Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
Poupança Residência dá conta, mas não entrega
A concorrência realizada no início do ano pela Caderneta de Poupança Residência, entre as agências Caio Domingues, Estrutural e Norton, para lhes entregar a conta de um novo produto -- uma espécie de Poupança Programada -- e que havíamos considerado, na coluna da semana passada, a grande bomba do mercado publicitário no início de 1983, acabou se transformando em mais um dos episódios, digamos, "pouco compreensíveis" da propaganda brasileira.
Em resumo, um porta-voz do Grupo Residência procurou esta semana a agência Caio Domingues, que havia sido considerada vencedora da concorrência, e já estava trabalhando -- autorizadamente - na produção de material publicitário, para informar (com outras palavras, mas com este sentido) que havia ocorrido um mal entendido: os diretores da Caderneta de poupança Residência não estavam autorizados pela Presidência do Grupo a realizar qualquer concorrência para entregar a conta a outra agência que não a Artplan -- a agência oficial de todas as contas do Grupo -- e que por isso a escolha em si e seu resultado deveriam ser anulados. A Caio deveria, portanto, interromper seus trabalhos.
Tudo isto após os mesmos diretores da Poupança terem procurado as três agências na última semana de 1982 e solicitado delas a máxima urgência na criação de uma campanha que deveria estar pronta para veiculação no máximo até dia 6 de janeiro, quinta-feira. Como a apresentação das campanhas deveria ocorrer na segunda-feira, 3 de janeiro, as três agências viraram do dia 31 de dezembro a 2 de janeiro com suas equipes, para produzir seus materiais.
Na terça-feira, as concorrentes recebiam a informação oficial de que a vencedora fora a Caio, que conseguira inclusive apresentar um VT pronto para veiculação, atendendo às necessidades requisitadas de urgência.
Conta fixa
Naquela mesma semana, começava a correr no mercado o boato de que toda a conta do Grupo Veplan-Residência estaria para sair da Artplan. As informações, no entanto, careciam totalmente de fundamento, pelo que nos garantiu Paulo Ourivio, vice-presidente do Grupo. Semana passada, Ourivio informou a esta coluna que -- apesar de não ter tido pessoalmente envolvimento com esta concorrência -- soubera pelos diretores da Poupança que ela se devia simplesmente à entrega de um dos produtos da empresa. Disse ainda que, "apesar disto, a Artplan continuará sendo a agência principal do Grupo".
Na evolução dos fatos, confirmou-se que ela seria, sim, a única.
O que há de verdade no episódio é que, se a cúpula da Veplan-Residência mantém-se bem coordenada com a cúpula da Artplan Publicidade, as diretorias responsáveis pelos aspectos operacionais das empresas do Grupo claramente estavam preocupadas com o atendimento da agência, demonstrando a insatisfação através de convites a outras agências para disputarem a realização de tarefas não só para a conta da Poupança, quanto para os outros setores do Grupo. Neste mesmo período, os responsáveis pelo empreendimento Marina Barra Clube, também do Grupo Veplan-Residência, e atendido pela Artplan, convidava algumas agências do mercado carioca a participarem de uma outra concorrência para a continuação da campanha de lançamento do empreendimento. Esta concorrência, entretanto, até onde sabemos, tampouco chegou a se concretizar.
Habilidade
A situação foi percebida a tempo pela diretoria da Artplan, e resolvida de forma extremamente hábil pelo já comprovadamente sagaz presidente da agência, Roberto Medina. Não deve ter sido por outra razão que Medina conseguiu trazer para dentro da sua estrutura, com o cargo de vice-presidente executivo (veja matéria nesta coluna), Sérgio do Rego Monteiro, ex-vice-presidente do Grupo Veplan-Residência, e profissional sabidamente respeitado e de grande influência nos círculos empresariais dos Ourivio.
Com a presença de Sérgio Rego Monteiro dentro da Artplan, responsabilizando-se em nível superior pelo atendimento do Grupo Veplan-Residência, reestabiliza-se na agência a conta, que é atendida pela Artplan desde praticamente sua fundação, e que chegou a ter na agência uma considerável participação acionária. Desde dezembro de 1981, no entanto, pelo que inclusive nos confirmou Paulo Ourivio, o presidente da Artplan, Roberto Medina, comprou todas as ações que pertenciam ao Cliente.
No final, se para a Estrutural e para a Norton sobram uma sensação de "gato escaldado", para a Caio também fica a satisfação frustrada de quem ganhou, mas não levou o prêmio. Apesar de a Residência ter-se oferecido a pagar pelas despesas, a Caio preferiu não cobrar nada da empresa.
"Pelo que nos tomou, e pelo que aconteceu -- confidenciou-nos um diretor da agência -- não há preço que pague".
50% da Artplan não muda operação da nova MM&C
Até o final da próxima semana deverá estar legalmente definida a associação entre as agências Artplan Publicidade e MM&C-Rego Monteiro Publicidade, com duplicação do capital social da MM&C que proporcionará à Artplan sua participação de 50% naquela agência.
O novo contrato ainda não foi assinado porque falta aos diretores da MM&C Mozart dos Santos Mello (34%) e Mauro Matos (32%) -- definirem se participarão diretamente da nova estrutura, reduzindo suas cotas para respectivamente 17%, 17% e 16%, ou se abrirão uma nova empresa que controlará os 50 % restantes da agência, a exemplo da Artplan, que entrará acionariamente como pessoa jurídica, e não através de Roberto Medina, seu presidente.
Para as duas agências, as vantagens da associação são claras. No caso da Artplan, além da conveniente aproximação de Sérgio do Rego Monteiro como novo vice-presidente da agência da Fonte da Saudade (ver matéria "Poupança Residência dá..." nesta coluna) acrescenta-se a disponibilidade de uma nova estrutura para o desvio de contas conflitantes -- benefício do qual, também participa a MM&C-Rego Monteiro. Para esta pequena e criativa agência, que acabara de receber o baque da perda de parte da conta do Jornal do Brasil (que dividiu seus produtos também com a Assessor e a Denison), a associação traz o reforço do capital da Artplan, fora, como lembrou seu diretor Mauro Matos "a grande vantagem de trânsito da Artplan nas áreas governamentais e empresariais".
Operacionalmente, garante Matos, a independência das agências será total. A MM&C-Rego Monteiro continuará sendo gerida e presidida por Santos Mello, enquanto Sérgio do Rego Monteiro, que apenas no inicio da sua fusão com a então Mello, Matos & Carapetto deu expediente na agência, baseará suas atividades nos escritórios da Artplan, na Fonte da Saudade.
Vecchi pede concordata e reduz revistas e pessoal
A redução de quase 50% de suas publicações é um dos principais reflexos da concordata preventiva solicitada pela Editora Vecchi, do Rio, esta semana. Dentro do programa de contenção de despesas, a Editora suspenderá a publicação de todos os títulos que vinham se mantendo pouco rentáveis, como as fotonovelas Ciúme, Ternura e Sonho, as infantis Brasinha e Gasparzinho, a recém-lançada Special Turismo e todas as eróticas que eram assinadas pela Mundo Latino, como Close, Suíte etc.
Ao mesmo tempo, a Vecchi foi obrigada a reduzir seu pessoal em todas as áreas. Em publicidade, 8 funcionários foram dispensados, na filial paulista, que passou a ter 12 profissionais, o mesmo número da equipe carioca. Agora, a Vecchi pretende superar a crise ampliando a utilização de seu novo parque gráfico, prestando serviços para outras editoras (como a Rio Gráfica), e pela maior rentabilidade de suas publicações consagradas, como Grande Hotel (que passa a mensal), Figurino e Casa e Decoração.
Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming
• A Perfumaria Victor, do Grupo Visconti di Modrone, da Itália, é o mais novo cliente da GFM/Propeg, em São Paulo. A maior participação dos perfumes Victor é no segmento masculino.
• O Grupo de Mídia de São Paulo editou, com a colaboração de Meio & Mensagem, o minucioso trabalho "Verba de Mídia no Brasil em 1981", que merece ser lido pelos profissionais ligados à mídia ou aos veículos. Infelizmente, a publicação não inclui nenhum endereço ou telefone para interessados que desejem novas cópias.
• A Henkel acredita no potencial promocional do E.T., e já o incluiu em seu detergente Viva, através de quebra-cabeças, e bonecos articulados. Toda a promoção será casada com o lançamento, nas bancas, do álbum de figurinhas do filme, editado pela Rio Gráfica.
• A Globo Vídeo, que existe desde 1981, está se abrindo para o mercado agora, com a seguinte diretoria: Marcelo Garcia, Educação e Cultura; Ricardo Pimenta, Administração e Finanças; José Renato Monteiro, Editoração de Programação Empresarial: Roberto Mendes, Comercialização de Programação Empresarial; Zelito Viana. Produção de Rome Vídeo; Paulo José Ferreira, comercialização de Home Vídeo; e Cauby Sampaio do Monte, Divisão Industrial.
• A Datamec Educacional, que está voltando a se chamar LTD Educacional, entregou sua conta publicitária para a Dia Design.
• Está fazendo muito sucesso o livro de Cláudio Sendin "A Fábrica", com texto de Eça de Queirós. Sendin é um dos melhores profissionais de ilustração e arte do Rio, e atualmente está como diretor de arte na Caio. Seu livro de parceria com o redator Eça de Queirós está a venda na Livraria Dazibao, à Rua Visconde de Pirajá, 595 loja 112, em Ipanema.
• É bom saber que as lideranças publicitárias conseguiram demonstrar a José Maria Campos Manzo que a taxa de veiculação de 20% para agências e cobrança da criação são importantes para o negócio. Em sua coluna no Globo, Manzo nem precisou continuar a série "Em defesa do anunciante", que havia começado.
• A Universal & Grey está recebendo, no Rio, a revista de Frank Clarke e Deoug Seitman, vice-presidente da Grey Inc. Por isso, a agência oferecerá hoje, no Le Bistrô, um almoço de homenagem com a presença de amigos e da imprensa.
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