Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 31/JAN/1997 - Espaço da Promoção
AMPRO-Associação de Marketing Promocional

 

Esta coluna era integrante da Edição Mensal Especial da Janela Publicitária, publicada no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

"Rio 1997 Cidade da Dignidade"

Ninguém é suficientemente louco ou capaz de contestar a grande campanha da Rio 2004 Cidade Candidata, até por que o Rio de Janeiro é naturalmente olímpico.
A campanha da sociedade civil, criada especialmente para esta candidatura, teve um começo glorioso onde várias empresas cariocas, grande parte da população, atletas e artistas estiveram envolvidos, quando de seu lançamento em janeiro de 1996, num grande evento, realizado pelas ruas da cidade, com as pessoas da cidade, que por sinal foi reconhecido pelo mercado carioca e brasileiro, premiado com medalha de ouro no 2° Prêmio Promoção Rio de Janeiro e no 15° Prêmio Promoção Brasil de 1996.
Boates finas, socialites circenses, sandálias, chinelos coloridos, marido de jogadora de basquete - empresário paulista, e porta aviões da Marinha brasileira. O que é isto?
Pelo que sabemos, não existe ainda nos Jogos Olímpicos nenhuma modalidade com uso de porta aviões ou farda de qualquer representante das forças armadas. O que isto tem a ver com a nossa comunidade? O que isto tem a ver com a Rio 2004?
Nossa posição é de indignação sim. Concordando integralmente com o que escreveu Tutty Vasques, do Jornal do Brasil, sobre a "festa" da Rio 2004 - na realidade, uma ação de RP do produto - empresa e eventos e -, que nem mesmo o Presidente da Rio 2004, Ronaldo César Coelho foi prestigiar, embora tenha declarado à imprensa no dia anterior, que com este evento o Rio de Janeiro a capacidade de organização de grandes eventos. Com uma empresa paulista, Dr. Ronaldo?
Infelizmente na coluna de Danuza Leão, do mesmo Jornal do Brasil em raro relampejo de verdade, a colunista, fã de Roberto Dinamite retratou bem o que foi esta empreitada duvidosa de 400 mil dólares ou 600 mil dólares, a bordo do inativo porta aviões Minas Gerais, que alias, leva o nome de um estado que está a 412 quilômetros da cidade candidata.
Mas isso é típico do brasileiro, do país? Aproveitar-se de uma causa ou movimento justo e verdadeiro para transformá-lo em ganha pão altamente lucrativo? Aproveitar-se, desta forma, para alavancar negócios em causa própria?
Se este evento fosse sido uma iniciativa de alguma empresa carioca ou de algum profissional do Rio de Janeiro, os bairristas jornais de São Paulo estariam metendo o pau, assim como fizeram com a charge publicada na Folha de São Paulo que tentou denegrir a imagem do Rio simbolizando as fitas da logomarca como rastros de balas traçantes. Que absurdo!
Não. Não foi uma iniciativa de profissionais cariocas, e sim do empresário de festas José Victor Oliva, que veio passar o arrastão nos mares do Rio de Janeiro, levando, no lugar dos peixes, provavelmente um lucro considerado e outras coisitas mais.
Cá pra nós. Muito antes de 2004, o Rio de Janeiro precisa recuperar sua dignidade. Dignidade, como cidade que sempre ditou as regras culturais deste país. Dignidade da cidade que sempre teve grandes profissionais da comunicação. Dignidade por ter a 5ª maior Rede de televisão do mundo. Dignidade por ter o maior réveillon, o maior carnaval que os habitantes do planeta podem assistir. Dignidade que vem perdendo, quando deixa de mostrar e evidenciar sua qualidade profissional, resultando na debandada de empresas, agências de publicidade, profissionais de comunicação e outras classes, para a financeiramente desvairada São Paulo.
Por isso, nós da New Business Marketing Promocional, empresa carioca, especializada no segmento de comunicação direcionada, tomamos a iniciativa de escrever este artigo de nossa total responsabilidade.
RIO 1997 Cidade da Dignidade é um alerta a nós mesmos profissionais do Rio de Janeiro.
De nada adiantam campanhas como Viva Rio, Reage Rio, Rio 2004 Cidade candidata, se antes, nós do Rio de Janeiro, não mostrarmos que somos dignos, e que temos de sobra a dignidade natural de uma cidade que é, sempre foi e sempre será aquela que dita as regras da qualidade, da seriedade, da criatividade, do profissionalismo, da busca incessante do sucesso, e que com certeza são confundidos e deturpados porque fomos abençoados por ter o privilégio de trabalhar nesta Cidade Maravilhosa. E na sua grande maioria, sem os recursos dos chinelos coloridos.
O Rio de Janeiro não pode e não deve se vender como fazem outras cidades, e também por isso são consideradas por uma grande maioria como maiores ou melhores. Aliás, maiores podem até ser, mas melhores...
Por isso, nós da New Business, associados à AMPRO-RJ, profissionais de Marketing Promocional, responsáveis pela operação do lançamento digno, real e verdadeiro da Rio 2004 Cidade Candidata junto com a Sportsmedia, e a batuta do renomado Leonardo Gryner, lançamos este desafio.
Desafio, que não desmerece a candidatura do Rio às Olimpíadas de 2004, não desmerece o Viva Rio, não desmerece qualquer outro movimento, que realmente compartilhe desta ideia e desta decisão.
RIO 1997 Cidade da Dignidade.
Que as agências de publicidade resgatem sua força de comunicação, mudando hábitos arcaicos e ultrapassados, como a busca de verbas tal qual fossem borboletas que voam em concorrências. Que as empresas clientes invertam o trajeto de seus bilhetes de ponte aérea para RJ-SP-RJ. Que os profissionais do Rio de Janeiro agora, já, imediatamente encarem 1997 como o ano de uma grande virada. A virada para o resgate da dignidade do mercado do Rio de Janeiro. A virada para que jornais cariocas como O Globo, mesmo pensando "a 40 Graus", temperatura que deve ter sido a responsável pelo apoio a aventuras como a do Porta Aviões Minas Gerais, aliás, sem decolagem de um só avião desde setembro de 96, e que acabou se transformando em palco, para frequentadores habituais de festinhas badaladas.
O que isto tem a ver com a comunidade?
A virada para uma campanha muito mais importante. RIO 1997 Cidade da Dignidade.
Pode parecer um movimento radical. Nada disso. Apenas um resgate de algo que sempre tivemos de sobra em relação a qualquer outra parte deste país.
Não é difícil, nem impossível, muito pelo contrário. É muito fácil resgatar a dignidade do Rio, já em 1997 ou a partir de 1997 como queiram os leitores desta coluna.
Basta querer.
Não estamos querendo dizer que temos que fechar porteiras na Dutra ou na Ponte Aérea SP-RJ. Isto seria ridículo, absurdo. E muito menos deixar de fazer grandes negócios com estados como São Paulo. Basta analisar quantos profissionais do Rio estão lá, fazendo sucesso, garantindo o sucesso da comunicação de muitas empresas.
Muita gente mudou para São Paulo, muita gente foi para Minas, muita gente foi para Nova York, para Disney, para o Nordeste, para a Austrália.
Mas muita gente também está voltando. Voltando porque o Rio tem como sua vocação natural o dom de fazer bem, falta apenas acreditar nisso e cair de cabeça na reconquista, no resgate da dignidade do Rio como capital cultural, como centro de criatividade, de profissionalismo, como cidade vencedora, muito mais que cidade candidata.
Só depende de quem está lendo esta coluna e de alguns outros que ainda só sabem olhar a quantidade de reais de forma imediata, esquecendo que dignidade, profissionalismo, um bom trabalho fundamentado e devidamente planejado, coerente em seus objetivos, estratégias e táticas, podem gerar muito mais resultados reais, para quem solicita e para quem faz.
Estamos esperando o que?
Cair do céu é que não vai.
1997. É ano ímpar do resgate da dignidade da cidade e do mercado do Rio de Janeiro, e a comunicação é a alma desta virada.

• Maria Helena Araujo
Diretora da New Business e da Ampro no Rio de Janeiro.