nesta cidade apenas um escritório de representação.
A decisão, segundo amigos da Janela, deve ser comunicada ao mercado ainda esta semana, coincidindo com o enxugamento da própria organização da África em São Paulo, com a incorporação da África Zero.
Em fevereiro de 2015, a Janela publicou em primeira mão que o Grupo ABC estava unificando as operações da DM9 e da África no mercado carioca. Pouco depois da publicação da nota, deixou o comando do escritório a publicitária Polika Teixeira, passando o VP de Criação Álvaro Rodrigues a assumir a presidência. Com cerca de 40 funcionários, a África Rio vinha atendendo Ancine, Firjan e Cultura Inglesa, entre outros clientes.
Com a alteração na África Rio, Álvaro Rodrigues transfere-se oficialmente para a matriz da agência em São Paulo, onde já vinha atuando, nos últimos meses, como VP de Criação responsável pela publicidade do Itaú. A recente campanha do Digitau_ já é de sua responsabilidade.
Álvaro também foi eleito em julho de 2015 presidente da Associação Brasileira de Propaganda (ABP). Como o presidente da entidade sempre foi um profissional sediado no Rio de Janeiro, a ABP poderá ter uma nova experiência a partir de agora.
África emite comunicado e confirma furo da Janela
A África finalmente emitiu comunicado oficial esclarecendo o que acontecerá com o seu escritório no Rio.
Confirmando a nota publicada em primeira mão pela Janela, a agência informa que haverá redução na estrutura da África Rio, que deixa de atuar em publicidade para ser exclusiva em merchandising, conteúdo e product placement. Na prática, a empresa volta ao que era antes de sua operação absorver a equipe da DM9 Rio.
O comunicado também confirmou a informação da Janela de que Álvaro Rodrigues passa a atuar na matriz da agência em São Paulo, assim como Ricardo Zanella.
Veja a seguir o texto oficial da agência:
A África comunica que, a partir de fevereiro de 2016, o seu escritório no Rio de Janeiro será exclusivo para serviços de merchandising, conteúdo e product placement. A agência, que tem uma equipe exclusiva e especializada nese tipo de serviço há quatro anos, já soma mais 1.000 ações de merchandising em seu portfolio, uma média de cinco por semana nos últimos quatro anos, com presença em mais de 70 programas da televisão brasileira e 60 horas no ar. A operação carioca, que trabalha com celebridades nacionais e internacionais e atende clientes como P&G, Itau, Grendene e Brahma, se mudará para um escritório na Barra.
Álvaro Rodrigues, VP de criação da Africa e que respondia pela presidência da operação no Rio, ficará no escritório de São Paulo e atuará ao lado dos outros VPs de criação da agência, Eco Moliterno e Rafael Pitanguy, com liderança do CCO e copresidente, Sergio Gordilho. O profissional já estava na agência em São Paulo desde novembro de 2015 liderando alguns projetos. Ricardo Zanella, um dos líderes da operção carioca, também segue para São Paulo como diretor de contas. A operação no Rio de Janeiro seguirá com a liderança de Paula Bezerra, diretora de produção da Africa. |
Eletrobras atrasa concorrência e fica sem agência
| Anúncio criado pela Agência3 em campanha de prevenção de incêndios para a Eletrobras | EM PRIMEIRA MÃO - Se der um apagão elétrico no país, a Eletrobras não pode nem publicar um pedido de desculpas à população.
O comentário acima, de um amigo da Janela, ilustra a situação do órgão federal que, por divergências internas entre os sócios privados e o governo, não conseguiu abrir uma nova concorrência para a escolha de suas agências de publicidade -- como este site previu em outubro de 2015 (leia aqui).
Na época, a Eletrobras decidiu não renovar seus contratos com a carioca Agência3 e a baiana Leiaute, escolhidas em concorrência no final de 2012, com uma verba anual anunciada de R$ 35 milhões.
Sem a renovação por mais um ano, as duas agências dispensaram os profissionais que atendiam a conta. Passados estes meses, porém, a nova licitação não saiu. E a Eletrobras vai ter que correr com a sua burocracia interna, para poder voltar a anunciar.
ATUALIZAÇÃO EM 04/02/2015 - Segundo amigos da Janela, como a possibilidade de renovação não foi utilizada, as agências estão mexendo seus pauzinhos para tentar convencer o cliente a chamá-las novamente, em vez de ter que passar, com tanta urgência, pela trabalheira de uma nova concorrência.
Gente Que Vai e Vem
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Emad Khayyat e
Glaucco Martines
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Young & Rubicam (Amman - Jordânia) - O carioca Glaucco Martines é o novo diretor de arte sênior da Y&R/Amman, na Jordânia. O criativo será o segundo brasileiro, junto com Fabio Caveira, na equipe de Emad Khayyat, diretor de Criação da agência, atendendo clientes como Palmolive, IKEA, Kia Motors, Honda, entre outros. No Brasil, Glaucco trabalhou na NBS, HEADS, Tátil Design e por último na Africa/Rio.
Segundo Khayyat, a agência ainda está procurando, a princípio, mais um redator e um DA para fechar a equipe devido ao resultado das concorrências que a agência participou no final do ano passado e já neste começo de 2016.
(01/02/2016)
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