Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 19/FEV/1993
Marcio Ehrlich

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Renúncia de Álvaro Gabriel mostra crise nas entidades publicitárias

O meio publicitário carioca se agitou esta semana com a notícia da renúncia do presidente do Clube de Criação do Rio de Janeiro, Álvaro Gabriel de Almeida, antes mesmo de se completar o primeiro ano de seu mandato.
Principalmente porque, nas últimas eleições, Alvinho montou sua plataforma na afirmação de que desta vez iria fazer muito pelo Clube porque ele queria ser presidente. Com isso, respondia às críticas dos opositores de que não havia feito muito pelo Clube em sua primeira gestão, já que se tomara candidato não por querer, mas por pressão da diretoria anterior.
A surpresa foi geral. Afinal, Alvinho enviou a sua carta de renúncia não aos diretores do clube, mas ao jornalzinho "CCRJ", órgão oficial da entidade, para que os criadores cariocas só tomassem conhecimento a partir da distribuição do novo número. Algo como se Collor ou Jânio tivessem renunciado enviando carta ao Diário Oficial, em vez de ao Congresso.
Na reunião dos criadores na noite de quarta-feira no Mistura Fina, especulava-se fartamente sobre os motivos da renúncia. Lembrou-se até que, se o caso fosse com Groucho Marx, ele teria se explicado de forma mais simples: "‘Não presido um Clube que me elege como presidente".
Na carta, as forças terríveis (ou "ocultas", como prefere a versão popular) que levaram à renúncia são descritas como "motivos estritamente pessoais e incontornáveis". Mais, o ex-presidente do CCRJ não falou nem ao jornal "CCRJ". E até o fechamento da coluna, não retomou as nossas ligações para explicar melhor.
Seguindo o estatuto do Clube, Alvinho convocou eleições para 15 de abril próximo, deixando até lá o vice-presidente André Pedroso no comando da entidade e tocando para frente o seu projeto do Clube do Futuro, que selecionará estagiários de criação para 15 agências cariocas.
Mas este colunista acha que o momento exige mais do que uma discussão informal sobre quem poderá se candidatar a presidir a partir de agora.
A crise do Clube de Criação não é diferente da que o mercado se depara cada vez que se aproxima a data de eleição de cada entidade publicitária.
O que precisa entrar em questão é o que os criadores desejam que seja a sua associação nos tempos atuais. Depois disso, sim, ainda se deve definir qual é mesmo o "job description" do seu presidente. E mais, de cada membro de sua diretoria, porque sozinho ninguém faz nada.
Quanto mais cedo André Pedroso convocar uma grande assembleia dos criadores para ouvir opiniões, melhor.
O dilema é sério. Em princípio, se procura para presidente alguém cujo histórico profissional o qualifique para representar publicamente (para a imprensa, em júris de propaganda etc) os criadores cariocas. Tanto que os presidentes do CCRJ têm sido, na sua esmagadora maioria, diretores de criação de agências de porte médio para cima.
Mas a recessão do país tem exigido uma dedicação ao trabalho em todos os níveis profissionais como jamais aconteceu.
Não é por acaso que, em sua carta de renúncia, além de afirmar que "o Clube precisa de dedicação integral", Álvaro Gabriel se lamenta por não estar podendo dedicar-se "com todo o empenho que um cargo de tanta importância para todos nós, criadores cariocas, merece.”.
Quem pode, hoje?
Talvez até a solução para o CCRJ esteja em contar com um diretor executivo - com poderes e autonomia para empurrar o clube pra frente - e um presidente para as funções sociais e políticas. Pode parecer algo parlamentarista, mas não deixa de ser uma hipótese para a criação carioca pensar.

CARTAS

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