Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 27/JAN/1984
Marcia Brito & Marcio Ehrlich

 

Janela Publicitária
Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Porque não concordamos com o projeto Osvaldo Melo

Há duas semanas, publicamos em nossas colunas na TRIBUNA DA IMPRENSA (RIO) e no "Diário Popular" (SP), uma nota criticando a atitude do publicitário Oswaldo Mendes, diretor da agência paraense Mendes Publicidade, de estar apoiando o projeto do deputado federal Osvaldo Melo (PDS-PA) que disciplinaria o processo de entrega de contas publicitárias de órgãos da administração pública - tanto federal quanto estaduais, já que o projeto não as discrimina - a agências de propaganda.
Na ocasião, dissemos que Mendes, enquanto tinha a maior parte da conta do Governo pedessista do Pará não se preocupava com o assunto, mas que agora, quando a agência Galvão & Associados passou a receber o melhor quinhão daquele Estado, ele até chega a enviar cópias do projeto para os colunistas publicitários de todo o Pais.
No último domingo, o diretor da Mendes Publicidade respondeu à nossa nota através de uma carta, publicada no "Diário Popular", na qual, entre outras coisas, pergunta se "alguém vê algum mal" na entrega das contas oficiais às agências de propaganda unicamente através de licitação.
O que, então, os dá a chance de explicarmos melhor porque realmente vemos mal nisto.
INTERFERÊNCIA
Em princípio, discordamos do projeto por não conseguirmos aceitar que o Governo interfira nos processos e decisões administrativas de qualquer empresa privada que esteja devidamente regularizada e operando normalmente, o que acontece em diversos itens do projeto do deputado. Vejam só:
1) Prevê o projeto que, para uma agencia conseguir sua qualificação, não poderá ter vinculo acionário com qualquer anunciante ou veiculo de divulgação.
Com isso, é claro, pretenderam os consultores de Osvaldo Melo impedir o acesso às contas de Governo das house-agencies. Isto, na nossa opinião, é uma arbitrariedade.
A qualidade do trabalho de uma agência não se mede pela origem do seu capital. Se ele vem do bolso de um empresário-publicitário ou de um empresário-investidor nada se modifica profissionalmente. Se alguma critica pode-se colocar às house-agencies será por um possível mau negócio que o anunciante esteja fazendo ao deixar de contar com a experiência de profissionais que também trabalham com outras contas, e não estão viciados com o produto ou a política antiga da empresa.
No entanto, se a house-agency quer deixar de ser exclusiva para conquistar novas contas -- tanto da iniciativa privada como de Governo --, palmas para ela, que só estará ampliando o mercado de trabalho. Não é novidade que inúmeras grandes e boas agências começaram assim.
2) O projeto apoiado por Mendes também quer que as agências só possam ser qualificadas se registradas ou inscritas no Sindicato de Agências de Propaganda e (não é "ou", é "e") na ABAP - Associação Brasileira de Agências de Propaganda.
Esta é outra arbitrariedade do projeto, porque cria empecilhos ao livre exercício profissional além daqueles já estabelecidos pela legislação. E mais: Indiretamente submete o exercício profissional aos desígnios de um pequeno grupo que controle a associação, e por isso define quem será aceito ou não em seus quadros.
É radical e antidemocrático se exigir que uma empresa ou um profissional só possa exercer sua atividade caso participe desta ou daquela organização, por mais louvável e útil que alguém a possa considerar. Se esta exigência ainda persiste em algumas seleções estaduais, deve-se sem dúvida ao ranço do pouco exercício democrático que este País veio vivendo nos últimos anos.
É critério interno de cada empresa pertencer ou não a uma associação classista, assim como é direito natural dela se retirar de uma entidade a que pertença por discordar de uma nova gestão ou de uma mudança de filosofia. Neste direito, nenhum governo democrático pode interferir.
Cumprindo as determinações fiscais, o direito ao exercício profissional deve ser igual para todos.
Um ótimo exemplo de filosofia democrática neste sentido é o do Sindicato das Agências de Propaganda do Município do Rio de Janeiro, dirigido por Paulo Roberto Lavrille de Carvalho, que chega a enviar comunicados de interesse do setor para todas as agências do Rio que tenham pago a contribuição sindical obrigatória em benefício daquela entidade, caracterizando-se, como aptas para o exercício profissional. Se a agência quiser se filiar ao Sindicato o fará por livre e espontânea vontade, para se beneficiar dos serviços que a entidade poderá lhe prestar.
3) O projeto Melo impede a contratação, por parte dos órgãos da administração direta e indireta do Governo, de "consórcios de agências".
Mais uma vez o deputado governista quer o já onipotente e onipresente Governo definindo outras decisões internas de empresas privadas. No caso, o de duas ou mais agências livres e aptas para o exercício profissional se unirem para apresentar uma opção de trabalho melhor para o anunciante. É claro que temos que ver nisto algum mal!
A HISTÓRIA CONFIRMA
Paralelamente a estes três pontos de fácil e imediata crítica não acreditamos que qualquer controle legal do Governo na distribuição de suas contas publicitárias venha a modificar o atual panorama da publicidade no Brasil.
Concorrência nunca foi nem será um processo de escolha de empresas livre de manipulações, pressões, e até procedimentos ilegais. Principalmente neste caso de propaganda, quando os critérios de escolha ­ além do cumprimento das exigências legais - são totalmente subjetivos.
E finalmente, achamos que apoiar o projeto Melo é uma incoerência de parte de quem, há alguns anos, agitava bandeiras contra a interferência do Governo numa regulamentação da atividade profissional.

Estrutural e VS a mais indicadas no Profissionais

A Estrutural, com cinco indicações, e a VS Escala, com quatro indicações, foram as agências a conseguir colocar o maior número de trabalhos na seleção do Rio de Janeiro para o prêmio Profissionais do Ano, promovido pela Rede Globo de Televisão, cujo julgamento foi realizado na última quarta-feira com a participação de Marcio Ehrlich representando à coluna Janela Publicitária da TRIBUNA DA IMPRENSA.
Este ano, segundo Otávio Vilarde, presidente do júri, o número de inscrições bateu o recorde desde que o prêmio foi criado, há seis anos, alcançando em torno de 140 comerciais cariocas concorrendo. Os comerciais selecionados por este júri local ainda passarão pelo julgamento da Regional Sudeste, em São Paulo, para avaliar, em cada categoria, quais, daquele Estado e do Rio de Janeiro serão considerados finalistas para a premiação nacional.
Como a orientação dos organizadores impede a divulgação do número de pontos obtido por cada comercial, publicamos aqui apenas a relação dos trabalhos selecionados, mantendo, porém, a ordem de colocação de cada um dentro de sua categoria (esta ordem não é considerada para efeito do julgamento Regional):
PRÊMIO MERCADO NACIONAL
• "O Melhor Som deste Natal"
• "Natal na Plataforma" (VS Escala/Petrobrás)
• "Toque" (VS Escala/Rio Gráfica)
• "Pergunte pra ela" (Esquire/Polwax)
• "Cronômetro" (Flori/Doralgin)
PRÊMIO MERCADO REGIONAL SUDESTE
• "Homem Ocupado" (Pubblicità/Cetel)
• "Hollywood Paraquedas" (MPM/Souza Cruz)
• "Sapasso Bonsucesso" (Estrutural/Sapasso)
• "ET" (Estrutural/Servenco)
• "Chulipas" (Esquire/Shell)
PRÊMIO VT
• "Sapasso Bonsucesso" (Estrutural/Sapasso)
• "ET" (Estrutural/Servenco)
• "Sapateado" (Garden/Casas Olga)
• "Diversão" (Esquire/Duracell)
• "Bueiro" (Abaeté & CBBA/Banerj)
PRÊMIO SERVIÇOS PÚBLICOS/COMUNITÁRIO
• "Vaquinhas" (Premium/Ministério da Agricultura)
PRÊMIO CAMPANHA
• "Plaza" (MPM/Souza Cruz)
• "Natal" (VS Escala/Masson)
• "Criativa" (VS Escala/Masson)
• "Rio Design Center" (Estrutural/Servenco)
• "Brahma com B de Brasil (Artplan/Brahma)

Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming

• ATÉ NOS VIDEOGAMES - O merchandising já chegou aos videogames. Nos Estados Unidos, aproveitando a febre de consumo dos jogos para televisão, o fabricante do refrigerante Kool-Aid patrocinou a criação de um videogame em que o seu produto aparece como personagem principal, combatendo os perigosos vilões chamados "sedentos".
Um porta-voz da empresa de videogame Mattel - a mesma que fabrica o Intelivision, que está chegando ao Brasil pela Sharp - justificou a iniciativa afirmando que o Kool-Aid é a segunda bebida mais popular do mundo.
O resultado do merchandising da Kool-Aid, no entanto, parece não estar conseguindo ainda o efeito desejado, recebendo críticas da imprensa e um volume fraco de vendas. A curiosidade é, se a moda pega, dentro de pouco tempo teremos a garotada jogando nos videogames os novos heróis: o Engarrafador de Coca-Cola, ou então, o Come-Come Salgadinhos Piraquê, e dai por diante.
• OTIMISMO - Cid Pacheco, diretor da JMM Publicidade, nos confessou estar surpreso com as perspectivas apresentadas pelos clientes da agência em 1984. Quase todos, disse ele, incluíram em seus planejamentos grandes investimentos publicitários para este ano, com lançamentos de novos produtos e desenvolvimento de novos projetos. Com isso, calcula Cid, o faturamento da JMM em 1984 está sendo calculado como superior a 50 por cento do resultado da agência em 1983, mesmo descontada a inflação que der este ano.
• SURF A JATO - É produção da Jodaf este comercial que a MPM criou para a Souza Cruz apresentando um esporte praticamente desconhecido no Brasil, e que já deve estar deixando louca a garotada de praia: o surf com prancha motorizada. A curiosidade é que, desta vez, foi o próprio João Daniel Tikhomiroff, diretor da Jodaf, quem descobriu o aparelho numa de suas andanças em filmagens nos Estados Unidos.