Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
Sindicato do Rio faz mais uma denúncia contra Murilo Coutinho
Não sei se é porque eu cheguei aos 40 anos, mas juro que estou cansado de ver as mesmas velhas coisas se repetindo neste país. A gente olha pra frente e vê tudo igual ao que já passou!
A sensação que eu tenho é que estou dirigindo um carro em que no lugar do para-brisa colocaram um enorme espelho retrovisor.
Pois não é que o Governo continua repetindo planos econômicos iguais aos anteriores?...
Pois não é que o Brizola voltou a ser Governador do Rio?...
Pois não é que o Márcio Braga está afundando de novo o Flamengo?...
Pois não é que em pleno março de 1991 continuam havendo denúncias de falcatruas de Murilo Coutinho em relação à classe publicitária?
Pois não é que ainda assim ele continua imexível como presidente da Federação Nacional dos Publicitários?...
Pois não é que a Janela continua tendo que falar dele?...
É cansativo. Muito cansativo.
E mais uma vez, nas histórias de Murilo, a reclamação vem do Sindicato dos Publicitários do Estado do Rio de Janeiro. Agora por escrito inclusive, através da circular nº 192/91 que sua presidente, Maria Helena Fuzer, está enviando aos dirigentes das agências de propaganda cariocas.
A briga é sobre quem recolher a Contribuição Sindical de 1991. Ou seja, quem vai ficar com o bolão que corresponde a um dia de salário de cada trabalhador da área publicitária no Rio.
Como a circular é auto-explicativa, nada melhor que reproduzi-la para vocês. A parte difícil de reproduzir é o anexo citado no item 8 da circular: os editais que Murilo publicou no Jornal do Commercio, veículo onde ele tem seu amigo Jairo Paraguassu na área comercial. Eles referem-se às quatro entidades que Murilo fundou no Rio: Sindicato dos Contatos de Veículos de Comunicação e dos Agenciadores de Propaganda Autônomos do Estado do Rio de Janeiro, Sindicato dos Empregados na Administração de Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Estado do Rio de Janeiro, Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Distribuidoras de Jornais e Revistas do Estado do Rio de Janeiro e Federação dos Trabalhadores em Comunicações e Publicidade do Estado do Rio de Janeiro.
Todas as entidades têm o mesmo endereço: Rua México 70, grupo 906. E todas as contas bancárias estão na mesma agência da Caixa Econômica, com números seguidinhos, ou seja, foram todas abertas juntas, para sindicatos criados juntos. Cada um interpreta este fato como quiser...
Aqui está a circular:
"Circular Nº 192/91"
O Sr. Murilo Coutinho, presidente da Federação Nacional dos Publicitários, ataca novamente, tentando extorquir dinheiro dos trabalhadores de nossa área. Alega em carta enviada às agências, que no Rio de Janeiro não existe sindicato representativo da classe. Quem assina o documento é o Sr. Gastão de Araújo Vieira Filho, um áulico seu, que sempre foi telefônico, e a quem ele deu registro de publicitário, para que servisse de seu moleque-de-recados.
1 - Nosso Sindicato negocia há mais de 45 anos com os empresários de nossa área;
2 - Essa negociação se deu sempre com a nossa entidade representando Publicitários, Agenciadores de Publicidade e Trabalhadores em Agências de Propaganda;
3 - No decorrer dos anos essa representação nunca foi alterada ou contestada;
4 - Pelo contrário, em 1986, quando presidia nossa entidade o próprio Sr. Murilo Coutinho atual Presidente da Federação, que já o era na época - chamou a Assembleia Geral para alteração de base territorial e da mudança da nomenclatura do Sindicato, adaptando-a ao que já representava de fato, ou seja: SINDICATO DOS PUBLICITÁRIOS, AGENCIADORES DE PUBLICIDADE E TRABALHADORES EM AGÊNCIAS DE PROPAGANDA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
5 - Desde que perdeu as eleições, em 1987, o Sr. Murilo Coutinho, não podendo mais comandar o dinheiro do Sindicato do Rio, e aproveitando-se de interpretações facciosas dos laivos liberalizantes da nova Constituição, vem criando entidades das quais possa auferir altos ganhos, como é de seu procedimento. Dentre estas, criou um Sindicato Fantasma, que pretendia representar contatos e agenciadores;
6 - A Justiça Civil e o Tribunal Regional do Trabalho fulminaram-lhe a pretensão, ordenando que nossa entidade, legitima representante das categorias em tela, continuasse a negociar com os Srs. Empresários através de seus Sindicatos representativos;
7 - Leve-se em consideração que o Sr. Murilo Coutinho é Juiz Classista do T.R.T. Nem assim o Tribunal referido lhe deu ganho de causa na questão enfocada.
8 - Para corroborar tudo que afirmamos, ou seja, que o Sr. Murilo Coutinho não trabalha em qualquer setor da categoria há mais de 15 anos, vivendo apenas às expensas dos fundos sindicais, anexamos a vergonhosa publicação feita no Jornal do Commercio em 23 de fevereiro de 1991, em que estampa quatro editais, em série, de entidades em que ele cobra, para beneficio próprio, Contribuição Sindical daquelas categorias.
Por derradeiro, alertamos os Srs. Empresários para que não se deixem armadilhar. Quem paga errado, acaba pagando duas vezes. Em base territorial em que existe Sindicato legítimo, Federação não pode receber Contribuição Sindical. Está na CLT e na Constituição.
Atenciosamente
Maria Helena de Moraes Fuzer
Presidente |
E como é que ficam as agencias de propaganda nesta polêmica? Isso foi o que Janela perguntou ao presidente do sindicato delas, Clementino Fraga Neto.
Para ele - que chegou a consultar o advogado da associação - as agencias devem continuar seguindo a tradição, até que a Justiça, determine, se determinar, o contrário. E pela tradição, o Sindicato dos Publicitários - o de Maria Helena - leva a Contribuição.
Além de tradicionalmente os dissídios serem negociados com o Sindicato, lembra Fraga, as Contribuições dos últimos anos foram sempre recolhidas para lá.
Como se vê, é tudo igual como estava antes.
MKTMIX
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