16 DE JUNHO DE 2003, SEGUNDA-FEIRA
CORRESPONDENTE
SE APRESENTA
"Não é culpa minha. Além de ter sido convidado pelo
Diz Aí, que fará uma cobertura na volta do seu jornal e de última
hora, fui sondado pela Janela Publicitária para ser correspondente on-line
também este ano.
A proposta foi irrecusável: em troca, Marcio Ehrlich, o dono da Janela,
disse que eu poderia trabalhar em dobro aqui em Cannes, nestas minhas férias.
Muito obrigado pela sua companhia e pode ter certeza de que farei de tudo para
cumprir os leitores esperam de mim: arruinarei outra vez a reputação
deste site me fazendo passar por jornalista." (Fábio
Seidl, redator da Script)
CANNES TEVE DIA DE CIDADE FANTASMA
Tá, comecei com um titulozinho sensacionalista para dar Ibope. Mas tirando
os trocadilhos, a cidade esteve mortinha mesmo ontem, domingo.
A croissete esteve ocupada somente por poucos turistas e leões coloridos
de resina que marcam, quase que de modo carnavalesco, os 50 anos de festival.
Os criativos se dividiram sobre os tais leões: uns não gostaram
e outros só acharam ruim mesmo.
A temporada de verão das greves francesas também colaborou para
que muita gente só chegasse nesta segunda, em função de
atrasos e cancelamentos de trens e aviões. (Fábio
Seidl)
POUCOS CARIOCAS ATÉ AGORA
A impressão é que a delegação carioca será
bem reduzida e, pelo que pode ser apurado, até meesmo os Europeus começarão
a chegar somente para as festas de premiação.
Ontem os cariocas se dividiram entre o restaurante Arcimboldo (ao lado do Martinez)
e uma pizzaria no Porto. Os preços das casas na Rue du Suquet, o tradicional
Pelôrran, não atraíram a turma.
Entre os criativos do Rio estavam, além dos youngs: Armando Strozemberg
(Contemporãnea), Serginho de Paula (Carioca), Bruno Pinaud (V&S),
Accioly (Academia), Fabio Marinho (OPM) e este missivista.
Numa mesa próxima, Jaques Lewkovicz comentava sobre o bom nível
das peças brasileiras inscritas, mas como você lerá mais
adiante, o resultado do Rio não foi dos melhores.
(Fábio Seidl)
CARIOCA, GIOVANNI, OGILVY E SALLES: O RIO NO SHORT LIST
O que o Rio tem, até o momento, no festival são:
- Quatro peças da Salles para os Médicos Voluntários em
outdoor;
- Uma da Carioca extraída da premiada campanha da Kawasaki (que já
esteve nas páginas da Archive, entre outras);
- Duas peças da Ogilvy para a "Mundo Cão", que vendem
serviços sexuais para cachorros, inscritas como outdoor;
- Um anuncio da Giovanni Rio para a revista Vizoo, com a modelo Cinthia Howlett
passando desapercebido por um homem que le uma revista com ela na capa.
Sérgio de Paula, da Carioca, foi um dos primeiros a chegar no Palais
nesta segunda e comemorou o resultado.
Mas a sensação, de uma maneira geral é que, claro, poderia
ter sido bem melhor. (Fábio Seidl)
PEÇAS CARIOCAS TEM "PRIMAS" ESTRANGEIRAS
FINALISTAS
Pelo menos três peças cariocas foram identificadas com outra roupa
e nacionalidade nos painéis do short list.
O premiado cartaz da Salles para a Clínica Perinatal, colado para parecer
uma barriga de gravidez está na final como publicidade para uma Academia,
criado pela Bates Singapura.
Outro anúncio traz dois canudos: um sanfonado, fazendo menção
a um refrigerante comum e outro liso, sugerindo um diet. A peça tem a
mesma idéia da Artplan para Grappete diet e aqui está assinado
pela BBDO Argentina para a Pepsi.
Também está aqui a garrafa saindo fumaça lembrando uma
arma, que a Carioca usou para promover seu cliente Heineken e um filme de James
Bond. Só que vendendo um vinho através da Bates espanhola. A peça
que diz que "está aberta a temporada de caça". É,
também não entendi. (Fábio Seidl)
YOUNGEST CREATIVE É CARIOCA
O carioca Lucca, de apenas 3 meses e meio, é o participante mais novo
da história do festival. Filho do redator Bruno Pinaud, da V&S e
da produtora Heloise Calandra, Luquinha tem frequentado os corredores do Palais
com uma animação fora do comum.
O pai é que, precavido, já está providenciando para que
isso não interdite a participação dele no Young Creatives
em 2023. (Fábio Seidl)
17 DE JUNHO DE 2003, TERÇA-FEIRA
SALLES FICA COM O ÚNICO LEÃO CARIOCA NO P&O
Chega neste momento na sala de imprensa a confirmação de que a
Salles recebeu o único prêmio carioca em mídia impressa.
Prata para a campanha dos Médicos Solidários, que mostra ilustrações
medicas/anatômicas de pessoas como engraxates e homens de negócios,
vendendo o conceito de que os Médicos Solidários enxergam todos
da mesma forma. (Fábio Seidl)
N.R.: A série, no Bronze que ganhou no Colunistas-Rio, tem
na ficha técnica Rodolfo Sampaio e Antônio Nogueira como redatores
e Daniel Leitão como diretor de arte.
YOUNGS: BRASIL EM PRIMEIRO NO CYBER, TERCEIRO EM PRESS
O trio brasileiro fez bonito. Sérgio Mugnaini, da JWT , que já
havia ganho ouro no Festival este ano, tirou o primeiro lugar em Cyber. A dupla
de mídia impressa Ana Carolina, da Fallon e Felipe Lucchi, da Leo - conseguiu
a terceira colocação, superada apenas pelos franceses e espanhóis.
Até ontem, Felipe e Ana Carolina estavam bastante cansados com o forte
ritmo de trabalho, mas já relaxavam na festa dos Young Creatives.
Deixaram claro que a preocupação era, antes de ganhar, representar
bem o Brasil, alheios aos boatos que envolviam os resultados e como seriam as
outras peças da competição. A tranqüilidade deu certo.
Os três criativos garantiram a presença no Festival no ano que
vem. (Fábio Seidl)
RIO: DESTAQUE NO LIONS DAILY
O Brasil recebeu hoje duas paginas no Lions Daily, revista editada durante o
festival de Cannes.
A revista faz menção ao pool formado pelas produtoras brasileiras
para divulgar as locações para filmagens e os talentos dos cineastas
do pais.
O Rio foi bastante citado e uma bela foto do Pão de Açúcar
ilustra a reportagem.
Ainda sobre a divulgação do pool FilmBrazil, as produtoras estão
recebendo seus prospects internacionais em um barco e apresentando as facilidades
e os profissionais brasileiros.
Antônio Carlos Accioly, produtor da Academia de Filmes e freqüente
agitador cultural e publicitário prometeu, ainda para esta semana, divulgar
mais novidades sobre o projeto. (Fábio Seidl)
EUA VAIADO POR FILMES DE GOVERNO
Diversos filmes para clientes de serviços públicos americanos
tem recebido uma saraivada de vaias, reflexo das ações militares
no Iraque. Uma agência pouco consciente da situação no resto
do mundo ainda inventou de colocar o próprio George W. Bush dando um
depoimento. Não vai pegar Leão, mas periga levar um troféu
abacaxi. (Fábio Seidl)
BRASILEIROS INOVAM NAS VAIAS
As tradicionais vaias através de assovios nas salas do Palais ganharam
novos formatos ontem, através de brasileiros anônimos. Alguns malucos
começaram a assobiar a música-tema dos Trapalhões a cada
filme surreal. (Fábio Seidl)
RESSACA DIFÍCIL
Só uma festa ontem, abrindo os trabalhos da badalação em
Cannes. A tradicional festa dos Youngs Holandeses foi bem disputada pelos brasileiros,
com a cerveja mais barata da cidade, acredite, beirando os 10 Reais. E quente.
Depois, a galera brasileira partiu para o Martinez, onde uma garrafita de 330
ml custa por volta de 30 Reaizinhos.
Isso não impediu, claro, que alguns colegas estejam se tornando personagens
muito engraçados aqui na França.
Hoje a bebida é parcialmente gratuita, com as festas oficiais dos Festival
e dos Youngs. Mas a festa mais aguardada será a de amanhã, quarta-feira,
organizada pelos brasileiros que já convidaram meio mundo para, bem,
sobre esta festinha, conversamos amanhã.
BRASIL EXPORTA TECNOLOGIA FANTASMAGÓRICA
Portugal acaba de passar o vexame de perder o Grande Prêmio de Mídia
Impressa em Cannes, por uma série de anúncios da agência
Leo Burnett para a Livraria Ferin, de Lisboa, que o júri desconfiou ser
fantasma e a agência não conseguiu comprovar a sua veiculação
em mídia, como o presidente do júri explicou que o regulamento
exige.
O diretor de criação da Leo portuguesa é o brasileiro Alexandre
Okada e já corre em Portugal um e-mail denunciando que a acusação
teria sido feita por um publicitário português inconformado com
a autoria do trabalho ser de uma dupla brasileira, o diretor de arte Carsus
Dias e o redator Icaro Doria.
A história do que aconteceu com a campanha no festival ainda está
confusa. De qualquer forma, a Ferin não consta da lista de clientes da
Leo Burnett de Lisboa
no site da agência. Outra coisa estranha é o trabalho ter produção
incompatível com o porte do cliente. A Ferin (Rua Nova do Almada 70 a
74, Lisboa) é uma loja tradicional mas relativamente pequena, sem filiais
nem website. A agência diz que pode comprovar um planejamento de mídia
para a campanha, mas a "comprovação" referida em Cannes
foi de que a peça foi colada em locais próximos à livraria,
o que, no mínimo, soa estranho para validar o trabalho.
A Leo Burnett de Lisboa, aliás, já tinha conseguido um prêmio
para a Ferin no The One Show, que não cobrou o certificado de veiculação.
(Marcio Ehrlich)
FANTASMA VIRTUAL
O olho vivo dos jurados de Cannes sobre o Brasil também pegou outro trabalho:
uma peça de Cyber da Publicis Norton, "Resistência",
para um produto que ainda não havia sido lançado para os preservativos
Prosex (seriam do Rio?). A camisinha chegou a ser cogitada para Leão
de Bronze mas arrebentou ao passar pela segunda vez pelos jurados.
A explicação mais divertida, porém, é a que está
no site Blue Bus, criando
uma nova categoria de inscrição em festival. O jurado brasileiro
de Cyber, Alon Sochaczewski, justificando que o trabalho ainda iria entrar em
veiculação, declarou que ele não poderia ser chamado de
"fantasma" e sim de "inscrição precoce".
Considerando o produto anunciado, ainda bem o precoce é a inscrição.
(Marcio Ehrlich)
LEÕES - UMA ANÁLISE PÓS-PRESS &
OUTDOOR
A
AlmapBBDO de Marcelo Serpa continua uma máquina imbatível na Mídia
Impressa. Nada menos que 27,4% dos seus 164 trabalhos inscritos em Press &
Outdoor, ou seja 45 peças, chegaram a finalistas. E destes, ela faturou
1 de Leão de ouro, 5 de prata (uma delas, o anúncio "I Want
You", na ilustração abaixo) e 1 de bronze. A agência,
porém, não vai muito mais longe em Cannes 2003. Na premiação
de Filmes, ela colocou apenas um trabalho concorrendo.
Para a Giovanni, com certeza os resultados no P&O não foram os esperados,
pelo retrospecto da agência em premiações recentes e pela
presença, no júri, da sua diretora de criação Cristina
Amorim. A agência inscreveu 98 trabalhos -- foi o segundo maior volume
de inscrições -- e saiu apenas com uma Medalha de Bronze, entre
9 finalistas. A agência ainda aguarda os resultados para seus 10 comerciais
inscritos e ver se os 2 trabalhos que ficaram no shortlist de Media emplacam
Leões.
Também a F/Nazca S&S deve estar insatisfeita com o júri do
P&O. Com 67 inscrições -- a terceira mais inscrita -- a agência
sai do festival sem nenhum Leão impresso, aguardando agora o resultado
dos seus 11 comerciais inscritos.
Do Rio, a Salles é quem tem mais motivo para comemorar. Com 36 trabalhos
inscritos (não se sabe quantos do Rio e quantos de São Paulo),
a agência emplacou um Leão de Prata pelo escritório carioca.
Em filmes, a agência participa com apenas 3 trabalhos.
A esperança da Comunicação Carioca de voltar com um Leão
no P&O não aconteceu. A Carioca pôde comemorar um honroso finalista
para Kawasaki, que não chegou, porém, ao troféu. Sérgio
de Paula ainda aguarda a situação dos seus 5 filmes inscritos.
A NBS e a Script também esperam o resultado do filme que cada uma inscreveu,
mas o sonho acabou para a Contemporânea (3 peças impressas inscritas),
100% (2 impressas), Irion (1 cyber), MG (1 impressa), I-Ltda (1 impressa), Portfólio
(1 impressa) e a dupla Rodrigo Strozenberg & Filipe Raposo (1 impressa).
A destacar, ainda, do Rio, a agência OPM, que de 3 trabalhos inscritos
no Direct Lions, já garantiu a presença de um deles, "Presente
sagrado" para a Petrobras, no shortlist e agora torce para o resultado
final. (Marcio Ehrlich)
BRASIL LIDERA PRESS & POSTER COM 16 LEÕES
O anúncio "Renascimento", da campanha da TBWA\Paris para o
Playstation da Sony -- que numa seleção da revista francesa Stratégies
ficou apenas como finalista -- recebeu do júri em Cannes o prêmio
de Grand Prix de Mídia Impressa. A campanha é composta por três
anúncios, "Veterano", "Supermercado" e o "Renascimento",
tendo como diretor de criação Erik Vervroegen, diretor de arte
Jorge Carreno e redator Éric Helias.
O Brasil ficou com 16 Leões em Press & Poster, liderando a premiação
em número de medalhas. Estes foram os trabalhos brasileiros premiados:
Leões de Ouro
- "Braille/Fogos" (Press), da AlmapBBDO para Fundação
Eyecare.
- Campanha Eyecare (Outdoor), da AlmapBBDO para Fundação Eyecare.
- "Recortes de Jeans (Girl/Man)", da Neogama/BBH para a Levi's.
Leões de Prata
- "Gravador/Genius/Atari" da AlmapBBDO para Fedex.
- "Em poucas palavras", da AlmapBBDO para Volkswagen.
- "I want you", da Almap para Pepsi.
- "Fat Woman" (Press), da AlmapBBDO para Stock Photos.
- "Fat Woman" (Outdoor), da AlmapBBDO para Stock Photos.
- "Carneiro/Cebola", da Lew,Lara para Esplanada Grill.
- "Einstein", da Bates para Perma/Kennel.
- "Anões (Beatles, Kiss)", da DM9DDB para Altofalantes Morel.
- "Anatomia", da Salles D'Arcy para "Médicos Solidários".
Leão de Bronze
- Campanha Havaianas (The Colour Blind, Chamaleon), da AlmapBBDO para São
Paulo Alpargatas.
- L"Umbigo", da Lew Lara para o guaraná diet Schincariol.
- Campanha "Monitores (Brutus, Harpy", da Giovanni para Samsung.
- "MTV Hunger", da Age para MTV. (Marcio Ehrlich)
GRAND PRIX DE PORTUGAL - UM OUTRO PONTO DE VISTA
Márcio, se me permite - e sei que a Janela é um veículo
democrático - gostaria de discordar do que vem sendo dito sobre Alexandre
Okada e a Leo Burnett Portugal.
Conheco pouco Okada e seu trabalho, conversamos algumas vezes. Temos amigos
em comum que só se referem a ele como um grande talento e um profissional
ético, educado e de caráter. Nao tenho procuração
para falar por ele, que nem sabe que estou escrevendo. Esta é uma opinião
pessoal.
Okada não "queimou" o filme de Portugal ou de quem quer que
seja, como foi dito. Ao contrário, só tem feito os publicitários
brasileiros que o conhecem terem motivos de orgulho.
Okada mudou a Leo Portugal em menos de dois anos. Hoje a agência tem uma
equipe respeitada e premiada no mundo inteiro, formada por brasileiros e portugueses
garimpados por ele.
A dupla portuguesa de youngs é do time dele. Alguns youngs e vencedores
de Leões pelo Brasil nos últimos anos também. A Leo aparece
como a agência portuguesa mais premiada em Cannes até o momento
é uma das mais premiadas em seu país.
A maioria das pessoas do mercado brasileiro sabia disso? Não.
Talvez também não saibam que a Leo e centenas de outras agências
agem sim, há anos, dentro de um regulamento dúbio e frágil,
que os próprios organizadores tiveram que rediscutir nos últimos
dias.
O que é afinal, a categoria Press and Poster? Veicular um pôster?
Qualquer um que cole apenas um cartaz, em qualquer lugar, com conhecimento do
cliente pode concorrer? Sim.
É possível se veicular em qualquer revista, por mais obscura que
seja, apenas uma vez e concorrer. Então porquê alguém experiente,
sabendo disso, correria este risco?
Vou mais longe: o que é um comprovante de exibição? Tem
cópia da peça que saiu? Se tirar o precinho que tinha do lado
vale?
Não estou legitimando fantasmas, quero deixar isso claro.
Mas seria cinismo acreditar que o que se fez em Cannes foi uma tentativa de
moralização. Foi uma denúncia com o objetivo de destruir.
Ou, não quero acreditar nisso, sensacionalismo. Posso dizer daqui, acompanhando
os bastidores, os fatos não ficaram claros.
Se existe um regulamento, que se cumpra. Mas que seja igual para todos.
Pressionar ou tentar crucificar quem ganhou um GP, pedindo pra ele tirar da
manga um comprovante em cinco minutos, sob a ameaça velada da superexposição
do seu nome é fácil.
Mas será que Cannes, este festival cada vez mais gigantesco pode averiguar
peça por peça que está no short list? Aí a gente
coloca a bola no chão e começa tudo de novo. Mas só vai
acabar no ano que vem.
A história recente da publicidade brasileira pode falar melhor do que
eu: Cannes 2002, Young 2003.Tem sempre alguém incomodado com quem ganha
alguma coisa. (Fabio Seidl)
Okada atende jornalistas e mostra a peça publicada
Tranqüilo e educado, embora claramente decepcionado, o brasileiro e diretor
de criação da Leo Burnett Portugal, Alexandre Okada, está
neste momento atendendo todos os jornalistas na sala de imprensa, sem formalidades.
Trouxe a peça que lhe conferiu de fato, mas não de direito o GP
de Cannes 2003 em um jornal português.
Segundo Okada, a peça foi veiculada, tem conhecimento do cliente, leva
assinatura da Leo e a agência só não teve como comprovar
o pagamento, por parte do cliente, da peça. A exigência é
feita para a maioria das categorias de Cannes e parece ter pego a Leo de surpresa.
A mesma campanha também foi selecionada na categoria Poster, mas a organização
do Festival retirou as duas campanhas da área de exposições.
O júri de Cannes não voltou atrás e o Grand Prix (de Poster)
foi para uma campanha de inseticidas da Nova Zelândia, que não
agradou a muitos criativos presentes. (Fábio Seidl)
Young: Brasil quase levou ouro. Dan Wieden deu o voto de
Minerva.
A decisão dos Youngs, segundo se apurou, ficou nas mãos de Dan
Wieden. França, Brasil e Espanha receberam o mesmo número de votos
e a decisão final ficou com o norte-americano e presidente do júri,
que optou pela França.
Um detalhe curioso: a peça da França tinha uma "prima"
na competição, a da dupla suíça que também
trazia a idéia de uma estátua grega suando.
Apesar das notas sem fundamento antes do resultado de que a dupla portuguesa
e brasileira teriam feito peças parecidas, o que se viu na exibição
foram peças com conceitos bem difentes para um briefing comum.
Outras peças que perderam sim, se pareciam, mas ninguém reclamou.
Aliás, este comentarista ficou com uma dúvida. Se o julgamento
é fechado a imprensa, como se conseguiu a informação de
que as peças eram parecidas?
A marcação em cima de brasileiros, portugueses e brasileiros que
trabalham em Portugal parece que está cerrada... (Fábio
Seidl)
QUARTA-FEIRA, 18 DE JUNHO DE 2003
BRASILEIRADA CONVOCA O MUNDO PRA ENFIAR O PÉ NA JACA
A festa mais esperada do festival, inclusive pelos estrangeiros, acontece hoje,
promovida pelo Brasil. A Young Brazilians Party acontece numa casa alugada na
Villa Ramzia/ Park Florentina um pouco afastada da Croissete.
Convites com mapas e adesivos do escudo da seleção Brasil (traje
obrigatório) foram distribuídos. Uma brigada especial foi destacada
para convocar praticamente todas as mulheres do festival, já que mesmo
fora do Brasil, criação é uma macharada só.
Os convites oficiais se esgotaram e tal como no Prêmio Colunistas, a turma
já começou a tirar xerox PB e outras cópias mequetrefes
do convite para tentar entrar na festa.
A diferença é que aqui o representante da Janela (este que vos
escreve) está colaborando para a fraude, já que o objetivo é
que vá todo mundo mesmo. (Fábio Seidl)
BEBUNS SÃO ACORDADOS COM ADESIVOS EM CANNES.
Não deu pra saber se era uma ação publicitária -
já que ninguém assinou a autoria - ou só uma gaiatice.
Os cidadãos que acordaram nas calçadas da Croissete após
as
festas de ontem encontraram um artigo diferente: um adesivo laranja escrito
WAKE UP! colado perto do pinguço. Será que vai concorrer a um
Leão ano que vem? (Fábio Seidl)
CARIOCAS EM DIRECT E MEDIA LIONS: MUITA EXPECTATIVA
O resultado sai hoje meio-dia aqui, sete da manhã no Brasil, mas a esperança
era grande ontem de noite. Uma informação de que o Brasil teria
ganho pelo menos um Leão deixaram Fabio Marinho, da OPM, único
representante carioca no short list de Direct, ansioso, já que concorria
sozinho - foi o único classificado para a final - na categoria Fashion
e Luxury Products. A peça da Artplan em Media Lions também chamou
a atenção do público. A torcida era para que os cariocas
ajudassem o Brasil a somar mais pontos para a classificação geral.
(Fábio Seidl)
LA CRISE?
Alguns criativos que já freqüentaram o festival outras vezes tiveram
esta sensação. Cannes tem menos gente participando, um resultado
lógico do preço salgado da inscrição. Mas também
tem menos peças e menos stands (na verdade só tem um ou dois stands
pagos) na Lions Village.
Se no passado havia filas e televisões nos corredores passando sessões
muito concorridas, este ano tem espaço de sobra. Categorias que rendiam
horas estão com até 20 minutos. A categoria de perfumes e cigarros,
devido a proibição de publicidade de tabaco em outros países,
praticamente virou (com trocadilho) fumaça (ai). (Fábio
Seidl)
O PARADOXO DE CANNES
As soluções para essa evasão de filmes e pessoas não
seria praticar preços mais ustos? E outra pergunta: como tem menos gente
inscrevendo não é justamente a hora de inscrever já que
as chances são maiores? E o Tostines, afinal? Está sempre fresquinho
porque vende mais ou vende mais porque está sempre fresquinho? (Fábio
Seidl)
RIO MARCA PRESENÇA NO NEW DIRECTORS
Fábio Soares, da Conspiração, acaba de ter seu trabalho exibido
para uma das mais concorridas sessões de Cannes, a exigente mostra internacional
New Directors patrocinada pela Saatchi e Saatchi.
Fábio teve no rolo um filme para a Leo Burnett e Fiat em que um raio cai
duas vezes no mesmo lugar, alusão a liderança da montadora por dois
anos no Brasil. O filme passou sem legendas em inglês, talvez por um engano.
Também do Brasil, Jarbas Agnelli e sua AD Studio (SP) foram muito aplaudidos
com o clip Instinto Coletivo, da banda carioca O Rappa, que tambem foi selecionado
para a mostra. Mais uma força para a campanha das produtoras brasileiras
que visa atrair produções internacionais para o nosso país.
(Fábio Seidl)
VASCAÍNO GANHA LEÃO PARA O FLAMENGO
O publicitário Fábio Marinho, diretor de criação
e presidente da OPM: Oficina de Propaganda e Marketing, comemorou muito o bronze
conseguido no Lions Direct hoje pela manhã com a ação para
a Petrobras enaltecendo o patrocínio ao time do Flamengo.
A peça já havia conquistado o CCSP e, na semana passada, o Festival
de Gramado. É o segundo prêmio do Rio no Festival, que já
tinha levado prata em Press com a Salles.
Marinho veio pela primeira vez do festival e disputou também pela primeira
vez a premiação, inscrevendo três pecas.
- Fiquei feliz porque vi que aqui se valoriza a idéia. Não temos
tradição no festival, nem somos uma agência especializada
em marketing direto. Fazemos comunicação, tanto publicidade como
marketing direto... mas competimos em pé de igualdade com todas, especializadas
ou não, com nome e muita verba ou desconhecidas. E conseguimos!
Marinho também comentou a categoria:
- Foi bom para o Brasil. Ano passado ganhamos um. Este ano fomos pra final com
cinco, levamos quatro, três ouros e um bronze. O Leão de Marketing
Direto ainda é um gatinho, está começando, mas esta crescendo
rápido.
Fábio Marinho é vascaíno e o diretor de arte da peca premiada,
Bruno Richter, botafoguense. Marinho, claro, ouviu algumas piadas sobre o fato
de ter ganho um leão com uma peça criada para divulgar o Flamengo.
Alguns disseram que o Flamengo precisou de um vascaíno e um botafoguense
pra ganhar alguma coisa. Outros comentaram que se era para o Flamengo, deveria
ter sido Leão de Prata, já que o time foi vice na Copa do Brasil.(Fábio
Seidl)
GP
NEO-ZELANDÊS É ACUSADO DE PLÁGIO
Mais um falatório surgiu em Cannes a partir do resultado do Grand Prix
de Outdoor, conferido à Grey Worldwide, da Nova Zelândia, por um
cartaz de inseticida com a legenda "The last thing a fly ever sees".
Como não faltam publicitários bem informados, logo surgiu quem
lembrasse que este foi um cartum clássico da série The Far Side,
de Gary Larson, na década de 90. É só olhar a ilustração
desta nota (numa montagem exclusiva da Janela) que fica óbvia a "homenagem".
O assunto está correndo dentro do Palais, mas sem alternativa para a
organização do festival, já que teria cabido ao júri
perceber a referência. (Marcio Ehrlich)
* Veja qui, em CYBER
LIONS - OS VENCEDORES, com exclusividade para os leitores da Janela,
uma relação dos premiados com todos os links para visualizar os
trabalhos.
QUINTA-FEIRA, 19 DE JUNHO DE 2003
FESTA DO BRASIL MERECIA LEÃO
Ainda na tarde de ontem os "donos" da bela casa (e teve gente gringa
que foi na festa achando que eram "donos" mesmo), a maioria criativos
da Giovanni, corriam atrás de driblar o estilo de vida na Europa. que
não tem espaço para o camarada do caminhão do gelo ou da
tia para ajudar a arrumar a casa. E deu tudo certo.
A festa dos Youngs brasileiros, no Park Fiorentina ontem, foi a mais animada
de Cannes até agora. Mesmo sendo bem afastada da Croissete e competindo
com festas na orla como a da Shots, muita gente do mundo todo esteve presente.
Quem não era brasileiro ficou se sentindo: tomou caipirinha, contou piada,
caiu na piscina e.bom, isso é tudo que eu me lembro. Aliás só
me lembro de uma coisa: alguém rindo com um copo de caipirinha dentro
da piscina mesmo. Foi mal. (Fábio Seidl)
NEOZELANDÊS NÃO É PLÁGIO
Os comentários que chegaram a Cannes de que o GP Neozelandês de
Outdoor seria plágio podem ser só mais uma tentativa de polemizar
com peças premiadas. Ou alguém que perdeu deve ter ficado bem
chateado.
Afinal, piadas tiradas do cinema, da internet, de livros são referências
normais para os criativos. Me lembro de pelo menos meia-dúzia de peças
premiadas brasileiras assim, sem ter que me esforçar.
Caberia ao júri julgar a originalidade, mas não plágio.
É referência. O que aconteceu foi que muita gente isenta aqui não
gostou mesmo. Achou que tinha coisa melhor para levar o GP.
Estes comentários se repetiram diante do GP de Press para a Nintendo.
Fora a armação pra tirar o prêmio de Portugal por causa
de um recibo que o cliente não passou (a campanha foi de graça,
permutada), a peça francesa, segundo as críticas, trata de um
mundo restrito, de difícil compreensão pelo público. Isso
já tinha acontecido quando, anos atrás, os "mamilos"
para o mesmo Playstation ganharam o GP em Cannes com uma peça que não
trazia nem título nem logo nenhum. Só um casal com mamilos que
lembravam os símbolos que estão no botão do jogo...Teve
quem dissese que não valia nem um prêmio chuvisco de prata da feira
agropecuária de nova itaquaquecetuba, mas foi tida como a melhor coisa
criada pela mente humana em publicidade naquele ano.
Só queria registrar mais uma coisa, para vocês verem como minhas
condições de trabalho são boas. Algum maluco colou um chiclete
na mesa onde eu escrevo, de frente pra mim. E não é que a organização
colou uma grande fita durex para que eu não tenha contato com a nojenta
goma petrificada? Escrever para a Janela tem esses privilégios...(Fábio
Seidl)
N.R.: Fábio, em entrevista ao Advertising Age, um dos criadores
da peça, Todd McCraken, nega que fosse sequer referência ao cartum
do Larson e dá outras justificativas. Então a imagem semelhante,
a mesma frase, o mesmo layout, foi tudo mera coincidência, né?
Tá bom. (ME)
CANNES ACORDA TARDE. E SAI DE CANNES.
Os brasileiros ainda não acordaram (aliás, nem aí no Brasil,
onde são cinco horas a menos) e se não fosse o polpudo salário
que recebo deste site e o vizinho contratado pelo Marcio Ehrlich pra
fazer esporro no quarto ao lado de manhã, eu também estaria de
naninha. Mas muita gente planejava relaxar nas cidades próximas da Riviera
hoje, alguns querendo voltar para ver a apresentação especial
de 50 anos do festival de noite. Afinal, amanhã é dia de short
list de filmes e a expectativa é que sejam pelo menos 5 horas ininterruptas
de comerciais. (Fábio Seidl)
Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z Z
Não mamãe eu não tenho aula hoje..jbhlkbfahsipw2nbm.,cz`auhgf
(Fábio Seidl)
Carioca e Giovanni garantem o Rio no shortlist de Filmes
O comercial "Bom Companheiro", que já havia ganho Ouro no Festival
de Figueira da Foz e Ouro no Colunistas-Rio, garantiu a presença do Rio
de Janeiro no rolo de shortlist do Festival de Cannes, divulgado hoje. A Giovanni
também manteve o seu histórico de estar no shortlist, desta vez
com "Adolescente", para a Sociedade Síndrome de Down.
O Brasil teve 13 finalistas que, segundo o jurado brasileiro Alexandre Gama
já declarou em Cannes, terão dificuldades para garantir Leões
no prosseguimento do julgamento.
O filme "Bom Companheiro", da Comunicação Carioca para
a Sinaf, mostra um grupo de pessoas jogando um sujeito para o alto enquanto
cantam que ele é um bom companheiro. Só no final do filme se vê
que ele está morto e deixou um bom seguro para a família. O trabalho
chegou a ser indicado como um dos possíveis Ouros do festival pelo crítico
do Advertising Age, Bob Garfield.
Estes foram os finalistas brasileiros, por ordem de agência:
- "Zoom", da Age (SP) para Sony.
- "Bom Companheiro", da Comunicação Carioca (Rio) para
Sinaf.
- "Goleiro", da DM9DDB (SP) para Superbonder.
- "Super Cola", da F/Nazca (SP) para Arno.
- "Tempestade", da F/Nazca (SP) para Arno.
- "Pássaros Dormindo", da Fallon/PMA (SP) para United Airlines.
- "Pássaros Comendo", da Fallon/PMA (SP) para United Airlines.
- "Adolescente", da Giovanni, FCB (Rio) para Sociedade Síndrome
de Down.
- "Círculos", da Giovanni,FCB (SP) para BMW Motos.
- "Sapos", da J.Walter Thompson (SP) para Fundação SOS
Mata Atlântica.
- "Chave", da Master (Paraná) para Concessionária Ciavema
Import.
- "Porco", da Neogama (SP) para GE/Dako.
- "Paz", da W/Brasil (SP) para TV Globo. (Marcio
Ehrlich)
SEXTA-FEIRA, 20 DE JUNHO DE 2003
GP COM CHANCES DE IR PARA A INGLATERRA
Se serve de termômetro, o filme para Honda, em que uma engrenagem desencadeia
uma série de ações com partes de um carro, foi um dos que
mais agradou o publico. Informações nos bastidores também
revelaram a predileção por este filme da Wieden Kennedy UK
Uma campanha americana da Fox Sports para a transmissão de jogos de hóquei
também vem sendo comentada.
A França tem dois filmes que apareceram bem para o público. Um
para uma marca de camisinhas em que um pai vê seu filho fazer um escândalo
no supermercado por causa de uns chocolates e o de um falso comercial de um
homem para sua ex-mulher que o traiu com o melhor amigo. O homem diz que não
esta triste porque ficou milionário. (Fábio
Seidl)
PRIMOS TAMBÉM ENTRE FILMES FINALISTAS
As idéias dos filmes Porta Giratória, da Giovanni Rio para Fazendola,
finalista em 2000 e o Radar da Leo Burnett para Fiat, Leão no ano passado,
reapareceram em Cannes este ano. Agências de outros países que
participam do Festival, mas não parecem não o acompanhar, usaram
as mesmas idéias dos brasileiros para outros clientes.
E nenhum era pra campanha de reciclagem. (Fábio
Seidl)
CANNES 50 ANOS : MICOS E LEÕES
A cerimônia que lembrou os 50 anos de GPs em filmes foi tida como
uma das melhores que Cannes já produziu. Filmes antigos, talentos revelados
aqui sendo homenageados.
Pena que ontem Roger Hatchuel, o Eurico Miranda do Festival, exagerou. Na cerimônia
dos 50 anos de festival, o presidente do comitê organizador começou
dizendo que o mestre de cerimonias estava lá porque foi um dos primeiros
e únicos jornalistas a falar bem dele.
Depois deixou na fila de apresentação, esperando com a mão
pronta para ser apertada, ninguém menos que Keith Reinhard, presidente
do Júri por duas vezes e CEO da DDB, agência que mais ganhou GPs
aqui.
Esqueceu o nome dos convidados. Fez até piada - boa - depois de um estabaco
sensacional do presidente da Procter and Gamble que quebrou o seu Leão
comemorativo. Hatchuel deu outro troféu dizendo: essa é uma oferta
como a da P&G : compra um, leva outro. Como assim, o cara comprou o Leão
?
Hatchuel aprontou outra : como o homenageado Frank Lowe não deu as caras,
ele chamou ao palco Jacques Seguela, um dos mais famosos publicitários
franceses pro lugar dele. Segundo Hatchuel, Seguela só não foi
presidente em Cannes porque não quis melhorar o inglês. Beleza
de anglofobia. Hatchuel também lembrou na frente de alguns homenageados,
quem tomou vaia no palco. Mas no fim a festa se sobressaiu. (Fábio
Seidl)
BALANÇO FINAL: Correspondente se despede de Cannes
A gente viaja um tempão, gasta um monte de dinheiro pra descobrir que
no final, os prêmios no mundo todo são muito parecidos. Cannes
é um Colunistas milionário. Cobra caro, todo mundo reclama do
resultado e do presidente do festival. E claro, tal como o Colunistas, todo
mundo reclama também das festas. Principalmente quem não tinha
convite.
Mas falando sério, foi um festival menos vistoso, não na criação,
mas na presença do público e das peças. Tá tudo
caro e o povo sem grana. Quer dizer, os japoneses tem e inscreveram mais. Ai,
que medo.
Chegamos ao fim com uma impressão boa do Brasil. Dentro deste contexto,
o pais não deixou a peteca cair, isso que importa.
Me despeço agradecendo a paciência de vocês, desejando uma
boa sorte para todos no ano que vem. Não no festival só, como
no mercado de uma maneira geral . E que tenhamos mais grana não só
para vir, inscrever, ver e ganhar mais coisas. Mas também para produzir
e veicular o dia-a-dia. Um abração. E desculpem qualquer coisa.
(Fábio Seidl, redator da Script)
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