Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
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Publicidade também pode defender os cidadãos
Ate março, quando entra em vigor o Código de Defesa do Consumidor, o assunto vai aparecer volta-e-meia, aqui na coluna.
A esta altura dos acontecimentos, não deve ser surpresa pra ninguém a inclusão das agências de propaganda na responsabilidade do que for dito nos seus anúncios e comerciais.
Quer dizer, a propaganda prometeu o que o anunciante não puder cumprir, ferro no publicitário.
Não é difícil, portanto, compreender o porquê de os publicitários estarem se manifestando tanto contra o citado Código.
Na crítica do Código de Defesa do Consumidor, os empresários de propaganda alegam que as agências são meras prestadoras de serviços e, na maioria das vezes quer dizer, tirando os grandes anunciantes -, elas não têm acesso a informações do cliente que lhes permitam julgar se ele está armando um trambique ou não.
E castigar a agência seria como prender também o advogado de um réu que fosse considerado culpado de um crime.
CONAR AMEAÇADO
Além disto, os publicitários (principalmente os da velha guarda, que organizaram o III Congresso Brasileiro de Propaganda há mais de 10 anos) defendem que existe este tempo todo um Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária, o Conar, que já estaria fazendo, sem interferência e "despesas" do Governo, a defesa do Consumidor, quando proíbe, por julgamento dos próprios publicitários, e mesmo a partir de denúncias dos consumidores, os anúncios nitidamente mentirosos ou abusivos aos padrões da moral e dos bons costumes.
A defesa do Conar nunca foi tão evidente, com campanhas pelas mais diversas mídias. E ainda assim, nada parece mudar a evidencia de que o Código vá mesmo entrar em vigor como está e que no cada vez mais próximo março deste ano, o Conar se torne uma entidade totalmente desnecessária.
LETRA MORTA
É claro que eu não posso ser contra uma defesa do consumidor, mas o que me assusta nessa história toda, tanto como publicitário como jornalista e também como consumidor, é a forte suspeita de que estamos próximos de termos com o Código apenas mais uma lei, sem que isso queira exatamente dizer "mais justiça".
Afinal, este é o país em que as leis podem pegar e podem não pegar. Que nem vacina. Se pegou, tudo bem. Se não pegou , vai dando outra, vai dando outra até quem sabe esquecer, porque às vezes é mais fácil achar até que a doença não dói tanto.
A mim, meus amigos, ninguém convence que os problemas do consumidor não são apenas mais uma consequência da crise no crédito que o brasileiro dá à instituição da Justiça brasileira, sempre lenta, muitas vezes subjetiva e outras tantas amedrontadora. Um poder velado e temerário como já foram os generais da Dina Sfat nos tempos da ditadura.
Sem respeito à Justiça, e sem acreditar que ela consegue passar ao largo das estratificações econômicas, como esperar que os brasileiros acreditem que possa haver um respeito entre empresas e consumidores? Ou entre empresas grandes e empresas pequenas?
CONSCIÊNCIA
E se ver correndo o risco de enfrentar anos e fortunas em um tribunal brasileiro pelo anúncio de um cliente que pode até já ter saído da agência, é motivo mais do que suficiente para deixar qualquer empresário de propaganda de cabelo em pé, mesmo que sua consciência social pretendesse pensar no contrário.
Aí é que voltamos ao papo da coluna da semana passada. Antes de tudo, é preciso termos a consciência e a defesa do cidadão. Quando ela acontecer, vem junto a defesa do consumidor, do publicitário e até mesmo do empresário.
A cobrança desta defesa do cidadão e pela moralização da justiça, aliás, também pode ser exercida por nós, publicitários. Isto não é assunto só de artistas e jornalistas.
Se a propaganda brasileira tem tempo e talento para fazer campanhas se auto defendendo, por que não se abrir para defender um pouco mais?
No Brasil um "cachorro quente".
Grimmy, um cachorro muito louco, mas que age e reage como um cachorro normal, que gosta de revirar latas de lixo em busca de comida, persegue carros e coça suas pulgas, desembarcou no mercado brasileiro de licenciamento nas mãos de seu criador, o cartunista norte americano Míke Peters (foto), Prêmio Pulitzer de Jornalismo pelas charges políticas que publica em vários jornais dos Estados Unidos.
Grimmy, que aparece em mais 500 jornais diários, em forma de tiras, já tem 10 licenciados no Brasil: Toke para malhas e sweaters de luxo; Strong para calçados infantis; AB Gifts pra bichinhos de pelúcia; Bet para expressão social; Best Editora para livros e publicações e Kasuga para álbuns de fotos.
Segundo Peter Carrero, Grimmy deverá ter 30 licenças até o fim de 91.
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