Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 06/JAN/1984
Marcia Brito & Marcio Ehrlich

 

Janela Publicitária
Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Sérgio Guerreiro sai da LS&G/BBDO

A agência paulista Lage, Stabel & Guerreiro/BBDO acaba de confirmar a informação que demos aqui há algumas semanas, de que o seu sócio Sérgio Guerreiro estava para deixar a empresa.
Com a saída de Sérgio Guerreiro, que vendeu suas cotas para os sócios Rony Lage, José Carlos Stabel, Magy Imoberdorf e a agência americana BBDO Internacional, a agência passa a ser chamada apenas de Lage Stabel/BBDO.
A “Lage”, como é mais conhecida a agência, em 1984 estará veiculando trabalhos para diversos novos clientes, que entraram em 1983 e por isso só agora começam a ter a parte mais volumosa de sua propaganda feita pela agência colocada no ar. É o caso de frangos Cargill, Mertiolate (da Eli Lilli), Abril Livros, barbeador Braun, desodorante Avanço, caneta Kilométrica da Gillette, e o Banco 24 horas, entre outros.

Agências do pool querem conhecer Leonel Brizola

Na pauta da próxima reunião que as 18 agências pertencentes ao pool publicitário do Governo carioca farão, semana que vem, um assunto seguramente será bastante debatido pelos participantes do grupo: a proposta, surgida em dezembro passado, de que as agências constituintes do pool deveriam solicitar uma audiência com o governador Leonel Brizola, para que, depois destes diversos meses de atendimento da conta publicitária do Rio, pudessem afinal encontrá-lo pela primeira vez pessoalmente, como costuma ser tradicional no relacionamento entre agências de propaganda e a cúpula de seus clientes de qualquer setor.
As agências -- que também se ressentem de não estarem recebendo do Governo o "status” já alcançado pela atividade perante outras áreas econômicas e mesmo politicas -- tem como propósito conhecer de perto a maneira de pensar de Brizola a respeito da atividade publicitária e, principalmente, sugerir ao governador como poderia utilizar o potencial e a experiência técnica desta 18 empresas de forma mais eficiente, o que, na opinião de alguns diretores de agências que ouvimos (e que acharam prematuro identificarem-se) não vem sendo feito até então.
Durante o último mês, várias das 18 agências enviaram ao coordenador do pool, José Antônio Leão Ramos, as suas principais sugestões para ajudar o processo da Comunicação Oficial estadual. A partir destas sugestões, na próxima reunião das agências se estabelecerá um documento de consenso a ser apresentado ao governador, caso ele aceite receber o grupo de publicitários.
CASO DM-9.
Outro assunto que também deverá ser debatido pelas agências que atendem o governo Brizola é a situação da agência baiana DM-9, participante do pool, mas que recentemente congelou suas atividades no Rio de Janeiro, dispensando seus profissionais e mantendo praticamente apenas um escritório de representação.
Como à época da concorrência para a escolha das agências uma das exigências do edital era a de que cada agência pleiteante provasse ter estrutura completa de atendimento, criação e mídia no Rio de Janeiro, há correntes dentro das demais 17 participantes defendendo a ideia de que a DM-9, não cumprindo mais estas exigências iniciais, também não poderia se beneficiar da participação no grupo, recebendo o rateio das veiculação dos trabalhos realizados pelas outras.
Segundo soubemos, as agências pretendem discutir se, com a saída da DM-9, o rateio passaria a ser efetuado entre as 17 remanescentes ou se o governo admitiria uma nova agência no pool. Esta última hipótese é considerada a menos provável, já que o número de 17 agências é mais do que suficiente para atender a atual e futura demanda publicitária do governo do Rio de Janeiro.

Roberto Duailibi diz o que é um bom anúncio

"O anúncio deve saltar, por suas próprias virtudes, da paisagem gráfica que o rodeia".
A afirmação é do diretor da agência DPZ, Roberto Duailibi, feita no final do ano em Assunção, no Paraguai, onde esteve a convite do Jornal paraguaio "Ultima Hora'" para escolher o melhor anúncio veiculado naquele Jornal em 1983 (como vocês veem, prêmios de propaganda oferecidos por veículos não existem só no Brasil).
Mas as considerações de Duailibi sobre um anúncio criativo foram interessantes, e merecem ser reproduzidas aqui. Disse ele que, na DPZ, os criadores têm uma fórmula simples para fazer anúncios que se destacam e que é: “Faça-os sempre melhores que o próprio veículo onde serão publicados”. E isto, afirma ele, pode ser verdadeiro tanto para jornais como revistas, televisão e rádio. A tese é que a propaganda deve procurar valorizar e embelezar o veículo, e saltar da paisagem que o rodeia por suas próprias virtudes.
Roberto Duailibi notou que também no Paraguai – assim como no Brasil e em outras partes do mundo – a preocupação com a aparência gráfica está ausente em muitos anúncios. Ele acha que o grande diretor de arte, elemento fundamental na propaganda de imprensa, é um ingrediente cada dia mais raro, porque os jovens se deixaram seduzir poderosamente pela produção para televisão. O diretor da DPZ afirma que, atualmente, se chegou a ponto de existirem criadores na função de redatores que, não sabendo escrever bem, mas sabendo visualizar uma propaganda para televisão, acabavam ganhando até mais que os que sabiam escrever bem para a imprensa.
Na opinião de Duailibi, no entanto, esta tendência está começando a mudar, com um retorno aos valores da capacidade gráfica.

M&M aponta queda de 30% na propaganda

A indústria da propaganda, que em 1981 e 1982 apresentou crescimento positivo, em 1983 fechou o seu balanço com um decréscimo real de 30% em relação à inflação do ano, de 211%. E os investimentos publicitários devem ter ficado em torno de Cr$ 1 trilhão e 270 bilhões.
Estes números são da revista “Meio & Mensagem” que circulará na primeira quinzena deste mês, e foram conseguidos a partir de um levantamento feito junto às 14 principais agências de propaganda do país, com dados sobre a previsão de faturamento de cada uma.
Na opinião de José Carlos Salles Neto, diretor da editora PI, responsável pela revista, “estes números preliminares possibilitam níveis seguros de projeção do comportamento do setor da propaganda brasileira, já que as vinte maiores empresas publicitárias detêm 50% do faturamento investido na propaganda via agências”.
Os números da M&M na verdade podem ser considerados otimistas pois preveem um crescimento para o setor em 1983 de 180% pelo menos, correspondendo a uma quase triplicação das verbas publicitárias. Entre alguns diretores de agências, temos encontrado opiniões que apontariam para um crescimento médio dos faturamentos finais das agências em 1983 na faixa dos 130%, o que daria uma perda, perante à inflação, de 81% na média.
De qualquer maneira, na opinião de Salles Neto, a queda real do faturamento da propaganda em 1984 será menor que a de 1983, já que naquele ano o setor “chegou ao fim do poço”. O supérfluo, diz ele, já foi cortado, e o comportamento do setor deve melhorar, ficando ainda abaixo da inflação, mas com uma queda de apenas 10% a 15% em relação a ela, prevista para 150%.

Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming

Quem começou o ano com o pé esquerdo foi a SGB. A campanha que a agência carioca veiculou para o seu cliente Ponto Frio, usando como peça principal o comercial do jogador Zico, ficou 35 por cento abaixo da expectativa do cliente. O marketing do Ponto Frio está culpando o departamento de mídia da SGB pelo mal aproveitamento da verba.
(N.R. 2017: Esta nota acima foi plantada na Janela Publicitária, sem conhecimento dos colunistas, pelo editor da Tribuna da Imprensa, Helio Fernandes Filho, em represália à agência SGB não ter programado o jornal. Na época, houve um grande desgaste na nossa relação com a direção do jornal, e fomos obrigados a nos desculpar pessoalmente com a agência.)
• NOVO CAMINHO – O diretor executivo do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, está comunicando que, após quatro anos de bons serviços prestados ao departamento de marketing do Ibope, Ignácio Machado deixou a empresa, para se dedicar a negócios próprios em outro setor. Carlos Augusto informa também que o departamento de marketing daquele instituto de pesquisa continua com sua operação inalterada, sob a gerência de Sérgio Viriato de Medeiros, que também já está no Ibope há quatro anos.
• COM CERIMÔNIA – A Associação Brasileira de Relações Públicas/RJ realizará, este fim de semana no Rio, um Curso de Cerimonial, no qual pretende propiciar condições do participante planejar, organizar e coordenar eventos, desde o mais simples coquetel até “as mais altas cerimônias governamentais”. A taxa é de 25 mil cruzeiros para não associados, e 15 mil para estudantes, e maiores informações podem ser obtidas na ABRP-RJ, pelos telefones 222-0499 e 242-6181. Serão fornecidas apostilas e “Certificados de Participação”.
• ATÉ QUE ENFIM – Levou nove meses para poder nascer o primeiro anúncio assinado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, que dizia-se – na época da concorrência publicitária do Estado – que teria uma conta tão polpuda quanto a do Governo Estadual. O parto ocorreu no final do ano, com um bom anúncio de “votos” criado pela agência Estrutural, participante do pool. As agências cariocas torcem para que este tenha sido o primeiro de uma extensa prole, cujas gestações espera-se tenham mais curto prazo.
• MAIS ATÉ QUE ENFIM – Saiu do ar finalmente da TV-S – tanto em São Paulo como no Rio -- o programa “O Povo na TV”. Numa emissora que tem feito de tudo para demonstrar que é uma empresa séria – vide as recentes contratações de seu departamento de marketing – o programa do amoral Hilton Franco não cabia mais.
• OTIMISMO – A CBBA-Rio entra 1984 com muito otimismo, segundo nos garantiu seu presidente Jomar Pereira da Silva. A agência inicia o ano com três contratações: na área de atendimento, Jeremy Huges (ex-Thompson e Citibank), que supervisionará um grupo de contas; na criação, o redator Jorge Barros (ex-Estrutural), e na mídia um nome ainda sigiloso, mas que até a próxima semana estará liberado.
• SE ESQUECERAM DA MÉMORIA – Que fim será que levou o livro “Memória da Propaganda Brasileira”, que a editora Gamma prometeu que iria editar até o final do ano, escrito por Origines Lessa? E que fim será que levou o prêmio de uma viagem a Miami ao vencedor do concurso da capa? E que fim será que foi dado a todo o material que as agências do Brasil inteiro se preocuparam em recolher, acreditando no projeto? Esta falta de uma satisfação da Editora Gamma ao mercado está mais parecendo é falta de respeito com o setor, e por certo acabará prejudicando qualquer outra iniciativa séria que alguém quiser propor a partir de agora no mesmo sentido.
• NO VÍDEO – Juan Vicente, diretor da agência DPZ, no Rio de Janeiro, é o entrevistado de Marcio Ehrlich no Jornal de Domingo, que o canal 11 leva ao ar a partir das 23h45m. Juan falará sobre o que é a criatividade na visão da mais criativa agência de propaganda brasileira.