Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 20/DEZ/1985
Marcio Ehrlich e Marcia Brito

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Souza Cruz lembra 1970 na campanha da Copa 86

DPZ para Souza Cruz: 70 Neles
A marca da campanha criada pela DPZ
O próximo dia 26 de dezembro será deflagrada uma das maiores campanhas já feitas em apoio a uma seleção de futebol: "70 Neles", criada pela DPZ Propaganda para a Companhia Souza Cruz, através dos cigarros Hollywood, associando basicamente o espírito da Seleção Brasileira que foi tricampeã mundial no México em 1970 à caminhada atual rumo à Copa-86. Durante seis meses a campanha pretende envolver o país inteiro num só grito de guerra - "70 Neles" -, por intermédio de anúncios assentados no carro-chefe que é a música-título, cantada por Gal Costa.
Mais do que um objetivo publicitário, a campanha tem para a Souza Cruz objetivos institucionais. A companhia é o único anunciante brasileiro a ter participado de todos os patrocínios de transmissões de copas do mundo por televisão desde a primeira, em 1970, no México. Para a Copa-86, a Souza Cruz comprou a cota de patrocínio das transmissões da Rede Globo.
A contagem regressiva da campanha inicia-se com comerciais de 15 segundos, culminando com um de 2 minutos, que será o primeiro comercial de 1986 - no ar à zero hora do dia 1 º de janeiro - a anunciar o ano da Copa do Mundo no México. A partir daí, seguirá a caminhada da Seleção Brasileira rumo ao México, desde o carnaval, em fevereiro próximo (com arranjo especial de Lincoln Olivetti para a música-tema), passando pelos amistosos preparatórios e culminando, em julho, com a realização da Copa do Mundo. Cenas da campanha de 70 serão mescladas a depoimentos atuais de jogadores que participaram daquela conquista. Camisetas, fitas auto-adesivas, decalques, "buttons" e outros materiais promocionais inocularão em toda a população o vírus da campanha "70 Neles". O compacto simples RCA Victor com as duas versões cantadas por Gal Costa será lançado pela gravadora entre a última semana de dezembro e a primeira de janeiro. Como o futebol é uma das grandes paixões que unem o povo brasileiro, sem dúvida "70 Neles" tem grandes chances de se transformar no Hino da Copa-86.
Uma equipe de 250 profissionais trabalhou durante cinco meses na criação e desenvolvimento da campanha "70 Neles". Coordenada pela DPZ, participaram dela vários craques da Copa de 70 - como Rivelino "patada atômica", Jairzinho "furacão da Copa" e o capitão Carlos Alberto Torres -, além da cantora Gal Costa. Paulo de Tarso, Zianno Grigoli e Francesco Petit, da DPZ, formaram a equipe de criação da campanha para a produção foram contratadas três empresas: VT Um, produtora de vídeo-tape, Leteve, dirigida por Aloysio Legey, responsável pela coordenação e direção de toda a campanha, e RCA Víctor na produção musical. Pela Souza Cruz os gerentes de produtos responsáveis foram Peter J. Robertson e Cyd Alvarez.

Mais uma associação surge em São Paulo

O mercado publicitário brasileiro está ganhando uma nova associação de agências. É a Unepro - União Nacional das Empresas de Propaganda, fundada em São Paulo em substituição à mal-sucedida Cedampa - Centro de Desenvolvimento às Médias e Pequenas Agências de Propaganda e como oposição à Abap ­ Associação Brasileira de Agências de Propaganda.
Presidida por Carlos Bartolomeu Cavalcanti, diretor da GTM&C, a Unepro pretende realizar em 1986 o IV Congresso Brasileiro de Propaganda, com ou sem apoio das demais entidades do setor. Para isto, seus diretores irão realizar em março próximo uma reunião preparatória, a que deram o nome de I Enempro - Encontro Nacional de Empresários de Propaganda, voltado para "a discussão dos problemas das agências com potencial e anseios de crescimento em porte e/ou qualidade".
Os organizadores da Unepro, em seu manifesto distribuído a jornalistas e empresários, e publicado em alguns veículos especializados, denunciam que "a propaganda brasileira obedece aos interesses de algumas agências: o que era bom para elas tinha de ser bom para as outras. Ainda que quase sempre não o fosse". A criação da entidade, dizem, é para "acabar com essa situação elitista e oligárquica". Para isto, na Unepro todos os associados que também podem ser house­agencies - terão igualdade de votos, o que não ocorre na Abap, onde apenas agências independentes podem se associar e seu poder de voto é proporcional ao porte econômico.
A discussão é antiga e não desprovida de razões de ambos os lados. Se as grandes agências estão certíssimas em quererem defender a sua realidade de mercado, as pequenas e médias, que enfrentem outras realidades, não podem deixar de ter uma voz presente nos movimentos em que toda a indústria da propaganda estiver envolvida.
Vinte e um anos de ditadura fizeram também muitos publicitários (inclusive os de pequenas empresas) esquecerem que democracia é caracterizada pela pluralidade de representações, cada qual defendendo os interesses do seu segmento na sociedade. O unipartidarismo ou mesmo o bipartidarismo obrigatório são anti-democráticos e finalmente acabaram na vida política brasileira. Por que não poderia também este processo ser reanalisado na propaganda?
Se as pequenas agências acham que precisam de uma maior representação junto aos poderes públicos, que criem a sua entidade, caracterizada como tal, e passem a promover campanhas e lobbies para defender os seus interesses. Mas não queiram que todas as demais agências passem a fazer parte de sua associação e deixem de lutar por seus problemas particulares, Com certeza, haverá muitos casos em que o inimigo será comum, e todas as entidades de setor vão se mobilizar na mesma direção. Nestes momentos, ao contrário do que podem estar temendo alguns dos líderes de nossa propaganda, a atividade como um todo sairá fortalecida, com todos os segmentos declaradamente assumindo a sua e concordância com as ações tomadas.
O que precisa acabar é este ridículo de tantos "únicos certos", como que se estivessem disputando entre "Abap e Abap do B". Este filme é muito velho e ninguém mais acredita nele.

Cláudio Carvalho recria em propaganda Roque Santeiro

Claudio Carvalho para Rio Gráfica: Roque SanteiroEstá chamando atenção na televisão atualmente a campanha da Rio Gráfica para o lançamento do álbum de figurinhas de Roque Santeiro. Criada por Cláudio Carvalho e Dudu Lima Netto, a campanha apresenta duas crianças fazendo, com excelente performance, os papéis dos conhecidos personagens Sinhozinho Malta e Viúva Porcina.
Espantosamente, os dois mini­atores são estreantes no vídeo, apesar de serem filhos de peixes.
A menina, Esperança, é filha de Marília Pera e Nelsinho Motta, e o menino, Fernandinho, filho do locutor esportivo Fernando Vanucci. O diretor do comercial foi Oswaldo Sargentelli Jr.
A campanha é composta por mais um comercial de 15", spots para rádio, anúncios em jornais, vinhetas para TV e material de ponto de venda. Quem aprovou, na Rio Gráfica, foi Efraim Kapulski, Alberto Pecegueiro e Mauro Costa Santos.

Curtas

• A SGB está sorrindo de orelha a orelha. O Ponto Frio, seu cliente, entrou no mercado de São Paulo, com um shopping de três andares vendendo desde eletrodomésticos a materiais de construção. E em um mercado competitivo como o paulista, só anunciando muito para vencer.
• Álvaro Rezende, o mineiro que é presidente da Fenapro-Federação Nacional das Agências de Propaganda, decidiu mudar a sede da entidade de São Paulo para Brasília, a despeito das fortes pressões em contrário dos grandes empresários paulistas de propaganda, que definitivamente estão irritados com a alteração.
• Notícias do SBT: Sandra Giorno foi contratada para o cargo de Gerente de Marketing do Rio; Paulo Stephan, ex-supervisor de Mídia da casa, assumiu a Gerência de Mídia; e Manoel Barembein é o novo diretor do Sistema Som, responsável pelo SBT Discos.
• A Denison-Rio decidiu enfrentar com toda a disposição o reaquecimento do mercado publicitário. Sua criação conta agora com mais dois conhecidos profissionais: o diretor de arte Júlio Shimamoto, o "Shima" (ex­Mc Cann, Lintas, Almap, Standard, Caio e Salles), e o redator Antônio Jaime Soares (ex-SGB, Premium, Abaeté, Globo, Embrafilme e Assessor).
• Excelente a escolha, pela MPM, do Barão de Itararé (Aparício Torelly) como autor do seu tradicional livro­brinde de Natal deste ano. O "Máximas e Mínimas do Barão de Itararé", bem editado como está, ajudará a preservar a obra deste que foi um dos nossos maiores escritores de humor. Aliás, a safra de brindes este ano está fazendo boas ideias. A agência Umuarama está distribuindo lunetas para a observação do Cometa de Halley. Diz Sérgio Reis, diretor de marketing, em seu bilhete, que com ele também poderemos "ver mais perto os astros da Propaganda Brasileira". E bem oportuno também foi o brinde da SIMA: conjuntos de jogging de nylon, para ajudar a manter a forma nestas épocas de tantos cuidados com o corpo.
• Paulo Penteado, ex-Lintas-Rio (agência que também é "ex"), deixou a Fisher & Justus pouco antes da fusão com a Young & Rubicam e foi para a mídia da MPM em São Paulo.