Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
Programação infantil já não tem graça
Meu Deus, como andam medíocres as programações infantis. Quando só haviam Xuxa, Bozo e Carequinha, o perigo de alienação ainda era muito remoto. Mas quando o Sílvio Santos resolveu criar novos "heróis" como investimento a médio e longo prazos, instituindo a tal da Mara Maravilha e o aparentemente desajustado Sergio Malandro como show childrens, aí, meu amigo, a coisa ficou prá lá de séria. O Gugu, por exemplo, tem imagem, tem educação, é um cara que, pode-se dizer, (porque ele passa isso) que é fino. Agora, coloca tudo isso no oposto. Taí, é o S. Malandro. Não passa credibilidade. A criança desenvolveu seu próprio padrão estético, aperfeiçoa-se semiologicamente e, é claro que começa a estranhar aquela figura que fala coisas sem sentido, vagas, sem qualquer informação útil e aí, troca de canal e vai fazer ginástica com a Xuxa, que, convenhamos, é muito mais divertida e inteligente do que certos humoristas de nossa TV.
Passei uns dias em casa observando estas programações infantis, junto com as crianças, é claro. Por incrível que pareça, as crianças têm preferência pela novela Mandala e acham engraçadíssimo o personagem Tonio Carrado, o bicheiro talentosamente interpretado por Nuno Leal Maia. Veja só que a empatia do personagem com as crianças e com todo o mundo que o assiste é absolutamente fantástica. Agora, o que elas (as minhas e a da vizinhança, um total de cinco pestinhas) mais adoram e assistem sem cansar são os já saudosos especiais infantis dirigidos pelo Vannucci, quando ainda estava nesta dimensão e na Globo.
O Sítio do Pica-Pau Amarelo, a meu ver, não faz a cabeça desta geraçãozinha que vai de 1 a 10 anos. Adiante, então, nem pensar. O Sítio do pica o quê? A pica que esta geração conhece já é a própria. A Globo já sabe o caminho e está investindo no Lula & Juba, na Armação, no Bacana e é por aí que tem de ir mesmo. E a propaganda também tem de ir junto. Tirando os comerciais de produtos infantis que mostram carros, super-heróis etc, vivendo situações quase que reais para a percepção infantil que desconhece o arsenal de efeitos especiais que está por trás de uma simples guerrinha entre tribos indígenas e o exército americano, o que chama mais atenção e atua diretamente na cédula do sentido consumista que todos nós, consumistas desde pequenininhos temos e que nossos filhos e toda criança tem e que as faz exclamar bem alto: COMPRA PRA MIM são os comerciais que colocam crianças que representem bem, sem canastrice, passando a mensagem como um personagem. A identificação é imediata. Mas se pegar um marmanjo que se veste feito criança e fala que nem débil mental, assim, de cara limpa, ao natural, sem qualquer personificação, não só a criança que não é boba vai achar aquele cara muito esquisito, bobalhão, como a mãe, ou o pai, e até o cachorro da família.
Brasil será mostrado em programa em N. York
A direção da WNY-TV de Nova lorque acaba de confirmar a aceitação da proposta da TV Brazil Corporation para a transmissão semanal de um programa de 30 minutos em português, com noticiário e quadros de variedades. Será o primeiro programa regular de informações sobre o Brasil a ser transmitido pela televisão fora do nosso país.
A WNY-TV, que transmite pelo canal 31 (em UHF), é uma emissora que pertence à Prefeitura de NY e faz parte da "American Public Network", rede que congrega as principais emissoras educativas e culturais dos EUA.
A Produtora "TV Brazil" firmou acordo com a TVE do Rio de Janeiro para o suprimento de parte do material que será inserido no programa que terá inicio no dia 7 de maio.
A notícia do lançamento do "News from Brazil" foi transmitida hoje à Imprensa por Maria Duha e Cândido José Mendes de Almeida, diretores da "TV Brazil Co", empresa que foi constituída em Nova lorque no ano passado, com o objetivo de disputar um dos espaços ainda disponíveis no canal público de Nova lorque para transmissões dirigidas às colônias estrangeiras.
O programa da TV Brazil no Canal 31 vai-se denominar "News from Brazil" e estará dividido em segmentos destinados a cobrir os fatos jornalísticos da semana, os eventos esportivos, números musicais e notícias e comentários econômicos e políticos. Os segmentos terão intervalos comerciais (de anunciantes americanos e brasileiros) que são permitidos em programas deste tipo na televisão pública dos Estados Unidos.
O Canal 31 tem sua sede e transmissores no antigo edifício da Bolsa de Nova lorque (One Centre Street; New York City) e dispõe dos mais potentes transmissores de UHF na região. A sua antena esta no "World Trade Center", o mais alto edifício da Cidade, onde também estão as antenas das redes CBS, NBC e ABC. Suas imagens cobrem toda a região da Grande Nova lorque (Manhattan, Brooklin, Richmond, Hudson, Queens, Bronx, Long Island, etc...), atingindo Cidades de três estados, Nova lorque, New Jersey e Connecticut. A audiência média do Canal 31 é estimada em mais de 1 milhão de espectadores nestes três estados.
Maria Duha, diretora da "TV Brazil Co" é brasileira, jornalista e vive há anos nos Estados Unidos. Lá se especializou em produção e edição de vídeo, e trabalha como editora do jornal "The Brazilians" Cândido José é também jornalista e produtor de televisão já premiado inclusive no "Chicago International Festival" de 85. No Brasil exerce o cargo de diretor do Centro Cultural Cândido Mendes. A ele caberá a edição semanal do programa que será produzido 90% em nosso País.
O Canal 31 já transmite programas semanais destinados às principais colônias estrangeiras da região de Nova lorque, italianos, alemães, israelitas, gregos e árabes lá dispõem de espaços regulares. A colônia de língua portuguesa vinha pleiteando, há anos, o seu programa, sem êxito. O esforço da "TV Brazil" desta vez foi apoiado pelo Consulado Brasileiro de Nova lorque, que, inclusive, colaborou nas pesquisas que revelaram que só na região metropolitana de Nova Iorque há perto de 100.000 pessoas que têm o português do Brasil como língua básica. Se acrescentadas às regiões próximas dos três Estados atingidos pelo Canal 31 este número se eleva a mais de 150.000 pessoas.
Cinco outros programas similares, destinados a importantes colônias e grupos étnicos, disputaram com "News from Brazil" o horário de sábado no Canal 31. Os estudos que levaram à decisão agora anunciada tiveram início em junho de 87.
Mercado sem lei
Não adianta brasileiro não sabe armar. Tudo que brasileiro quer defender - aqueles sonhos de justiça, de desenvolvimento profissional e proteção ao mercado nacional - e até cria leis para isso, acabam indo por água abaixo simplesmente porque contra a força não há resistência e nesse caso a força esta sempre com o poder e bota poder nisso. Todo mundo viu os comerciais da Pepsi-Cola. Que comerciais! Que produções! Que criatividade! Que beleza! Pois a gente fica até sem graça de ter de falar porque realmente são comerciais de se tirar o chapéu e eu tiraria se usasse. Eu estava assistindo e me deliciando com o show do David Bowie quando deu um intervalo e eu não fui ao banheiro, nem peguei mais um saquinho de soja frita e nem fiz um guaraná natural. Eu simplesmente fiquei ali na frente da telinha absolutamente encantada. Em outras programações vi o garotinho que entra no camarim do Michael Jackson e diz assim, detalhe, nem se deram ao trabalho de dublarem Mr Jackson? E não precisou mais nada, além dos cortes em cenas do show do mister Jackson. E também vi o outro, não, outros eu vi como vencedores de festivais internacionais. Todos deslumbrantes e sensacionais. Mas, apesar do espetáculo à parte que são estes comerciais, eu fico questionando e matutando. Tá certo que eles possam ir de encontro com a lei referente à nacionalização das produções comerciais aqui veiculadas. É fácil para eles. E só levar o pessoal da produtora pra ajudar a equipe local, sabe como é, que é o pessoal daqui sabe quebrar uns galhos e tem um jeitinho que eles não têm. De qualquer maneira, a Thompson é uma agência que tem um pessoal de criação respeitável, gente que joga conforme as regras do jogo, gente que trabalha pacas e que até tem o maior orgulho de ser da agência do crachá magnético. Mas será que isso tudo, todos esses talentos não mereceram um voto de confiança da Matriz Internacional para fazerem produções aqui mesmo, com astros nacionais - ou internacionais? É só trazê-los para cá: os nativos gostam. Os nativos precisam - e faturar ainda uma tremenda promoção com o espetáculo. Sabe o que acaba acontecendo quando as campanhas globais não são amarradas? Acontecem os equívocos como o que vimos com a Tina Turner, que foi toda preparada para vender Pepsi aqui no Brasil, em comercial junto com o Evandro ex-Blitz. Ficaram veiculando Tina Turner um tempão. Conseguiram fechar o negócio com o Maracanã para apresentação do show da Tina (o negócio com a Tina já estava fechadíssimo há muito tempo. Faz parte aos contratos internacionais). O meio de campo para a Pepsi foi embolado quando eles, os patrocinadores do evento, souberam que não poderiam vender o produto no local do show, onde a estrela Tina Turner, a garota propaganda da Pepsi estaria personificada no próprio produto, pois já naquela altura dos acontecimentos, era só ver um cartaz da Tina pra se ter vontade de tomar Pepsi. Aí, quem foi ao show da Pepsi acabou só consumindo Coca-Cola porque a Coca-Cola mantém um contrato de exclusividade com o Maracanã. Que fria! Mas, como desgraça pouca é bobagem, vai o Ribeiro, da Talent e segura a Tina pra gravar um comercial dos tênis Ali Star. Fez um escarcéu medonho, coletiva com a imprensa, entrevista ali e aqui e, em menos tempo do que se imaginava, já estava com uma tremenda campanha e Tina Turner calçando All Star em todas as ruas, mostrando pra todo mundo o seu All Star imenso nos out-doors da cidade. Sem saber o que fazer, a agência brasileira cola também seus out-doors, mas não sei por que razão espalhou pela cidade o do Mr Jackson. E tome Michael Jackson vendendo Pepsi, Tina atacando de tênis e o consumidor, sem entender nada, tomando mais uma coca, por favor.
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Mário Kempenich dividiu o bolo do sucesso. |
Sage se associa a Amir Klink e lança revista ecológica
Pela primeira vez uma empresa de promoções e comunicação vai patrocinar uma publicação de alto nível, dirigida para um segmento cujo número de leitores está se ampliando gradativamente no Brasil. A iniciativa é da Sage Produções, especializada em comunicação dirigida, que se associou ao empresário e navegador Amir Klink e ao fotógrafo Peter Milko, para editar a revista Horizonte Geográfico a partir do seu segundo número, que estará nas bancas em abril.
Idealizado por Klink e Milko com o objetivo de divulgar tudo o que se relacione com a exploração e a pesquisa sobre o universo humano e seu ambiente natural, o projeto da HG ganhou logo a simpatia e o aval do empresário Mário Kempenich, diretor-presidente da SAGE, que lá havia trabalhado com os dois em campanhas chegadas à ecologia, como: SOS - Mata Atlântica, Boto Cor de Rosa, Baleias e do Césio-137.
"Neste sentido é que a Sage envolve-se com Horizonte Geográfico. O trabalho pretende dar destaque a todos os aspectos que estejam ligados no meio-ambiente e sua preservação", afirma Kempenich, revelando, também, que o projeto lá está recebendo a adesão de empresários interessados em doar assinaturas de revista para Fundações e bibliotecas carentes.
O conteúdo da revista Horizonte Geográfico traz reportagens e fotos sobre viagens pelo Brasil e no exterior realizadas nos dois últimos anos por Amir Klink e Peter Milko.
Coisas baianas
Morram de água na boca. O pessoal da Bahiatursa está trabalhando pra valer e criou uma feira de comidas típicas e artesanatos em Itapuã, mais precisamente na Praça da Seresta e que foi inaugurada domingo passado com uma tremenda festa que teve o bloco afro Malê-de-Balé como grande atração deste evento que já foi incluído no calendário turístico de Salvador.
E por falar em Salvador, estive lá naquela boa terra e fiquei admirada com a organização da cidade. Está dando um banho no Rio de Janeiro em termos de limpeza, planejamento paisagístico, cultura e qualidade dos restaurantes. Continuam imperdíveis o Bargarço, onde fui comemorar com Sidney Resende, diretor da D&E, eleita Agência do Ano Prêmio Colunistas regional Salvador, e toda sua equipe de criação, que também conta com o talentoso Rosenildo, vindo da Mendes para fazer brilhar a propaganda baiana, o lemanjá e um novo, que me foi apresentado pelo Nélson Cadena, colega colunista do jornal A Tarde. Trata-se do "Há Tampa", um pé sujo que tem um sururu, caranguejo, pitu, pirão, ah, coisas de enlouquecer o paladar de uma pouco convicta naturalista. Os quitutes da dona Celeste e a comunicabilidade, gentileza e simplicidade do mestre Vilas Boas são a união perfeita. Saí de lá nas nuvens. O lugar é um pouco longe, mas vale qualquer coisa pra saborear toda aquela comida e mais a sobremesa: coco raspado e rapadura. Você não pode passar por esta vida sem experimentar coco raspado com rapadura.
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