Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 06/FEV/1998 - CRio
CCRJ - Clube de Criação do Rio de Janeiro

 

CRio

Você já foi chupado?

Fernando Campos Adilson Xavier Delano D'Avila
Fernando Campos Adilson Xavier Delano D'Avila

Se Clinton fosse publicitário, não teria como escapar.
Não há criador de publicidade que nunca tenha levado o susto de ver publicado um trabalho parecido com outro que ele já fez antes.
A primeira reação, quase sempre, é de indignação. A segunda é a fortíssima tentação de mandar cópias dos dois anúncios para a imprensa. Que, não há como negar, não perde tempo pra criar polêmica e publica a "denúncia" da chupada.
A outra face da moeda já não brilha tanto. Admitir que possa ter chupado a ideia de outro é uma violência a que pouca gente se submete.
Não é por acaso. Poucas vergonhas são maiores na publicidade do que alguém levar a pecha de chupador. Pensando bem, não é muito diferente fora da publicidade.
A acusação é tão grave, que todo criador experiente sabe que não existe arma melhor para se derrubar um trabalho num júri de propaganda do que colocá-lo sob suspeita. É só dizer "Isso aí me lembra um anúncio que eu vi no D&AD de 1976". Quem vai rebater que não era igual?
O diretor de arte Delano D'Ávila, hoje diretor de criação da JVA, se viu numa situação semelhante quando aquela sua clássica e super-premiada campanha de Natal da Mesbla (na qual brasileiros diversos davam seus depoimentos num estúdio montado dentro de um caminhão) estava disputando o Prêmio Profissionais do Ano, com ele próprio no júri. Sem saber que o trabalho era de Delano, outro jurado, Agnelo Pacheco, levantou que já tinha feito um filme igual. Claro que deu discussão. Delano conta que não deixou a crítica passar. Mas também não levou o prêmio...
Há quem não acredite nem em bruxas nem em chupadas, mas que las hay, las hay.
Adilson Xavier, vice-presidente de criação da Giovanni, diz que tem que haver a princípio presunção de boa-fé. "Coincidências são fáceis de acontecer, já que todos nós bebemos na mesma fonte", ele destaca, contando que certa vez aconteceu de se sentir chupado e não gostar. Adilson ligou para a agência e apontou a coincidência. A campanha acabou sendo mudada.
Mesmo assim, Adilson admite que há casos de má-fé. Ele lembra que quando estava começando em propaganda, chegou a ver até anuários internacionais de propaganda terem páginas arrancadas por criadores que não queriam ter seus segredos descobertos pelos colegas. Mas essas eram histórias do tempo em que nem todo mundo tinha acesso aos bons anuários. Hoje a coisa está mais difícil porque ninguém quer se arriscar com tanta gente tendo acesso às mesmas fontes.
Aliás, consultar anuário é praxe até recomendada pelos melhores criadores. Delano relembra que achava uma bobagem um de seus primeiros diretores de criação, Ivo Mensch, se vangloriar que jamais lia um anuário de propaganda para não correr risco de não ser original. "Anuário é informação", defende o diretor da JVA. Fernando Campos, redator e diretor de criação da Fischer, Justus-Rio vai ainda mais longe, considerando os anuários a quase uma droga que liberta o criador do medo e lhe dá vontade de ousar como nos trabalhos que lá estão.
Fernando também critica a paranoia da chupada e dá a sua receita para não acontecer de ser pego: "é só criar muitas opções para o seu trabalho". Diz o redator que as coincidências acontecem porque 90% dos trabalhos que se veem são de ideias fáceis. "Até a 3ª ou 4ª ideia pode ter certeza que você vai pensar nas mesmas coisas que todo mundo. Só lá pra 15ª mesmo é que você começa a ser original", ele teoriza.
Xavier também tem a sua recomendação para não ser flagrado numa chupada: sair consultando os colegas da agência. Ele garante que quando cria um bom título pergunta pra todo mundo da sua equipe se já viu alguma coisa igual.

Homenagem

O assunto "chupada" é tão polêmico que nem mesmo os seus limites são precisos. Quando acaba a chupada e começa a referência explícita?
"Referência não é chupada", alerta Fernando Campos, citando como exemplo o "Porque somos carnívoros", da GR-3 para a Churrascaria Marius, veiculada logo que começou o sucesso da campanha dos mamíferos da Parmalat. "É uma coisa brilhante, uma ironia entre nós mesmos que o leitor percebe e gosta", se exalta o criador.
Sem dúvida a criação publicitária costuma se alimentar de si mesma. O que nem sempre gera as melhores soluções. Delano, por exemplo, critica vivamente os modismos que acontecem em direção de arte, como até recentemente aconteceu de se usar tipos de tamanhos variados em centenas de campanhas produzidas em todo o mundo. "O primeiro que copiou essa ideia com certeza foi um chupador, mas os outros aproveitaram o embalo e transformaram esse estilo modernoso em uma moda insuportável", ele protesta. Como diretor de arte, Delano confessa saber que sua área é mais sujeita a chupadas que as demais. "É fácil copiar um layout, enquanto compromete muito mais repetir ideias e conceitos apresentados no texto de um anúncio", ele explica.
Mas Delano ressalva que nem toda cópia é chupada. Quando passou pela Salles, na campanha "How to be a carioca" ele usou a imagem do logo do Rio Sul em areia e hoje o shopping está utilizando o mesmo visual na campanha de seu cartão. "O conceito passou a pertencer ao cliente, que tem todo o direito de utilizá-lo em outras peças", admite Delano, não sem questionar como ficará a ficha técnica do trabalho atual que se baseou no dele.
Tudo bem que o anunciante tenha o direito sobre os trabalhos de sua agência. Mas sobre os das outras que ele recebe em concorrências?
Isso é o que Adilson diz que mais o deixa irritado: descobrir os trabalhos que ele criou em campanhas de anunciantes cuja concorrência ele perdeu. "Considero banditismo desses clientes", acusa o vice­presidente da Giovanni, que deixa para a agência o benefício da dúvida. "Sei que ela só pode ter tomado conhecimento das peças porque o cliente passou. Mas o que é pior é que ele pode até ter dito que a ideia era dele".

EDITORIAL

Só pra lembrar que clube é uma reunião de pessoas
Lembra quando o CCRJ não era um saco e não ligava para a sua agência uma vez por mês pra ter a audácia de pedir que você enviasse seus melhores trabalhos para que o mercado do Rio tivesse a chance de todo mês ver os melhores trabalhos do Rio e assim aparecessem novos profissionais se reafirmassem talentos se elogiassem trabalhos?
Lembra quando o CCRJ não reunia 7 profissionais por mês 84 por ano para terem a chance de julgar ver discutir avaliar rir chorar melhorar o mercado porque um mercado melhor se faz com trocas?
Lembra quando a sua agência ainda não era essa agência todo o seu trabalho ainda não era esse trabalho todo o seu ego ainda não era esse ego todo e você ficava louco pra ouvir uma opinião?
Lembra quando você nem estagiário nem redator nem supervisor ainda era e não tinha a menor moral pra encher o saco do seu ilustríssimo diretor de criação pra que ele inscrevesse o trabalho num prêmio que todo mês mostra pro mercado inteiro quem é estagiário bom redator bom supervisor bom e pasmem diretor de criação bom?
Lembra quando nem isso você tava lendo porque não tinha editorial porque não tinha jornal porque não tinha prêmio mensal?
Pois é. Não faz muito tempo.
Por favor, mande seus melhores anúncios todo mês aqui pro CCRJ.

Sérgio de Paula
Presidente do Clube de Criação

Lance livre

O CRio continua com sua seção relacionando os profissionais do mercado que estão atuando com free­lances.
Quem quiser ter seu nome gratuitamente publicado aqui, basta entrar em contato com o Clube, pelo telefone 529-5566, com Viviane ou Bruna.
A gente até gostaria de ouvir a opinião de vocês se vale a pena continuar com este espaço ou não, já que tão pouca gente tem mandado informações.
* Antônio Mario, redator. Ex-Caio, Giovanni, JWT, McCann, Provarejo
Prêmios: Colunistas, Clio, Fiap
(021) 542-0082 r.2905 e 711-9733
* Rogério Cavalcanti, artista gráfico, designer e diretor de arte. Ex-DPZ, Giovanni e V&S.
Prêmios: Colunistas
(021) 287-5379
* Valdecir Barbosa Lima, diretor de arte e produtor gráfico. Ex-Genesis, Speroni, Conceitual, TV Rio.
Prêmios: Programa Brasileiro do Design (logomarca) (021) 507-9472

Portfolio CRio

Chegamos ao terceiro mês da avaliação mensal do Portfólio CRio, que desta vez aconteceu na sala de reuniões da Doctor. Muitas agências enviaram trabalhos, que foram analisados por um júri formado por Guilherme Jabara (Salles), Sérgio Cardoso (Mr. Magoo), Edison Campos (Chorus), Mauro Richer (fotógrafo), Fernando Campos (Fischer, Justos) e Álvaro Rodrigues (Giovanni).
Nesta terceira avaliação, 7 agências foram destacadas: Casa da Criação (2 trabalhos), D+, Denison Rio, Doctor (3 trabalhos), DPZ, Fischer, Justus Rio (2 trabalhos) e McCann Erickson.
A mídia ''Outdoor'' continua ausente do prêmio. Mas o áudio foi destacado numa menção especial de produção para uma série de peças da Magic Music para a campanha de Coca-Cola da McCann.
O prazo de inscrições de trabalhos para a próxima avaliação do Portfólio CRio será dia 2 de março, valendo as peças criadas pelas agências cariocas e veiculadas em fevereiro de 1998. Quem quiser informações pode conseguir com Vivianne ou Bruna, no CCRJ, pelo telefone 529-5566.

Peça do Mês

Título: "Vai dizer que você ficou preso no trabalho por causa daquela chuvinha à toa?"
Agência: Doctor
Cliente: Daiissen/Yen
Direção de Criação: Marcos Silveira e Sérgio de Paula
Criação: Antônio Nogueira e Fernando Freitas
Foto: Arquivo do cliente
Atendimento: Julianna Guimarães
Aprovação: José Ronaldo Pinto de Mello

Obs.: Anúncio veiculado um dia após a forte chuva de seis horas e meia que parou a cidade.

Filmes

Título: Chato
Agência: Fischer, Justus Rio
Cliente: Insetisan
Direção de Criação: Fernando Campos
Criação: Fernando Campos e Carlos André Eyer
Atendimento: Bárbara Ferreira
Título: "Bichos"
Agência: Denison Rio
Cliente: Banco Central do Brasil/Conservação da moeda
Direção de Criação: Fernando Barcellos e Sérgio Maldonado
Diretor De Arte: Márcia Mendes
Redator: Ana Guedes
Atendimento: Ubirajara Monteiro, Bete Rosa e Eliane Ornellas
Aprovação: Carlos Eduardo T. Andrade
Produção Pela Agência: Mônica Siqueira
Produtora: Intervalo e Adrenalina
Diretor: Carlos Mendes
Dir. Efeitos especiais: Líbero Saporetti
Diretor De Produção: Mário Nakamura
Edição: Libero Saporetti
Finalização: Intervalo
Locutor: Wanderley Gonçalves
Trilha: Souto Produções
Composição: Eduardo Souto Neto e Leoni
Estúdio: Gorila Mix

 

Mídia Impressa

Título: "Hay que endurecer"
Agência: Doctor
Cliente: DuLoren
Direção de Criação: Marcos Silveira e Sérgio de Paula
Criação: Marcos Silveira, Sérgio de Paula e Garrido
Foto: Klaus Mitteldorf
Fotolito: Imagecolor
Atendimento: Julianna Guimarães
Aprovação: Armando Madeira

Título: "Peça para ele te ajudar no Imposto de Renda"
Agência: DPZ
Cliente: Fundo Municipal de Desenvolvimento Social
Criação: Rodrigo de Lamare e Fred Coutinho
Atendimento: Leonardo Laginestra e Danielle Portella
Aprovação: Amarildo Baltazar e Nívea Chagas

Título: "Pajero. Primeiro, segundo e terceiro lugares no Paris-Dakar 98”.
Agência: Doctor
Cliente: Daiissen/Yen
Direção de Criação: Marcos Silveira e Sérgio de Paula
Criação: Antônio Nogueira, Humberto Fernandez e Sérgio de Paula
Foto: Photônica e Arquivo Cliente
Atendimento: Julianna Guimarães
Aprovação: José Ronaldo Pinto de Mello

Título: "Prepare-se para o Monte Macaya"
Agência: Casa da Criação
Cliente: Terra Encantada
Direção de Criação: Marcos Calvi
Criação: Carlos Eduardo Lopes e Ricardo Jones
Foto: Alexandre Salgado e Marcos César
Atendimento: Cristina Vianna
Aprovação: Ivone Malta

Título: "Planet Hollywood"
Agência: Casa da Criação
Cliente: Parques Temáticos/Terra Encantada
Direção de Criação: Marcos Calvi
Criação: Carlos Eduardo Lopes e Ricardo Jones
Foto: Muti
Atendimento: Cristina Vianna
Aprovação: Ivone Malta
Título: "1920 - Faltavam 75 anos para a revista Cabelos & Cia."
Agência: Fischer, Justus Rio
Cliente: Ediouro
Direção de Criação: Fernando Campos
Criação: Fernando Campos, Alexandre Motta e Rosana Braen
Produtor Gráfico: Santa Fé
Atendimento: Carlão
Aprovação: Ricardo Canela

Título: "Cogumelo"
Agência: D+
Cliente: Intervalo Produções
Direção de Criação: Fernando Campos
Criação: Fernando Campos, Alexandre Motta e Carlos André Eyer
Foto: Fernando Maia
Produtor Gráfico: Santa Fé
Atendimento: Bárbara Ferreira
Aprovação: Mário Barreto

Produção

"A gente faz som", da Zapt para Magic Music
Anúncio veiculado pela Magic Music na versão impressa da Janela

Produtora: Magic Music
Agência: McCann Erickson
Cliente: Coca-Cola
Produto: Campanha Copa 98 - Rádio
Jingle: Sede de 5 - 60"
1 - Mangue Beat
Criação e Arranjo: Nico Resende
Voz Solo: Eduardo Costa e Jackie Castorino
Naipe Sax: Léo Gandelman
Gravação e Mixagem: Bernardo Muricy
2 - Bossa Nova
Criação, Arranjo e Voz Solo: Nico Resende
Gravação e Mixagem: Bernardo Muricy
3 - Funk
Criação e Arranjo: Nico Resende
Voz Solo: Marvio Fernandes
Naipe Sax: Léo Gandelman
Gravação e Mixagem: Bernardo Muricy

CRio
Jornal do Clube de Criação do Rio de Janeiro


Rio de Janeiro, 06 de Fevereiro de 1998
Presidente: Sergio de Paula
Editor: Marcio Ehrlich
Correspondências: Praia de Botafogo, 300/5 andar - Cep 22450-040, Rio - RJ

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