Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
O que aconteceu de melhor em 1989
O ano está acabando. E como sempre, nesta época, ninguém quer tomar decisões importantes e as notícias ficam mais difíceis de achar que álcool em posto da Zona Sul.
A saída é a gente trazer para vocês a tradicional retrospectiva do que aconteceu de notável no ano que passou. Ano, aliás, em que a inflação bateu todos os recordes da história brasileira, mas nem o país nem as agências de propaganda fecharam.
Pelo contrário, até têm aparecido na imprensa os publicitários de sempre dizendo que o setor foi muito bem em 1989. O que não deixa de ser curioso. Se a publicidade foi bem, é porque os anunciantes tiveram verba para investir. Provavelmente, então, as pessoas se dispuseram a usar seu dinheiro para comprar os produtos. Dá pra entender a economia brasileira?
Vamos lá à retrospectiva das notícias que mais mereceram a consideração deste colunista durante o primeiro semestre deste ano, acompanhadas, quando der vontade, de comentários. Semana que vem, publicaremos a retrospectiva do segundo semestre de 1989.
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Toni Lourenço (primeiro à esquerda) abriu a Urbana, uma nova agência para o Rio |
JANEIRO
• A MPM, Pubblicità e VS Escala, agências cariocas que mantêm escritórios em Brasília, entram na nova seleção para a conta do GDFL Governo do Distrito Federal.
• A CBBA/Propeg pega a conta da Hébom, o Sorvete Sem Nome. Durante algum tempo a conta foi vista em Jornal e TV. Agora sumiu de novo.
• Daltro Franchini, novo presidente da Fenapro, decide acabar com o ranking oficial das agências de propaganda brasileiras, que a entidade realizava há vários anos. Vamos ver se a decisão se mantém este ano, para tirar a teima de quem é maior agora: a MPM ou a Almap/BBDO?
• Os diretores financeiros das agências de propaganda do Rio fundam o CDF-Clube dos Diretores Financeiros, presidido por Aias Lopes. diretor financeiro da VS Escala.
• Os jornais reduzem ainda mais o prazo de faturamento de seus anúncios, passando para 25 dias fora a quinzena, por conta da inflação, que já não parava de mostrar os dentes.
• A W/GGK pegou a conta dos produtos Peixe, produzidos pela Carlos Alberto de Brito S.A, do Grupo Vigor. Pelo menos até agora não lembro de ter visto nada para o cliente. Estou enganado?
• A Procter & Gamble entrega para a MPM as contas da Phebo e das Seivas de Alfazema. Na Leo Burnett ficou a Linha da Mônica.
FEVEREIRO
• A conta do Banco Central saiu da MPM e foi para a DPZ, que também conquistou o Banco Português do Atlântico, de olho no Mercado Comum Europeu.
• Marcelo Silva, então diretor de criação da Premium, e Lula Vieira, diretor de criação da VS Escala, representaram os publicitários no júri das Escolas de Samba do 1º grupo, julgando Fantasia e Alegorias/Adereços, respectivamente. Durante o desfile, ao som da batucada, baixou o espírito de Márcia de Windsor no Marcelo e ele deu dez pra todo mundo.
• A agência paulista FCB/Siboney começa a se instalar no Rio, sob a direção de José Humberto Affonseca, exEmbratur. Entre seus primeiros clientes, o atendimento às lojas cariocas da Benfica Pneus. Surgiram muitas expectativas sobre as milionárias contratações que a FCB faria no Rio, mas até hoje nada de espetacular aconteceu com a agência.
• A CBBA/Propeg leva a concorrência da TAP, depois de meses aguardando os resultados.
• Christina Carvalho Pinto deixou em São Paulo a vicepresidência da Norton para se tornar presidente e diretora de criação da Impact, uma nova agência do grupo Young & Rubicam, criada para servir de opção aos clientes multinacionais da empresa que não quisessem ou pudessem ser atendidos pelo difícil Eduardo Fischer na Fischer, Justus, Young & Rubicam. Tanto isto era verdade que poucos meses depois a separação de Fischer da Y&R aconteceu de fato.
• Carlos Alberto "Calé" Parente compra as ações de Arthur Bernstein, Raimundo Rezende e Sani Sirotsky na SGB e decide mudar o nome da agência para Better.
• A Salles ganha a concorrência da campanha do Imposto de Renda de 1989, estimada em 1 milhão de dólares.
• E a J. Walter Thompson perde a conta do Cartão Credicard, que detinha há 10 anos, dando início a um processo que levaria a toda a conta a sair da agência.
• A Publitec/Futura oficializou sua fusão com a americana Scali, McCabe, Sloves, passando a se chamar Futura/Scali, McCabe, Sloves.
MARÇO
• A Petrobrás dispensa a Denison-Rio, a Caio e a SGB de seu atendimento e contrata a DPZ e a MPM para fazerem parte do seu grupo de agências, que manteve a Artplan e a Almap/BBDO.
• A conta do Bradesco Seguros, avaliada em cerca de 4 milhões de dólares, acaba ficando dividida entre a Artplan e a Almap/BBDO (como se vê, ambas com a corda toda!).
• A Brahma, depois de segurar a Salles o mais que pôde, para não dar o braço a torcer à imprensa que já estava noticiando a história, vai finalmente para a Standard-Rio.
• Nélson Sirotsky, ex-diretor da extinta SGB, se junta com seu pai Sani para abrir a agência Versatta.
• O Plaza Shopping chamou a Oficina, a CBBA/Propeg e a Esquire para uma concorrência mas acabou deixando a conta na Gênesis, onde já estava.
• Mauro Matos, diretor de criação da Contemporânea, vence as eleições para o Clube de Criação do Rio de Janeiro, com 130 votos para sua chapa "Se Cria, Rio" contra 98 conquistados por Gustavo Bastos, da "Chapinha". Gustavo, diretor de criação da DPZ-Rio e um dos criadores mais brilhantes do Rio, lançou-se candidato antes e veio com uma proposta ousada de renovação que mobilizou muitos criadores jovens do Rio. Mas antecipou o Lula do 2º debate. Na hora de abrir a boca, não fez o jogo do discurso político e perdeu as eleições.
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Clementino Fraga Neto fundiu a sua Esquire com a Pubblicità |
ABRIL
• O Codimec-Comitê de Divulgação do Mercado de Capitais, conta que já havia sido da SGB, foi para a GCO/Promag.
• As agências cariocas Pubblicità e Esquire oficializam sua fusão, passando a se chamar Pubblicità & Esquire. Franzé, presidente da primeira, passou a ser o presidente da nova estrutura, e Clementino Fraga, presidente da segunda, fica como vice.
• A Souza Cruz remaneja suas contas e a W/GGK aumenta sua participação, ganhando Minister da Salles, que ganhou o Belmont perdido pela MPM.
• O Clube de Criação do Rio promove no Zanty a sua Primeira Noite de Poesia, com poemas teatralizados de 15 criadores cariocas, um dos eventos mais badalados do CCRJ este ano.
MAIO
• Toni Lourenço, que havia deixado a criação da Thompson, abriu sua própria agência: a Urbana. Entre as primeiras contas, o Citibank e a Rio Gráfica.
• A KLM Companhia Real Holandesa de Aviação entregou sua conta à Aroldo Araujo, após concorrência.
• A DPZ é escolhida a Agência do Ano do XXII Prêmio Colunistas Nacional, um concurso que foi caracterizado, no geral, pelo nível fraco em criatividade dos trabalhos concorrentes (realizados em 1988). Washington Olivetto foi o Publicitário do Ano.
• Depois de 22 anos na Salles, onde chegou a ser vice-presidente executivo, Domingos Logullo deixa a agência para se associar a Nizan Guanaes e a Duda Mendonça na abertura da DM-9 em São Paulo.
• A conta do Credicard ficou com a Fischer, Justus, Young & Rubicam.
JUNHO
• A Thompson-Rio abriu mão da conta do Citibank, dando o troco pela perda da conta pela Thompson-SP do restante da conta do cliente. Com isso, todo o Citibank na área Personal Bank ficou com a VS Escala.
• Neil Ferreira volta a trabalhar em agência. Agora na Salles-SP.
• A nova DM-9 se apresenta à imprensa e ao público, com a novidade de ter na sua sociedade também a Icatu Participações, do empresário Braguinha
• Morre, em São Paulo, Roberto Simões, editor da revista Marketing. E o Rio perde o Maestro Rogério Rossini, sócio da DC Vox e um dos melhores compositores da propaganda do país.
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