Janela Publicitária    
 
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A Fenêtre é a cobertura da Janela Publicitária em Cannes, com o apoio da Proview em 2010.


 

18 de junho de 2010, sexta-feira

Álvaro Rodrigues, presidente da Agência3 e jurado brasileiro no Festival de Cannes, dá uma entrevista exclusiva para a Fenêtre:

Fenêtre Publicitaire - Por que o Rio não tem sido representado por jurados em Cannes com mais frequência?
Álvaro Rodrigues - Vascaíno, a resposta certa para a pergunta errada é: o Brasil é o único país esse ano com jurados em todas as categorias do festival. Isso é absolutamente expressivo. O festival busca a cada ano, os melhores criativos, capazes de representar com o seu critério, histórico e performance, o mercado brasileiro. Não importa se ele vem da Oscar Freire ou da Tijuca.

FP - E o trabalho que o Rio tem mandado em todas as categorias e que o Brasil tem mandado (ou mandou esse ano) em rádio qual a sua opinião?
AR - O Brasi inscreveu mais de 80 peças na categoria. Eu tive a oportunide de ouvir antes, enviado pelas agências e seus diretores de criação, mais da metade dessas inscrições. Ouvi trabalhos muito bons, criados e produzidos especificamente para o meio rádio, um dos critérios de julgamento sugeridos pelo presidente do júri, Paul Lavoie.

FP - O que vai ser mais duro esse ano? Aturar esse nosso time do Vasco, o mau humor do Dunga na Copa ou as peças criadas só para festival?
AR - O Vasco. Eu já vesti a camisa de jurado brasileiro e prometo dar "o melhor de si". Já a camisa do nosso Vasco... acho que vai ficar na mala.

Tom Hauser, Álvaro Rodrigues e David Gerbosi,
Foto do jantar com os jurados na noite desta quinta-feira, 17. Da esquerda para direita Tom Hauser, diretor de Criação da Grabaz & Partner (Alemanha); Álvaro Rodrigues, sócio e diretor de Criação da Agência3 (Brasil); e David Gerbosi, engenheiro de som da Another Country (EUA). O júri de Radio começou os trabalhos esta sexta-feira, 18, às 9h (4h de Brasília) e é presidido por Paul Lavoie, da Taxi (Canadá).

FP - O que você achou sobre a patrulha que Cannes promete contra os fantasmas? Justo? Necessário? Demagogia? Nada? Rádio, que é a categoria que você ai julgar facilita muito a fantasmice já que a produção é barata. Como ficar atento a isso, se é que te preocupa?
AR - Independente do custo de produção, é realmente muito, muito difícil afirmar que determinada peça é "fantasma". O que é fantasma? Você consegue definir? Uma peça que foi veiculada às 4h da manhã em uma emissora inexpressiva é fantasma? Uma peça que o seu cliente aprovou para concorrer no maior festival do mundo é fantasma? Uma peça veiculada e que foi "limpa" e, portanto, diferente da original, é um fantasma? Essa discussão não terá um fim na minha opinião. Não do jeito que é conduzida. Patrulha é boa nas ruas, para conter a violência, não em festival. Ela pode ser tendenciosa. Vamos votar no que é o melhor, no que é a vanguarda, no que pode apontar um caminho de oxigenação para a mídia rádio.


O redator Fabio Seidl é o enviado especial da Janela em Cannes 2010.