Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
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Um break no dia-a-dia de Armando Strozenberg
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Armando Strozenberg discursa ao lado de Jarbas Nogueira |
A colunista Marcia Brito, que durante muitos anos assinou esta coluna, tem publicado no Caderno Propaganda & Marketing, da Folha da Tarde, em São Paulo, a coluna "Break", na qual ela procura mostrar o lado pouco conhecido de alguns dos mais famosos publicitários brasileiros.
Como a coluna foi muito bem recebida pelos publicitários paulistas e pelos cariocas que lêem o CPM, a Janela passa a reproduzir aqui as entrevistas de Marcia. Esperamos que vocês também gostem.
Armando Strozenberg, diretor técnico da agência carioca Contemporânea jura que não tem vocação para negócios e que o sucesso de sua agência não é empresarial e sim profissional. Respeitado como um dos mais capacitados planejadores do mercado, ele reconhece que "possui uma natural vocação intelectual" e que, por essa razão, quase tudo e todas as artes despertam seu interesse.
Como correspondente do Jornal do Brasil na França durante os 7 anos kafkianos que sucederam o golpe militar, Armando acompanhou ativamente o processo político do Brasil e vivenciou todo o drama dos jovens idealistas asilados pela ditadura militar daquela época. Fernando Gabeira, que era seu colega, foi o padrinho de seu casamento com Ilana, com quem está casado há 23 anos. "Somos da mesma geração da utopia, da geração que acreditou no coletivo". Se seus planos derem certo, daqui a cinco anos ele pretende parar de trabalhar em propaganda e se dedicar à fotografia. Vaidoso, Armando prefere se explicar repetindo um elogio a ele dirigido por seu amigo e sócio Mauro Matos, que o define como "um ser total de comunicação".
NOME: Armando José Strozenberg
NASCIMENTO: 18 de julho de 1944
SIGNO: Câncer
CIDADE DE NASCIMENTO: São Paulo. Eu tenho todas as qualidades do paulista acrescidas aos adjetivos cariocas, o que, em minha opinião, faz um mix perfeito.
CIDADE DE CORAÇÃO: Paris, onde morei durante 6 anos, fiz mestrado em jornalismo e fui correspondente do Jornal do Brasil.
SUPERSTIÇÃO PROFISSIONAL: Contemporânea está instalada na sede da antiga fazenda Cosme Velho e no centro do jardim tem uma amendoeira centenária, com uma copa de dez metros de diâmetro que foi cortada pelos antigos moradores. Mas, há pouco tempo a amendoeira renasceu e já está com uns galhos novos. Eu acho que isso significa alguma coisa boa.
HOBBY: Fotografia. Adoro fotografar gente.
RÁDIO QUE COSTUMA OUVIR: A Globo FM, a JB FM e, nos dias de muito sol, a Transamérica.
PROGRAMA DE TV IMPERDÍVEL: Imperdível mesmo não tem nenhum. Mas costumo assistir ao Jô Soares. Não sou fanático por TV. Tenho simpatia pelo jornal da Globo e curto o making of do programa Vídeo Show, com o Miguel Falabella e o da MTV. Gosto também do Programa Legal.
PRODUTO QUE EXISTIA NA INFÂNCIA E DE QUE SENTE SAUDADE: Do Crush. Eu lembro que a garrafa era marrom com um design fantástico. O líquido era de um amarelo intenso que quando era derramado no copo escorria borbulhante criando um contraste de cores incrível.
PRODUTO QUE PRECISARIA SER INVENTADO: Um detector de corrupção. A corrupção é o câncer do País. Seria ótimo se os corruptos tivessem uma marca.
PARA QUE TIPO DE PRODUTO VOCÊ JAMAIS TRABALHARIA? Não trabalharia para drogas. Mas não tenho nenhum preconceito moral em relação a qualquer produto.
QUAL O ANÚNCIO OU COMERCIAL SEU QUE GOSTARIA DE VER IMORTALIZADO EM UM MUSEU? O anúncio do Globo para o JB pelos seus 100 anos: "O Globo dedica esta página a uma história que começou a ser contada há 100 anos". Por causa deste anúncio, o Nascimento Brito ligou para o Dr. Roberto Marinho e os dois, que não se olhavam há muitos anos, acabaram se emocionando e até se encontraram. E, pelo momento, importância e delicadeza, o comercial que deveria ser imortalizado é, sem dúvida alguma, o "Democracia", criado para o Jornal do Brasil.
E DE OUTRO PUBLICITÁRIO BRASILEIRO? Tem vários. O da Phebo - aquele da mãe e filha tomando banho. Tem o do Drury's - Criança -, do Neil Ferreira.
O QUE GOSTARIA DE SER SE NÃO FOSSE O QUE É? Cantor. E sem nenhum estilo. Acho maravilhoso poder ter uma relação de sinergia com o público, sem depender de ninguém. Um cantor depende dele mesmo.
ANUNCIANTE QUE LEVARIA PARA UMA ILHA DESERTA. Luís Eduardo Vasconcelos, diretor de marketing do Globo, Roberto Osório, da Auto Modelo, Maria Cristina Pereira, da Sapasso, Dilson Ferreira, presidente da Ypiranga.
ANUNCIANTE QUE DEIXARIA EM UMA ILHA DESERTA: Naum Manela, da De Millus.
ÍDOLO: James Dean
O QUE FARIA SE PUDESSE FICAR INVISÍVEL POR 30 SEGUNDOS? Tenho curiosidade em saber o que se passa na cabeça de meus filhos, adolescentes de 14 anos. Como são gêmeos, eu dedicaria 15 segundos a cada um.
A MAIOR ALEGRIA QUE A PROFISSÃO JÁ LHE DEU: A Contemporânea ser o que é. Ter um astral legal, respeito adquirido. Do ponto de vista pessoal foi o encontro com o Mauro Matos.
O QUE MAIS CHATEIA NA PROFISSÃO?: Basicamente é a dificuldade de se explicar a adequação de boas ideias, em todos os níveis. O não aproveitamento de boas ideias causa um sofrimento muito grande.
O PAÍS FRUSTROU SUAS PERSPECTIVAS?: Totalmente, me sinto parte de uma geração fracassada. Fomos a última geração a ter ideais, a geração da utopia.
OBJETO DO DESEJO: Que a prática fosse mais próxima da minha fantasia.
MOTIVO DE ORGULHO: A boa imagem que as pessoas tem de mim e como eu sou querido por muitos amigos.
MOTIVO DE ARREPENDIMENTO: Em 77 fui convidado para ser o editor do jornal internacional, atual jornal da Globo, e eu não aceitei. Televisão é o único veículo de comunicação pelo qual eu não passei. Desta forma, sinto que ficou um buraco na minha formação.
NA AGENDA: Viajar cada vez mais. No final do ano vou para o Polo Sul. Minha grande paixão é conhecer ilhas. Já conheço 12 ilhas da Polinésia Francesa, Galápagos, Nova Zelândia, Jamaica, Fernando de Noronha, Mauricio. As ilhas têm uma cultura muito rica, muito singular, por juntar em um mesmo lugar mar e montanha.
FILOSOFIA DE VIDA: "Eu prefiro ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo", como na música do Raul Seixas.
MKTMIX
COMPRA-COMPRA - Começaram esta semana a correr fortíssimo no mercado os boatos de que a J.W. Thompson - assustada com a perda da conta da Alpargatas e a retração da publicidade no país - estaria comprando uma grande agência brasileira para melhorar sua posição. As dicas: a agência em foco sempre foi uma das maiores nacionais. E tem o nome da família que a fundou.
PEDROSA GULOSO - Carlos Pedrosa, vice-presidente de criação da Pubblicità & Esquire e um de seus sócios, decidiu que está na hora de a agência investir e brigar para ser a mais criativa do Rio.
Depois de levar para lá o talentosíssimo diretor de arte Cristóvão Martins, tirou da Almap/BBDO o não menos brilhante D.A. Delano D' Ávila. Ambos serão na P&E diretores associados de criação.
VIVA O VERDE - Dia 10 de março, em Brasília, a Comissão Exclusiva de Licitação da Presidência da República receberá propostas de agências e agenciadores para desenvolver projeto de comunicação para o Grupo de Trabalho Nacional, criado pelo Decreto de 16/08/91, publicado no Diário Oficial da União de 19/08/91 e chamado de "Conferência Rio". Por alguma razão estranha, a comissão só deixou o Edital disponível entre 10 e 12 de fevereiro, na sala 224 do Anexo I - Superior do Palácio. Quem não pegou, vai ter que batalhar uma cópia de quem foi lá.
VIVA O PRETO - Pra quem não pegar o verde dos ecologistas, tem o preto do petróleo da Petrobras. A concorrência do cobiçado órgão terá sua entrega de proposta no dia 28 de Fevereiro próximo, na sede da Rua General Canabarro, 500/13º andar, no Rio. Pelo texto do aviso de licitação, será escolhida apenas uma agência para realizar "trabalhos de publicidade e promoção de seus produtos e serviços existentes e/ou que vierem a ser lançados no período do contrato".
POLÊMICA À VISTA - A Associação Memória da Propaganda promove no dia 20 de Fevereiro, às 20 horas, na sede da Rua Sambaíba, 472, no Leblon, uma palestra de André Linden, diretor comercial da Benetton e Jean Carlos Marchesini, diretor de contas da J. W. Thompson-SP, sobre "Temas Polêmicos. Propaganda Criativa".
Considerando os escândalos dos últimos trabalhos da Benetton, a palestra promete. Principalmente se aparecerem por lá o representante dos grupos negros e católicos que se sentiram atingidos pelo anunciante.
SOM NA CAIXA - A caixa registradora da Publinews tem movimentação nova com a conta da Politécnica, distribuidora autorizada de equipamentos de som importados. No momento, a agência está veiculando a campanha do seu revendedor no Rio, a Audioware, em anúncios nas colunas sociais.
CARTAS PARA A JANELA - Devem ser enviadas até 4ª feira para a Rua Visconde Silva, 156 cob. 701. CEP 22271, Rio-RJ.
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