Esta coluna era integrante da Edição Mensal Especial da Janela Publicitária, publicada no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
Previsões
• Até março vão dizer que 97 promete, de março a julho vão dizer que é um ano difícil, de julho a outubro não vão dizer nada e entre novembro e dezembro vão mudar de assunto dizendo que 98 promete.
• O mercado vai discutir insistentemente a regra de remuneração das agências de propaganda. Vai discutir mesmo. Muito. Profundamente. Aí vai ter gente contra isso e a favor daquilo, discordando de fulano e concordando com sicrano. Vai chover artigo em jornal especializado, vai dar notinha em coluna social de jornal grande, vai ser o diabo.
• Vão começar as concorrências. As agências inscritas vão ser as mesmas de sempre, as habilitadas vão ser as mesmas de sempre e as vencedoras vão variar entre três ou quatro (obviamente aquelas três ou quatro que a gente já está cansado de ver ganhando concorrência). De repente tem até mais um bafafá de taxa. Quem sabe?
• Vai começar um certo rodízio nas agências. Uma porção de gente vai dizer que o mercado está aquecendo, pegando fogo, explodindo, uma-coisa-de-louco, nunca-se-viu-isso-antes, etc-e-tal. Aí vai passar o tempo, vai passar o ano, o telefone vai tocar, vamos olhar pra trás e pronto. Tá lá o mercado. No mesmíssimo lugar de sempre.
• Vai ter agência fechando.
• Vai ter produtora fechando.
• Não vai ter agência abrindo. Produtora, talvez.
• Lá vamos nós para mais aquela cacetada de premiações. Serão tantas que nem os criativos vão aguentar. Duro vai ser descobrir alguém que consiga não ser premiado.
• Vão continuar discutindo onde é que se deve almoçar nas sextas-feiras.
• A Doctor deve crescer (embora torçam contra) A GR.3 também deve crescer (embora também torçam contra).
• O Clube de Criação vai lançar o Segundo Portfólio do Rio de Janeiro com Design (genial, diga-se de passagem) assinado pelo Diretor de Arte Jair de Souza.
• As produtoras de som do Rio, que nunca foram ruins, vão melhorar ainda mais.
• Alguém, não sei quem, não me pergunte quem, dizem que o Tanko, depois dizem que não, falam do Mega, falam de outros, enfim, alguém, com certeza, terá a enorme coragem de trazer um Telecine para o Rio de Janeiro. Assim esperamos.
• A tendência deste ano serão os anúncios com títulos, deixando de lado a tendência do ano que passou de anúncios mais visuais. No ano que vem parece que a tendência vão ser os anúncios sem uma coisa nem a outra.
• A Internet vai afetar cada vez mais a publicidade. O mercado vai começar a entender melhor o funcionamento, os defeitos e as qualidades desta nova mídia (nova mídia?). Desde sua capacidade de informar e divertir o consumidor até sua indiscutível habilidade em deixá-lo acordado até 5 da manhã.
• Investir em um anúncio ruim vai continuar custando mais caro do que investir em um anúncio bom.
• Mesmo com a informatização cada vez maior das agências, um diretor de arte de talento vai continuar sendo melhor que um diretor de arte sem talento. A não ser que lancem o Art Director's 3.0 for Mac.
Todas as previsões aqui relacionadas não acontecerão exatamente como o previsto. Algumas talvez nem cheguem perto de acontecer. Não tem problema, o que importa é (não, não vou brincar com o slogan do Banco Real) que tem gente trabalhando para que isso aconteça de uma forma ou de outra. Mais cedo ou mais tarde. Assim ou diferente.
P.S.: Como essa é a primeira vez que o Clube ganha uma coluna de mão beijada, em vez daqueles longos e entediados textos que a gente escreve para jornal paulista, a nossa ideia é sempre escrever algo diferente. Algo que tenha informação, humor, talento, inteligência e, acima de tudo e todos, um jeito carioca. Começamos com essas previsões e no mês que vem teremos alguma coisa que ainda não sabemos bem o que será. A única coisa que podemos (?) garantir é que estaremos aqui.
• Silvio Matos
Diretor de Criação da Contemporânea e presidente do CCRJ.
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