Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 01/AGO/1986
Marcio Ehrlich e Marcia Brito

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Artplan deixa linha de shows na nova campanha da Malt 90

A Artplan conseguiu encontrar uma saída para a campanha da Malt 90 que fugisse da amarração inicial da linha de shows, utilizada quando do lançamento concomitante com o Rock in Rio e na segunda fase com apresentações de Elba Ramalho, Paralamas do Sucesso e Gilberto Gil. Desde domingo, no Fantástico, entrou no ar a nova campanha deste produto da Brahma, com o comercial "Corrida", de 60". Neste comercial, um grupo de rapazes alinhados como em um treinamento militar, correm debaixo do sol, suados, vermelhos de tanto calor. Puxando o grupo. um instrutor com cara de sargento cantando o tradicional "um. dois. três. quatro" respondido com o "quatro, três, dois, um".
No meio da corrida, um dos rapazes começa a assobiar o tema da Malt 90. Outros rapazes olham, sorriem e passam a língua nos lábios. Corta para o produto e o locutor diz "Olha só o que está te esperando". Finalmente volta para o grupo e todos assoviando o tema da Malt 90 seguem um caminho oposto ao do instrutor.
Em outro comercial que ainda será veiculado será a vez de um dono de barzinho, que à noite toda fica servindo cerveja aos fregueses pensando que ao final do dia, ele conseguirá curtir com tranquilidade a sua Malt 90.
Francisco Abreia, diretor nacional de criação da Artplan e um dos autores da campanha (junto com Fábio Fernandes e Paulo Brandão), diz que a nova estratégia é "criar um conceito jovem para falar de cerveja, propondo aos consumidores envolvidos em situações chatas o consumo de Malt 90, uma coisa que dá prazer". A agência quis fugir dos comerciais de cerveja que normalmente mostram as pessoas em ocasiões que já se tem o hábito de beber cerveja. "Cenas em que o ator aparece segurando a garrafa e, depois de um gole em um copo totalmente cheio começa a falar das qualidades do produto e das vantagens que o consumidor ganha por preferir aquela marca", diz Abreia, "já foram repetidas centenas de vezes e o máximo que conseguiram foi cansar o consumidor".
O comercial novo da Artplan, sem dúvida, é surpreendente, com uma fotografia mais "quente" de César Charlone e um trabalho de atores que valoriza por demais o clima que a agência quis passar. Já vi a versão de 60" e a de 30" e gosto cada vez que vejo. A direção, do próprio Abreia, como sempre foi muito competente, mas, na minha opinião, um pequeno detalhe prejudica o comercial: a tomada da tropa por cima, que é utilizada para dar o corte entre as primeiras imagens de cansaço dos soldados e o take do ator principal começando a assoviar. A mudança brusca do ângulo da cena, que vinha tão intimista e, de repente, sem qualquer justificativa de roteiro, se torna panorâmico (e ainda por cima de grua) cria um anti-climax que faz o comercial deixar de ser excepcional para ser apenas muito bom.
No mais, vale elogiar Adilson Miguel e Alberto Cerqueira Lima, que aprovaram a nova linha da campanha e a Hiper Film, que produziu a peça. Gostaria também de cumprimentar o atendimento da conta, mas a assessoria de divulgação da Artplan não incluiu o seu nome na Ficha Técnica distribuída à imprensa. Este erro, sim, é imperdoável. (M.E.)

Quem recebe Prêmio Colunistas pode sentir bastante orgulho.

Semana passada, prometemos aqui publicar o discurso de Marcio Ehrlich proferido na entrega do 5º Prêmio Colunistas-Rio, dia 22 último.
Este foi o discurso:
"Nas últimas duas semanas, quem assistiu televisão ou leu jornais e revistas fatalmente tomou contato com um evento que obteve um enorme espaço na imprensa brasileira: os Jogos da Amizade, realizados em Moscou.
"Eu também assisti. E vi como a televisão mostrava a alegria de cada atleta ao vencer uma prova, vibrando por conquistar uma medalha.
"O que a tevê não mostrava, porém, era a tristeza dos vários outros atletas que haviam se preparado, ido até lá, mas não conseguido conquistar qualquer medalha. Como eu estava diretamente envolvido com os preparativos finais desta festa do Colunistas, checando os diplomas a serem entregues, não pude deixar de ter a atenção chamada para a grande ênfase dada no noticiário exatamente a esta disputa pelas medalhas dos Jogos.
"A grande notícia, inclusive, no encerramento da competição, era o fantástico resultado da União Soviética, com 244 medalhas, sendo dezenas de ouro e outras tantas de prata e de bronze. Os Estados Unidos, por sua vez, como segundo colocado, alcançara mais de 100 medalhas.
"Sem que eu fizesse força, o pensamento me veio à cabeça. Será que nestes jogos, algum atleta - vencedor ou não - teria a coragem de dizer "Ora, nestes Jogos da Amizade todo mundo ganha medalha...", como alguns publicitários costumam dizer das premiações publicitaria?
"Duvido muito.
"Nesta festa do Prêmio Colunistas, vocês vão ver as entregas de muitas medalhas. Não tantas quanto as entregues em Moscou, mas muitas.
"Só que não poderia ser tão diferente, porque, assim como nos Jogos da Amizade e nas Olimpíadas, o número de provas do Colunistas é bastante grande. Afinal, a preocupação do Prêmio em valorizar o esforço e a criatividade publicitária em todas as áreas em que um profissional do setor pode atuar. E qualquer um aqui que vive o dia-a-dia de uma agência, sabe que não tem sentido considerar menos importante o trabalho que se faz para um pequeno cliente de classificados que o trabalho feito para uma grande campanha de cigarros ou de bebidas.
"Vale lembrar que prêmio é uma peça muito importante na atividade publicitária. Fazer publicidade que venda é importantíssimo. Mas se a peça publicitária também puder ser bonita, vibrante e inovadora ela será muito melhor, e por isso deve merecer o seu prêmio.
"Ganhar prêmio é muito bom. Na verdade, só conheço dois tipos de publicitários que dizem que só estão interessados em fazer propaganda que vende, e não que ganhe prêmio. Um é o profissional que sabe que não tem mesmo competência para ganhar prêmios. E o outro é o dono de agência que quer fazer economia nos salários dos seus profissionais.
"O prêmio faz bem ao bom publicitário. É o reconhecimento de quem faz um trabalho anônimo mas vê este mesmo trabalho obtendo enorme sucesso junto ao público, virando conversa de esquina, gíria popular e outras formas de consagração. Por isso é justo o publicitário receber prêmios. A Lei 4.680, inclusive, deveria ter um artigo dizendo que "é direito inquestionável de todo publicitário sonhar em ganhar prêmio".
"E estes prêmios não deverão ser considerados apenas prêmios da criação, porque em publicidade ninguém vale nada sozinho. E importante lembrar aqui o quanto os outros profissionais participam ajudando a agência a realizar trabalhos criativos.
"A homenagem é também ao atendimento, que vibra quando consegue encontrar e transmitir à criação uma forte ideia de estratégia para solucionar o problema do cliente, vibra quando recebe da criação uma peça brilhante que dará prazer de levar ao cliente, e vibra quando o cliente aprova o trabalho permitindo que ele seja veiculado.
"A produção também é importante no resultado criativo, pelos milagres que consegue fazer ao manter a qualidade até em pedidos de produção de fotolitos com seleção de cor para um anúncio que tem que ser entregue no final do dia no veículo!
"E o estúdio, que ajuda a dar a forma aos trabalhos desde quando a gente vai levá-los ao cliente até na montagem final para ser veiculado".
"E até a mídia, tão esquecida dos prêmios publicitários. Por que não? Quantas vezes é a mídia quem traz as melhores soluções de aproveitamento da verba do cliente, determinando formatos originais para a criação dos trabalhos.
"É por esta razão que no Prêmio Colunistas-Rio sempre fiz questão de colocar no diploma a ficha técnica com os nomes que participaram de forma relevante de cada trabalho, seja criando, produzindo, ou aprovando".
"Por isso, cada profissional citado no diploma, mesmo que não venha a subir fisicamente aqui ao palco, pode se sentir muito orgulhoso, porque é um vencedor.
"Sabemos que são muitos. Mas são muito, muito menos que aqueles que não conseguiram chegar até aqui.
"Cada medalha tem um valor muito grande. Assim, cada um, como acontece com os atletas, não deve se importar se o seu país, ou a sua agência, conquistou 200 medalhas, como a União Soviética, ou 2 de bronze, como o Brasil.
"O importante é que cada um de vocês entrou na competição, enfrentou a disputa e chegou na frente.
"Vocês todos podem sorrir e dizer: "Eu sou um dos melhores da propaganda carioca!
"Parabéns para vocês".

Curtas

• Marcia Brito agradece comovida os telegramas e as flores carinhosamente enviadas por seu aniversário, na última quarta-feira, 30 de julho.
• O publicitário Paulo Antônio Magoulas assumiu na Provarejo como supervisor de atendimento da conta do Magazin, uma das quatro empresas do Grupo Mesbla. Magoulas havia deixado a MPM.
• É de José Zaragoza, o Z da DPZ, o trabalho de capa e o encarte do novo disco de Fafá de Belém, "Atrevida". A própria foto é do Zara.
• O diretor de arte Vitor Lemos, que estava na VS Escala, foi esta semana para a Pubblicità.
• Isabel A. Silva, a Bel, está deixando o departamento de divulgação da Globotec para atuar na equipe de atendimento da produtora. Marcia R. Mantovani, ex-Brief, é a nova responsável pela divulgação.
• A 9ª Fenatec-Primavera/Verão 87 tem como novo diretor Manoel Telles, ex-diretor de publicidade de Moda Brasil, onde durante três anos foi um dos responsáveis pela implantação da revista no mercado.
• Correspondências para a Janela: Praia de Botafogo 340 grupo 210, CEP 22250, Rio-RI
• Roney Turano está deixando a diretoria de Comunicação Social da SGB para dirigir o departamento de Marketing da Moddata, uma das maiores Empresas de informática e telecomunicações do país.
• O vídeo cassete "Isto é Pelé", da Globo Vídeo, alcançou em final de julho o número de 10 mil cópias vendidas. É o novo recorde do setor no país em fitas seladas.

CARTAS

"No último dia 21 de julho, os publicitários do Rio de Janeiro ficaram estáticos. De bocas abertas e olhos arregalados. Paralisados diante da baixeza, da sordidez, da calhordice que recaiu sobre os companheiros Gadelha e Ana Amélia, sob a forma de calúnia e difamação.
"Em 'carta-denúncia' - digna de uma personalidade doentia ­ foram fartamente distribuídas acusações irresponsáveis e inescrupulosas pelo nosso mercado.
"Acusações que soaram como um desrespeito à inteligência de todos os publicitários e como repulsa aos que conhecem Gadelha e Ana.
Aos que - como eu - conhecem o caráter, o companheirismo e a dignidade dos dois. E a rapidez com que se manifestam contra todas as formas de injustiça.
"Agora é a vez do mercado se manifestar contra uma injustiça. Contra estas acusações dementes, que ultrapassaram todos os limites da grosseria e do mau gosto. E que nos chegam acobertadas pelo anonimato, bem ao gosto dos covardes.
"Um anonimato que não chega a ser tão anônimo assim. Afinal, quem tem o cadastro completo dos trabalhadores de propaganda, incluindo os profissionais do departamento financeiro, pessoal, expedição, secretárias, recepcionistas e serventes?
"Quem tem tanto dinheiro fácil nas mãos pra desperdiçar remetendo baboseiras pelo Correio?
"E quem está se sentindo acuado com a luta sindical de Gadelha, Ana e os companheiros do Reclame?
"Esta insanidade, tentativa vergonhosa e, ao mesmo tempo ridícula e incompetente de distorção dos fatos, merece o repúdio de toda a categoria.
"É um precedente perigosíssimo que temos o dever de impedir que se repita.
"Nunca mais."
Jorge Barros, redator

N.R.: As perguntas que Jorge Barros faz só podem ter uma resposta: Murilo Coutinho, o advogado que há vários anos domina o Sindicato dos Publicitários do Rio de Janeiro, única entidade que dispõe da relação de profissionais a que se refere a carta.
A manobra de Murilo não me surpreendeu, pois conheço há muito o seu estilo covarde. Há alguns anos. quando comecei a denunciar as suas arbitrariedades pela imprensa, Murilo utilizou a minha carteira profissional que estava no Sindicato exatamente em tramitação de pedido de registro profissional, para me denunciar na Delegacia Regional do Trabalho pelo exercício ilegal da profissão de publicitário já que eu - vejam só - não tinha registro profissional!! É claro, porém, que a denúncia na DRT não foi assinada por ele que, como sempre, usou outro dos pusilânimes diretores do Sindicato como testas-de-ferro. É claro que venci a causa e o Delegado do Trabalho me concedeu o registro diretamente, sem a interferência do Sindicato.
Desta vez, porém, Murilo passou dos limites. E a comoção do mercado foi grande. Não só pelas impublicáveis acusações pessoais - defendidas acima por Jorge Barros - como pelas críticas profissionais, sugerindo que Gadelha fosse incoerente em suas posições de oposicionista sindical, "fazendo o jogo dos patrões". Aqui, eu posso dar o testemunho da mentira da acusação, como colega que fui de Gadelha na VS Escala, onde mesmo como supervisor de criação ­ uma posição de chefia -, Gadelha sempre manteve sua coerência filosófica.
O tiro de Murilo saiu pela culatra. Murilo fez de Gadelha um mártir e concentrou nele e em suas propostas de oposição sindical. as simpatias dos mais diversos segmentos profissionais de nossas agências. Os resultados não demorarão a se fazer sentir. (M.E.)

VT UM recebe da CBS um disco de platina

VT Um - Disco de PlatinaA VT UM acaba de receber da CBS um prêmio inédito para uma produtora de comerciais: um disco de platina pela venda superior a 500 mil cópias do LP "Libra", de Júlio Iglesias, no Brasil.
É que a VT UM foi a produtora responsável pela criação e realização do vídeo clip que promoveu o lançamento do disco no Brasil, peça considerada pela CBS como fundamental para o sucesso que "Libra" alcançou. É curioso lembrar que o clip foi "co-patrocinado" pela Davene, que usou algumas cenas em comercial veiculado no Brasil.
Este vídeo clip de Júlio Iglesias - cuja versão em espanhol chegou a ser exibida o MTV americano - teve roteiro de Fredy Nabhan e direção de Carlos Manga.