Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
Campanhas para o Rio devem estar com o público errado
Entra ano e sai ano nesse nosso Rio de Janeiro e algum publicitário sempre decide ajudar a cidade com uma campanha de amor ao Rio.
São esforços de marketing e comunicação enormes, com associações envolvidas, veículos dando espaço de graça, pessoas trabalhando sem remuneração, enfim, tudo o que se imagina necessário da comunidade para devolver ao Rio de Janeiro aquele astral que quem tem pelo menos uns 30 anos jura que já existiu...
A campanha da vez é a Riomania, do mineiro que adotou o Rio, Jomar Pereira da Silva, diretor da Expressão Brasileira de Propaganda, uma agência que pertence à Varig e que, portanto, entende que uma cidade sem charme como está o Rio não ajuda ninguém que viva do turismo, como as companhias aéreas e tantas outras empresas que existem por aqui.
Mas esta mentalidade de associar turismo com marketing só parece funcionar no Rio através da iniciativa privada.
Por estranho que pareça, num lugar com o potencial turístico como o que existe no Rio, o governo ainda não olha a cidade com o binóculo do marketing.
Quer dizer, não parece que os órgãos oficiais de turismo pensem em como deixar os lugares de possibilidade turística atendendo as necessidades dos seus consumidores ou seja, os turistas -, de modo a obter retorno para a cidade.
Essa é a única razão que eu vejo para que tantos pontos turísticos do Rio estejam abandonados, sem qualquer estrutura de apoio, deixando de beneficiar o turista e a receita do município.
E aí eu juro que não entendo sair de casa na última segunda-feira, feriado, depois de ver na televisão um comercial do Riomania, ir parar no Mirante Dona Marta - lugar com uma vista fantástica da cidade - e encontrar a cabine da entrada com lixo onde bem poderia haver informações (inclusive vendidas) sobre a cidade, e sem qualquer guia turístico oficial - ou sequer um sujeito uniformizado -- para atender aos estrangeiros e brasileiros que resolveram dedicar o seu dia de descanso para consumir o produto turístico que esta cidade tem para oferecer. Só que acabaram mal atendidos, ainda enfrentando lavatórios sujos, bebedouro sem água e outros terrores do desleixo.
Vai ver que a hora é de mudar o público destas campanhas de propaganda do Rio, para que tanto esforço não acabe no lixo como se tem visto ano após ano. Quem sabe a hora não é de os publicitários cariocas criarem uma campanha para sensibilizar não a população, mas os técnicos oficiais de turismo e as autoridades da cidade?
Reclamar organizadamente também é uma forma de exercer a nossa cidadania e o amor a esta cidade que escolhemos para continuar vivendo.
Quem quer uma verbinha de 2,7 bilhões de dólares?
Por mais absurda que possa parecer, uma comparação do que se gasta em propaganda no Brasil e o que se gasta nos Estados Unidos é irresistível.
Principalmente agora que a revista Meio & Mensagem divulgou a relação dos 100 maiores anunciantes americanos de 1989, feita pela revista Advertising Age, a bíblia da publicidade de lá, e que a própria M&M - que levanta o ranking-brasileiro - representa.
Pela lista, o maior anunciante americano do ano passado foi a Philip Morris, que colocou em propaganda a bagatela de 2 bilhões e 72 milhões de dólares, o que dá hoje uns 270 bilhões e meio de cruzeiros.
O número em si já assusta, mas assusta mais quando a gente vê, pelos estudos da M&M, que, toda a verba de publicidade gasta no Brasil, por todos os anunciantes, em 1989, foi maior apenas em 662 milhões de dólares.
Ou seja, a Philip Morris americana, sozinha, investiu em propaganda 75% de tudo o que se gastou nessa área no Brasil.
Pelo mesmo levantamento, descobre-se que só a verba dela foi 12 vezes todo o faturamento da maior agência de propaganda brasileira, a MPM ou seja, sustentaria, no Brasil, 12 agências do tamanho da MPM.
E foi 1400 vezes maior do que toda a verba da mesma Philip Morris no Brasil.
No geral, a propaganda dos 100 maiores anunciantes americanos movimentou uma verba de 34 bilhões de dólares. Dá alguma coisa mais que uns 3 trilhões de cruzeiros.
Estas foram as 10 maiores empresas anunciantes dos Estados Unidos: depois da Philip Morris veio a Procter & Gamble, que está entrando agora no Brasil pela Phebo; em terceiro a Sears; em quarto a General Motor e; em quinto, a Grand Metropolitan; e depois a Pepsi, o Mc Donald's, a Kodak, a Reynolds Nabisco - que em cigarros já desistiu do Brasil - e a Kellogs.
E como curiosidade: a Coca-Cola ficou em 28º lugar no ranking, a Walt Disney (!) foi a 33º, a gigantesca IBM a 56º, e a Volkswagen ficou em 80º, ainda assim com uma verbinha nada dispensável de 139 milhões de dólares.
MKTMIX
• QUEM NÃO CHORA NÃO MAMA - A Contemporânea conseguiu ser considerada "capacitada a atender as necessidades" de publicidade dos órgãos da Presidência da República. A agência havia sido eliminada na primeira seleção, mas não se conformou, entrou com recurso e, no último dia 15, recebeu a correspondência 57/90 do Chefe de Gabinete Pessoal do Presidente da República, Sr. Cláudio Vieira, informando que as justificativas dela foram acolhidas.
• UM NOVO AROMA NO AR - A L'Oréal está investindo US$ 1 milhão em propaganda e promoção no lançamento do perfume LouJou, da Cacharel, no mercado brasileiro. A empresa pretende vender, em seus 300 pontos de venda, 120 mil unidades por mês do frasco de 50 ml, que chegará ao consumidor ao preço médio de Cr$ 5.700,00. Loulou é o segundo perfume mais vendido no mundo da Cacharel, que é também a responsável pelo Anais Anais, o líder em vendas mundial do setor.
• LEÃO VOLTA ÀS TELAS Não o da Metro, nem o do Imposto de Renda. Mas o exgoleiro da Seleção, Emerson Leão, que protagonizará a campanha criada pela Cromo Publicidade para a linha de ignição de automóveis da Olimpic, a primeira que este anunciante entrega a uma agência de propaganda. O tema da campanha é "Assim como no futebol, o conjunto é fundamental no automóvel". Nas peças, Emerson Leão aparece ao lado do conjunto de autopeças da Olimpic.
• H. STERN ACREDITA EM PROMOÇÃO - Num segmento de mercado normalmente pobre em criatividade, a H. Stern continua ativa, buscando atrair clientes. Agora ela está lançando a promoção Chave de Ouro, pela qual os clientes que comprarem joias no valor mínimo de Cr$ 60 mil poderão escolher uma chave entre 30 disponíveis, e tentar abrir um cofre de acrílico transparente, para ganhar uma joia que estará lá exposta.
• A LAERTE O QUE É DE LAERTE - Paulo Peres, diretor da produtora Made For TV, escreve esclarecendo que não foi Leonardo Bartucci o responsável pela direção de arte do filme "Festival Tramontina", que a produtora fez para a Norton e o Paes Mendonça Barra. A direção de arte, assim como a direção geral do trabalho, foi de Laerte Agnelli, que receberá o destaque do IV Prêmio ColunistasProdução.
• RINO RINDO À TODA - A Rino Publicidade, de São Paulo, informa que encerrou o primeiro semestre de 1990 com um faturamento da ordem de US$ 4,5 milhões, que lhe permitem prever um resultado final deste ano superando US$ 10 milhões, o que ultrapassa os US$ 8 milhões que a agência conseguiu em 1989. A Rino é uma agência com 28 anos de idade.
• THOMPSON VOLTA A RESPIRAR - A J. Walter Thompson deve fechar 1990 com um faturamento de US$ 59 milhões, 2 milhões abaixo do resultado do ano passado e 8% abaixo do previsto inicialmente, antes de se imaginar que o país entraria nesta semi recessão. Salvou a agência a entrada de novas contas da Nestlé (Molhos de Tomate Maggi e Ninho Soleil), que por si só constituem 5,5% do resultado da agência.
No Rio, também, a Thompson dá sinais de vida, tirando da MPM a dupla de criação Wanderley D'Oro e Hélio Rosas.
• CHRISTINA PRESTA CONTAS - A Presidente da Young & Rubicam Brasil, Christina Carvalho Pinto, estará reunindo a imprensa especializada no próximo dia 23 de outubro, no restaurante Fasano, em São Paulo, para "contar tudo o que aconteceu com a agência nos últimos 12 meses e como ela se desenhou para a década de 90.
Taí um belo exemplo dado por esta agência que junta a mentalidade paulista com a de multinacional. Por que as agências cariocas nunca fazem coisa semelhante?
• UNITÁ APAGA VELINHAS - A agência Unità, criada por Luiz Carlos Lopes depois que saiu da Tandem, está completando um ano de idade este mês de outubro. Semana que vêm, a Janela vai publicar uma matéria maior com Luís Carlos, contando como anda sua agência.
• PARA OS MADRUGADORES - Se às 8 horas da manhã das terças e sextas-feiras você já estiver acordado, é uma boa oportunidade para ouvir o quadro sobre Propaganda e Marketing que estou fazendo durante o excelente programa jornalístico Panorama Brasil, comandado por Sidney Resende e Ricardo Bueno na rádio Panorama FM (90.3 no dial). O programa vai das 7 e meia às 9 e depois vale ficar na Panorama por conta da ótima programação musical da emissora.
• ANOTEM O ENDEREÇO As correspondências para a Janela Publicitária devem ser enviadas para Rua Visconde Silva, 156 cob. 701, CEP 22271, Rio-RJ. Em horário comercial, os contatos podem ser feitos também pelo telefone (021) 552-4141.
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