Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
Rio perde mais uma conta para São Paulo
O mercado carioca sofreu dois grandes baques este começo de ano com a intervenção do BNH na Caderneta de Poupança Delfin e a venda da Caderneta de Poupança Residência para o Comind de São Paulo. Ambas, situações que vieram trazer um clima de intranquilidade não só para a população como para profissionais de agências e veículos, temerosos de novas alterações nas cadernetas ligadas a APE's -- Associações de Poupança e Empréstimo, como Morada, Letra, etc. não filiadas a conglomerados financeiros. Mas que são, justamente, as que engordam o faturamento das pequenas e médias agências de propaganda.
A conta da Delfin, por ser de house-agency (a Belgrávia, que acabou também sob intervenção) ainda não permitiu uma avaliação correta. Sabemos, no entanto, que apenas na TV Globo do Rio e São Paulo, a Delfin veiculou, em 1982, apenas 500 milhões de cruzeiros. Na mídia impressa, a veiculação dificilmente terá superado CR$ 80 milhões.
A MPM é que, nesta situação, mais uma vez saiu sorrindo de orelha a orelha. Coube a ela toda a veiculação -- um verdadeiro presentão de Natal atrasado -- de todos os comunicados publicados diariamente -- e em posição determinada -- em diversas páginas de inúmeros jornais brasileiros, informando ao público tudo sobre a transferência das contas da Delfin para a Caixa Econômica Federal.
Quanto ao caso Residência, para o mercado publicitário carioca só houve perdas. Apesar de representar para a Artplan apenas um faturamento (segundo a agência) de 380 milhões de cruzeiros -- a Residência não anunciava muito, por ter uma imagem de caderneta para um público mais sofisticado -- a venda para o Comind praticamente selou a transferência da conta para a Standard, Ogilvy & Mather de São Paulo, responsável pela conta do Banco.
No episódio, um detalhe curioso e patético. A conta da Caderneta Residência, a qual Caio, Estrutural e Norton no início do ano disputaram em concorrência que acabou sendo anulada dias depois, ao final também não ficou com a Artplan, apresentada na ocasião como a titular indiscutível de seu atendimento.
Globo acaba com coluna
Depois de mais de dez anos ininterruptos, o jornal carioca O Globo decidiu desativar sua coluna de publicidade, que, desde 24 de outubro de 1982, sob o título de "Marketing & Propaganda", vinha sendo assinada por José Maria Campos Manzo.
O espaço, inaugurado por Jomar Pereira da Silva sob o nome de "Panorama Publicitário", teve também a participação de José Roberto Whitaker Penteado Filho a partir de 1978, quando Jomar se afastou para assumir a presidência da CBBARio. Durante o período de Penteado, a coluna contou, por algumas semanas, com a co-autoria de Fernando Reis, escrevendo de São Paulo.
A coluna dominical "Panorama Publicitário" era, depois de Asteriscos (do Diário Popular, SP), a mais antiga publicada no país.
Brahma combate Coca com rock brasileiro
A Brahma finalmente decidiu lançar no Brasil seu refrigerante sabor cola, que há alguns meses já vinha sendo exportado e produzido na Nigéria e em outros países nos quais a empresa mantém franquias.
Batizado de Kita-Cola (e não Brahma-Cola, como se acreditava que viesse a chamar) o refrigerante vem ser, na verdade, a resposta da Brahma ao rompimento, pela Coca-Cola, do "entendimento de cavalheiros" de não-entrada, respectivamente, nos setores de refrigerante cola e de cerveja. A Coca-Cola, que em São Paulo começou a produzir sua cerveja marca Inglesinha, agregou a seu rol de produtos distribuídos a cerveja Kaiser, produzida pelo engarrafador de Minas mas que está chegando -- experimentalmente -- ao Rio de Janeiro.
A campanha de lançamento de Kita-Cola (que não será exibida no eixo Rio-São Paulo, por enquanto, já que o produto só será distribuído no Norte e no Sul do Brasil) apelará para a valorização do refrigerante como um produto nacional. Tendo como personagens o conjunto de rock Barão Vermelho, o comercial passará ao consumidor que, assim como já fazemos um rock tão bom quanto "os deles", entre outras comparações, fazemos também um refrigerante sabor cola com a mesma qualidade, o que será reforçado pelo slogan "Esse é Brahma. Esse é nosso".
Apesar de a empresa e sua agência de propaganda -- Denison Publicidade -- não admitirem abertamente, não será impossível que o lançamento de Kita-Cola nos mercados de São Paulo e Rio não ultrapasse este verão. Na verdade, não seria de estranhar se o produto fosse distribuído já neste carnaval, aproveitando a enorme força de venda que a cerveja Brahma tem no período.
Fotógrafos do Rio entram na informática
A Casa da Foto, estúdio fotográfico que reúne alguns dos principais fotógrafos publicitários do Rio -- como Luís Garrido. Levindo Carneiro, Ricardo de Vick e Paulo Pinho. -- está começando um novo projeto que poderá revolucionar este setor da indústria da propaganda. Com a ajuda de um microcomputador CP-500, será criado o primeiro Banco de imagens totalmente computadorizado do País, e que já terá partida com mais de 30 mil fotos cadastradas sob centenas de índices e subíndices nas áreas de Ecologia, Arquitetura, Festas Populares e Esportes.
Segundo Zeka Araujo, também diretor da Casa da Foto Agência, e coordenador do projeto, a informatização não só ajudará a multiplicar o número de leitura e arquivamento de cada cromo, como permitirá maiores controles de tráfego de qualidade (pelo acompanhamento da vida da foto) e de direitos autorais, sem falar na criação de um extenso arquivo de fornecedores para os mais variados tipos de produção.
Para este projeto, os diretores da Casa da Foto Agência preveem um investimento de cerca de 10 milhões de cruzeiros, aplicados até o meio deste ano. A expectativa, no entanto é animadora. Zeka Araujo garante que este Banco de Ideias computadorizado permitirá aos fotógrafos da casa um desenvolvimento que inclusive lhes abrirá ainda mais as portas do mercado internacional de fotografia.
Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming
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N.R.: Anúncio publicado na edição impressa da Janela Publicitária |
• A partir de março, a StandardRio estará instalada em sua nova sede, no novo e moderno edifício Argentina, na Praia de Botafogo, 228. Acreditando muito no mercado carioca, Newton Guerra, gerente da agência, afirma que os 1400 metros quadrados estarão preparados para a inevitável expansão que a Standard-Rio espera ter nos próximos anos.
Os sintomas da mudança não são sem razão. A conta da Souza Cruz, que passou um tempo sendo atendida (e criada) por São Paulo, está voltando ao Rio. O redator Luís Vieira foi promovido a diretor de criação, e para fazer dupla com ele está sendo contratado Delano D'Avila, diretor de arte que estava na Pubblicità, vindo da Salles.
• José Carlos Pires desligou-se da GFM-Propeg-Rio, onde era vice-presidente encarregado pela gerência do escritório. Pires ficou um ano e meio na Propeg-Rio, depois de ter passado pela Propeg-São Paulo, para onde fora após sair da Caio Domingues.
Da Propeg-Rio também saiu o redator Toninho Lima, que agora redige na Provarejo, house da Mesbla.
• A Artplan tem novo diretor de criação: Francisco Abreia, que já havia sido diretor de RTVC da agência, saiu para atuar na Fiori/house da Dorsay), e voltou agora para o lugar deixado por Marco Antônio Rocha.
• A ABP inaugurou ontem, em sua sede própria da Av. Rio Branco, o novo auditório da entidade, batizado "Auditório Roberto Marinho" como reconhecimento as contribuições do diretor-redator-chefe de O Globo para a associação e a classe publicitaria carioca. A ABP aproveitou a festa não só para descerrar uma placa de bronze alusiva ao evento, como para criar mais uma oportunidade de congraçamento daqueles que participaram da História da entidade, através da presença de grande parte dos expresidentes ainda vivos, convidados especialmente para a ocasião.
• Apesar dos rumores não terem sido totalmente infundados, ao que parece Homero Icaza Sanches não deixará a Rede Globo. Muitas foram as negociações para evitar a saída do Brujo.
• Com 70 páginas, sendo 18 de publicidade, foi lançada esta semana a nova revista do grupo Jornal do Brasil; Info, que cuidará da área de informática. Segundo Noênio Spinola, em seu Editorial, Info pretende conter matérias capazes de "transformar cada segmento de informática em algo compreensível e assimilável pelo público", cobrindo uma brecha existente no mercado editorial sobre informática no Brasil.
• Por falar em JB, para comemorar o primeiro aniversário da revista Viva, a Editora JB, através da Viva Promoções, vai patrocinar a 1ª Corrida de Publicitários, a se realizar dias 12 de março em São Paulo e 13 de março no Rio. Publicitários amantes de corridas (como Jean Michel Arlin, da Coca-Cola) preparai-vos.
• Carlos Alberto Machado, ex-Embratur, deixou a gerência de comunicação da Bolsa de Valores.
• O DNER abriu concorrência para "seleção de empresas brasileiras para execução de serviços de publicidade sobre segurança e educação de trânsito". O edital referente a estes serviços tem o número 08/83, e poderá ser obtido no Grupo Executivo de Concorrências, à Av. Presidente Vargas, 534 -- 4º andar -- Rio -- RJ, setor chefiado por Salvan Borborema da Silva. A entrega de propostas será dia 25 de fevereiro, às 10h30min, no mesmo endereço.
• Acabaram de vez as últimas esperanças de que a Editora Vecchi pudesse sobreviver à sua crise financeira e à concordata. Uma greve pelos vários salários atrasados, e que conta inclusive com os poucos publicitários que restaram na empresa (6, dos 23 que lá trabalhavam), reflete o desânimo e a descrença dos funcionários da casa.
A crise da Vecchi se insere na longa lista do gradativo esvaziamento do setor gráfico no Rio de Janeiro, que viu desaparecer -- em alguns casos junto com a publicação -- os parques gráficos de O Cruzeiro, Rio Gráfica, Correio da Manhã, Diário de Notícias, Editora Primor, e AGGS.
• SB&JG contratou Flávio Accioly (ex-gerente de marketing da Schindler) para a Coordenação de Contas, e Rômulo Vale (ex-Vecchi) e Carlos Alberto Rego para Novas Contas e Manutenção.
• As Sardinhas 88 estão deixando o mercado, e sua fábrica, Mantuano S/A Com. e Ind. de Pesca está enfrentando 2 pedidos de falência. A empresa já foi um bom anunciante de televisão no Rio.
• O redator Pedro Galvão, que nos últimos anos atuou em algumas das principais agências de propaganda do Rio, está voltando para sua terra natal -- Belém do Pará -- no final deste mês, para abrir sua própria agência, a Galvão e Cia. Propaganda Ltda., que já passa a atuar com algumas importantes contas locais a partir de março. Pedro começou sua carreira em Belém, ajudando a agência paraense Mendes a ganhar vários de seus muitos prêmios.
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