Esta coluna era integrante da Edição Mensal Especial da Janela Publicitária, publicada no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
Golpe Baixo
Maria Helena Araujo
Nos dois últimos artigos neste "Espaço da Promoção" tratei do nefasto job especulativo que tantos danos morais e financeiros têm provocado em agências de nosso segmento e, hoje, vou me ocupar de outro tema, igualmente revoltante: a apropriação indébita da paternidade de um evento.
A história é recente e tem como cenário o Rio de Janeiro.
Há nove anos uma agência, com 20 anos de atuação no mercado, produz um evento esportivo de repercussão internacional, sempre com muito sucesso. Nos primeiros sete anos, o evento foi bancado por uma empresa, mas dificuldades financeiras fizeram com que este patrocinador desistisse.
Quando o fato veio a público, através da imprensa, a Prefeitura entrou no circuito, convencida de que uma competição daquela envergadura não poderia deixar de fazer parte do cronograma de eventos da cidade do Rio de Janeiro.
A Prefeitura bancou sozinha a oitava competição e, no ano seguinte, conseguiu a adesão de dois patrocinadores de peso.
A agência que produziu as noves versões do evento era, obviamente, detentora dos direitos de realização de uma das etapas da competição, aqui no Rio de Janeiro. E, como tal, em outubro de 96, pagou o sanction fee para promover a competição, em 97. Foram pagos US$ 10 mil dos US$ 25 mil, e a integralização da cota poderia acontecer a qualquer momento, como já ocorrera em outras oportunidades.
Acontece que houve eleições, mudou o Prefeito. A agência enviou três correspondências à Prefeitura, para tratar do assunto, mas não obteve nenhuma resposta. Silêncio absoluto.
Em maio último, a Prefeitura finalmente deu o ar de sua graça: mandou uma carta para a agência dizendo que, como ela não havia feito nenhum pagamento aos organizadores do evento, nos Estados Unidos, ia procurar outra empresa do setor para realizar a competição.
E assim fez.
A história é esta. A agência passada para trás tem toda a documentação, poderia reclamar seus direitos na Justiça, mas preferiu não mover nenhuma ação, "por acreditar firmemente que um evento não deve ser notícia nas páginas policiais".
Tudo isso é condenável, mas o mais triste é que todos os envolvidos no processo conhecem de sobra a agência que produz este evento. A agência escolhida pela Prefeitura tinha obrigação ética de procurar a concorrente para saber as razões pelas quais tinha sido preterida. Se assim fizesse, teria as informações necessárias para não compactuar com o que poderíamos chamar de um "golpe baixo".
• Presidente da Ampro/Rio
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