Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 14/JUL/1989
Marcio Ehrlich

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

O Rio é uma África, mas São Paulo é que leva os Leões

Eduardo Martins é diretor de arte da Artplan e um dos poucos caçadores cariocas de Leões. Ele já trouxe para o Rio de Janeiro dois Leões de Prata de Cannes: para o filme "Papa", quando estava na Contemporânea, e este ano para o comercial "No Smoking", feito para a Britânia English Course.
Especialmente a pedido da Janela, Eduardo dá a sua opinião sobre o porquê do Rio tradicionalmente ganhar tão poucos prêmios no badalado festival de Sawa.

Eduardo Martins
Eduardo Martins gosta de caçar leões de prata
Falando com um amigo, orgulhoso (eu não, meu amigo) do meu feito no último Festival de Cannes - onde me sagrei merecedor de um Leão de Prata - pedi-lhe que me concedesse espaço para divulgação do tal acontecimento, já que este amigo era um grande diretor da Rede Globo.
Ele perguntou:
- Quantos Leões o Brasil ganhou este ano?
Eu respondi:
- 16.
Ele
- E quantos o Rio de Janeiro ganhou?
Eu:
- 1.
Ele encerrou o assunto:
- E você acha que algum jornal ou televisão do Rio vai noticiar uma vergonha dessas?
E me aconselhando a mudar para São Paulo, se despediu.
•••
O Rio de Janeiro é um mercado atípico. Existe um número maior de agências grandes do que de agências medias. O que, na minha opinião, torna o mercado do Rio pouco competitivo, uma vez que as agências de grande porte têm o monopólio dos poucos anunciantes que o Rio ainda se permite.
Como se não fosse o bastante, contas publicitárias cariocas têm migrado para o Nordeste, em busca de melhores condições de vida.
Mas se contas vão, contas vêm. O Rio recebeu nos últimos anos uma quantidade considerável de contas de Brasília. E quem já trabalhou com o governo sabe: você pesquisa, planeja, conceitua, cria, faz tudo certinho, pra no final ser aprovado por aquelas pessoas que entendem tudo de propaganda. É lindo. Tudo muito profissional.
O resultado da Criação do Rio é o reflexo da situação não só do mercado, mas também do próprio Estado do Rio.
O carioca não arrisca.
As agências não arriscam.
Os criadores também não. Salvo as exceções que confirmam a regra.
Hoje, qualquer criador do Rio que consegue produzir um filme já pode se considerar um vitorioso. Talvez seja por isso que parecem satisfeitos com os resultados que obtêm nos Prêmios. Por exemplo, no último "Profissionais do Ano", prêmio instituído pela carioca Rede Globo, nenhum filme local constou entre os finalistas.
Outro forte sintoma da falta de saúde da nossa criação é o próprio Clube de Criação do RJ.
No Zanty, ponto de encontro semanal de toda a Criação carioca, só restaram o Henrique Meyer e a fita do Sting. Que, aliás, é muito boa.
•••
15 a 1. Parece ser uma diferença muito grande. Mas, vamos e venhamos. Existem países representativos da publicidade mundial que também só conseguiram um Leão de Prata em Cannes. O Zimbabue, por exemplo.
Mas, se por um lado, a performance carioca não foi tão boa no maior festival de publicidade do mundo, por outro, nunca foi tão grande o número de cariocas que frequentaram as areias de Cannes. Buscando, quem sabe, um bronze.
Tá na hora de sacudir a poeira, sacar da canetinha "Mont Blanc", tirar dos bolsos enormes dos blasers enormes as ideias enormes, deixar a pose de lado e tentar fazer alguma coisa.

ABP já tem Elysio como seu presidente

Elysio Pires
Elysio Pires volta a comandar a ABP

Elysio Pires voltou a ser, desde ontem, o novo presidente da ABP - Associação Brasileira de Propaganda.
Como em todas as eleições da entidade, desde 1977, apenas uma chapa concorreu, bastando, portanto, que alguns associados comparecessem à sede da associação para registrar sua presença no livro de ata. Apesar disto, Elysio conseguiu bater o recorde das últimas 5 eleições da ABP, com mais de 70 assinaturas alcançadas.
Junto com Elysio Pires ­ que foi presidente de 1981 a 1983 -, compõem a nova diretoria da ABP para os próximos dois anos Euler Matheus (vice-presidente), Paulo Rolf (VP Adm. e Financeiro), Affonso Vianna (VP Jurídico), Frederico Rufilo de Oliveira (VP Atividades Associativas), Jairo Carneiro (VP Atividades Profissionais) e Álvaro Gabriel de Almeida (VP Social).
As metas da nova diretoria começam a ser discutidas na próxima semana. Elysio, porém, nos adiantou que está bastante preocupado com a situação de desânimo em que se encontra a propaganda carioca, e proporá à sua diretoria que, numa primeira fase, volte sua atenção mais às questões de revitalização do mercado carioca que para problemas nacionais da atividade. Se conseguir isto, Elysio já consegue de cara os aplausos de pé desta coluna.

Embratur retorna ao zero na concorrência

Se o país está esta grande bagunça que todos nós presenciamos, o órgão que deveria cuidar da imagem do Brasil lá fora - a Embratur - não poderia estar diferente.
Nesta mesma semana, antes até de o presidente da Empresa Brasileira de Turismo, Pedro Grossi, pedir sua demissão, pela terceira vez consecutiva o órgão modificou a sua concorrência publicitária.
A Embratur já havia adiado o prazo de entrega das pastas das agências por admitir que não seria necessário as concorrentes apresentarem cópias de resultados de pesquisas feitas para seus clientes. A queixa fora da ABAP, que na mesma época havia feito igualmente a ponderação de que não poderiam ser utilizados os mesmos critérios de seleção para agências que fariam apenas campanhas no exterior e outras que só fariam as campanhas brasileiras (porque, obviamente, estas não precisariam ter escritório ou representantes lá fora). A aceitação desta sugestão implicou, então, a necessidade de a Embratur estabelecer novos termos para a concorrência.
Mais uma vez, portanto, as agências podem guardar o material já preparado das suas pastas de apresentação e esperar um novo aviso de licitação a ser publicado no Diário Oficial. A recomendação da coluna é que as pastas sejam cuidadosamente envolvidas em plásticos e guardadas em lugar seco para não pegarem poeira e mofo, porque até a Embratur resolver a crise na sua própria cúpula, vai ser difícil que alguém lá possa pensar em ficar escolhendo agência de propaganda...

Produtoras cariocas mudam representantes

No próximo dia 25, a Associação de Produtoras de Filmes e VTs Publicitários - que reúne as empresas cariocas do setor - escolhe a sua nova diretoria, sucedendo a atual, presidida por Billy Davies, da Abracam, que teve como objetivo apenas implantar e legalizar a entidade.
O prazo para registro de chapas encerrou-se no último dia 11, e apenas Jerônimo Freitas, da Momento Filmes, inscreveu-se como candidato.
A assembleia de eleição de Jerônimo será realizada na própria sede da Momento a partir das 19 horas, sendo imediatamente seguida da posse da nova diretoria.

Inflação faz veículos apressarem o faturamento

A expressão "trinta dias fora o mês", que por mais de 20 anos vigorou no faturamento dos veículos publicitários e virou passado na crise econômica do final de 1988, agora tornou-se passado remoto.
O retorno das taxas altas de inflação e a diminuição geral dos prazos de pagamentos de insumos levaram os veículos a decidir reduzir ainda mais o seu período de crédito.
A partir de setembro, o faturamento será feito na quarta parte daquele critério histórico. Ou seja, em 15 dias fora a quinzena. Até lá de qualquer forma, os prazos já estão mais reduzidos, ficando em 20 dias fora a quinzena.
A incompetência da equipe econômica do governo Sarney conseguiu fazer com que o faturamento de propaganda chegasse até a ultrapassar (!!) uma reivindicação antiga dos veículos.