Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 13/MAR/1998 - CRio
CCRJ - Clube de Criação do Rio de Janeiro

 
CRio

Cadê meu nome?

Marcos Silveira (1998)
Marcos Silveira
Pode apostar. Nove entre dez criadores já disseram essa frase ao abrir um anuário ou ao ler os resultados de uma premiação.
Tem até quem acha que perder um emprego não dói tanto na alma quanto descobrir que seu nome desapareceu de uma ficha técnica. Principalmente daquele anúncio que jamais teria ficado tão bom se não tivesse havido a sua participação.
Nome na ficha técnica sempre foi questão de honra. Mas agora é ainda mais. É também a possibilidade de dividir a grana do Prêmio Abril, de receber as passagens do Prêmio O Globo, ou de subir no palco na frente dos 800 publicitários mais importantes do Rio para receber o Prêmio Rogerio Steinberg da festa do Colunistas-Rio.
José Guilherme Vereza, redator da Propeg e ex-diretor de criação da V&S, se considera um sujeito de sorte. Ele garante nunca ter tido o sentimento de ser roubado numa ficha técnica.
Mas Zégui é exceção, Lelo Nahas, supervisor de criação da McCann, contabiliza diversos "problemas sérios" por descobrir que seu nome sumiu de fichas técnicas de certas agências justamente depois que ele deixou de trabalhar nelas.
Numa posição diametralmente oposta, Marcos Silveira, diretor de criação da Doctor, descobriu-se surpreso ao tomar conhecimento que na ficha técnica do trabalho vencedor do Grand Prix do Prêmio O Globo, alguém de sua agência Doctor havia incluído nomes que não haviam participado da criação. Ele conta que procurou imediatamente a organização do concurso e, na condição de criador e diretor da Doctor, autorizou a retirada do pessoal que estava sobrando. "Acho apropriação indébita quando o cara bota seu nome em uma ficha técnica para poder ganhar prêmio de propaganda", acusa Silveira.
José Guilherme Vereza (1998)
José Guilherme Vereza
Problemas com fichas técnicas são rotina na vida de qualquer organizador de prêmio publicitário. "Ficha técnica deveria ser o aval da agência para mostrar quem fez o quê, mas acaba que o mercado é mais verdadeiro que as fichas técnicas", diz LeIo, que prefere acreditar no criador que afirma ter participado da criação de alguma peça na qual não foi citado do que acreditar na ficha técnica. "É muito fácil a ficha técnica ser burlada na ausência de um profissional", ele lamenta.
Marcos Silveira conta que várias vezes já sofreu o desprazer de se descobrir ausente de fichas técnicas, tanto quando era apenas redator quanto depois de virar diretor de criação. No primeiro caso, ele lembra se chateava por que seu diretor de criação não tinha percebido a importância da ideia que ele tinha dado e tinha sido aproveitada. Depois, como diretor de criação, por ver que indicou os caminhos do trabalho e a dupla, na hora de preencher a ficha técnica, só colocou seus próprios nomes.
O assunto é delicado, mesmo. Como definir quem deve ou não entrar numa ficha técnica é um conceito um tanto nebuloso. Em momento inspirado, José Guilherme Vereza diz que esta é uma questão tão abstrata quanto é a vida da gente.
E como estamos falando de gente, claro que fica difícil não mobilizar emoções profundas.
"Isso acontece porque as pessoas colocam a vaidade acima da justiça", explica Vereza, considerando-se totalmente isento de problemas que envolvam as indigitadas fichas técnicas. "Se alguém que trabalhou comigo um dia reivindicar seu nome numa ficha que preenchi, vou ficar profundamente surpreso", garante o redator.
Para evitar problemas, ele evita ser o "responsável escondido" por escrever qualquer ficha. Vereza prefere convocar sua equipe e pedir que os próprios criadores, em conjunto, assumam a responsabilidade.
Já Lelo Nahas adota dois critérios mínimos para definir quem pode ou não entrar em uma ficha técnica. Primeiro, diz, "ter participado do conceito da campanha". Segundo, "ter trabalhado braçalmente no seu desenvolvimento". Se algum criador deu sugestões para o trabalho, mas não alterou substancialmente o seu conceito, Lelo acha que não precisa fazer o crédito. "Se não, eu teria que colocar na ficha técnica o nome do servente que visse um trabalho ser criado e sugerisse uma cor vermelha no lugar da azul que o diretor de arte estava testando", ele comenta.
Marcos Silveira considera mais difícil definir critérios porque assegura que isso depende do astral da agência. "Se houver um bom clima entre as duplas, o critério fica mais adocicado. Se não, a disputa sobre quem fez e quem não fez se torna ferrenha", esclarece o diretor da Doctor.
Em geral, Silveira considera apta a participar da ficha qualquer pessoa cuja opinião tenha mudado ou melhorado o pensamento sobre um anúncio. "Não precisa ter feito título ou layout para se considerar parte da criação", pondera. Até aí tudo bem. Mas como fica o diretor de criação nessa história. O diretor de criação cria? Marcos responde que vai depender do estilo do diretor de criação: se ele é do tipo que apenas diz sim ou não e "volta lá e faz outro", ou se é do tipo que dá caminhos, que cria junto ou mesmo senta na frente do micro e trabalha como qualquer outro criador. Estes dois últimos, segundo o diretor da Doctor, teriam todo o direito de se assinar como criadores na ficha.
Aliás, a publicidade está se encaminhando para reduzir os limites das funções tradicionalmente definidas nas fichas técnicas. Tanto que José Guilherme Vereza propõe que os campos para redator e diretor de arte sejam fundidos em um único campo de "criação". Ele apenas deixaria de fora a citação do "diretor de criação", já que este merece o crédito por ter sido o técnico e escalador do time, além do estimulador das ideias.
De qualquer forma, dura mesmo é a vida do criador que trabalha numa agência que não permite colocar nomes nas fichas técnicas dos trabalhos, preenchendo os campos com "Equipe". "Isso é sacanagem", vocifera Lelo Nahas. Criou, tem que aparecer.

Editorial
A Palavra do Presidente

CCRJ. CADA VEZ TEM MAIS GENTE TORCENDO.

Futebol é mesmo uma caixinha de surpresas. Quem diria que o CCRJ conseguiria reunir mais de 100 pessoas nas manhãs de sábado, sol a pino, pra torcer, jogar, trocar, bater bola não só no campo, mas depois dos jogos no Porcão da Barra, até o meio da tarde? O 1º Torneio CCRJ de Futebol tá sendo um sucesso. E a gente não vai parar por aí não. Já estamos organizando o 1º Torneio de Gamão CCRJ. Vai ser no People, toda terça à noite. Começa na próxima, dia 10. Pra se inscrever é só ligar pra Bruna, lá na Thompson, ou para o Romeu, na Doctor. Tem mais. Estamos organizando também o 1º Campeonato de Kart. Inscrições também com a Bruna. A ideia é realizá-lo na segunda, dia 16, à noite, no Action Point, na Barra. Tem mais. É o 1º Torneio de Quadras de Voley Mistas CCRJ. Cada Time com a obrigação de ter no mínimo duas mulheres. Podem ter até quatro. Inscrições também com a Bruna. Finalmente, pra espanto geral, o 1º Torneio de Paint Ball CCRJ. Cada agência pode inscrever 1 equipe. Ufa. A ideia é mexer mesmo. Não só com o corpo, mas com o mercado. Fazer a galera se encontrar mais e, pasmem, sem ser pra falar só de propaganda. Aposto que muita gente vai descobrir que muita gente não era tão má quanto se pensava. Pode ser romantismo da minha parte, mas acho que isso une mais o mercado, e um mercado mais unido é um mercado mais forte.

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Mas como só fazer não enche a barriga de ninguém, vem aí mais uma edição do Clube do Futuro. Mais substanciada que as anteriores. Este ano, o Clube do Futuro acontecerá em duas etapas. Primeiro um Workshop no Auditório do Globo em que passaremos para os estudantes inscritos o briefing do trabalho que eles irão desenvolver. Serão 2 dias. No primeiro dia uma palestra do cliente. Como o tema é o "Rio", alguém ligado ao Governo do Estado, ou à Prefeitura, ou à Riotur detalhando ao máximo todas as informações necessárias pra se vender a imagem do Rio. E, logo após, uma palestra de profissionais de atendimento e planejamento ensinando como se organiza, a partir das informações do cliente, um bom briefing. No segundo dia, uma palestra de um diretor d criação mostrando o que ele espera receber da sua criação. Como ele analisa, criva, aprova, dá caminhos. E uma palestra com duplas de criação que vão mostrar como elas criam, analisam o briefing, correm atrás da melhor ideia. E pronto. A partir daí, os estudantes têm 15 dias pra criar e entregar os seus trabalhos. Já conseguimos estágio em 30 agências. Os três melhores trabalhos têm o direito a escolher a agência preferida. Os demais 27 sortearão suas vagas. O resultado e o sorteio acontecerão numa grande festa. Assim como a Exposição dos 30 melhores trabalhos. Pra garantir o sucesso do evento, resolvi terceirizar toda a sua organização. Contratei a Dinâmica. E já está tudo encaminhado para o processo ser disparado logo após a Semana de Criação, que vai acontecer agora em abril. Muito importante para o sucesso também está sendo o apoio do Globo. Não só na cessão do Audit´rio e infra-estrutura para realização do Workshop, como na ajuda substancial para realização da festa.
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Pra finalizar, quero reforçar o pedido de apoio das Agências às seleções dos trabalhos mensais para o jornal CRio. Principalmente aquelas agências que têm a maior força de produção mensal. E que, infelizmente, não estão todas mandando. E de fundamental importância que elas prestigiem e mandem suas peças. Sem elas, é lógico que a seleção perde representatividade. E não é isso que a gente quer, caramba, que cada vez o nosso mercado tenha mais representatividade?
E vamos que vamos.

Sérgio de Paula
Presidente do Clube de Criação do Rio de Janeiro

Portfólio Crio

A quarta seleção do Portfólio CRio surpreendeu o CCRJ, pelo grande número de inscrições. Foram quase 200 peças de 15 agências, mostrando que mesmo o período de Carnaval não diminuiu a produção da publicidade carioca.
O júri desta seleção foi formado por Fernand Hurel (Década), Fernando Rocha (Staff), Flávio Guerreiro (V&S), Fred Moreira (Doctor), Hamdan (Fotógrafo), Jair de Souza e Marcos Hosken (DPZ).
Dez trabalhos foram selecionados e a Doctor mais uma vez teve a maioria das peças, com seis trabalhos. Também emplacaram seus materiais as agências Salles, DPZ e Staff/CP&F.

Peça do mês

Título: "Sugestão para aqueles anunciantes do Rio de Janeiro que vêm sendo atendidos pela Ponte Aérea."
Agência: Doctor
Cliente: Doctor.
Direção de Criação: Marcos Silveira e Sérgio de Paula
Criação: Sérgio de Paula, Marcos Silveira e Humberto Fernandez
Foto: Agência JB
Atendimento: Anthony Talbot
Obs.: O anúncio foi publicado em 14/02/1998, no dia seguinte a um incêndio que atingiu e fechou o Aeroporto Santos Dumont.
Doctor - Sugestão para aqueles anunciantes...

Filmes

Título: "Chuva"
Agência: DPZ
Cliente: Rádio CBN
Direção de Criação: Bobo Gueiros
Criação: Eliana Sá e Marcos Hosken
RTVC: Vera Oliveira e Washington Luís
Atendimento: Christiane Dumond e Andréia Lopes
Aprovação: Paulo Novis e Albert Alcouloumbre
Produtora: Tec Cine
Direção: Mario Marcio Bandarra
Direção de Fotografia: Afonso Beato
Produção Executiva: Mario Nakamura
Coordenação de Produção: Cristina Simões
Figurino: Marcio Maia
Produção DE Elenco: Rosa Fernandes
Edição: Gustavo Moraes
Montagem: Paola Pol Balloussier e Mario Marcio Bandarra
Pós-Produção: Veruska Bauerle e Adriana Leão
Finalização: Estúdio Mega
Produtora de Som: PNP
Produção: Phillipe Neiva e Lulu
DPZ CBN Chuva

Mídia Impressa

Título: "Você violou o novo código de trânsito".
Agência: Doctor
Cliente: Duloren
Direção de Criação: Marcos Silveira e Sérgio de Paula.
Criação: Sérgio de Paula, Marcos Silveira, Romeu Loures e Fábio Augusto.
Fotógrafo: Klaus Mitteldorf
Atendimento: Julianna Guimarães
Aprovação: Armando Madeira.
Doctor DuLoren

Doctor Jornal do Brasil Título: "Caderno vida. O único com as vitaminas J e B".
Agência: Doctor.
Cliente: Jornal do Brasil
Direção de Criação: Sérgio de Paula e Marcos Silveira
Criação: Marcos Silveira e Sérgio de Paula
Atendimento: Anita Linetzky

Título: "Atrase seu relógio em 1 hora..."
Agência: Doctor
Cliente: Technos
Direção de criação: Sergio de Paula e Marcos Silveira
Criação: Marcos Silveira e Sérgio de Paula
Atendimento: Anthony Talbot
Doctor Technos

Salles Embratel Título: "Pior que um telefone que chama, chama..."
Agência: Salles DMB&B
Cliente: Embratel
Direção de criação: Marcelo Giannini
Criação: Rodrigo Mendonça e Guilherme Jahara
Atendimento: Edgard Figueira
Aprovação: Fátima Bellinghini

Título: "Pode faltar luz à vontade..."
Agência: Doctor
Cliente: Daiissen / Yen
Direção de Criação: Marcos Silveira e Sérgio de Paula
Criação: Sérgio de Paula e Marcos Silveira
Atendimento: Julianna Guimarães
Aprovação: José Ronaldo Pinto de Mello
Doctor Daiissen Yen

Doctor Technos Título: "Neste carnaval eu quero é tic-tic-tic-tac."
Agência: Doctor
Cliente: Technos
Direção de Criação: Marcos Silveira e Sérgio de Paula
Atendimento: Anthony Talbot

Título: "Como manter a potência"
Agência: Salles DMB&B
Cliente: Editora Objetiva
Direção de Criação: Marcelo Giannini
Criação: Vitor Patalano e Roberto Torterolli
Foto: Arte e Luz Studio.
Produção Gráfica: Max e W. R. Granja
Atendimento: Edgard Figueira
Aprovação

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Título: "Uma comédia simplesmente esporrante"
Agência: Staff/CP&F
Direção de Criação: Sílvio Lachtermacher e Fernando Rocha
Criação: Sílvio Lachtermacher, Fernando Rocha, Marcelo Coli, Maurício de Oliveira e Nathalie Cazes.
Ilustração: Rodrigo Accioly
Atendimento: Marcelo Pradal
Cliente: Rio Filme
Staff O Dia

Mr.Vox: A gente também faz fado Mr.Vox: A gente também faz rock
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CRio
Jornal do Clube de Criação do Rio de Janeiro


Rio de Janeiro, 13 de Março de 1998
Presidente: Sergio de Paula
Editor: Marcio Ehrlich
Correspondências: Praia de Botafogo, 300/5 andar - Cep 22450-040, Rio - RJ

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