Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
Brandão quer fim da diferença de redator e diretor de arte
Paulo Brandão, que por três anos seguidos esteve entre os mais premiados diretores de arte do Prêmio Colunistas-Rio, quer acabar com o conceito tradicional de que uma dupla de criação deva ser formada por um redator - alguém que saiba basicamente escrever bem - e um diretor de arte - alguém que saiba basicamente leiautar ou desenhar bem.
Para Brandão, a publicidade moderna só admite a existência de criadores completos, que saibam encontrar ideias criativas e, a partir daí, definam em conjunto os elementos visuais e de texto do trabalho.
O protesto principal de Brandão deve-se a um sentimento de que há, mesmo que disfarçadamente, uma certa discriminação com o profissional até então chamado de "diretor de arte". Ele e outros diretores de arte com quem conversamos várias vezes se deram conta que outros profissionais da agência, e mesmo clientes, só conseguiam imaginar o trabalho como resultado de uma ideia tida pelo redator, e apenas leiautada pelo diretor de arte.
"Várias vezes estive em situações irritantes, que deixaram bem claros estes equívocos", protesta Brandão. Por exemplo, "em reuniões de discussão de filmes, é comum as pessoas praticamente só se dirigirem ao redator, como se o diretor de arte participasse apenas da criação de anúncios. E mesmo na mídia impressa, não tem sentido alguém perguntar se o layout é somente de um dos criadores. Ele tem que ser assumido pela dupla de criação, indiferentemente".
Paulo Brandão, que atualmente é criador na Artplan, acha inclusive que a separação entre redator e diretor de arte deveria sair das fichas técnicas dos concursos publicitários e das notícias das colunas especializadas. O correto, afirma, seria considerar a todos simplesmente como "criadores".
Da mesma maneira, ele defende a tese de que ser criativo não é obrigação de ninguém privilegiado em publicidade. O ideal, inclusive, defende Brandão, "seria que profissionais de atendimento, de mídia ou de estúdio pudessem pensar junto conosco em soluções ousadas e criativas para os clientes da agência".
Janela Indiscreta
Já refeito do puxado descanso a que se submeteu na semana passada, mas ainda sem entender nada do que o Governo pretende de verdade com este Plano Verão, volta a colaborar com a Janela o mais bem informado colunista publicitário do País, Armândico Fettuccine Filho.
Fettuccine Filho mais uma vez solta suas farpas firme e forte, o que deixa claro que, ou o mercado publicitário amadureceu o suficiente para aceitar um colunismo vibrante como o dele, ou ninguém está dando a menor bola para o que ele escreve. Uma terceira hipótese, também possível, é que ninguém esteja mesmo lendo esta coluna.
De qualquer forma, Fettuccine Filho, seguindo os preceitos que aprendeu com seu grande mestre Fettuccine Pai, garante que continuará com seu estilo candente "doa a quem doer". Quanto ao "custe o que custar", ele informa que está disposto a conversar.
• O dublê de colunista social e colunista publicitário Fred do Amaral está propondo para "Muso do Verão" o milionário Paulo Roberto Lily de Carvalho, pelo comentadíssimo negócio bem-sucedido de vender a sua participação numa grande agência brasileira pela módica quantia de 2,5 milhões de dólares velhos: O expublicitário foi visto em sua Mercedes branca conversível a caminho do Monte Carlo, declarando, como pecuarista e bom baiano:
"Eu dou um boi para não entrar numa agência, mas cobro uma boiada para sair dela."
• Falando nesta agência, seu diretor Mauro Luís Salesman ficou muito ofendido ao saber do comentário maldoso de um concorrente, de que "com tanta mudança na diretoria, daquele mato não sairia mais coelho". Salesman respondeu irado que "não só sai como entra!".
E imediatamente, para confirmar, passou a exibir todo dia a seu funcionários o filme "Uma cilada para Roger Rabbit".
• O dublê de publicitário, filósofo e conterrâneo do presidente Sarney, Jorge Ribamar, do Maranhão, está felicíssimo pela repercussão que vem tendo a sua tese de que para aguentar trabalhar em propaganda tem que ser muito artista.
Ribamar, porém, ficou apreensivo quando soube dos telefonemas preocupados que vários contatos de agências e supervisores de atendimento fizeram ao delegado Campana, da 20ª D.P.Z. e presidente da Escuderie Le Gap. Segundo soubemos, os contatos protestaram pelas implicações da tese, que colocando a publicidade nos meios da arte, obrigaria a que eles passassem a se chamar "marchands" e a pertencer a grupos de risco.
Campana informou à coluna, no entanto, que também recebeu telefonemas de alguns profissionais de atendimento achando a ideia simplesmente di-vi-na.
"Eles não aguentavam mais se reprimir", explicou Campana.
De qualquer modo, Jorge Ribamar, do Maranhão, confirmou esta semana definitivamente a sua tese de que o publicitário é um artista, depois que o sorridente Sahib Farahbuto, que se julgava desaparecido, retomou ao mundo dos vivos e dos espertos para convencer o presidente da Academia Brasileira de Letras do Tesouro Nacional de que a instituição deveria gastar 4 milhões de dólares velhos em uma campanha publicitária para demonstrar ao povo que ela não vai mais gastar dinheiro com bobagens.
Ribamar, agora, diz que vai se dedicar a uma tese quase impossível: a de provar que publicitário também é gente.
• O misterioso criador Marcos Abraão David, diretor de harmonia da Grêmio Recreativo e House Agency Couve Flor de São Cristóvão, está felicíssimo com o sucesso de seu samba-enredo deste ano, o Samba do Crioulo Nojento, que na avenida será puxado pelo Macaco Tião, irmão do humorista Jards Macalé. Abraão David pretende agora lançar a melô em disco, com uma produção tão simples e de baixo custo que permitirá o acesso a todo o povão. Ele afirmou que duvida que alguém venda mais barato.
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Janela da Criação
Saiu finalmente o Jornal do Clube de Criação do Rio, uma semana antes até da estipulada por Sérgio de Paula, seu editor.
Os primeiros exemplares do Jornal, ainda cheirando a tinta, foram distribuídos esta última quarta na noite que o CCRJ promove no Zanty. A grande curiosidade do jornal é que ele exibe um furo em seu centro, que segundo estudo de alguns pesquisadores, lá mesmo no Zanty, serve para que ele seja seguro em forma de palheta de pintura (com o polegar passado através do furo), o que dá muito maior segurança a quem o estiver lendo, além de permitir que a página fique marcada no caso de se necessitar interromper a leitura por alguns instantes. O único problema verificado no processo é a utilização por leitores canhotos, que se veem totalmente impedidos de virar as páginas.
A noite do Zanty teve ainda a apresentação de trabalhos belíssimos de Adeir Rampazzo. Aqui pra nós, o efeito da colocação de trabalhos de um artista publicitário nas paredes concretas do Zanty foi tão forte, que o CCRJ deveria pensar seriamente em tornar esta iniciativa um hábito. Não faltam ilustradores e pintores na criação publicitária carioca para manter toda quarta-feira uma exposição no Zanty, independente do que mais for programado para a noite.
Falando nisso, é bom lembrar que semana que vem, é a vez do ilustrador Melo Menezes apresentar seu pagode no Zanty, contando inclusive com a presença de Aldir Blanc na cuíca.
Rápidas & Rasteiras.
• O Cartão Nacional deu uma grande mexida interna em seu marketing para disputar mais agressivamente o mercado. O novo gerente de marketing é José Luís Fernandes de Azevedo, que era da Vulcan, e em sua equipe entraram três profissionais que vieram da Thompson-Rio: Adriana Carpegiani, como gerente da divisão de comunicação; Mariângela Lírio de Sá, como gerente de comunicação; e Adolfo Paulino Soares, como gerente de sistema de informação de marketing.
• A SGB acaba de contratar para o seu atendimento Hugo Santos Jr., que estava gerenciando a operação da curitibana Exclam no Rio.
• E a Casa da Criação contratou, nos primeiros dias de janeiro, mais três profissionais: a diretora de arte Cristina Demier Portela e a redatora Simone Rodrigues Terra (ambas ex-VS Escala) e o trêfego André Calazans, exAroldo Araujo. A Casa conta que obteve um aumento de faturamento real de 34% em 1988, comparado com o ano anterior.
• Quem também trocou de ares foi Edson Scorzelli, que estava no atendimento da Denison e foi para a Standard-Rio,
• Deu revoada no RTV. Flávio Bastos, que estava na Denison, resolveu abrir a sua própria produtora. No lugar ficou Jackie Mota. Na Artplan, saiu a Pity para fazer cursos no exterior. O cargo ficou com Rubens Marques. Na SGB mudou de ares Paulo Graziotti. E da Thompson saiu Inês Barbosa da Silva, substituída por Vera Lucia de Oliveira.
• Ao apagar das luzes da vida do inflacionado Cruzado Velho, os grandes jornais do Rio distribuíram uma circular às agências e anunciantes comunicando que mais uma vez estavam mudando o sistema de cobrança de suas veiculações. Nos tempos mais estáveis, o habitual era o faturamento em 30 dias fora o mês da publicação. Com a inflação chegando a 20%, os jornais já haviam passado a considerar o faturamento a partir das quinzenas.
Em janeiro, com a inflação a 30%, o jeito foi reduzir o prazo para 25 dias fora a quinzena.
• Mas se não estivermos enganados, os anunciantes ainda devem erguer as mãos para o céu, porque a publicidade parece ser o único setor econômico que faz as suas cobranças pelo sistema de "fora o mês" ou "fora a quinzena" e não no tradicional "30 dias da data da compra"...
• O colunista e publicitário Isnard Manso Vieira assumiu a direção de criação da agência Conceitual, dirigida por Dirceu Coutinho (ex-Embratur), e que atende a conta da Soletur Turismo.
• Definitivamente, não existe órgão da administração pública mais fominha, arrogante e burocratizado que os Correios. Eles se fartam pela privilegiada situação de únicos no mercado. Quem precisa trabalhar com correspondências sofre. A cada dia é uma novidade, encontrada nas centenas de "Resoluções" da EBCT. A última que descobrimos é que a Resolução 136/81 não considera como "Impresso", um comunicado impresso em folha única, mas escrito em língua estrangeira. Ou seja, não há como mandar malasdiretas para o exterior com custos reduzidos. Há alguma lógica nisto?
• O Ministério da Cultura mandou para o vinagre a sua concorrência publicitária. A Tomada de Preços, após ser prorrogada para o dia 31, foi revogada de vez.
• A Covelli, indústria líder no segmento veterinário de animais de pequeno e médio porte, encerrou o ano de 1988 presenteando os animais da minifazenda do Zoo do Rio com uma cesta de natal contendo 200 unidades dos mais de 20 itens utilizados pelos bichinhos. Interessante ideia promocional.
• A agência paulista Morbim & Associados mudou-se para a Rua Alves Guimarães, 951, com o fone (011) 881-2342, em Pinheiros. Gildo Morbim conta que sua agência fechou 1988 com 20% de crescimento real.
• A revista Cláudia Moda e a Listel (empresa responsável pela edição de mais de 130 listas telefônicas oficiais em todo o Brasil) vão lançar em junho a Agenda para o Comprador Profissional de Moda, com forma de classificados. O fechamento publicitário será dia 31 de março.
• A R.J.Reynolds quer pegar 2% do mercado de fumantes brasileiros com a marca Winston, que é o seu best-seller em todo o mundo, com 160 bilhões de cigarros/ano em 160 mercados. O produto entrou no Rio com uma mídia violenta, e só como mercado teste, procurando romper o bloqueio que o brasileiro normalmente tem com marcas internacionais, por considerá-las, segundo pesquisas da RJR, "sem sabor".
• Paulinho Lomba, um dos cabeças da produtora Tycoon, confessa que viveu no último fimde-semana uma das maiores emoções de sua vida. Pilotando um Maverick mexido ele chegou em 10º lugar entre os 75 carros que largaram na corrida das Mil Milhas de lnterlagos. Aliás, Paulinho só não chegou melhor porque, quando estava em 4º, o eixo traseiro quebrou, obrigando a uma parada de 32 minutos no box.
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