Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
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Cariocas botam muita fé no Festival de Cannes
A presença do carioca Mauro Mattos no júri de Cannes deste ano acabou puxando bastante para cima a participação do Rio de Janeiro no Festival, que acontecerá de 23 a 30 de junho próximo. Dos 271 trabalhos brasileiros no concurso, cerca de 20 são do Rio. A imprecisão da informação se deve à não discriminação, por parte das grandes agências; do escritório de origem de seus filmes.
A liderança das inscrições cariocas, é claro, é da agência do próprio Mauro, a Contemporânea, com 15 trabalhos, ficando em terceiro entre as agências brasileiras. Se em Cannes - assim como em qualquer prêmio que tenha publicitários no júri - todos os jurados puxam a brasa para a sua sardinha, por que ele não vai fazer o mesmo?
De qualquer modo, as ajudas mútuas entre jurados este ano estarão mais difíceis. A organização do Festival percebeu que os desvios estavam passando do admissível e decidiram que, a partir de agora, na segunda fase do julgamento, as notas mais elevadas e as mais baixas conseguidas por cada comercial serão ignoradas. Isto deve diminuir o efeito da velha mutreta de se dar notas mais altas para os trabalhos dos amigos e mais baixas para aqueles que se quer derrubar.
Voltando às inscrições cariocas, na área de produtoras a liderança está com a Yes Rio, do Chico Abreia, com 13 comerciais, vários deles feitos para a Contemporânea. Logo a seguir está a Tec Cine, do Ronaldo Uzeda, com 8 trabalhos. A Claquete (numa produção conjunta com a Movie&Art) e a atualmente desativada Tycoon (inscrição feita pela agência) fecham o time carioca, com 1 comercial cada. Não deixa de ser uma participação modesta, considerando-se que as produtoras paulistas estão com 248 inscrições.
É bom notar que quase um terço destas inscrições paulistas vem da W/Brasil: 85 filmes. Com isso, Washington Olivetto confirma que não foi por falta de trabalhos que parou de concorrer em concursos publicitários nacionais. A W/Brasil agora só quer diploma escrito em língua estrangeira. Sua arqui concorrente, a DPZ, veio bem abaixo nas inscrições, apesar de bem acima da terceira colocada, a Contemporânea. A agência de Duailibi, Petit e Zaragoza entrou com 38 trabalhos no Festival de Cannes.
Brasileiro acha que lugar da mulher é mesmo em casa
(São Paulo) - A população brasileira está atribuindo um valor cada vez maior à instituição Família como fonte de equilíbrio, segurança e amor, segundo pesquisa qualitativa realizada pelo Departamento de Marketing Corporativo da Rhodia, ao aprofundar a análise do tema apurado ao longo do ano passado no "Perfil do Brasileiro! Anos 90".
A pesquisa, que consistiu de discussões em grupos de homens e mulheres de 18 a 60 anos, das classes alta, média-alta e média-baixa, constatou que apesar do crescimento da importância da família, um dos papéis esperado da mulher continua ainda sendo o de mãe. Nesse sentido, só é aceitável que ela não tenha filhos se houver um impedimento realmente intransponível (falta de condições financeiras, doença etc). O trabalho da mulher fora de casa vem conquistando aceitação masculina, mas, ainda, para ambas as partes, não possui o mesmo significado que o trabalho desenvolvido pelo homem.
"A percepção mais comum não é a de busca de realização, como acontece com o homem, e tampouco de efetiva contribuição para o orçamento domestico. Para grande parte dos entrevistados, é bom que a mulher trabalhe para comprar suas coisas, para compreender a tensão e os problemas masculinos provenientes do trabalho e acompanhar melhor os filhos", afirma Cláudia Leonardos, chefe do Departamento de Marketing Corporativo da Rhodia.
As mudanças na percepção da família - antes compreendida como interferência negativa na vida das pessoas, ao limitar a liberdade dos seus integrantes e provocar conflitos - foram motivadas basicamente por uma busca de maior individualidade. Assim, a família, quando respeita as escolhas individuais, acaba se tornando uma parceira nas decisões de cada um dos seus integrantes. Há mais diálogo entre as gerações, mas ele vem se tornando mais difícil, uma vez que ambas as partes passam a ter voz ativa.
Outro aspecto importante anotado pela pesquisa diz respeito à contraposição família/amigos. Se, por um lado, os indivíduos tendem a se desligar do núcleo familiar, desenvolvendo suas próprias ideias e tornando o diálogo mais complexo, por outro é à família que ele recorre quando a situação é grave. Embora os amigos sejam valorizados, a sensação é a de que as pessoas alheias ao ambiente familiar só se preocupam consigo mesmas. O amigo confiável é aquele que, como diz o ditado, acaba fazendo parte da família.
Segundo Cláudia Leonardos, todas essas alterações têm reflexos diretos no mercado de bens de consumo. A procura do próprio espaço, que faz com que a mulher cada vez mais se volte para o mercado de trabalho e estimula os filhos a saírem de casa mais cedo para montar seu próprio lugar, acaba representando um aumento de demanda por eletrodomésticos, eletroeletrônicos e móveis em geral, desde que sejam compactos, práticos e baratos.
A valorização da família núcleo (pais, filhos e cônjuge), por sua vez, acarreta uma preocupação maior com a casa como lugar de reunião familiar para receber os amigos. "Assim, é provável que produtos que possam unir as famílias nos momentos de lazer venham a ser mais aceitos" - conclui Cláudia Leonardos.
Alvinho, da Salles, chupa texto no jornal do CCRJ
Álvaro Gabriel, vulgo Alvinho, diretor de criação da Salles, é uma das grandes figuras profissionais e humanas da propaganda carioca.
No entanto, no jornalzinho do Clube de Criação do Rio que começou a circular esta semana tem um artigo do Alvinho com frases totalmente chupadas de outros criadores. De ponta a ponta.
A sorte do Alvinho é que os autores originais não vão querer se identificar de jeito nenhum. Eu mesmo conheço vários deles. E sei que eles vão ficar quietinhos. Disfarçando, até.
O artigo foi esse que a Janela está reproduzindo aí a seguir. Vejam só se vocês também não conhecem os geniais responsáveis por estas pérolas?
Responda rápido:
- que profissão é esta?
O filme era ótimo, mas o cliente cortou o orçamento. Eu queria ter mais tempo para burilar a campanha, mas, já que não dá, vão estes títulos mesmo.
De hoje para amanhã é impossível, cara. Depois reclama que só sai anúncio fraco.
A gente não ganhou nada porque aqueles colunistas são todos vendidos.
A gente ganhou tudo porque os colunistas, afinal de contas, têm uma responsabilidade diante do mercado.
Só quero saber por que aquele cara ganha mais do que eu.
Estou muito bem na minha agência. Agora, se você fizer uma proposta legal, a gente pode bater um papo.
Aquele Leão? Ah, foi a equipe toda lá que criou.
Aquele Leão? A ideia foi minha, mas eu botei o nome de todo mundo. Sabe como é, né?
Ele sabe é se promover, agora anúncio que é bom...
Aquela agência tá botando muita coisa boa na rua.
Botou o Fulano, o Beltrano, o Sicrano.
Se você me explicar o que é um tombstone eu faço um bonitão pra você.
Não é porque eu não ganhei premio que deixei de ir à festa. Sempre achei essas coisas uma palhaçada.
Não é só porque eu ganhei prêmio, não. Fui à festa para encontrar o pessoal. Acho isso muito importante.
Quero ver o Washington fazer anúncio bom lá na agência.
Se eu trabalhasse na agência do Washington também fazia anúncio bom.
São Paulo é bom mas tudo que é paulista quer morar aqui no Rio.
O Rio é bom mas tudo que é carioca quer trabalhar lá em São Paulo.
Essa profissão está cheia de filho da puta mas os meus melhores amigos trabalham nela.
Era meu estagiário. Cansei de fazer titulo pra ele.
Foi meu primeiro diretor de criação, mas nunca interferiu muito no meu trabalho.
Não tenho nada contra ele. Só acho ele um puta mau caráter.
Esse troço é uma panelinha. Pra aparecer tem que fazer parte.
Tô a fim de dar um tempo.
O meu filme lá hem, ô bacana.
Álvaro Gabriel (Salles)
MKTMIX
• THOMPSON CONTRATA GUSTAVO - o escritório carioca da J. Walter Thompson já tem diretor de criação. É Gustavo Bastos, 26 anos e 7 de profissão, que trocou o status de dirigir a criação da mítica DPZ no Rio pelo desafio de tornar a Thompson uma agência agressivamente criativa. Sem falar no salário maior, é claro. Agora é ver se os clientes da Thompson deixam a agência fazer alguma coisa. Porque não adianta nada uma agência ter uma baita equipe criativa se deixar os clientes exigindo briefing no titulo.
• COLUNISTAS-PRODUÇÃO NO BANANA - Está confirmada para as 21 horas desta próxima 3ª feira, no bar Banana Café, em Ipanema, a festa de entrega dos diplomas aos vencedores cariocas do IV Colunistas-Produção. A entrada é franca e o importante é o pessoal de criação e de produção do Rio aparecessem para comemorar.
• APOSTANDO NA PRODUÇÃO - O criador/atendimento Marcelo Silva e o diretor/fotógrafo/ator Fernando Amaral juntaram-se numa nova produtora de comerciais para o mercado carioca. Já estão até com comercial no ar. Semana que vem a Janela vai tentar uma matéria maior com ele. "Tentar" porque eles são tímidos demais e não gostam de dar entrevistas...
• FRAME SE RECUPERA - A produtora paulista Frame, que quase fechou em São Paulo com a concordata de seu acionista Pão Americano, está se recuperando. Cortou mais de 100 funcionários, passou a prospectar pequenas agências e eliminou o Núcleo de Produções Independentes. Agora, a Frame espera fechar o ano com um faturamento mensal de US$ 1,2 milhão.
• BOLA FORA - Inacreditável a complacência dos produtores gráficos cariocas com aquelas acusações da carta anônima distribuída no mercado no final de abril. Ninguém - nem uma associação ou sequer eles próprios - se manifestou para defender a classe, como se negativa da Quimigráfica em relação à autoria da carta eliminasse também as acusações nela contidas. O que os produtores gráficos querem que se conclua disto?
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