Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
Candidatos à Abap-Rio garantem que Rio vai recuperar grandeza
A dez dias das eleições, os dois candidatos à presidência da Abap-Rio, Jonas Suassuna, da Zapt, e Sérgio Silva, da Standard, já fecharam suas chapas e se preparam para um debate na presença de todos os associados da entidade, esta segunda-feira, no Rio Atlântica Hotel.
A chapa de Jonas ganhou nome e slogan: "Chapa Rio, em defesa do nosso negócio" e mais a presença de Mário Castelar, diretor da Norton Rio se juntando a Celso Japiassú, da Denison. No grupo de Sérgio foi confirmado como terceiro nome Cyd Alvarez, da Chris Colombo, que se soma a Mauricio Nogueira, da Giovanni.
O debate de segunda-feira promete pegar fogo, principalmente porque Jonas Suassuna confessou-se profundamente magoado com comentários que lhes chegaram aos ouvidos de que partidários da outra candidatura estariam lhe acusando de querer usar a Abap para uma futura carreira política. "Estou nesse negócio de propaganda há 10 anos com a minha empresa, tenho uma estrutura de agência que muita gente no Rio não tem e considero um desrespeito alguém me confundir com um aventureiro", ele defendeu-se, explicando ainda porque se decidiu candidatar:
"Cheguei a um ponto de maturidade profissional em que percebi que, se quero que o meu mercado melhore, tenho que participar do trabalho para isso ativamente. Essa é a minha principal diferença do Sérgio. Ele foi convidado para a Abap. Eu quero presidir a Abap e lutar pelo mercado. E esta atitude não tem nada de alpinismo."
Os planos objetivos de Jonas para a Abap, no entanto, só serão revelados para os associados da entidade na segunda-feira. Uma atitude exatamente igual à tomada por Sérgio Silva, que apenas adiantou à Janela que baseará sua ação em nada mais que 3 pontos simples, entre os quais está a valorização do associado. "Quero olhar para o associado da Abap-Rio um dia e ouvir que não sou associado por obrigação e sim porque a Abap faz alguma coisa por mim'", disse enquanto se questionava. "Por que acontece de o Rio ter pelo menos 300 agências e só 27 serem associadas à Abap?"
Mesmo sem revelar seus planos, ambos os candidatos concordaram em responder algumas questões formuladas pela Janela.
Janela - Como você está vendo o mercado carioca atualmente?
Sérgio - Esta não é a opinião do candidato e sim a do Sérgio. Tivemos um primeiro semestre bastante produtivo e no qual as agências do Rio tiveram um crescimento de 15% para cima. É o que tenho ouvido de muita gente. Para dar uma ideia, a Standard sempre representou 25-27% do faturamento nacional das Empresas Ogilvy & Mather no Brasil. Neste primeiro semestre, ficamos com 40%. Do final de junho para cá tivemos alguma desaceleração, mas que não representou um problema para o nosso negócio. Dentro do panorama político-econômico, com Marcelo Allencar e Fernando Henrique Cardoso, o mercado do Rio está recebendo uma atenção maior do que nos outros anos.
Jonas - O Rio de Janeiro hoje recuperou a sua auto-estima. A própria eleição da Abap, com duas chapas, é reflexo disso. Finalmente não estamos mais vivendo um momento de auto piedade e sim de euforia. O presidente Fernando Henrique está declarando que vai privilegiar o Rio de Janeiro porque ele sabe que assim vai privilegiar o Brasil.
Janela - Que problemas você vê entre os principais do mercado?
Jonas - Um problema do mercado é que a gente ainda não viu na união a saída para os nossos problemas. A Abap não pode ficar em um discurso e a ABP em outro. Cada vez que um cliente vai embora, são empregos que se perdem. Claro que a Abap sozinha não vai conseguir mudar isso. Terá que ser um trabalho nosso com o Clube de Criação, com o Grupo de Mídia, com a Associação de Produtoras. Se a coisa fica ruim para um, fica para todos. O próprio Sindicato de Publicitários também deveria estar atento e participando desta briga para reerguer o mercado carioca.
Sérgio - Está faltando maior espaço para a propaganda carioca. Não temos recebido tanto na imprensa especializada quanto nos jornais locais a divulgação e o acompanhamento que merecemos pelo que fazemos no Rio. A gente não pode viver na sombra do que os jornais de São Paulo falam de nós. Admito que este seja um problema causado também pelas agências, porque os empresários cariocas de propaganda se vendem muito pouco. Não sei se sempre faltou essa cultura no Rio ou se as agências perderam isso ao longo do tempo.
Janela - O que se pode fazer para evitar a perda de talentos para São Paulo?
Sérgio - Isso é reflexo de a gente ter deixando a propaganda do Rio perder a importância. A culpa é das próprias agências que deixaram este espaço esvaziar. Na medida em que a gente cresça de importância, vamos poder pagar melhor aos nossos profissionais. Hoje a gente tem consciência de que paga menos que São Paulo. Se o mercado for importante, teremos mais argumento para pagar melhor aos nossos profissionais.
Jonas - O Rio não tem que estar preocupado em perder o seu talento criativo. O Rio tem que estar preocupado em recuperar a pujança econômica. Só o que segura o profissional é investimento. E só há investimento se houver condições econômicas. Ou seja, a gente só tem um jeito de manter os criativos felizes e os donos de agências felizes. É trazendo os clientes cariocas de volta para o Rio. E isso se consegue lembrando a eles que uma agência de propaganda não é só formada de criativos. É um conjunto. Temos que mostrar que o Rio continua tendo ótimos mídias, ótimos atendimentos, ótimos executivos e continua tendo ótimos criativos. O nosso problema não está em São Paulo. Somos nós que temos que acreditar no nosso negócio. Vamos nos unir e mostrar para o Brasil que o Rio tem condições de oferecer um bom conjunto para qualquer anunciante.
Sloper define sua agência em concorrência disputada
A GR.3 foi a agência vencedora da concorrência para a rede de lojas de departamento Sloper que, depois de anos fora da mídia, decidiu se renovar e voltar a disputar o mercado consumidor carioca.
Segundo Gustavo Bastos, diretor da GR.3, em outubro estarão entrando no ar três comerciais de televisão e uma série de anúncios de jornais numa mídia que deverá ficar em tomo de R$ 35 mil por mês. A veiculação será basicamente no Rio de Janeiro, onde estão as três maiores lojas da rede. Salvador e Recife, onde estão as outras duas lojas, também serão programadas. Para relembrar ao público que a Sloper é uma loja de departamentos, a GR.3 vai levar humor ao próprio slogan da campanha, assinando que "comprar na Sloper é outro departamento".
Apesar da relativamente pequena verba da Sloper - no máximo chegará a uns R$ 700 mil em um ano, esta foi uma das mais disputadas contas dos últimos tempos no Rio. Entre as agências concorrentes estiveram Casa da Criação, Denison, Giovanni, J.W.Thompson, J3, V&S e Zapt.
Mental volta a crescer a partir de outubro
"A nuvem negra já está se dissipando", garantiu Marcos Silveira, vice-presidente da Mental Mark, para responder aos comentários surgidos no mercado sobre as dificuldades financeiras pelas quais a agência passou nas últimas semanas.
"Realmente tivemos problemas, mas nada diferentes do que muitas empresas do mercado publicitário estão passando atualmente no Brasil depois do aperto do crédito", admitiu ele, lembrando que por 30 ou 45 dias as Casas Pernambucanas - um dos principais clientes da agência - reduziram os seus investimentos em comunicação para reavaliar a situação de concordata. "Mas o nível anterior já está voltando, inclusive para o lançamento da campanha de aniversário, neste segundo semestre", adiantou Silveira.
A Mental Mark foi pega no contrapé do arrocho financeiro logo após uma série de investimentos em equipe e instalações. Pouco depois de mudar para uma sede maior e na mesma semana em que a agência incorporou a equipe de profissionais vindas da V&S com a conta da Duloren, a Pernambucanas pediu concordata.
O presidente da Mental, Valter Falcon, acrescenta que a partir de outubro a agência volta a ter um faturamento mais expressivo, graças às veiculações deste mês de setembro para seu novo cliente Duloren e ao aumento de trabalhos para clientes como a Sony. “Nossa opção foi não demitir ninguém da equipe neste período de crise e por isso tivemos que reescalonar alguns pagamentos de salários”, explicou o publicitário, assegurando que 80% de sua equipe está com os vencimentos em dia. O restante se regulariza até outubro, prevê Falcon. Falcon não quis revelar sua expectativa de receita com a conta de Pernambucanas, conhecida no mercado carioca por não pagar os 20% de comissão de veiculação determinados pela Lei 4.680 e pelo Decreto 57.690, que regulamentaram a atividade publicitária no Brasil. Mas ele é veemente ao afirmar que sua "negociação diferenciada" com a Pernambucanas não está abaixo do que este cliente já vinha praticando no mercado com outras agências. Além disso, ele diz que a Mental só tem um cliente nesta situação, o que percentualmente, está dentro da realidade do mercado publicitário. "Desafio qualquer agência que tenha no mínimo 10 clientes a provar que está em situação melhor que a gente em relação a negociações diferenciadas", provocou o presidente da Mental Mark.
Atual troca escritório no Rio por acordo operacional
O presidente da agência Atual, de Brasília, Júlio César de Figueiredo, decidiu esta semana fechar seu escritório no Rio de Janeiro, aberto há pouco mais de um mês, e dispensar todos os seus funcionários, três da área técnica e três de administração. Entre eles estavam a gerente Marion Green (que deixou a W/Brasil para assumir a Atual) e a mídia Cecília Veloso (vinda da Ferrari). Júlio César achou mais conveniente desmontar a estrutura e fazer um acordo operacional com a agência carioca Cláudio Carvalho, que, a partir da próxima semana estará associada à Propeg, com a qual a Atual já mantinha um relacionamento.
Com o acordo, que foi firmado com validade até dezembro, a Cláudio Carvalho deixa seu escritório no Centro do Rio e muda-se já na próxima semana para as instalações da Atual no Rio Sul. Após dezembro, as duas empresas vão reavaliar a relação, havendo a possibilidade de a Atual vir a participar também acionariamente da Cláudio Carvalho Propeg.
A decisão de Júlio César repercutiu muito mal no mercado carioca, com os profissionais e empresários locais considerando a passagem breve da Atual pelo Rio uma "aventura mal planejada". Júlio se defende explicando que abriu no Rio acreditando numa promessa de seu cliente Encol de que investiria entre R$ 7,5 milhões e R$ 15 milhões no mercado carioca. Com menos de um mês, móveis e telefone instalados e equipe de seis profissionais contratados, a Atual se deu conta de que a Encol mudara seus planos para o Rio e a verba de comunicação estaria bastante abaixo daqueles valores. "Minha solução foi empresarial", explicou Júlio César. "Para prosseguir teria que fazer investimentos que não saberia quando poderiam retomar"; completou.
Curiosamente, numa entrevista recente, seu filho, Júlio César Jr. Publicitário do Ano do último Colunistas Brasília -, dizia que o objetivo da Atual era fazer do Rio um centro de excelência para que pudesse "nos dar uma visibilidade em outros centros".
Com certeza não em este tipo de visibilidade que a Atual imaginava ter. Mas como a agência pretende estudar o seu retorno ao Rio, ainda vai ter tempo de pensarem como recuperar a sua imagem neste mercado.
Cartas
De João Ricardo Matta, gerente de atendimento da Cult para a Prefeitura de Niterói:
“Marcio, achei bastante interessante à nova seção de humor da sua coluna, inaugurada pela carta do Hayle Gadelha”. Rimos bastante aqui na agência. Acho que este rapaz descobriu sua verdadeira vocação. Alguns dos grandes nomes do humor brasileiro também começaram suas carreiras em atividades circenses e a despeito de só ele e o César Maia dominarem a ciência do "Marketing Municipal", acho que Hayle Gadelha terá muito sucesso como humorista.
Um abraço do João Ricardo Matta.
P. S.: A Prefeitura de Niterói coloca à disposição da coluna todo o material relativo ao procedimento licitatório 002/95. Acho que vale a pena ver e confirmar como é engraçado o Hayle Gadelha |
N.R.: A Janela agradece, mas não pretende ver o material. Na verdade, publicada aqui uma carta de cada parte, a Janela considera encerrada a questão.
MKTMIX MKTMIX
• PARABÉNS PRA VOCÊ - A Janela se abre para comemorar os próximos aniversários do mercado: Dia 07: Dílson Fernandes (Zapt) e Paulo Rolf (Ronson); Dia 08: Alessandra Sadock (GR.3); Dia 9: Edilson Leitão (V&S); Dia 11: Carlos Campana (V&S) e José Monserrat (Ciência Hoje); Dia 12: Cristóvão Martins (ex-Staff) e Fernando Luís dos Santos (Standard); Dia 13: Antônio Torres (Publinews).
• EMBANANAMENTO - As agências cariocas vão enlouquecer dia 23. O Governo do Estado adiou para aquele dia a entrega das propostas para as concorrentes à sua conta publicitária.
O mesmo dia marcado pela Petrobras Distribuidora para a sua licitação. Para piorar, na concorrência do governo, a V&S fez uma consulta sobre a possibilidade de apresentar layouts junto com as propostas técnicas, o que não estava previsto no Edital. A Comissão de Licitação decidiu que sim, levando agora a todas as agências interessadas a terem mais trabalho para desenvolver layouts para as sete diferentes áreas da disputa, se quiserem concorrer nelas todas com alguma chance.
• VALE OU NÃO VALE - Depois de ouvir tanta reclamação dos publicitários, a Vale do Rio Doce adiou por mais 45 dias a sua concorrência, ganhando tempo para avaliar se cancela este edital ou faz as modificações solicitadas pelo mercado, como a de reduzir o capital mínimo exigido para uma agência participar.
• CRISE NO DEBATE - O debate promovido pelo Clube de Criação do Rio sobre a crise na produção foi cheio de ideias - desde as mais manjadas a outras bastantes polêmicas - que só vamos falar sobre ele na próxima coluna.
• CARTAS - Correspondências para a Janela devem ser enviadas para a Praia de Botafogo, 340 grupo 210, CEP 22250-040, telefone (021) 552-4141. Ou via Internet, pelo e-mail: Ehrlich@centroin.ax.apc.org.
|