Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 03/MAI/1991
Marcio Ehrlich

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Anônimo joga bomba no meio publicitário

A denúncia de corrupção entre os produtores gráficos cariocas, contida numa carta recebida a partir de segunda feira desta semana por diversas agências e identificada por uma assinatura ilegível com o carimbo da empresa de fotolitos Quimigráfica, transformou-se em um autêntico caso de polícia.
Na mesma segunda-feira o diretor da Quimigráfica, Edvaldo Araújo, recebeu um telefonema, também anônimo, mas supostamente de um dos produtores denunciados, ameaçando-o de morte. Resultado: Edvaldo foi à polícia e a Delegacia de São Cristóvão começou a investigar tanto a autoria da carta como a ameaça.
Independente, porém, do que a polícia descobrir, o fato é que a carta teve um efeito tão explosivo no meio publicitário no começo da semana quanto as declarações de Figueiredo sobre a bomba do Riocentro. Em todos os encontros de publicitários não se falava em outra coisa. Na terça-feira, durante o almoço mensal da Abap-Rio - a associação das agências cariocas -, os empresários demonstraram bastante preocupação com a informação de que seus clientes também estariam recebendo as denúncias. E o que é pior: com os nomes dos produtores gráficos literalmente relacionados com suas agências como profissionais que estão "roubando o cliente".
Valdir Siqueira, presidente da Abap­Rio, disse à Janela que estava estudando com seus associados que atitude pública tomar para prestar uma satisfação ao mercado. Mesmo anônima, a denúncia existiu, e não se manifestar poderia parecer aceitação e conivência por parte dos empresários da propaganda carioca.
Por seu lado, o diretor da Quimigráfica resolveu publicar, em alguns jornais cariocas de ontem e de hoje, uma declaração negando a autoria da carta e repudiando as acusações ali contidas. Para Edvaldo Araujo, a carta só pode ser obra de alguém interessado em prejudicar a relação da Quimigráfica com os produtores gráficos locais.
Edvaldo é também diretor da Brasfoto, outra empresa fornecedora do mercado, que desde 15 de março assumiu a administração da Quimigráfica. A empresa anterior - de razão social Quimigráfica Indústria e Comércio S.A. e dirigida por Volker Brockhaus - está encerrando legalmente suas atividades. A marca Quimigráfica, no entanto, permanecerá, como nome de fantasia, já que Edvaldo Araujo considera um desperdício não aproveitar sua tradição no mercado carioca.
Ainda segundo Edvaldo, a reação de surpresa inicial dos produtores foi substituída por telefonemas de apoio à Quimigráfica depois que a empresa negou a autoria da carta. Apesar disto, publicamente os produtores gráficos ainda não se manifestaram. Ao contrário de outros setores das agências, como a criação, o atendimento e a mídia, a produção não está organizada em associação, clube ou grupo, o que pode dificultar a sua mobilização num momento como este (a despeito do que afirma a carta-denúncia).
A entidade natural para reunir e representar oficialmente o setor num momento como esse seria a ABP - Associação Brasileira de Propaganda. No entanto, segundo a secretária executiva da entidade, Leila Duarte, até às 17 horas de ontem a Associação não havia sido mobilizada para se manifestar, nem pública nem internamente.

O que diz a carta

Denúncias sobre produtores gráficos e de rádio televisão recebendo comissão de fornecedores não são novidade no mercado publicitário. Algumas vezes elas são verdadeiras e acabam descobertas. Na maioria, porém, são impossíveis de ser comprovadas. Principalmente porque nem sempre existem e, no contrário, ninguém se interessa em fazer acusações abertamente.
É claro que a produção gráfica publicitária não é isenta de propina. Primeiro, porque em todo e qualquer tipo de atividade existem profissionais pouco preocupados em discutir o que é e o que não é ético. Segundo, porque no Brasil propina e favorecimentos existem em tudo quanto é área, desde quando os portugueses aqui chegaram. Na própria carta de Pero Vaz de Caminha, escrita depois que ele pisou nessas terras, existe um pedido do escrivão para que Sua Majestade favoreça um parente seu.
Escândalo, no caso desta nova carta, não é a "revelação" da existência de propina na produção gráfica. Mas a forma covarde, burra e irresponsável com que foi feita, generalizando acusações e jogando lama nos nomes de muitos profissionais respeitados no mercado sem qualquer comprovação ou mesmo indício de que eles estariam envolvidos. Sem falar nos danos causados ao fornecedor utilizado para "validar" a carta.
A denúncia foi enviada em duas laudas de formulário contínuo não timbrado. O denunciante não usou xerox. Todas as cópias foram impressas pelo computador, assinadas de forma ilegível e carimbadas "Quimigráfica Indústria e Comércio S.A.". A listagem dos produtores recebeu o nome de "Circulo Fechado", relacionando 57 nomes de 50 empresas: 43 agências, 6 anunciantes e 1 fornecedor. Estes nomes, não interessa divulgar aqui. Mas não obedecem a nenhum padrão de porte ou natureza da empresa. Estão lá desde micro agências a grandes escritórios de multinacionais.
O que se pode depreender da carta em si é que foi redigida por alguém que, se bem conheça muita gente do mercado publicitário carioca, não tem muito trânsito pela sintaxe da língua portuguesa. Nos oito parágrafos da carta são cometidos mais perjúrios com o português que com os produtores gráficos cariocas. Muitas vezes a compreensão chega a ser prejudicada, o que nos obrigou a corrigir os trechos que vamos reproduzir para mais fácil acompanhar as ideias da denúncia.
A acusação maior do anônimo é de que existe um círculo fechado de produtores gráficos no Rio, que opera com uma caixinha única e que inclusive ajuda a arranjar uma nova função para seus membros assim que qualquer um deles se vê eventualmente desempregado.
Os produtores gráficos são acusados de "extorquir dinheiro de seus fornecedores, numa base de 10 a 15% do valor do trabalho". Numa escala ascendente, diz a carta, isto encarece o valor final do serviço em 30 a 40% para o cliente.
Não deixa de ser curioso o grau de minúcia a que chega o acusador, garantindo que aqueles produtores, apesar de serem sempre considerados os mais pobres e os de menor salário da agência, chegam a ter dinheiro a ponto de espalhá-los "em contas de amigos, esposas, amantes, irmãos ou por qualquer outro meio ilícito, para não se descobrir o montante arrecadado".
A revolta do denunciante vai ao nível do preconceito social. Ele deixa claro que não concorda com os donos de agências darem tal cargo de responsabilidade a pessoas que em "menos de 2% têm curso superior, a maioria tendo sido aproveitada de funcionários contínuos".
A justificativa para o envio da carta é ajudar a que juntos, agência e cliente, tenham coragem "para extinguir este tipo de atividade paralela, que só tende a transformar o mercado num livre arbítrio". Tanto que ele recomenda aos empresários que troquem informações sobre o pessoal discriminado na listagem e garante: "o máximo que pode acontecer é que os mesmos neguem tudo. Mas com certeza há veracidade no que foi relatado".

Mental Mark lança prêmio para estudantes treinarem.

Mental Mark - Não tenha medoSemana retrasada a coluna comentava sobre a quantidade de prêmios existentes para a propaganda, que não só se mantinha, como ainda permitia o aumento.
Pois aqui está mais um prêmio. Desta vez, dedicado aos estudantes de publicidade. O concurso pode ser interessante, principalmente se os estudantes se dispuserem a participar.
A Mental Mark Propaganda, agência do criador Falcon e de Cláudio Meinicke, é que está lançando o Prêmio de Criação Publicitária "Não tenha medo de crescer". O objetivo, diz a agência, é aproximar os estudantes de comunicação social ao seu futuro campo de trabalho.
Mensalmente, o pessoal de criação da Mental Mark vai escolher os melhores trabalhos criados pelos estudantes, para produtos reais ou imaginários, nas áreas de mídia impressa, rádio e televisão.
Já de cara, o vencedor de cada área receberá Cr$ 10 mil em dinheiro e um diploma. E o melhor dos três ainda terá sua peça lay­outada, transformada em story-board ou produzida, dependendo se for para mídia impressa, tv ou rádio, respectivamente.
No final do ano, todos os vencedores mensais receberão um briefing completo para criar sua campanha. Aqui o júri será mais amplo, com inclusão de profissionais expressivos da propaganda, e os vencedores de cada área receberão Cr$ 100 mil e um troféu. E o melhor dos três receberá, além daquele dinheiro, mais Cr$ 300 mil e o troféu de Melhor do Ano.
Quem estiver interessado em ter o regulamento do prêmio "Não tenha medo de crescer" pode procurar na agência, que fica à Av. Paulo de Frontin, 435, no Rio Comprido, ou pelo telefone (021) 293-4545.

MKTMIX

• A BASE REORGANIZA - O diretor de marketing da Souza Cruz, Flávio de Andrade assumiu a presidência da ABA-Associação Brasileira de Anunciantes para cobrir, até as próximas eleições, o espaço deixado vago pela mudança de rumo de Marcos Felipe Magalhães, seu presidente licenciado. Marcos Felipe não é mais anunciante. Ele deixou a superintendência da Refrescos Bandeirantes (franquia da Coca em Goiânia) para abrir a empresa de assessoria de reuniões Reuniplus, no Rio, cidade onde ele vivia no inicio de sua vida profissional.
• OPORTUNIDADE DE MERCADO É ISSO AÍ - A Localiza National tem uma frota de 7.500 veículos que não podem passar de 8 meses de uso. Por conta disto, a empresa se via comprando e vendendo, por mês, uma média de 500 carros. Até o mês passado, a Localiza vendia seus lotes em leilão, para outros revendedores. Só que agora, no Brasil, carro usado está supervalorizado, e a locadora resolveu aproveitar o filão. Vai vender seus usados também para o consumidor final. Ainda este mês, a Localiza National terá pontos-de-venda nas principais capitais brasileiras, disputando com as grandes revendedoras. Poderá ser conta boa para muita agência.
• CARTAS PRA A JANELA - Enviem para Rua Visconde Silva, l56 cob. 701, Cep 22271, Rio - RJ.

Anúncio publicado pela Quimigráfica na página impressa da Janela Publicitária, sobre o assunto que foi matéria da coluna na mesma edição.