Coisas que eu sei e que eu acho
Marcio Ehrlich

Quando eu assisti na TV pela primeira vez o comercial das camisas Wolens, juro que tomei um susto. Há muito tempo não via uma peça publicitária assumir as palavras "capitalismo" e "dinheiro".
Não há dúvida que, mesmo trabalhando em propaganda, os criadores, assim como os jornalistas, tendem a rejeitar a forma violenta como o sistema atua. Ao contrário, a busca dos últimos tempos tem sido a de aproveitarmos as oportunidades para passar várias formas de consciência e liberdade ao espectador, leitor, ouvinte e tal.
Mas não deu para deixar de reconhecer que o comercial era de uma tremenda ousadia, principalmente porque o segmento de público retratado (e qual o produto definitivamente se destina) existe de forma bastante-significativa.
Independente de qual seja a opinião de espectador, estava claro que era impossível passar pelo comercial da Wolens sem ter a atenção chamada e as emoções mobilizadas.
Ou seja, tive que admitir que o comercial, como objeto de comunicação do produto, era bastante eficiente.
De repente, depois de concluir tudo isso aí em cima, descubro a agência: nada menos que, a W/GGK.
Quer dizer, não é à toa que está havendo uma olivettite na propaganda brasileira, com uma enorme quantidade de anunciantes querendo entregar a conta para o Washington (por mais que isso doa aos demais donos de agência...).
Essas histórias deixam a gente pensando muito.
Mas duas perguntas me ficaram mais no ar: será que o resultado do que o Washington consegue não é fruto de um ambiente propício de trabalho que ele implanta na agência. Será que não há, também no Rio, criadores com potencial para sacadas ousadas como as da W/GGK, mas que estariam podados por restrições do atendimento, do cliente etc?
•••
Só não me venham é questionar o sucesso do Washington Olivetto. Ainda mais que ele acaba de levar mais uma, e aqui no Rio. Foi para W/GGK a conta do whisky Teacher's, que estava na Scali.
Teacher's é aquele em que o presidente da empresa, Ken Stephen, dá o testemunhal de que, também no Brasil, o whisky é engarrafado por escoceses.
Ainda não informações, porém, se Ken continuará ou não nos comerciais da W/GGK.
•••
A DPZ-Rio deu uma mordida na conta do Jornal O Globo: a dos classificados - para os quais já vai sair com uma campanha de 6 comerciais - e a do Jornais de Bairros.
E para fazer a digestão da mordida, lança no começo do ano uma nova apresentação do Sonrisal, com 2 comerciais de TV.
Gustavo Bastos, o diretor de criação da agência no Rio, é quem me contou essas notícias, feliz como criança que ganhou chiclete e criador que conseguiu produzir o que criou.

N.R. 2020: Estes foram comerciais da campanha citada na época por Gustavo Bastos, e que teve como conceito "Um lugar para cada coisa, cada coisa em seu lugar".:

JANELA DA CRIAÇÃO

Esta coluna prometeu ao Clube de Criação do Rio um espaço semanal para que sejam noticiadas as suas atividades, assim como para relatar o que, de mais importante tenha acontecido naquela semana, na reunião etílico­social da quarta-feira à noite no Zantys.
Só que isto foi combinado no próprio Zantys, e depois da quinta caipirinha tomada para ajudar o CCRJ não houve como lembrar que precisaria inventar um nome decente para este espaço. Daí que está saindo hoje como este paupérrimo (apesar de objetivo, convenhamos) "Notícias da Criação". Se algum redator mais brilhante tiver outra sugestão, que nos telefone, escreva ou telegrafe se preferir.
Mas esta quarta-feira, o bar esteve concorridíssimo, com mais de 50 criadores e agregados na noite de despedida do ano. Até a reunião de alguns criadores para organizar uma chapa para as próximas eleições do clube aconteceu em um canto do salão.
O ano vai mas o clube fica. Henrique Meyer já confirmou que retornam em janeiro as atividades culturais do CCRJ no Zantys. Até lá você pode continuar bebendo naquele bar, mas o clube não vai levar nada com isso. Dia 18 de janeiro, enfim, será a "Noite do Reencontro". Todos de volta, depois do descanso dado ao fígado após as maratonas do Natal e Réveillon. Dia 25, o programa é "Adeir By Night", com uma mostra itinerante (você vê uma parede, depois vê outra, depois outra...) dos trabalhos do hoje tão internacionalmente publicado Adeir Rampazzo. O título da exposição em inglês não poderia ser mais adequado. E dia 19 de fevereiro, a noite é de muito som e muita alegria, gente, com o Pagode do Melo Menezes. O release da gravadora conta que o conjunto tem o nome "Torresmos e Moelas" e apresenta o médico Aldir Blanc em solos de tamborim. Gui Blanc promete estar presente para prestigiar o irmão.
Voltando à noite da última quarta, o CCRJ passou a exibir, no vídeo do Zantys, o programa Intervalo, que a Teletape produz para a TV. E a diretoria do clube deliberou dar prosseguimento a este projeto, após analisar a repercussão da exibição do referido programa e concluir ter sido ela muito boa, gerando bastante interesse por parte do quadro de associados presentes. Apesar de que o que fez mais sucesso mesmo foi quando apareceu a cara do Lula Vieira no vídeo, e todos ficaram esperando ele dizer "*□&†*6%*7". Mas ele não disse.
Outro acontecimento de destaque foi a notícia de que o CCRJ vai veicular um comercial de TV para a notável campanha ecológica "Usinas em Angra são um perigo tremendo", cujos anúncios e outdoors já estão em veiculação. Um problema técnico no vídeo impediu a pré-estréia do comercial. Mas a curiosidade será matada este domingo, quando ele entrar no ar nas emissoras cariocas. A produção foi da J. B. Tanko e o áudio da Nova Onda.
Até a próxima.