Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
Artigo 182 alarma o mercado e comprova que constituintes não entendem de marketing
É loucura absoluta a proposta constitucional que anda apavorando os empresários da propaganda e os anunciantes em geral. Imaginem que, sabe-se por que cargas d'água, os constituintes criaram para o artigo 182, parágrafo 6, um projeto cujo texto diz o seguinte disparate: "Do rótulo ou dos anúncios de produtos industrializados deverão constar, além do preço final, o valor discriminado dos tributos que sobre eles incidem". Acredite se quiser: é isso mesmo, inacreditável. Tal argumento demonstra muito claramente o total despreparo empresarial, ou melhor, a total ignorância econômica dos constituintes. Será que eles não entendem um mínimo de marketing para perceberem que esta medida não tem nada a ver com a realidade brasileira, ou com a realidade de mercado de um pais capitalista e de livre iniciativa. Senhores constituintes, prestem atenção, a tal medida é furada e não passa de mais uma perda de tempo com um fato que não é viável ou os senhores acham que um fabricante tem condições de discriminar no rótulo o seu preço de fabricação e os valores dos impostos a que eles incidem assim, de uma hora pra outra. Não, senhores constituintes, as coisas não são bem assim. Existe todo planejamento estratégicos por trás de um produto que não podem ser discriminados no rótulo, por N razões e que vocês deveriam procurar se informar antes de lançarem ideias absurdas.
A preocupação do mercado é tão grande e não é pra menos que já foi encaminhado pela ABP, ao presidente da Constituinte, Ulysses Guimarães o seguinte texto, quase que didático, tentando explicar algumas razões pelas quais aquele artigo devera ser repensado.
"Não podemos imaginar como poderiam as indústrias de produtos de tabaco e bebidas alcóolicas, as quais rotulam o selo federal em máquinas de alta velocidade, cumprir aquela injunção, já que não existiria espaço físico para o texto proposto. Por outro lado, as variações de preços e de carga tributária, num processo de crescente inflação como o que atravessamos, tem uma acelerada frequência. Perguntamo-nos também como seria possível cumprir o dispositivo constitucional nos anúncios de mídia eletrônica. Num comercial de radio ou televisão de quinze segundos, por exemplo, ou mesmo de trinta que é a duração mais usual? E como faríamos em painéis fixos de out-door que permanecem inalterados por meses e meses? Ou em anúncios luminosos?"
"Será que os redatores do parágrafo só pensaram em anúncios de página inteira em jornais? Sentimos que se poderia criar dessa forma problemas técnicos insolúveis e um justificado clima de desconfiança falsa entre indústria, comércio, os profissionais de propaganda e os consumidores. Eis porque solicitamos por parte dos nobres constituintes uma cuidadosa análise da matéria e ponderação a respeito de todas as suas implicações."
Golden Cross faz campanha institucional com La Brunet
O comercial sequer começou a ser filmado, mas a diretoria de Marketing da Golden Cross achou a contratação da modelo Luiza Brunet um bom gancho para já mobilizar o nome da empresa em inserções noticiosas da mídia nacional. Com um almoço no restaurante Spaguett Music, onde a massa é servida como "tira-gosto", a empresa oficializou a participação de La Brunet como garota propaganda de sua nova campanha institucional, enfocando a imagem da modelo que esta literalmente "vendendo saúde", com o tema "Saúde a qualquer momento". A Golden Cross investiu 60 milhões na campanha, afirmou Sérgio de Azevedo, superintendente de marketing da empresa. E segundo ele, "será uma campanha completa, composta de 2 filmes que já foram encomendados à VT UM, com direção do Perroy, spots para rádio, anúncios para jornais e revistas, cartazetes, displays e out-door. Sérgio revelou também que a veiculação da campanha será através de espaço permutado com os grandes veículos, o que deve ser deveras triste para a Premium, agência responsável pela conta.
Mas a grande sacação com a contratação da Luiza é o fato de a modelo estar grávida de 8 meses, o que foi considerado por Sergio Azevedo "um desenvolvimento estratégico da empresa, pois esta é a segunda vez que a empresa se utiliza de personalidades internacionais em sua comunicação e como o parto de Luiza está programado para o mês de maio, o tradicional mês das mães, a empresa estará reafirmando sua imagem positiva de saúde.
Luiza Brunet está tão radiante com a campanha -- também pudera, seu cache, segundo me revelou, foi equivalente ao valor de um ótimo apartamento em Ipanema, além da cobertura médica total de seu parto -- e não cansava de elogiar a escolha da produtora VT UM, que teve a preocupação de chamar a experiente Olivier Perroy, conhecido do mercado publicitário pelo grande cuidado que imprime com a qualidade visual dos comerciais que dirige ou fotografa. Aliás, Luiza declarou que aceitou participar da campanha da Golden Cross principalmente "porque os comerciais serão muito mais poéticos e bonitos que apenas de venda".
Fredy Nabhan, diretor da VT UM, nos contou que o primeiro comercial a ser gravado hoje, dia 15, abre com a imagem de um quarto de bebê com Luiza Brunet arrumando o enxovalzinho da criança e cheirando, cheia de carinho e ternura, um casaquinho.
Logo a seguir, ela é mostrada passeando pelo Parque da Cidade, iluminada por raios de sol filtrados pelas árvores e também em meio a um jardim florido, colhendo algumas flores.
Finalmente, em roupa esvoaçante, Luiza passeia pela beira do mar, ao pôr-do-sol, a câmera enquadra a silhueta de corpo inteiro de Luiza Brunet contra o sol, valorizando bem o contorno da barriga, quando entra então a assinatura da Golden Cross.
No áudio, sobre música suave, o locutor diz: "Quando se aproxima a data em que todos comemoram a dedicação e o carinho daquela que faz crescer em si o milagre da criação, a Golden Cross lembra que proteger a saúde é um ato amor".
Ovos de ouro
Eu passei a minha Páscoa comendo camarão em Recife, Alagoas, Sergipe e Bahia, mas quando voltei fui informada que a indústria de chocolate vendeu mais ovo do que a indústria de coelho criou coelho. Já não se fazem coelhos como antigamente.
Acho incrível mesmo como é que a indústria de chocolate conseguiu esta façanha - equiparar suas vendas com a gloriosa época do Plano Cruzado. É difícil acreditar que somente uma propaganda bem veiculada na televisão, aquela do coelhão cor de rosa -- não me perguntem qual a marca do produto - tenha desencadeado toda esta reação consumista de ovo de pascoa. Assim como eu comia camarão, vi crianças em todas aquelas cidades por onde andei na semana da Páscoa, comendo, se fartando de comer ovo de páscoa. Religiosamente falando, bem aventurados os que acreditaram no coelho dos ovos de ouro.
Coisas das agências
• Este ano a Giovanni & Associados já começou a mexer de novo com o mercado publicitário, a exemplo do que fez em 1987, quando promoveu um aumento significativo em sua equipe. Desta vez foi buscar na SGB o Diretor de Arte Vicente Nolasco, que vai fazer dupla com o redator Guto de Paula, substituindo Carla Del Soldato, e trouxe também o publicitário Fernando Monteiro, que esteve afastado um ano do mercado, cuidando de negócios particulares.
Vicente Nolasco, que registra em seu currículo passagens pela Brasil América, Salles e Norton, além de seu talento natural, é designer formado pela Escola Superior de Desenho Industrial. Com seu atual parceiro na Giovanni, Nolasco já havia atuado anteriormente na ocasião em que esteve na Brasil América, período em que foram responsáveis por diversos prêmios.
Fernando Monteiro, que em seus 20 anos de publicidade (14 dos quais, na MPM), atendeu clientes como o Banco do Brasil, Casas Sendas, DER e outros, será o responsável, na Giovanni, pelo atendimento das contas da Embratel, recentemente conquistada pela Giovanni em Concorrência Pública, e do Laboratório Espasil, outra recente conquista da Agência.
• "Quem tem um, tem tudo" é o tema da campanha criada pela Claudio Carvalho Criação & Comunicação para o lançamento nas principais praças do país, o Processador de Alimentos Faet Multipractic MC II.
Composta de um comercial de TV de 30" e farto material de apoio para pontos de vendas, a campanha ressalta a importância de se ter um produto cuja principal característica é a versatilidade. A criação foi de Claudio Carvalho, Eduardo Lima Netto, Luiz Pessoa e Walter Leis.
• A SGB Fashion, divisão de moda e estilo da SGB Publicidade e Promoções S/A, está completando 6 meses de atividade.
Sob o comando de Silvia de Souza, a SGS Fashion conquistou, nestes 6 meses, 7 novas contas de clientes que se interessaram pela nova proposta de comunicação que está sendo apresentada pela Fashion: comunicação total e integrada à linguagem especifica para o segmento da moda.
Trabalham com a Fashion, no momento, os seguintes clientes:
- Mademoiselle Modas
- Maiôs Catalina
- Adonis
- Karina Fischer
- Águia Confecções
- Malharia Stanford
- Ego's Confecções
Cartas
Prezada Marcia:
Em anexo estamos enviando cópias dos anúncios veiculados nos dias 13 e 20 de março de 1988 pelo nosso cliente GOLDEN CROSS e pela empresa PATER - Assistência Internacional Médico-hospitalar S.A., respectivamente.
Sobre o assunto cumpre-nos informar que o anúncio da Golden Cross faz parte de uma campanha integrada abrangendo jornais, revistas, out-door e televisão com uma média de cobertura nacional e cuja veiculação foi iniciada nos primeiros dias do mês de março corrente, sendo que o referido anúncio foi veiculado, pela primeira vez, na edição de O Globo no dia 03 de março.
Em face do exposto vimos denunciar o acintoso plágio praticado pela supracitada empresa, numa demonstração de total falta de ética e de profissionalismo.
Certos de sua atenção para o assunto, agradecemos e subscrevemo-nos
Cordialmente,
Gabriel Botafogo
Diretor
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