Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 30/NOV/1990
Marcio Ehrlich

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Inverno chega em janeiro para cigarras de propaganda

Uma vez, o presidente da Pelikan do Brasil, o suíço Martin Rosemberg, pra me explicar porque achava que os europeus como um todo tinham mais noção da importância do trabalho que nós, brasileiros, lembrou que lá eles tem um inverno de verdade, com muita neve, que durante alguns meses paralisa completamente toda a agricultura e reduz uma boa parte de outras atividades, inclusive industriais e comerciais.
Por isso, quem não trabalhar de verdade durante o resto do ano para ter provisões e como sobreviver durante o inverno, corre o risco real de morrer de frio e de fome.
É claro que você lembrou da velha fábula da cigarra e da formiga, que a gente aqui ouve quando é pequeno mas leva mais como conto da carochinha que como parábola da verdade.
Só que, agora, em pleno verão, a dona Zélia Cardoso de Mello está fazendo os empresários brasileiros se sentirem como as formiguinhas da fábula, a um mês do violento inverno da recessão prometida para chegar em pleno janeiro.
Entre o pessoal de publicidade, quase que não há outro assunto. Os empresários de propaganda, que sempre foram otimistas como as cigarras - e cantavam sua felicidade como elas - estão convencidos que desta vez o inverno chega e o setor VAI PARAR em janeiro e fevereiro.
Em propaganda, pra falar a verdade, o verão nunca foi grande coisa. Muitos anunciantes paravam suas campanhas de propaganda dizendo que, como as pessoas entravam de férias e viajavam, elas se preocupavam menos em comprar.
Tanto que, quase todo ano, um ou outro jornal ou televisão coloca uma campanha no ar lembrando que, durante as férias as pessoas também consomem, e quem deixar de anunciar vai perder mercado pro concorrente que marcar presença.
Só que, desta vez, a sensação é unânime: quem não estiver equilibrado e com reservas para segurar estes dois meses, vai tremer de frio no verão. E como comentou comigo o Armando Ferrentini, diretor da editora Referência, que edita as revistas Propaganda e Marketing, os veículos que preparem em dobro, porque as produtoras de comerciais já se defendem normalmente do verão dando sempre férias coletivas neste período, e as agências de propaganda devem seguir o mesmo caminho. Acontece que, mesmo sem ter um anuncinho pra encher o seu espaço, parar de circular ou não entrar no ar durante um mês, é um luxo que veículo nenhum pode se dar.
Até janeiro, pois, a ordem é deixar de lado os livros de Kotler, Morita, Iacocca e outros mestres do marketing.
No Brasil da Zélia, parece que empresário vai ter mesmo é que estudar Esopo e La Fontaine...

Nas prateleiras

Molhos Maggi• A Nestlé está lançando uma linha de 4 molhos prontos a base de tomate na sua marca Maggi. Peperone, Bolonhesa, Pizza e Ervas Finas serão produzidos pela Nestlé em São José do Rio Pardo e, por enquanto, comercializados só em São Paulo, já que a empresa diz que o produto destina­se aos consumidores que prezam a qualidade e o paladar requintado - o que entendemos ser então privilégio dos paulistas. A campanha publicitária é da J. Walter Thompson.
O Brasil consumiu em 1989 nada menos que 800 mil toneladas de derivados industrializados de tomate, movimentando um volume de 300 milhões de dólares. A Nestlé, nesta área e em outras produziu nada menos que 575 mil toneladas de gêneros alimentícios.
• A Walita está lançando o liquidificador Premier, completando um ciclo de 8 lançamentos somente em 1990, que estão procurando se diferenciar da concorrência não só em tecnologia como em design.
O mercado de liquidificadores no Brasil é da ordem de 2,4 milhões de unidades/ano, perdendo apenas para os Estados Unidos, onde anualmente se compram 4,5 milhões de liquidificadores por ano. A Walita, neste lançamento, investiu US$ 3,5 milhões, aos quais US$ 350 mil em anúncios na mídia impressa e US$ 500 mil na eletrônica, com trabalhos da MPM de São Paulo.
Ricardo Adams, gerente geral de produtos da Walita espera vender 240 mil liquidificadores Premier por ano, em cerca de 16 mil pontos-de­venda em todo a país. A Walita é líder na setor brasileiro de eletrodomésticos, com 45% do mercado.

MKTMIX

• JÁ DIZIA JÓ SOARES - "Aqui tudo acaba em samba!". Daí que, se esse tal janeiro negro, recessão, inverno etc passar e ninguém notar, ninguém se espante. Ainda mais que em feverê, tem carná. E por acauso dá pra pensar em recessão enquanto a gente se prepara pro desfile da escola?
• PAULINHO TIRA A SORTE COM BÚZIOS - Enquanto o inverno não chega, Paulo de Tarso, da Free, está curtindo as praias de Búzios como ninguém mais. E que sua agência foi a vencedora da concorrência do Marinaporto Búzios, o empreendimento turístico de Humberto Modiano na região. A conta já esteve na Zapt e, mais recentemente - durante a gestão de José Eduardo Guinle na Marina -, na Ellis. Se realmente a publicidade carioca parar em janeiro e fevereiro, vai ser ótimo atender essa conta. Mas lá, bem próximo do cliente.
• VÁ AO TEATRO VER A LUCIA ABREU - Se você é fã da Lúcia Abreu, aquela gracinha que nos ajuda a apresentar o programa Intervalo, na TV E, precisa vê-la ao vivo na peça "Tupy or not Tupy", um excelente espetáculo de Sidney Cruz que está em cartaz no Mercado São José, em Laranjeiras. O texto foi o vencedor da Concorrência Fiat deste ano e, nele, Lúcia Abreu mostra, em muitos momentos emocionantes e de muita garra, o talento de grande atriz que a TV - onde ela só faz o papel de apresentadora - não deixa aparecer.
E mesmo que você ainda não seja fã da Lúcia, vá porque a peça tem um texto ótimo, uma direção muito interessante para o lugar onde ela acontece - uma praça ao ar livre dentro de um mercado.
• POR QUE TÃO TARDE - Num país com a instabilidade econômica como essa que vive o Brasil, eu me pergunto que precisão conseguem ter estas edições que começam a circular agora como Quem é Quem, da Visão; e Balanço Anual, da Gazeta Mercantil; e Melhores e Maiores, da Abril/Exame. Afinal, 99,99% dos balanços publicados - e que serviram para os rankings -, fecharam em 12/89, e refletem um comportamento de um ano atrás. De lá pra cá até o dinheiro mudou e as revistas saem agora com resultados em Cruzados Novos!!
É claro que os levantamentos que estas revistas fazem são importantes. Mas por que levarem tanto tempo para serem publicados?
• NAME IT ALL - O nome correto da agência que ficou funcionando no casarão da Tandem, na Lagoa, não é Conceitual, como publiquei aqui há algumas semanas, e sim "Conceito-All". Como os leitores perceberam, um trocadilho dos publicitários da agência, que meus ouvidos não conseguiram decodificar corretamente. Como diz o ditado que eu acabo de inventar: O que os olhos não vêem, a mão não escreve.
Aliás, os diretores da agência parecem estar literalmente apavorados com a possibilidade de serem confundidos com os antigos diretores da Tandem. A simples menção da "conceitual" (o som do nome dela) na coluna dizendo que a Tandem gerou filhotes fez com que me escrevessem avisando que sua diretoria tem "passado limpo, sem ranhuras e com respeito e credibilidade no mercado".
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