Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
Agências de Brasília vivem agora em tensão
Atualmente, quem diz que sabe alguma coisa, é porque está mal informado. A piadinha, corrente na praça, reflete bem o clima das agências de propaganda de Brasília, perplexas com a kriptonita verde que o Super-Collor jogou no mercado publicitário federal, anulando todos os contratos vigentes e declarando que vai tomar conta pessoalmente das verbas de comunicação dos órgãos de governo.
Por conta disto, começam a surgir com muita força, lá na capital, comentários de que as agências nacionais - como MPM e Pubblicità - que mantinham grandes escritórios em Brasília estão prestes a enxugá-los radicalmente.
Os maiores boatos, é claro, são sobre a MPM, que é maior em Brasília que muita boa agência média carioca. Dela, dizem que daria férias coletivas a seus funcionários, demitiria alguns e de repente retornaria ao sistema de criar todos os trabalhos dos futuros clientes federais através do seu escritório carioca. E agora, Euler Matheus?
Muita gente foi pega no contrapé. Por exemplo, pouco antes do pacote colorido, a Expressão Brasileira de Propaganda anunciava que estaria abrindo seu escritório em Brasília, dirigido por Jomar Pereira da Silva. Fez até release e anúncio (ilustração) comunicando o fato. E agora, Jomar?
A mineira Setembro, que participou da campanha de Collor, pretendia aumentar seu escritório brasiliense de 4 para 40 funcionários depois da posse. E agora, Almir Salles?
Pela VS, Valdir Siqueira garante que a atual estrutura do seu escritório (que já está reduzida desde o final do ano), é capaz de se manter graças à conta do Governo do Distrito Federal. Mas ele também admite que só em pelo menos 1 mês conseguirá saber quais as perspectivas reais da agência em Brasília.
De qualquer forma, o controle de Collor sobre as contas federais deixou a maioria dos empresários de propaganda, escorregadios por profissão, em cima do muro.
Eles sabem que para as agências, principalmente as cariocas, cuja rentabilidade era garantida pelas contas de governo, o arrocho de Collor será num primeiro momento muito danoso, colocando em forte risco a estabilidade financeira das agências e a garantia de emprego de tanta gente que vive em torno das contas de governo.
Por outro lado, não há ninguém, pensando-se como cidadão brasileiro, que possa criticar uma moralização neste setor, que todos sabemos a que nível-de prostituição chegou, com favorecimentos políticos e muita, mas muita, muita mesmo, supervalorização de custos, para compensar as inevitáveis bolas para os "coordenadores de comunicação" e os atrasos do próprio governo no pagamento das faturas.
Afinal, era do bolso da gente mesmo que este dinheiro saía.
Pessoalmente, não deixo de estar furioso por Collor ter confiscado o meu dinheiro e pela pouca importância que está dando às atividades culturais no Brasil. Mas mantenho a esperança de que o setor publicitário - ainda mais o carioca - possa crescer a partir de um vivo interesse da iniciativa privada, nacional e multinacional, em conquistar para si maiores fatias de um mercado que possa colocar o seu capital na compra de bem e serviços, em vez de apenas enriquecer os bancos na busca das desesperadas operações financeiras a que estávamos obrigados para nos salvar de uma insaciável inflação.
MKTMIX
• FICOU FALTANDO - Esta nota já tentei colocar aqui há algumas semanas, mas a coluna estourou e foi cortada pelo pé. É que achei belíssimo o folheto que a Souza Cruz encartou nos jornais e revistas para lançar o cigarro Hollywood Light. Direção de arte de primeiríssima linha. Estava fantástico um texto cortado no canto do folheto (quem foi o autor!?), com frases como "I am the bull, you are the china shop", "You are Bikini atoll, I am the H-Bomb", "I am Yoko Ono, you are the Beatles" etc. Só ficou faltando uma, que seria mais do que apropriada para a peça: "You are the lung, I am the cigarrette".
• SOUZA CRUZ MOSTRA A CARA - Ainda sobre ela, mas sem gozação: também está espetacular o seu Relatório Anual 1989, criado pela 2CVS (a agência de Ricardo Van Steel). A empresa incluiu na peça - intitulada "Faces" - 33 portraits de pessoas ligadas às regiões onde a Souza Cruz tem as suas diversas companhias. No ensaio fotográfico de Barnabás Bosshart, que ainda contou com textos de Nirlando Beirão, vemos plantadores de fumo, apanhadores de frutas, comerciantes e outros trabalhadores que fazem cara que esse Brasil enorme tem. Das centenas de Relatórios Anuais que já vi em mais de 10 anos de Prêmio Colunistas, este ficaria com certeza entre um dos melhores.
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Gennady Trofimov, da Plodimex |
• E VIVA A PERESTROIKA A consagrada vodca Stolichnaya, preferida por tantos publicitários, por sua propriedade de não deixar bafo de bebida depois do almoço, já está sendo engarrafada no Brasil pela lnterplace, de São Roque (SP), sob coordenação soviética da estatal (multinacional imperialista russa??!!) Sojuzplodoimport. Ela tem 65% de participação na jointventure que conta com o Grupo Cacique de Café e a Teacher's do Brasil. Segundo Gennady Trofimov, diretor geral da joint-venture Plodimex (foto), a meta das empresas (ao menos até o Plano Collor) era vender pelo menos 25 mil caixas este ano, por um preço final ao consumidor inferior ao das importadas.
Com a falta de dinheiro na praça, vai ser ótimo agora poder botar uma Stolichnaya nacional na mesa e não dar a menor pinta.
• POR CIMA DA CARNE EM LATA - A Ferrari, Higgins & Isnenghi pegou a conta de toda a linha de enlatados e embutidos das marcas Swift e Armour.
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